Pensamentos De Uma Deprimida Qualquer escrita por Docinho Malvado


Capítulo 6
"Memórias Póstumas”




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Nunca houve nada de muito grandioso na infância de nossa garotinha, sinceramente, acho que ela foi bem comum, mas não sei bem como a descrever em palavras ou cores misturadas, então não posso afirmar nada. Tire suas próprias concussões!

“No verão, quando eu tinha a chance de ir a uma piscina, não costumava brincar com as outras crianças de ‘coisas normais’ (não sei bem o que significa ‘ser normal’ para uma criança, eu nunca soube.), eu costumava balançar a cabeça para frente e para trás, para frente e para trás, e me sentia como uma sereia.

Passei uma grande parte da minha infância fingindo ser quem eu não era. Eu adorava me fantasiar ou imaginar ser outra pessoa.

Eu sempre tive dificuldade em fazer amigos, eu sentia que não fazia parte da ‘elite escolar das meninas’. Eu nunca consegui formar um núcleo de afeto com ninguém, não sou muito de ‘conversinhas de meninas’. Eu não consigo me abrir, ou expor os meus sentimentos para outra pessoa que não seja eu. Não quer dizer que eu seja antissocial, apenas não gosto muito de conversar sobre coisas pessoais, eu me sinto desconfortável, sempre me senti ‘ameba’ nesse aspecto. Isso quer dizer que eu nunca tenho um bom assunto para conversar. Tipo, eu mal assisto televisão, estou sempre meio ‘por fora’. Para o meu azar só me dou bem em conversas sobre livros ou bandas, mas infelizmente quase ninguém gosta de ler hoje em dia, então creio que não exista ninguém interessado no que eu tenho pra falar.

Eu nunca pareci tão admirável quanto ás outras garotas, cujas bochechas eram carnudas ou rosadas. As minhas eram lizas, uniformes e pálidas. Eu não penso na minha aparência. Ou nessas questões. Lá no fundo, eu sinto que isto me torna uma pessoa que não pode ser amada ou querida por alguém, isso me torna uma pessoa indesejada.

Minha mãe costuma me dizer que ‘isso é só uma faze’ (uma faze BEM longa). O meu pai já gosta de brincar comigo dizendo que eu sou ‘uma boneca de porcelana durona’. Eu costumo tentar arrumar um jeito de explicar para o meu pai que a sociedade tem uma visão bem simples do mundo. A mesma visão de um garoto qualquer de escola: Predador e presa. Bom e mau. Não existe espaço para ambiguidades. NÃO EXISTE ESPAÇO PARA ‘bonecas de porcelana duronas’.

Resumindo: Eu não sou bem uma pessoa que se sonha em ter como melhor amiga. Eu sempre fui do tipo de pessoa que ninguém sente falta.

PS: Não faço idéia do que a palavra ‘ameba’ significa fora dos termos médicos. Só sei que não deve ser nada bom.”


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Notas finais do capítulo

Reviews? *Eu sei que não... :/
XoXo



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