A pedra no meu sapato escrita por Johanna


Capítulo 11
Ninguém pode saber


Notas iniciais do capítulo

o Lá. heheh. Queridas leitoras e leitores, tenho notado que a cada capítulo o número de acompanhamentos aumenta u.u Eu queria saber se vocês estão aí, realmente. Deem um sinal de vida, pelo amor de Deus! Nem que seja um "oi". Parece idiota mas eu gostaria de saber de verdade quem está aí. Obrigada u.u



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/440983/chapter/11

Abri os olhos e não pude evitar colocar uma mão em frente ao meu rosto, pois a claridade estava muito forte. Ao levantar o braço percebi puxar alguma coisa. Quando me acostumei com a luz percebi um barulhinho constante. Olhei para o lado e vi numa poltrona branca, Peter. E aí eu percebi que eu estava num hospital...

— Você acha mesmo que eu ia te deixar sozinha? — Ele perguntou, curvando-se para frente e apoiando os braços cruzados nos joelhos. — Posso ser idiota, mas não sou irresponsável.

— Não seria irresponsável. — Bufei. — Não confio em você. Te pedi um favorzinho e você não foi capaz de fazer isso pra mim?

— Favorzinho? — Ele se levantou. — O médico disse que você poderia ter morrido se eu não te trouxesse.

— Ah, eu tenho que sair daqui. Não quero faltar um só dia de aula. — Eu continuei falando, ignorando-o.

Ele riu.

— Qual a graça?

— Nada. — Ele sorriu.

— Fala de uma vez! — Quase gritei enquanto senti meu rosto avermelhar.

— Você tá aqui tem uns dois dias.

Fechei os olhos. Eu não acredito. Abri-os novamente e Peter ainda me encarava cínico.

— Quer dizer que, eu apaguei por dois dias?

— Quer dizer.

— M-mas eu tranquei a porta e...

— Eu pareço um frangote pra não conseguir arrombar uma porta? — Ele se apoiou nas barras de ferro na beira da cama, sorrindo novamente.

Convencido. Bufei e virei o rosto para o outro lado. Isso era constrangedor.

— Ah e, a melhor parte — ele seguiu falando — seu paizinho filho de uma quenga não vai ficar sabendo de nada. Afinal, somos ambos emancipados. E você responde por si mesma. É só inventar uma história inteligente, que eu sei, é uma coisa que você não tem, a inteligência, então, eu disse que você é retardada e quando tava saindo do banho caiu de barriga no vaso depois de bater com o rosto na pia.

— Ah meu Deus...

— To brincando. Quase. Na verdade, esquece a parte em que você é retardada. Ninguém ia querer saber que você foi espancada pelo grande John Trow, rei do comércio desse país. — Ele falou, sentando-se novamente no sofá, com uma expressão normal.

— Cale a boca, Peter. — Falei sério.

E se alguém por acaso ouvisse? Eu estaria morta.

Ouvi duas batidas na porta e logo alguém foi entrando. Um homem velho e alto, meio gordo com um jaleco branco e cabelos negros entrou no cômodo com uma prancheta na mão. Ele foi folhando os papéis e logo me "chamou":

— Sarah Trow. — Ele sorriu para mim e eu retribuí o ato. — Você está liberada. Só tem que se cuidar mais, mocinha.

Ele deu uma risadinha e eu também, fingindo, é claro. Cuidadosa o caralho. Me cuidar pra não ser espancada? Ótima ideia.

— Só tenho uma notícia ruim. — Ele me encarou, agora sério.

— Qual? — Peter se levantou.

— É... — Ele moveu os olhos para a prancheta e depois para mim — Você, quebrou uma costela.

— Filho da... — Peter começou a resmungar baixinho e saiu da sala, batendo a porta com toda a força.

Merda. Ele praticamente me entregou.

— Sarah. — O homem se aproximou de mim. — Tem certeza de que foi isso mesmo que aconteceu?

