One Night escrita por Darkness Girl


Capítulo 5
Capítulo 4 - Uma noite




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Andamos em silêncio por um bom tempo. Acho que ele não sabia bem o que dizer num momento como aquele, ou só queria me deixar a vontade. Eu, me mantinha calada pois ainda era difícil agir normalmente com os acontecimentos ainda frescos em minha cabeça. Mas o silêncio ao lado dele era bom, de alguma forma eu me sentia confortada.

– Podemos parar onde você quiser! Você escolhe! - finalmente ele disse com um leve sorriso agora que estávamos numa rua mais comercial.

– Gostaria de parar em um lugar que não estivesse cheio se você não se importar. Meu humor não está muito bom para agitação hoje.

– Eu compreendo… Bom, quando quiser parar em algum lugar me avise.

Então continuamos a andar num ritmo mais lento para avaliar nossas opção para beber algo. Me sinto um pouco constrangida pelo silêncio agora, afinal ele tem se esforçado para ser gentil e educado, e além de tudo ele está se esforçando para que eu me sinta melhor. Então respiro fundo e tento puxar papo.

– Quer dizer então que você é advogado?

– Sim, eu me formei há alguns anos.

– Alguns anos, mas você é muito jovem! - digo sem pensar, isso pareceu um flerte, ele parece não ter reparado e responde casualmente.

– Tenho vinte e cinco anos e você?

– Tenho dezoito anos.

– Pela sua idade deve estar na faculdade. O que você estuda?

– Fisioterapia. Estou terminando o quarto semestre.

– Essa vai ser uma ótima profissão. Tenho certeza que você vai ser ótima.

– Obrigada. - respondo meio encabulada. Mas completo em seguida sem pensar: - E seu sotaque? É de onde? - merda! Não queria perguntar isso! Essa conversa está ficando pessoal demais.

– Russia.

– Russia! Meu pai sempre me dizia que um dia iria me levar para conhecer a Russia, pois é um lugar lindo.

– Seu pai é da Russia?

– Não. Ele nasceu na Turquia, mas ele ama a Russia, acho que passou muitos anos morando lá, não sei ao certo.

Ele então sorriu com as lembranças e me disse:

– Realmente é um lugar lindo, mas acho que eu sou suspeito para falar, amo meu país e minha casa.

Sorri com seu comentário. Era fácil estar com ele ali, conversar com ele, era uma sensação estranha, como se já nos conhecêssemos a séculos e não apenas a uma hora. Vejo um lugar que me interessa, com poucas pessoas, sendo que todas elas estão nas mesas da calçada e dentro o lugar está vazio, então pergunto:

– Pode ser aqui? Para pararmos?

Ele olha o lugar por apenas um segundo e responde :

– Claro! Onde você se sentir a vontade.

Nos sentamos num canto afastado, afinal o bar estava vazio por dentro mas as pessoas sempre entravam e saiam para usar o banheiro ou pedir bebidas no bar. Um garçom veio até nós então Dimitri me olhou dizendo:

– O que você quer beber Rosemarie? - Não consegui controlar o sorriso, afinal ninguém me chama de Rosemarie, mas eu não dei a ele nenhum tipo de liberdade e me apresentei como Rosemarie, é claro que ele não seria ousado ao ponto de me dar um apelido assim logo de cara.

– Quero um suco de laranja, por favor.

– Eu quero uma água, por favor.

Assim que o garçom saiu eu olhei para ele e disse:

– Por favor, não me chame de Rosemarie, somente minha mãe me chamava assim, quando estava furiosa comigo. Me chame de Rose.

– Ok, Rose. - ele me disse sorrindo.

Não falamos nada por alguns minutos e o garçom voltou com nossas bebidas, Dimitri então olha fundo em meus olhos e diz:

– Quando me ofereci para ser seu ouvinte, estava falando sério. Eu a trouxe aqui no intuito de fazê-la se sentir melhor de verdade. Estou aqui para o que você precisar, seja para desabafar, para te apoiar ou apenas para te fazer companhia.

Pensei sobre suas palavras, ele parecia realmente sincero, muito gentil e educado, e em seus olhos eu via uma certa preocupação, mas já me deixei enganar por alguém doce e gentil uma vez, e agora tinha medo de confiar novamente. Mas eu ouvia uma voz dentro da minha cabeça que dizia que se eu não me envolvesse romanticamente com ele não haveria problema. Se fossemos apenas amigos, que mau poderia haver? Eu queria contar, eu precisava contar para alguém. Poderia esperar e contar para Lissa, mas hoje era sexta-feira, e eu sabia que ela tinha ido viajar com seu namorado após a aula de hoje, então só a veria na segunda-feira. Passar o final de semana remoendo isso não deveria ser algo bom, então, antes que eu pudesse me conter , acabei dizendo:

– Eu confiei nele, sabe? Ele era meu porto seguro, meu amigo, meu confidente. Quando eu descobri sua traição, eu perdi o namorado, o amigo, o confidente, tudo! Não sobrou nada, entende?

