Não julgue um livro pela capa escrita por Annie


Capítulo 3
Começam as aulas


Notas iniciais do capítulo

Quem caminha sozinho, pode até chegar mais rápido. Mas aquele que vai acompanhado, com certeza, chegará mais longe, e terá a indescritível alegria de compartilhar alegria… alegria esta, que a solidão nega a todos que a possuem.



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As aulas começavam hoje. Estava cansada por que fiquei até as 23hrs jogando Remember Me, minha última aquisição. Combinei de encontrar com a Ume as 07h45min na frente do colégio, visto que a cerimonia começara as 8h íamos ter tempo para conhecer pelo menos alguns corredores. Levantei, fui ao banheiro tomar um banho e fazer o resto da higiene matinal. Desci e peguei uma maça. Fiz o trajeto inteiro no trem escutando música. Cheguei ao colégio as 07h30min agora eu teria de esperar. Até que gosto de esperar, é bem melhor do que você chegar atrasada. Vários rostos cheios de animação passavam por mim, ouvi uma garota comentando que esse seria, depois do seu casamento, o dia mais importante da sua vida. Como ela pode saber que vai se casar? Isso é irritante. Ela pode muito bem morrer ou talvez aconteça alguma coisa que impeça esse casamento, as possibilidades são imensas.

– Akane! – Ume parou na minha frente ofegante, parecia que tinha corrido bastante, ela recuperou o folego e prosseguiu. – Perdi a hora. Ontem fiquei assistindo televisão até tarde da noite. Acho que não valeu a pena, afinal.

– Tudo bem. – Me virei, passei pelo portão e entrei no grande edifício onde passaria os próximos três anos, talvez. Há possibilidades de que eu mude de cidade, morra ou nem venha a terminar o colegial. Sempre considero todas.

– Vamos procurar as nossas! – Ume disse e se enfiou no meio de uma prateleira olhando de cima em baixo energeticamente. Eu também comecei a me mexer, não foi difícil encontrar o meu armário. Troquei meus tênis por sapatilhas e esperei por Ume que não tardou a me encontrar.

– Vamos até o corredor principal. Lá tem o mural com as salas, espero ter ficado na mesma sala que você!

Ume correu e me puxou junto com ela. Como sempre estava cheio de pessoas, ela fez sua magica e nos colocou de frente ao mural em alguns segundos. Fiz um sinal com as mãos para que ela começasse pela turma A e eu pela F. Assim que vi meu nome na sala D e Ume não estava lá meu estomago revirou. Olhei para o lado e a cara dela estava pior que a minha. Agora era minha vez de puxá-la para fora daquele alvoroço.

– Sem chance... Não estamos na mesma sala, Akane...

– Isso não é tão ruim. – Ela me olhou perplexa tentando entender o que eu havia dito. – Quero dizer, por que nos já tivemos a sorte de passarmos na mesma escola. O destino já estava se cansando de ir ao nosso favor, não acha?

Ela soltou uma risada baixa. – Você fica engraçada quando tenta explicar algumas coisas. Mas tem razão! Não vou me abater por isso! Vamos almoçar juntas e isso já é uma grande coisa!

Depois desse episodio que me deu vontade de botar a maça para fora o sinal tocou. Apressamo-nos e fomos cada uma para sua sala. Abri a porta e encontrei todos aqueles bolinhos de amigos. Nem por um momento me preocupei com amizades dentro da sala. Sentei-me na quinta carteira da fila da parede que estava vazia e isolada, igual ao que gostaria de ser das pessoas dessa sala, era ao lado de enormes janelas que tinham uma vista que me fez perder alguns segundos admirando de tão magnifica que era a paisagem. Logo um professor entrou na sala e orientou-nos até onde ocorreria a cerimonia de abertura. Fizemos uma fila e o diretor começou um discurso. Até agora minha vida normal de colegial estava tão chata quanto minha vida no fundamental.

– Agora vamos ouvir algumas palavras do presidente do conselho estudantil. – O diretor se retirou da frente do microfone batendo palmas, gesto imitado por nós.

No palco entrou um aluno que tinha uma aparência boa, meu cérebro admitiu isso depois de vários suspiros, cochichos e até gritinhos.