— Absoluta. Eu sou muito retardada. — Dei um riso e tentei fazê-lo parecer o mais natural possível.

Ainda desconfiado, ele assentiu com a cabeça e me liberou. Peter me ajudou a levantar e depois, pedi para ele sair do quarto e vesti minhas roupas. Fomos até o meu apartamento e chegando lá eu percebi que estava tudo arrumado, o que era uma surpresa, sendo que eu até havia deixado o chão todo vomitado. E além do mais, ele tinha a chave da porta. Mas ele não havia arrombado ela? Ele acabara de chavear tudo e...

— Você limpou tudo isso? — perguntei.

— Eu não. — Peter respondeu, revirando os olhos lentamente.

— Peter. — Cruzei os braços e o encarei.

— Digamos que eu recebi uma mesada maior esse mês. — Ele me encarou de volta.

— Como assim?!

— Tá. Tá. Quando eu cheguei no hospital com você, não sabia que cê tinha quebrado nada, mas mesmo assim, eu aceitei pagar uma certa quantia por uma cirurgia que foi solicitada. Mas não foi muito. Enfim, pra me redimir, paguei um chaveiro e uma empregada pra virem aqui arrumar todo o meu estrago.

— Peter! — Gritei.

Eu estava furiosa. Não aceito que alguém gaste dinheiro comigo. Eu odeio isso. É uma das coisas que eu mais odeio no mundo.

— Qual é. Se eu não fizesse, ninguém iria fazer por você.

Não falei nada. Eu queria chorar, mas nem isso eu consegui. Porque ele estava certo. Ele tinha razão. Olhei para baixo rapidamente e indo até o meu quarto apressadamente tentei disfarçar.

— Sarah.. — Ele chamou.

— Tô com sono, preciso dormir. — Corri mais um pouco até o quarto e fechei a porta na cara dele. Tranquei-a e fui até o banheiro. Me olhando no espelho, percebi que o meu olho já estava normal. Parecia que nada havia acontecido comigo. Mas a minha barriga ninguém poderia ver.

Me deitei.

Ainda estava com um pouco de dor na cintura, afinal, eu tinha uma costela quebrada. O doutor me disse que não havia solução para isso e que eu devia apenas descansar. Apenas descansar.

(...)

— Então foi só isso? — Julie arqueou uma sobrancelha.

— Sim. — Sorri. — Agora só tenho que cuidar a minha costela.

— Aham. — Ela riu.

Bateu o sinal e voltamos para dentro da sala de aula. Era um dia cansativo. Inventei a história do Peter para todos que perguntaram da minha ausência, e pelo jeito ele também. A aula foi chata como sempre mas pela primeira vez eu fiz tudo o que o professor pediu. Alguns colegas já me pediam coisas emprestadas, como lápis, outras coisas simples assim, mas me deixavam feliz por apenas me dirigir a palavra. Eu já não me sentia uma estranha.

No fim da aula, estávamos indo novamente juntos, para casa. Eu, Julie e Peter. E pela primeira vez, num silêncio mórbido. Tudo o que eu ouvia eram os nossos passos e o barulho de carros passando no asfalto. Até passarmos por uma bancada de jornal. Julie fitou a edição diária e parou de caminhar. Ela ficou parada e só percebemos isso depois de dar mais alguns passos.

Olhei para trás e a chamei.

— S-Sarah... — Ela me encarou. — Por que você não me contou?

Gelei. Fui correndo até a bancada e li no cabeçalho do jornal, como a principal notícia uma foto minha com a seguinte legenda em letras enormes:

"O monstro: John Trow espanca sua única filha e a deixa com uma costela quebrada."


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É, agora a coisa vai feder, mas talvez isso resulte em uma reaproximação da Sarah pra descobrir quem são seus amigos de verdade. E será que foi o Peter que espalhou por aí?? :o



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A pedra no meu sapato" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.