Neste momento, percebo lágrimas escorrendo por meu rosto, tento me conter para que as outras pessoas não percebam. Dimitri então me olhou com tanto carinho e tanta compaixão que meu olhos ficaram presos nos seus, ele então segurou minha mão por cima da mesa, tentando me transmitir força. Segurar sua mão me acalmou, ele era tão calmo, tão confiante, e também parecia ser um homem muito forte e determinado. Ele então me disse quase num sussurro:

– Quer me contar o que aconteceu? Estou aqui para ouvir, não estou aqui para te criticar ou te julgar, apenas quero que você se sinta melhor. - ele então apertou minha mão de leve e então eu acabei dizendo tudo o que estava preso em minha garganta.

Contei tudo, desde o começo, desde que meus pais morreram e eu o conheci poucos dias depois, de como fomos amigos, e confidentes antes de tudo, disse que ele foi meu primeiro namorado e meu primeiro amor. Contei uma história feliz que durou dois anos e vi que ele me ouvia atentamente. Até que cheguei nos acontecimentos recentes, quando eu ameaçava chorar lembrando de algum fato ele apertava levemente minha mão e quando a historia ficau ruim por completo ele fazia movimentos circulares com seu polegar nas costas da minha mão para tentar me acalmar. Eu estava tão envolvida com a história que só no final percebi que tinha tido TUDO de verdade, até a parte que Adrian disse que a culpa era minha por não satisfaze-lo sexualmente por isso ele procurava outras. Ele com certeza percebeu meu desconforto ao final e então respirou fundo e disse:

– Sei que você está muito ferida agora, mas saiba que esse rapaz não merecia você. Ele se aproveitou de um momento de vulnerabilidade de sua parte para te enganar e mentir. Eu abomino esse tipo de homem! Os homens devem ser honrados. Honra é muito importante para mim, considero uma qualidade imprescindível para qualquer homem. Sei que o que ele fez a deixou com um pé atrás com todos os homens, mas nem todos são assim. Sei que leva tempo para voltar a confiar, mas quero que saiba que vou estar aqui sempre que precisar, para qualquer coisa entendeu? Você sabe onde moro e vou deixar com você meus números de telefone e se ele a importunar novamente, me avise, seja as três da tarde ou as três da manhã, eu irei ao seu encontro.

Me emocionei ao ouvir suas palavras, e desta vez que apertou sua mão fui eu. Sorri em meio a algumas lágrimas que ainda teimavam em cair e sussurrei um “obrigada” bem baixo, mas percebo que ele ouviu quando ele dá um leve sorriso.

Termino meu suco, pagamos a conta e saímos para a noite, as ruas agora já estavam bem mais vazias, eram quase onze horas da noite, passamos mais de duas horas juntos e eu nem senti o tempo passar. Caminhamos bem próximos um do outro mas sem nada dizer.

Neste momento percebo que colocar tudo para fora, desabafar, contar tudo a Dimitri, realmente me fez bem, ainda sinto uma dor no peito, mas me sinto mais leve, sei que a dor só vai passar com o tempo. Mas agora não me sinto mais sufocada com tudo o que aconteceu, sinto que posso continuar vivendo.

Digo a Dimitri que ele não precisa me acompanhar até em casa, mas ele insiste, dizendo que nunca deixaria uma mulher andar a pé pela cidade sozinha nesse horário, então mostro a direção do meu apartamento.

Quando chegamos a porta do prédio ele tira um cartão do bolso e me oferece, dizendo:

– Meus telefones. Do meu escritório e meu celular. Gostaria de ficar com seu telefone também, se não se importar.

– Claro que não me importo, vamos pedir uma caneta emprestada para o meu porteiro e eu anoto para você.

Entramos no Hall do prédio e então eu anotei meu telefone para ele e ele também usou a caneta para anotar o telefone de sua casa atrás do cartão. Ele me acompanhou até o elevador e então se despediu:

– Boa noite, Rose. Espero que tenha uma boa noite de sono. E tente não pensar em coisas ruins. E não se esqueça se precisar, me ligue, as três da tarde ou as três da manhã. Sempre vou estar pronto para te ajudar no que precisar.

– Mais uma vez obrigada, por tudo!

Ele então sorri, se aproxima, me dá um beijo da testa bem quando o elevador abre as portas, eu entro e aceno com a mão antes que elas se fechem.


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Notas finais do capítulo

Meninas! mais um! Espero que estejam gostando!
Deixem seus comentários dizendo o que estão achando, estou carente e preciso saber se o que ando escrevendo está bom ou não!
Bjos



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