Acordei em um salto aquela manhã, será que tudo aquilo realmente aconteceu, será que eu fui salva por um garoto de 17 anos portando uma faca brilhosa. Nada daquilo fazia muito sentido e eu até teria acreditado que tudo não passava de um sonho muito estranho, se os acontecimentos seguintes não me provassem o contrario. Olhei em meu despertador e ainda estava muito cedo o que me dava mais tempo para pensar, levantei e tomei um demorado banho tentando absorver aquele turbilhão de memórias que não faziam nenhum sentido pelo menos não para mim.

Após alguns minutos vesti uma roupa qualquer e penteei os cabelos, já me encontrando pronta para escola com alguns minutos de antecedência, então decidi visitar meu refúgio. Quando eu e Elle estávamos escolhendo o apartamento para o qual iríamos nos mudar um dos motivos deu ter concordado em ficar em um apartamento tão longe do centro e até mesmo da escola foi à presença de um jardim na cobertura do apartamento que poderia ser facilmente acessado pela escada de incêndio, como as pessoas em nova York não possuem muito tempo parar desperdiçá-lo dessa maneira aquele jardim virou o meu refúgio, mas não se deixe enganar pelo nome “jardim”, ele não era como os outros, na verdade não passava de um amplo espaço com a função de me ajudar a refletir sobre situações como essa.

Depois de alguns minutos percebi a presença de alguém em meu refúgio e me surpreendi ao encontrar Damien me fitando da mesma maneira como fizera ontem.

–Olá – ele disse sem expressar nenhum sorriso.

–Você? – eu falei desapontada – Não, não! Quer dizer que tudo aquilo realmente aconteceu!

Ele revirou os olhos e se aproximou do local onde estávamos.

–Você quer dizer ontem? Quando eu salvei a sua vida? – Damien disse sínico – Aconteceu sim, eu sinto muito.

Eu queria gritar com ele, mandá-lo embora, aquele era o meu lugar e ele não poderia estar ali, pelo menos, não sem a minha permissão, mas fui interrompida por ele.

–Eu sei que é difícil entender tudo isso... – ele falava tentando controlar a sua raiva, ele não parecia ser compreensível, mas tentava me fornece um pouco de consolo mesmo que a sua tentativa fosse inútil.

–Você nem faz idéia... – o interrompi

Ele suspirou e voltou a falar.

–Mas eu não posso te contar o porquê de tudo isso, você não conseguiria entender.

Eu apenas o ouvi, não queria mais brigar, na verdade eu nem mesmo conseguia mais brigar, nada parecia certo e nada fazia muito sentido.

–Belinda! – ele falou me despertando de meu transe.

–O que? – eu disse um pouco envergonhada por não prestar atenção no que ele falara não que ele tenha notado.

–Vou à escola com você hoje? – ele falou decidido.

–Ah... Você vai à escola... – então eu consegui processar o que ele havia dito – Não! Você não vai.

–E como você quer que eu a proteja!

–Simples! Eu não quero.

–Só tem um problema nisso tudo Alteza! – ele falou novamente aquela palavra, do mesmo jeito que o homem do beco fizera, fazendo menção a realeza – Você não tem querer!

Gritei em protesto, mas ele apenas me ignorou e num piscar de olhos ele havia sumido, deixando comigo uma dúvida que logo seria esclarecida, o porquê da palavra princesa.

Fiquei perdida em meus pensamentos até perceber que eu não teria mais tempo a perder precisava ir à escola. Desci as escadas e passei cuidadosamente pela janela, eu não queria fazer barulho se não receberia muitas perguntas de Elle, algo que por hora eu preferia evitar levando em conta todos esses problemas. Fui para cozinha e sentei-me a mesa, não sem antes pegar meus fones de ouvido e ligar em uma musica bem barulhenta tentando evitar perguntas sobre a noite de ontem ao acabar peguei minha mochila e sai disparada para escola deixando em casa uma Elle confusa e muito, muito irritada.

Ao chegar à porta do meu prédio dei de cara com Damien que já me esperava com seu material também em mãos o que me intrigou, como ele havia conseguido tudo aquilo.

–Quer mesmo levar isso à diante? – perguntei esperando que ele desistisse pelo menos de ser meu guarda costas na escola, mas ele fez o de sempre, revirou os olhos e me ignorou.

O resto da caminhada foi silenciosa, ao observar melhor Damien, percebi que ele era lindo ele estava usando uma calca jeans e uma blusa preta que realçava seus músculos, ele até parecia um adolescente normal isso se ele não estivesse portando a sua mesma faca de ontem. Quando avistamos a escola eu o puxei de lado.

–Você não me conhece e nem uma palavra sobre o que aconteceu ontem.

–Como quiser alteza – ele falou debochando, mas sempre deixando bem claro que a palavra alteza era algo real.

Eu simplesmente gritei com ele.

–Não me chama de alteza!

Alguns alunos viraram para nos olhar, mas isso não me impediu de gritar com ele e nem ele de brigar comigo.

–Se você não fosse a... – ele deixou sua frase no ar, percebendo que sua raiva o faria falar de mais.

–Se eu não fosse o que?

Ele não respondeu apenas virou e seguiu para escola, porem sempre se mantendo perto o suficiente. Percebi que quando passava Damien atraia a atenção das pessoas, acredito que por ele ser um novato, porem essa regra não se aplicava as meninas.

As aulas foram normais, tirando é claro o fato de Damien ficar me encarando. Tudo estava indo muito bem até a aula de ginástica.