Seus passos eram tão rápidos que, eu podia vê-la cair no chão à qualquer momento. Não que eu achasse que Rachel iria tropeçar em seus próprios pés, mas ela corria rapidamente, seus braços estavam retos ao lado de seu corpo. Sua saia rodada mexia conforme o movimento de suas pernas.

– É um pássaro? – gritei, me sentando na grama. – É um avião? Não! É a Super Rachel!

– Não! – ela gritou, ainda correndo. – Eu sou um avião!

Comecei a rir, Rachel passou a fazer um som estranho de motor com a boca, enquanto Shelby cortava algumas flores do jardim. Segundos depois Rachel correu até mim e se jogou ao meu lado, tentando acalmar sua respiração.

– Você sabia que aviões menores podem subir até 50 mil pés? – ela perguntou, com a voz um pouco rouca, o que me fez arrepiar.

– N-não... eu não sabia.

Ela se levantou e voltou a correr, soltei o ar que nem havia percebido que prendia, vendo Rachel voltar com a mesma rapidez.

– Você sabia que os raios não derrubam o avião?

Novamente prendi minha respiração. Rachel estava suando, a respiração completamente rápida e cortada.

– Você sabia que o polvo-fêmea come seus próprios tentáculos? – perguntei.

Rachel arregalou seus olhos e correu até Shelby. Minutos depois ela voltou com as mãos escondidas nas costas, o rosto um pouco corado e um sorriso. Rapidamente ela sentou ao meu lado, parecendo inquieta, eu sorri e tentei olhar atrás dela.

– Você gosta de flores? – ela perguntou, logo colocando um pequeno buquê de margaridas na minha frente. – São para você.

– Obrigada.

Peguei o buquê da sua mão, os cheirando em seguida, coloquei as margaridas ao meu lado e continuei segurando uma delas. Lentamente puxei a primeira pétala, Rachel desviou seu olhar para mim sorriu, senti seu braço roçar o meu, me fazendo sorrir e puxar mais uma pétala.

– Você não me respondeu. – ela disse, desviando seu olhar para a grama. – Como é um beijo?

Meu corpo começou a gelar, puxei mais algumas pétalas e respirei fundo.

– Hum... é como... sabe?

– Não, eu não sei.

– Ah... – puxei mais uma pétala e desviei meu olhar para ela. – É como todos os beijos.

– Como... quando tio Omar faz com a mulher dele?

– Hum... sim. – olhei para a margarida em minha mão e sorri. – Como isso.

Puxei mais algumas pétalas, Rachel murmurou algo e se levantou, antes que eu perguntasse algo, ela correu para dentro de sua casa, me fazendo suspirar. Por um momento, eu havia esquecido que Rachel poderia correr para longe de mim. Puxei mais uma pétala e percebi que faltavam cinco, me fazendo sorrir.

– Bem me quer... – Rachel apareceu na porta com Dino em mãos. – Mal me quer... – lentamente ela se aproximou de mim, parou por um estante, mordendo seu lábio inferior, mas voltou a andar. – Bem me quer... – seus olhos pareciam brilhar, seus pés pararam em minha frente e ela colocou Dino de frente para mim. – Mal me quer...

– Dino quer saber se... você quer ir comigo... conosco até a casa na árvore?

– Por que Dino quer saber isso? – perguntei, me levantando.

– Porque... – ela olhou para a última pétala e a puxou, me fazendo sorrir. Bem me quer... – Está na hora do chá da tarde.

– Chá da tarde?

Ela só podia estar brincando comigo. Quem em seus 17 anos fazia chá da tarde? Rachel abraçou Dino pelo pescoço e sorriu mais ainda, se aproximando mais de mim.

– Sim. – ela segurou um pouco minha jaqueta e olhou para seus pés, que se aproximavam mais dos meus. – Teremos convidados importantes, como... Dorothy, a boneca de pano que fugiu de um castelo, Mr. Domo, o dinossauro que sabe girar toda sua cabeça, Bongo, o urso de pelúcia da Quinn, Barney, o dinossauro de pelúcia da Brittany e Dino, meu coelho.

– Se os... brinquedos de suas amigas estarão nesse... chá, quer dizer que...

O som da campainha me interrompeu, Rachel sorriu mais ainda e correu para dentro novamente. Antes que eu pensasse mais alguma coisa, Brittany apareceu correndo, com um dinossauro roxo nos braços, do mesmo tamanho que Dino. Ótimo! Ela pareceu não ter me notado, ou apenas quis correr direto para a casa na árvore. Quinn apareceu segundos depois, segurando uma bandeja rosa com alguns biscoitos, eu bufei e me aproximei dela.

– Olá, Santana. – Quinn disse, sorrindo. – Teremos um show de pulos e rodopios hoje?

– Oi, Quinn. Teremos um show de chutes no estômago, se você não parar de me provocar.

Ela sorriu mais ainda e continuou andando, Rachel apareceu com uma jarra de suco de maçã e alguns copos de plástico nas mãos.

– Quer que eu leve? – perguntei, seguindo Rachel.

– Não precisa, eu não sou criança. – suspirei e vi Quinn descer as escadas. Afinal, como ela conseguiu subir com uma bandeja nas mãos? – E Quinn pode me ajudar.

– Certo.

– Certo, certo... – Quinn disse, pegando a jarra das mãos de Rachel. – Santana, não se incomode com os preparativos, apenas suba e nos espere. Deixe que as especialistas façam todo o trabalho.

Revirei meus olhos e olhei para Rachel, a mesma estava rindo, junto com Quinn. Subi as escadas rapidamente e vi Brittany sentada no chão, perto da mesinha, me aproximei e me sentei ao seu lado.

– Não ligue para o que ela diz. – Brittany disse. – Quinn só acha que vai perder a amizade de Rachel quando vocês se aproximarem mais.

– E o que eu tenho a ver com Quinn ter medo de perder a amizade de Rachel?

– Você disse à Rachel que são amigas, ela fala sobre você o tempo inteiro e isso deixa Quinn nervosa. Imagine passar toda a sua infância e adolescência conhecendo uma pessoa que nem sabe que você a ama, e muito menos que esse sentimento existe. – desviei meu olhar para a porta e vi Rachel entrando com um pouco de dificuldade. – Se ela te incomoda tanto assim, tente provocar na mesma moeda.

– Como assim? – perguntei, voltando a encará-la.

– Provoque Quinn do mesmo jeito que ela te provoca.

– Isso parece interessante... – murmurei.

Rachel sentou ao meu lado e sorriu, colocando os copos em cima da mesinha.

– Teremos que esperar, Quinn trará o resto das coisas.

Quinn... Mesmo sabendo que ela era apenas amiga de Rachel, eu sentia que devia me preocupar sobre ela, ou perderia o pouco de amizade que ainda tinha de Rachel.