– Obrigado pelas palavras inspiradoras diretor. Gostaria de começar dando as boas vindas a todos os nossos alunos novos, além de parabeniza-los por passarem no exame de admissão. – Pela escolha de discurso ele é gentil. Ele tem de ser. Afinal é o presidente. O discurso continuou por mais alguns minutos, muito chato por sinal, até sermos dispensados e começarmos a primeira aula. A professora entrou na sala animada e pediu para que nos apresentássemos.

– Eu sou Matsui Minori, é muito bom estar nessa sala junto com vocês! – Essa garota se sentava a minha frente, esbanjava positividade e fofura. Foi à única que realmente prestei atenção.

Não sei se era por causa do primeiro dia de aula, mas o ponteiro do relógio parecia não se mexer como deveria.

Finalmente o relógio fez o seu devido trabalho e apressou as horas. Quando sai Ume estava me esperando.

– Como foi? Já fez algum amigo?

– Não? Vamos logo á cantina. – Ela meneou a cabeça positivamente e deu um suspiro antes de começar a falar.

– Você deveria se esforçar mais para fazer amizade com seus colegas. Uh! – Me virei para ver o que aconteceu, vi Ume no chão e um garoto parado próximo a ela. Ele estava com uma aparência normal exceto por seus olhos, eram cinzentos e frios, mas repentinamente sorriu e esticou sua mão para que ela pudesse levantar.

– Me desculpe, não foi minha intenção. – Mesmo ele sorrindo seus olhos continuaram com a mesma expressão, não gosto disso...

– N-Não foi nada! – Ume ficou um pouco corada e pegou seu dito guincho.

– Está bem? Machucou-se?

– Ela já disse que não foi nada e se estivesse machucada não estaria sorrindo desse jeito, você não acha? – O cara agora estava me analisando com aqueles olhos frios que pareciam ler meus pensamentos, ou alguma coisa parecida, acho que eu o conheço de algum lugar...

– Só quis ser gentil, já que a derrubei.

– Não precisa. – Dizendo isso eu simplesmente entrei na cantina sendo seguida por minha fiel escudeira que antes de vir junto comigo murmurou um “obrigado” para o cara. Comprei meu almoço sem ouvir nenhuma reclamação da parte dela, mas foi só nos sentarmos para ela começar...

– Não precisava ter sido tão rude com o garoto. Ele só estava tentando me ajudar.

– Para começar se ele não tivesse a derrubado nem precisaria te ajudar.

– Desisto. É impossível discutir com você, tem argumentos que não dão chance de replica e se der vai quebrar minha cabeça de tantas desculpas esfarrapadas.

Na verdade o nome disso é orgulho e você sabe bem disso, mas como sei que não quer dizer na minha cara, vou simplesmente concordar.

Almoçamos sem mais nenhum fato inesperado. Voltei à sala e alguns me dirigiram olhares desaprovadores ou provocadores, simplesmente ignorei.

[...]

No outro dia mal sentei no meu lugar e duas garotas pararam na minha frente. Olhei para elas e imaginei o que poderiam querer comigo.

– Posso ajudar?

– Por que falou daquele jeito com o Yamazaki-kun?! – Essa garota mostrava estar muito irritada comigo, mas quem é Yamazaki? Será que esse é o nome do garoto da cantina?

*BLAM* A outra garota bateu com a mão direita na minha mesa causando um grande estrondo, não me assustei, na verdade até me ajudou a sair dos meus pensamentos desnecessários. Deveria agradecer?

– RESPONDA!

– Eu falo do jeito que eu quero com qualquer um que quiser.

– Uh? Acha que vai se safar dessa? Nem por cima do meu cadáver! Considere-se morta!

– Nakamura. Já chega. – Atrás da garota que parece não saber nada de como fazer ameaças surgiu o idiota da cantina. Isso está ficando cada vez mais chato.

– M-Mas Yamazaki-kun ela te tratou de maneira rude.

– Exatamente. Ela tratou a mim dessa forma. Porque você está a ameaçando então? Se eu não fiz nada é por que aquilo foi insignificante.

A garota corou bruscamente. – S-Só vai parar aqui porque você tem bons argumentos. Não por outra coisa, entendeu? – Uma tsundere? – Vamos, Megu. – Falando isso as duas saíram da sala e os alunos que restavam voltaram a sua rotina como se nada tivesse acontecido, até que essa sala poderia ser boa...

– Não vai me agradecer? – O babaca se sentou na minha frente.

