A Promessa escrita por Maisa Cullen


Capítulo 22
Capítulo 21 - O vale: parte 2


Notas iniciais do capítulo

Mais um fresquinho.



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Já devia ser por volta das dez da manhã quando os três decidiram continuar, pois se demorassem mais não sairiam daquele vale antes de escurecer. Apesar de temerem o que encontrariam adiante, não queriam ter que passar a noite naquele lugar terrível e que havia brincado com suas mentes.

Depois de alguns minutos de caminhada, Peter e Lúcia deixaram Edmundo ir um pouco à frente. O loiro tomou a mão da garota na sua, entrelaçando os seus dedos com os dela. E mesmo nas atuais circunstâncias, era uma sensação boa. Ele queria poder falar a ela o que se passava em seu coração ainda descompassado, mas o irmão dela estava próximo o suficiente para poder atrapalhá-los, então apenas se deixou desfrutar do simples contato.

Lúcia estava um pouco confusa com o último acontecimento, mas certamente nunca havia se sentido dessa forma. Tinha a sensação de estar aquecida por dentro de um jeito que mal podia descrever. O rubor simplesmente não deixava seu rosto. Ela sentia o garoto lançando olhares em sua direção, mas não conseguia encará-lo, e mesmo se conseguisse, suspeitava que não poderia falar sem gaguejar vergonhosamente. Então, o silêncio foi um alívio, de certa forma.

Logo o sol estava a pino e eles estavam experimentando uma sensação claustrofóbica naquele vale que parecia interminável, como um longo corredor de paredes de pedra, que como nos sonhos, se estendia até o infinito e só parecia se alongar mais.

Todos agradeceram mentalmente por não precisarem procurar comida ou água naquele lugar deserto e sem vida. Porém, imaginaram como deveria ter sido antes de Duman. Aquela certamente não parecia uma paisagem natural, era mais como se qualquer vegetação estivesse proibida de crescer naquele local.

Até agora o único ser que haviam encontrado fora Aila, mas sabiam o motivo: os outros foram destruídos, aprisionados em outras formas ou transformados em Seguidores de Duman. Lúcia ainda estremecia ao se lembrar das criaturas peludas, de membros alongados e garras despontando de seus dedos que haviam atacado Susana e Pedro.

Parecia que fazia já quase uma eternidade desde os pesadelos, mas ela torcia todos os dias para que estivessem bem. Não conseguia tirar o primeiro pesadelo de sua mente em alguns momentos. As feições vazias e sem emoção ainda a perseguiam.

Quando Peter notou a tensão que emana da garota compreendeu logo do que se tratava. Ele agora podia se imaginar facilmente na mesma situação se fosse Elisa que estivesse envolvida. De certo, a ilusão de horas atrás contribuiu bastante para isso.

Foi somente lá pelo meio da tarde que os três finalmente conseguiram sair daquele vale, e para alívio geral, sem mais nenhuma terrível interrupção. Trataram logo de acomodarem-se em um lugar coberto por algumas árvores aparentemente inofensivas, e o cansaço se abateu sobre eles como uma confirmação de que haviam chegado mais longe do que em todos os outros dias desde que chegaram à Ódin.

Enquanto descansavam pararam para reavaliar o caso. Podiam avistar o que parecia ser uma fortaleza, logo após uma pequena floresta. Era como uma montanha escarpada de tão imponente. Suas torres lembravam muito as estalagmites da caverna onde obtiveram o escudo, só que com pontas afiadas como adagas. E nuvens tempestuosas pareciam rodear o local como cães de guarda, tão negras quanto a própria fortaleza.

–Não me parece muito convidativa. –Lúcia comentou após uns minutos.

–Não vão nos receber com uma festa, com toda certeza. –Disse Peter.

–Mas teremos que nos aproximar mais para traçar um plano. –Ponderou Edmundo. –Essa noite seria uma boa chance, já que a escuridão nos dará maior cobertura.

–Essa noite? Você só pode estar brincando. –Peter falou, mas o olhar de Edmundo dizia que ele falara sério.

–Precisamos agir antes que percebam nossa presença.

–Pelo menos não precisaremos fazer uma fogueira. –Lúcia tentou aliviar o clima tenso.

–Até porque seria como colocar uma placa dizendo “estamos aqui”. –Brincou o loiro.

Edmundo bufou e esperou que as horas passassem, resignado, mas não mudara de ideia. Sentou-se a um canto e se perdeu em pensamentos sobre como estariam seus irmãos e se conseguiriam voltar para casa sãos e salvos. Aquela certamente não parecia como as outras aventuras que havia participado, era mais como uma missão. Ele só esperava conseguir concluí-la bem.

Percebendo que nunca seria exatamente a hora certa e sem saber quando teria outra chance, graças à ideia de Edmundo, Peter decidiu ignorar sua presença. Não era nem de longe o local que imaginou para ter essa conversa, mas ele estava sem muitas opções, além de tempo.

–Lúcia... Eu... Sei que não esse não é de longe o lugar mais romântico do mundo, e eu realmente estou detestando o seu irmão nesse momento, mas... Não quero ir até aquela fortaleza sem falar...

A garota o interrompeu com um selinho, para completa surpresa do rapaz.

–E eu acabei de esquecer o meu discurso. –Riu Peter.

–Já tinha planejado um discurso? –Brincou Lúcia, seus olhos reluzindo.

–E o lugar... E a roupa que vestiria... E a música... –Ele começou a listar.

–Você teve bastante tempo, pelo visto.

–Desde, mais ou menos, o momento que falou em Nárnia.

–E você soube que eu era a rainha do seu livro?

–E eu soube que era simplesmente você. –Confessou.

–Ei, vocês dois aí, estão planejando um motim? –Intrometeu-se Edmundo.

–Estava demorando... –Resmungou Peter. –Não, mas deveríamos. –Respondeu para o moreno.

–Acho que é melhor irmos indo. –Chamou Edmundo.

Lúcia tocou o ombro de Peter antes que ele se levantasse e sussurrou de forma conspiratória:

–Quando voltarmos para casa, você pode fazer do seu jeito.

Isso melhorou o humor de Peter consideravelmente, e lhe deu um motivo a mais para querer voltar para seu mundo. Ele com toda certeza cobraria isso, e com juros pelo atraso causado por Edmundo.

–Vamos logo então. – O loiro disse, animado, o que fez o outro garoto erguer uma sobrancelha, especulativo.


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