Escrevi uma carta para Connor. Me odiei por ter que partir sem me despedir dele, porra, eu o amava, mas queria que ele fosse feliz, de modo que eu nunca poderia faze-lo.

"Não sei que quando você lerá isso, mas certamente já estarei longe. Connor, eu agradeço por ter cuidado de mim e me amado intensamente, mas sinto que não tenho mais nada aqui, preciso me encontrar ou morrer tentando. Não fique triste, pois tenho certeza de que achará alguém que te faça bem. Eu te amo.
– para sempre sua pequena Lolita."

Chorando e com os pulsos feridos, deixei marcas de sangue e lágrimas no pequeno texto. O coloquei em cima da cama de Connor e parti, sem saber para onde ir. Andei por horas, o Sol estava se pondo, o Crepúsculo era lindo, talvez a parte do dia que eu mais admirava. O que será de mim?

POV Connor

16:14

Entrei em casa e deixei minhas coisas no chão. Estava pensando onde estaria Jared, ele não podia ter feito o que fez mas não deixava de ser meu irmão. Liguei uma, duas, cinco vezes mas ele não atendeu. Se ele queria assim, deixaria que o tempo resolvesse.

– Lola? Onde está, pequena?

Não houve resposta, achei que ela estava dormindo. Entrei em seu quarto e tudo o que vi foi uma enorme bagunça, havia marcas vermelhas no chão e nas paredes, seu guarda-roupas estava aberto e... vazio?!

– Mas que porra é essa? O que aconteceu aqui?! Lola!

Sai procurando-a pela casa toda e não encontrei ela. Até que vi um papel ensanguentado no chão. Abri-o e li atentamente. Cada palavra era como uma faca entrando em mim, me desesperei. Chorando fui procurá-la pela cidade toda, mas nada. Chorei a noite toda pensando na besteira que ela fez. Nunca mais iria ver minha pequena, ver ela rir, brigar, nunca mais teria seus lábios ao meus e ouvir "eu te amo, Connor". Era o fim, o meu fim. Nunca mais teria paz de novo.

24/04 Quinta-feira 13:41

Passou mais de um mês que ela tinha partido. Meu irmão voltou ás pressas para casa quando lhe dei a notícia. Registramos o acontecido na delegacia, espalhamos panfletos mas nenhum sinal dela se obteve. Eu não comia nem dormia direito, toda vez que fechava os olhos ficava pensando em quanto eu o amava e deveria ter protegido ela, esse era meu dever e eu falhei. Eu esperaria Lola a minha vida toda, e até depois se preciso. Eu a amava mais do que tudo.

FIM DO POV

"Onde eu estava, quem eram aquelas pessoas?" Eu me perguntava isso todos os dias desde que cheguei naquela casa. Encontrei meninas que eram como eu: perdidas. Faziamos favores sexuais em troca de dinheiro e comida, depois saiam gastar em drogas, bebidas e roupas curtas.

Comecei a fazer esses favores depois de uma semana que sai de casa. Sentia nojo e pena daqueles que me procuravam, homens que nunca descobriram o que era amor, nem de suas mães. Usavam de meu corpo para se sentirem alguém no mundo, depois gastavam seu dinheiro sujo querendo retribuir o prazer que eu havia dado á eles.
"Oi." "Cale a boca vadia, estou pagando muito caro para ficarmos apenas conversando, fique de quatro!" "Como quiser." Esse era o tipo de conversa que eu tinha, nada mais, nada menos.

Se eu senti falta dos irmãos? Claro que sim, mas aprendi a conviver com isso, afinal eu não poderia me prender á isso para sempre, certo? Errado. Haviam noites que eu pensava voltar, mas era tarde, o que foi feito está feito.

– Lolita? - chamou a dona da casa. Esse era o meu nome de trabalho, "Lolita".
– Sim? - respondi sem a menor vontade.
– Estão querendo você, ande logo sua puta nojenta.

Enquanto eu me arrumava para sair com um estranho, ouvia algumas meninas comentando "nossa ela é tão bonita, porque está aqui?" ou "odeio ela, a clientela toda a escolhe!". Não respondi e sai do quarto em que dormia.

– Nossa, bem que me falaram de você, querida. Qual o seu nome? - perguntou-me meu "cliente".
– Lolita...
– Vamos?