A pedra no meu sapato escrita por Johanna


Capítulo 26
Meu segundo primeiro dia


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem... Ficou meio paradinho mas o próximo vai ser bom!

xoxo



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Abri os olhos e gritei com meu celular até ele parar de apitar. Comando de voz é bem útil para preguiçosos. Me levantei com muito esforço e acendi a luz. Quando me acostumei com ela, fui até o guarda-roupa para ver o meu uniforme.

Sim, eu já havia comprado, quarta ou quinta, nós quatro que mudamos de escola fomos até a nova pegar um uniforme novo. Tem que pagar, é claro... Não é barato. E é estranho.

Uma saia azul rodada e a típica camisa social branca, com a também típica gravata da cor da saia. Há tipos de suéter amarelo claro que se pode colocar, um sem mangas e outro de manga comprida. Também tem o blazer e tal mas... Sei lá.

Tateei a cama até achar meu celular. Quando o encontrei, procurei a temperatura na internet. Fazia muito calor. 32°C. Desliguei o ar condicionado que estava deixando meu quarto gelado e vesti o uniforme. Coloquei as meias até em baixo do joelho e o sapato marrom. Na verdade, aqui até o sapato era obrigatório.

Peguei a mochila e enfiei meu celular dentro dela. Desci as escadas e abri a porta. Quando passei por ela a chaveei e logo depois ao trancar o portão vi Colin vindo para cá.

Merda, eu tinha esquecido que ele viria aqui.

— Bom dia! — Ele sorriu quando chegou perto de mim.

— Bom dia. — Falei, quase sussurrando.

— Hmm... — Ele começou a falar. — A Julie ia passar aqui, de carro. Então... Esperamos ela?

— Ah, sim. — Sorri fraco.

Antes que ele abrisse a boca para falar ouvimos o barulho de carro chegando. Era Henry que dirigia. Ele buzinou e entramos. Julie perguntou como foram os últimos dias, o que eu comi, o que eu fiz... Nossa. Às vezes ela me deixa tonta.

Quando descemos, eu encarei aquele prédio enorme. Era branco e sua estrutura e arquitetura era meio antiga... Muito chique. Um muro de dois metros cobria todo o seu redor, exceto a entrada, que tinha portões amarelo claro.

Entramos lá dentro em silêncio. Era exatamente no primeiro dia em que entrei em Rolland. Não demorou muito até subirmos no segundo andar e entrar dentro da sala. Lá, o professor nos apresentou, e já tinham até quatro classes reservadas, uma ao redor de outra.

Nos sentamos. E pela primeira vez, eu prestei atenção na aula.

Bateu o sinal e eu percebi que já era recreio. Colin me cutucou e por um segundo eu lembrei do Peter, já que ele me cutucava a aula inteira.

— Não faz isso. — murmurei.

— Ah... Desculpa. — Ele me encarou confuso.

— Então, vamos descer. — Julie falou sorridente.

Todo mundo concordou, ela e Henry foram de mãos dadas ao meu lado e Colin atrás de nós pois não havia espaço para quatro lado-a-lado no corredor.

Chegamos no pátio onde era o recreio e ao olhar para cima percebi que metade dele era coberto. Até a metade onde ficava a lancheria. Olhei em volta e tudo o que eu via era gente. Um formigueiro humano, realmente.

Ficamos olhando ao redor como retardados até que chegou um grupinho de três meninas.

A da esquerda tinha cabelos loiro-escuros pouco ondulados e olhos castanhos, a do meio — provavelmente a "chefa" — tinha cabelos lisos azuis e olhos verdes. A da direita, tinha cabelos quase cacheados de tão ondulados de cor laranja e seus olhos eram negros.

Elas nos encararam dos pés a cabeça e percebi que a loira da esquerda não tirou o olho do Henry por um segundo. E acho que Julie também percebeu, já que eu percebi ela abrir e fechar o punho várias vezes.

— Então, novatos... — A de cabelos exóticos começou — eu sou a Lacey. Essa, — ela apontou para a loira babando — é a Lori e aquela ali — apontou para a da direita — é a Jenny.

— E...? — Colin arqueou uma sobrancelha.

— Vamos dar uma festa sábado à noite e queremos que vocês apareçam. — Lacey falou, sorrindo.

— Ah... Onde? — Perguntei.

— Na minha casa. — Ela deu um risinho. — Lá pela sexta, ou qualquer dia da semana eu passo o endereço e vocês aparecem. Ah, e, por favor, vão de roupas normais. Nada de vestidos festivos e maquiagem exagerada.

— Beleza. — Respondi, sorrindo.

— Obrigada. — Lacey sorriu e saiu seguida por suas duas sentinelas.

— Acho que aquela vadia da Lori não sabe que o Henry tem namorada. — Julie falou, esbravejando.

— Claro que sabe, você tá segurando minha mão. — O loiro sorriu.

— Não chegue perto dela. — Julie advertiu.

— Tá bom, tá bom. — Henry levantou as duas mãos em sinal de rendição.