– Não pedi ajuda.

– Se eu não tivesse chegado isso teria sido ruim para o seu lado. Portanto acho que mereço um agradecimento.

– Acha que teria sido ruim para o meu lado? Não me faça rir. E só para saber dou agradecimentos para pessoas que eu realmente pedi ajuda, o que nunca acontece.

– Você é legal.

– E você deve ter algum distúrbio mental muito sério.

Ele riu do meu comentário, se levantou e se dirigiu a um lugar que estava a apenas três carteiras ao meu lado. Estudamos juntos? Só pode ser sacanagem!

Demorou, demorou muito pra passar as aulas, mas finalmente aconteceu. Sai da sala e Ume estava chegando.

– Tempo perfeito!

Como estava animada. Ela passava uma energia boa e não pude deixar de sorrir. Fomos até a cantina compramos o almoço e subimos ate o telhado.

– Como conseguiu mesmo a chave desse lugar?

– Longa história, mas eu aceitei ser a presidente do clube de astronomia.

– Entendo.

– Por que esta com essa cara? Estamos no lugar mais legal do colégio!

– Eu sei, mas sabe aquele cara que pechou em você ontem? Ele esta na minha sala.

– Espera. Você não se lembra dele?

– Não. Eu deveria?

– Ele é o cara da loja de doces!

– Eu não reparei muito nele na loja.

– Eu percebi. Enfim já fez algum amigo?

– Estou quase lá. E quanto a você?

– Duas garotas já vieram conversar comigo, um garoto pediu meu lápis emprestado e hoje na aula de educação física Kimura-senpai se declarou para mim.

– Não está tão mal, mas ainda acho você que não deveria ter comprado esse leite com morango, deve ter um gosto horrível.

– Nem vai perguntar o que eu disse?

– Que você já tem alguém que gosta e por isso não poderia ficar com ele.

– Como você sabe?!

– Foi um chute, mas você é realmente previsível.

Continuamos o almoço desse jeito até bater o sinal. Todas as aulas passaram normalmente, mas quando chegou a ultima aula aconteceu o que eu mais odiava.

– Hoje teremos o nosso primeiro trabalho em duplas. Então escolham seus grupos e peguem uma bancada. A receita que deve ser preparada está no quadro, é um bolo. Nada muito difícil. Montem seus grupos e comecem. Vocês tem uma hora.

Dizendo isso ela se sentou e começou a folhear uma revista. Ela é mesmo uma professora?

– O-Olá, você quer fazer dupla comigo? – Um garoto da minha altura, cabelos cinza, e que usava óculos se aproximou e pediu.

– Claro. – Ainda vem que alguém veio pedir, ele me salvou.

– O-Obrigado. Eu sou Kimura Rei. – Kimura? Será que é irmão do cara da Ume?

– Eu sou Hirano Akane.

– Sabe cozinhar, Akane? – O cara dos doces se sentou na minha mesa.

– O que faz aqui? - E não me chame pelo primeiro nome, seu bastardo.

– Os outros grupos estão cheios e ninguém sabe cozinhar. – Ele olhou para Kimura-san e para mim – Então sabe cozinhar?

– Um pouco. – Dei ombros.

– Então acho que vou fazer com você.

– Eu já tenho uma dupla. – Apontei para o Kimura-san que olhou um pouco assustado para o Yamazaki e depois se virou para mim e falou:

– T-Tudo bem se quiser fazer com ele, posso fazer com outra pessoa...

– Viu? Sem problemas!

– Acha mesmo que eu vou fazer o trabalho com você? Nunca. Além do mais, Kimura-san pediu primeiro então é melhor você ir procurar uma dupla logo.

– Isso é sério? – Ele estava com uma sobrancelha arqueada e fez uma voz de deboche.

– Não costumo fazer brincadeiras com pessoas do seu gênero.

– Já que é assim. – Ele deu de ombros e foi à outra bancada. Existe alguém mais retardado? Voltei minha atenção á minha dupla.

– Vamos começar. Sabe cozinhar?

– Um pouco. A única coisa que eu sei fazer sem estragar tudo é misturar os ingredientes.

– Vai servir.

Decidimos por fazer um bolo normal, mas com a decoração atrativa. Kimura-san e eu começamos a trabalhar, ele era bom em misturar os ingredientes mesmo. Tínhamos uma facilidade em trabalhar juntos, eu falava o que era pra ser feito e ele ajudava fazendo o que conseguia. Não demorou muito para colocarmos o bolo no forno. Sentamos na bancada e eu fiquei cuidando.

