Sabe aquele final da novela em que todos estavam ansiosos pra ver e de repente quando chega a hora você inconsientemente aperta a primeira coisa que toca pra liberar toda a adrenalina que foi produzida no corpo? Se sim, você provavelmente sabe o que eu estou fazendo, e se não, por favor pare de mentir.

Reyna ainda estava perplexa ao ver o Valdez se aproximando demais dela e tão lentamente fechando os olhos juntos.

Como eu queria mesmo ter pipoca e refri ali. Era como se eu estivesse presenciando o final de A Culpa É Das Estrelas de um lado que teria acontecido se não houvesse câncer na história de John Green. Por algum estranho motivo Jason Grace estava do meu lado e pelo mesmo estranho motivo estava me apertando contra seu braço (irritantemente) musculoso enquanto acontecia a cena.

Eu estava quase tendo um heart attack quando finalmente Reyna pressionou seus lábios contra os de Leo. Eu mordi meu lábio para não gritar "VIVA LEYNA!" e acabar com o clima deles parecendo minha meia-irmã Silena que já estava na faculdade de moda em Nova York.

Pareceu literalmente uma cena de fim de novela quando eles desencostaram os lábios e pelo movimento descompassado do peito dos dois havia sido um beijo e tanto.

"nota mental: perguntar para Reyna como foi o beijo dela com Leo." pensei com um discreto sorriso nos lábios.

— Já pode me largar, McLean. - falou Jason me encarando com certo sorriso naqueles lábios meios avermelhados e... Pera, pera, pera essa pessoa que pensou essa ultima parte não fui eu.

Me soltei dele quase de imediato e olhei pra o mais novo casal. Bom, pelo menos eu espero que seja.

— Wow. - disse Leo – Eu não sabia que você beijava tão bem desse jeito, Reynitcha.

Reyna corou violentamente e eu simplesmente pensei que todo o sangue que ela tinha havia se concentrado nas suas bochechas.

— Hum, valeu. - ela disse voltando a ficar séria. – Quem é o próximo?

Por algum reflexo involuntário, euzinha levantei a mão. Todos ficaram surpresos, eu não sei porquê, mas eu mesma fiquei surpresa com isso. Menos ele.

— Tem como eu comer FDL em vez de girar? - eu perguntei. Eu odeio ficar tonta e geralmente FDL tem gosto de glacê de bolo de chocolate e eu amo glacê.

— Lamento, FDLs são somente para festas e/ou verdade ou consequência. - informou Thalia - Começa a girar, McLean.

Eu comecei a girar, e girar, e girar de olho fechado o que fazia a sensação de tontura meio que se acentuar. Ainda de olhos fechados caminhei tateando o ar e por acaso esbarrando e caindo em um ser qualquer da roda.

"Vai ter que ser essa pessoa, não tô nem um pouco a fim de cair de novo." pensei. Se pudesse voltaria no tempo só pra não ter feito isso.

Com as mãos tateei possivelmente o rosto da pessoa. Passei a mão em seus cabelos sedosos e macios. Se realmente fosse quem eu estava pensando eu mudaria de pessoa no mesmo instante e foi o que eu fiz.

— Nada disso, Beauty Queen, você já escolheu a pessoa, então agora continua com ela. - falou Leo Mato Depois Valdez.

Bufei e voltei pro mesmo lugar que ficava apenas a um passo de onde eu estava.

Me aproximei da pessoa e passei de novo a mão pelo seu rosto.

"Cabelos macios e sedosos, nariz levemente fino, rosto visivelmente masculino e lábios... meus deuses... droga! Como eu odeio estar certa!"

Rapidamente pude identificar o seu cheiro de menta e loção pós-barba masculina. Minha mão foi para o seu peitoral e eu senti seu corpo musculoso.

— Jason? Por favor me diga que não é você. - falei implorando mentalmente que aquilo fosse um pesadelo e que quando acordasse apenas visse Reyna me encarando.

Abri os olhos o mais devagar possível. Minha boca é limpa, mas minha mente ficou suja depois de tantos xingamentos que passaram na minha cabeça.

— E aí , Pips. Também vai querer um beijo? - perguntou Jason expelindo sarcasmo e desejo.

Olhei para cicatriz em sua boca avermelhando seus nem finos nem grossos lábios. Ia ser bom virar hipócrita apenas para beijar aquela cicatriz e tentar reabri-la com meus lábios?

Piper McLean acorde! lembre-se do que ele fez com você, lembre-se do quanto você foi humilhada, garota! Não seja burra! rosnou minha consciência.

— Sua chance foi dada no passado e você não aproveitou. Só lamento, Grace.

— Então qual será meu mico, McLean?

Uma ideia brotou na minha cabeça e parecia ser a escolha perfeita.

— Quero que você cante uma música para todos dentro desse prédio e não se esqueça; tem que revelar o que você é além de ser um bad boyzinho qualquer.

— Sexy?

— Não... Um idiota! - eu disse abrindo um sorriso vitorioso.

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— E aí, pessoal? - perguntou Jason já em cima do palco improvisado com o celular plugado na caixa de som e um microfone na mão - Vocês conhecem Greenday?

Uma grande maioria gritou e eu pude sentir o olhar maroto que Jason lançava pra mim.

— I'm a American Idiot! - ele gritou no microfone e tocou na tela do seu iPhone.

Por algum motivo idiota, o Grace tinha o instrumental de American Idiot e de todas as suas música. A batida da música era um punk rock alternativo incrível. A música em si era perfeita, mas ver o Grace admitir que era um idiota conseguia me deixar mais radiante ainda. Ele então começou a cantar.

Don't wanna be an American idiot

Don't want a nation under the new media

And can you hear the sound of hysteria?

The subliminal mind, fuck America

Welcome to a new kind of tension

All across the alienation

Where everything isn't meant to be ok

Television dreams of tomorrow

We're not the ones meant to follow

For that's enough to argue

Well maybe I am the faggot America

I'm not a part of a redneck agenda

Now everybody do the propaganda!

And sing along in the age of paranoia

Welcome to a new kind of tension

All across the alienation

Where everything isn't meant to be ok

Television dreams of tomorrow

We're not the ones who're meant to follow

For that's enough to argue

Don't want to be an American idiot

One nation controlled by the media

Information age of hysteria

Is callin' out the idiot America

Welcome to a new kind of tension

All across the alienation

Where everything isn't meant to be ok

Television dreams of tomorrow

We're not the ones who're meant to follow

For that's enough to argue

Quando Jason finalmente acabou de cantar e me olhou de relance. Seu olhar era puro divertimento e eu no meu interior desejei que ele fosse orgulhoso apenas para entender o que era ser humilhado publicamente como eu fui.

— Eu posso ser um americano idiota, mas eu sou o seu americano idiota e eu sei que você ainda sabe disso. - ele sussurrou baixinho no meu ouvido.

— Errado, Grace. - foi o que eu consegui falar.

Ele foi embora e logo após muitos monitores nos obrigaram a ir dormir.

"Mas eu sou o seu americano idiota e eu sei que você ainda sabe disso." as palavras dele haviam de alguma maneira me feito descer do salto. Aquilo me atingiu mais do que eu gostaria de admitir.

Você não deve se reapaixonar por ele.

Diga isso para o meu coração. Minha mente sabe que eu devo odiá-lo, mas por mais que eu tente...

Tudo voltou a ficar confuso como a um ano atrás.