Eu e Colin rimos da situação. Logo bateu e voltamos para a sala. O resto da aula foi como antes. Quer dizer, como as anteriores, porque, como eu disse antes, foi a primeira vez em que eu prestei a atenção numa aula todinha.

O que foi que o Peter fez comigo?

Quando acabou, cada um foi para a sua casa a pé, já que essa escola agora era bem localizada, no centro da cidade. Claro, Henry e Julie foram de carro, mas eu preferi ir sozinha, caminhando. Caminhar era bom. E sozinha. Não com o Colin.

É, ele foi comigo, caminhando da escola até em casa. E pelo jeito seria assim todos os dias, já que ele estava tão animado. Mas... Quem fazia isso era o Peter. E isso me lembra ele... Ah Colin...

Eu queria fazê-lo entender que eu não o quero. Não quero nada que venha dele além de amizade.

(...)

A semana passou rápido. Eu sinceramente não queria mais sair de casa fora do horário da escola. Todos os dias desta semana foram a mesma coisa; escola pela manhã e um tedioso resto do dia fazendo nada.

Olho pro celular e aperto o botão do meio para que ele me diga o que eu quero saber: "Sábado, 14:15".Me espreguicei e levantei do sofá. Eu já havia comido, então, fui dormir.

Apaguei por cinco horas. Eram sete da noite e a tal festa era hoje.

Quarta-feira Lacey chegou para Julie e entregou um papel com o endereço dela. Julie passa aqui às 21:00h. Fui tomar um banho e demorei uma eternidade. Outra maior ainda para secar o meu cabelo e depois fazer chapinha. Meu cabelo é liso, mas meio ondulado, quero dizer, possui pequenas ondas. Hoje eu queria que ele ficasse totalmente reto.

Até eu colocar uma calça jeans e uma regata, isso pode parecer meio louco, mas já eram nove da noite. Peguei meu celular e no mesmo instante ouvi uma buzina na frente da minha casa.

Saí e dentro do carro já estavam Henry, Julie e Colin. Eu não sabia que Colin era tão amigo deles. Sem questionamentos entrei no carro e logo chegamos no lugar.

Era uma mansão. Mas não uma simples mansão. Era uma enorme mansão. Tá pensando grande? É maior que isso. Cara, é tipo a casa branca.

Uma casa enorme da cor bege, com janelas e portas marrons. Tinha uns detalhes antigos de gesso, sua arquitetura era impecável. A porta da frente estava fechada mas se podia ver as luzes coloridas quebrando o escuro lá dentro.

Henry estacionou do lado de fora do portão, que por sorte ainda sobrara uma vaga. Estava tudo lotado de carros e já se podia ouvir a música alta eletrônica que vinha lá de dentro. Caminhamos um pouco ao passar pelos enormes portões abertos. Batemos na porta e alguém a abriu sem nem se importar. Entramos e estava tudo tomado de gente. Essa escola bombava mesmo, hein?

Nos sentamos em um sofá e logo Lacey apareceu.

— Novatos! Que bom que vieram! — Ela sorria, com um copo vermelho de plástico na mão. — Vai estar de arrebentar. Essa festa vai ser demais. Então aproveitem! — Ela gritou a ultima frase e levantou a mão o mais alto que podia.

Julie e Henry sumiram do nada assim como Lacey. Eu e Colin ficamos sentados num sofá enquanto várias pessoas dançavam no escuro ou fumavam, ou até se agarravam ao nosso redor.

Aquilo começou a ficar constrangedor.

Colin se aproximou de mim no sofá e eu fingi que não vi. Não é isso que eu estou pensando, é? Ele passou o braço por trás do meu pescoço pegando no meu ombro. E eu não fiz nada.

Ele sussurrou meu nome e quando eu virei para encará-lo, estávamos próximos demais. Eu não... Queria...

Então eu só levantei e gritei para que ele ouvisse um rápido "Já volto". Saí sem rumo até que enxerguei uma mesa com comes e bebes. Fui até lá e peguei dois salgadinhos. Fiquei pensando se eu dava uma de mal educada e ia embora ou voltava para lá com o Colin flertando comigo.

Eu não queria magoá-lo, mas...

Meus pensamentos pararam. Meu corpo todo parou por um segundo enquanto minha boca se abriu. Meus olhos viram isso?

Sim.

Lily e Peter de mãos dadas passando ao longe. Logo ela colocou as mãos no rosto dele que sorriu. Ele sorriu para ela. E eles se beijaram.

Senti um buraco se abrindo no meu peito. Eu não podia acreditar. Ele... Ela... E eles ainda estavam fazendo isso no mesmo cômodo em que estava Colin.

Por mais que eu ame Peter, eu não posso mais ficar chorando por ele sendo que ele não dá a mínima para mim. Engoli o choro e tentei ficar o mais forte que podia. Eu não vou mais hesitar.

Então eu voltei para aquele sofá.


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Notas finais do capítulo

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