– Como você aprendeu a cozinhar? – Ele parecia um pouco intrigado.

– Livros, programas de TV.

– Sério? Pensei que havia aprendido com a sua mãe...

– Ela é uma ótima cozinheira, mas ultimamente não tem cozinhado muito.

– Ela trabalha muito?

–Sim. Acho que a massa já está pronta.

Retirei a massa do forno e a coloquei sobre um prato, o cobri com chantilly e coloquei os morangos de forma harmoniosa sobre o bolo.

– E está pronta.

– Pa-Parabéns. – Kimura-san é realmente muito tímido.

– Obrigado, você também a fez, então parabéns.

– Nossa! Isso é realmente surpreendente. Simples, mas delicado. A-DO-REI! – A professora parou na nossa bancada, mas depois sem dizer mais nada se virou foi até sua mesa anotou alguma coisa, acho que nossa nota.

– Acho que conseguimos uma boa nota.

– T-Também acho. Você vai levar para casa?

– Hã? Porque eu levaria? Vamos comer. – Ele pareceu um pouco surpreso com o que eu disse, mas não tem logica eu leva-lo, certo? Cortei dois pedaços, coloquei em guardanapos, já que não tínhamos pratos a nosso dispor, e alcancei para Kimura-san. Depois peguei o outro para mim e dei uma mordida, estava realmente muito bom, não era somente bonito.

– Delicioso!

Kimura-san parece concordar comigo, parece que ele está começando a ficar mais a vontade comigo, isso conta como amizade?

– Está mesmo.

Demos mais alguns pedaços para outros alunos que pediram e que também tiveram a mesma opinião. O sinal tocou e eu guardei dois pedaços que tinham sobrado na minha mochila. Me despedi da minha dupla e fui ao encontro de Ume, que me esperava no meu armário.

– Tenho bolo para você.

– Sério?! Muito obrigado! Quando eu tiver aula de economia domestica irei retribuir o favor! Pode ter certeza.

– Aprecio o gesto, mas dispenso. – Ela me olhou com uma cara de brava. – A não ser que seu parceiro seja bom em cozinhar, ai eu aceito. – Continuou a me olhar brava, então tirei o pedaço de bolo e dei a ela.

– Até vou concordar com você agora. – Ela falou isso e deu uma bocada enorme no bolo. - mas só por agora, tá? – Isso foi falado de boca tão cheia que voou um pequeno pedaço de bolo na minha bochecha. Eu limpei e meu celular começou a tocar.

– Moshi Moshi? – Atendi um numero desconhecido.

– Misaki Youta comprou um celular, o que acha?

– Youta? Comprou mesmo?

– Sim, e como não estamos nos vendo muito estou aqui na frente do seu colégio te esperando.

– Me esperando para que?

– Vamos ter um encontro, faz tempo que não temos um.

– Encontro? Hum... Tudo bem, estou quase no portão de saída, me encontre.

Desliguei e vi que Ume me olhava esperançosa.

– O que foi?

– Só estava pensando se deveria deixar vocês a sós.

– Você sabe que sim, não é?

– Sei, mas eu ainda acho que vocês deveriam sair mais em publico.

– Porque exatamente?

– Não precisa ter um por que. Acho que vou indo, pois já o avistei, boa sorte! – Ela se virou e começou a caminhar na direção da estação. Senti uma mão tocar meu ombro.

– Quanto tempo. – Youta fazia as garotas próximas soltarem suspiros e olhares que eram assustadores para o nosso lado.

– Faz o que? Umas três semanas?

– Nos nunca ficamos tanto tempo sem se ver, sabia? Vamos. Tenho ingressos para o parque que ganhei do meu amigo, ele trabalha lá.

Esse é o outro motivo de não aceitar sentimentos de outros garotos. Eu tenho um super protetor melhor amigo, em outras palavras, ele não deixa ninguém do sexo masculino se aproximar de mim com intenções maliciosas. Ele é cinco anos mais velho e está na faculdade, ele é como um irmão mais velho para mim.


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Notas finais do capítulo

Não encontrei o autor da nota no inicio do capitulo, se alguém souber por favor me avise, obrigado :)



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