Farewell Tears escrita por Joker


Capítulo 1
Farewell Tears




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“As strong as you were
Tender you go
I'm watching you breathing
For the last time”
Carry you home (James Blunt)

“Tão forte quanto você era,
Frágil você se vai
Eu estou te vendo respirar
Pela última vez”

Uma mão leve afagou seus cabelos, fazendo-o resmungar e virar para o outro lado. O moreno soltou uma risada baixa e pousou a mão no ombro do amigo.

“Jean. Está na hora de acordar.” Seu rosto estava um pouco corado por conta do frio, mas Marco estava feliz. Seu dia havia começado muito bem, com um pouco de neve do lado de fora.

“O que foi Marco? Me deixe dormir. Está frio e hoje não temos treinamento.” Os olhos castanhos se abriram lentamente, lutando contra a luz que entrara pela janela. Estava bem claro do lado de fora.

“Estou te acordando porque está tarde Jean.” Marco puxou as cobertas do ruivo, vendo-o se encolher ao sentir o clima frio. “Está nevando lá fora, nós deveríamos aproveitar o dia.” Ele sorriu ao sentir a ponta de seu cachecol ser puxada para baixo com força, fazendo os rostos ficarem próximos.

“Exatamente por estar nevando que eu pretendo ficar dentro deste quarto, coberto e dormindo.” Jean abriu um largo sorriso, sem desviar seus olhos dos de Marco em momento algum. “Ou fazendo outras coisas que me aqueçam.”

O moreno sentiu seu rosto corar ainda mais. Fazia algum tempo que Jean havia começado a jogar indiretas no ar, mas Marco fingia não perceber. Ele faz isso para me provocar. Eu sei que ele gosta da irmã do Eren, mas não entendo porque ele diz essas coisas para mim, pensou enquanto suspirava.
A convivência com o ruivo havia melhorado bastante, mas certas coisas eram melhores escondidas. Como o que eu sinto por ele.

“Não. Jean, faz anos que não neva dentro dessas muralhas. Eu só acho que devíamos aproveitar.” Sua mão esquerda segurou a de Jean de leve e a retirou de seu cachecol. “Mas se não quiser, eu vou sozinho.”

O ruivo soltou um alto suspiro e se sentou na cama, bagunçando ainda mais os cabelos e bocejando. Marco sentiu um olhar ameaçador vindo da pessoa a sua frente, mas achou melhor não dizer nada, contentando-se em sorrir.

“Eu vou me arrumar.” A voz saiu arrastada, da mesma maneira como o dono dela saiu da cama e se dirigiu ao banheiro.

Marco suspirou baixinho e ajeitou o cachecol azul em volta de seu pescoço. Seria um bom dia.

X

Jean levou pouco mais de vinte minutos para tomar banho. Ele abriu a porta do banheiro já vestido com o usual uniforme branco. A toalha amarela estava em seus cabelos enquanto ele os secava. Marco permaneceu sentado em sua cama, ajeitando o groso casaco que estava por cima do uniforme e mantendo os olhos firmes em sua companhia.

O ruivo jogou a toalha molhada sobre a cama e abriu o pequeno guarda-roupa de madeira, pegando os cintos que eram obrigatórios por cima do uniforme. Marco precisou segurar a risada ao ver Jean tentar desenrolar os vários cintos, enquanto soltava baixos palavrões.

“Você poderia parar de rir e vir me ajudar?” o ruivo jogou o objeto sobre a cama e cruzou os braços, visivelmente irritado. Ele parecia estar com frio, já que seus cabelos ainda estavam úmidos e seu uniforme era a única coisa que o cobria.

“Achei que nunca iria perguntar.” O moreno se levantou da cama e pegou os cintos, levando pouco mais de cinco minutos para desenrolá-los. Jean permaneceu perplexo o tempo todo, resmungando quando recebeu os cintos muito bem arrumados nas mãos. “Mais alguma coisa?”

“Já que perguntou, me ajude a colocá-los. Vai ser mais rápido assim.” o sarcasmo estava mais presente do que nunca, assim como o sorriso irônico e o olhar ameaçador. Marco já estava mais do que acostumado, então tudo o que ele fez foi pegar os cintos de volta e empurrar o ombro de Jean para que ele ficasse de costas.

Suas mãos faziam todo o trabalho lentamente, sem pressa, gentilmente e atentamente. Marco reparou que, todas as vezes em que suas mãos passavam por entre as coxas do ruivo, Jean estremecia e prendia a respiração.
Ainda assim, ele continuou arrumando os cintos, até chegar ao peito e fechar a última fivela. O ruivo estava levemente corado, levando Marco a deduzir que fosse por conta do frio.

“Coloque um casaco grosso e um cachecol.” O moreno sorriu e começou a andar em direção a porta. “Sei que você não gosta do frio.”

“Se sabe então deveria ter me deixado dormir.” Jean colocou um casaco marrom e um cachecol preto enquanto reclamava. “Você fica aí falando que aproveitar o dia, mas até agora não me disse o que vamos fazer.”

Marco abriu a porta, sorrindo ainda mais ao sentir o vento frio e ver o tapete de neve que se formara durante a noite.

O inverno sempre fora sua estação do ano favorita. Era época de ficar embaixo das cobertas com a pessoa amada, beber coisas quentes e usar roupas agradáveis. No entanto, em um dia comum, Marco perdeu um pouco das coisas que costumavam fazê-lo feliz.

Desde o primeiro ataque do titã colossal, toda a família do moreno fora morta. Seus pais foram esmagados por pedras e seus dois irmãos mais novos foram pisoteados por titãs famintos que corriam em todas as direções. Sua salvação foi um oficial de polícia, que o agarrou segundos antes de Marco também ser pisoteado.

Aquelas cenas assombraram Marco durante meses e todas as noites ele acordava de pesadelos horríveis e nada agradáveis. Seus dias não eram mais felizes e tudo o que ele queria era que aquelas coisas acabassem.

Depois de um ano, o moreno conseguiu superar um pouco os seus traumas e decidiu voltar ao que era antes: um garoto sorridente que gostava de ajudar os mais necessitados. Assim, sua alegria diária retornaria aos poucos.

Entretanto, sua real felicidade só foi atingida no dia em que encontrara Jean. O ruivo sempre fora alvo de sua admiração e respeito, e o dia em que conseguiu dizer a Jean que o admirava e que o achava uma ótima pessoa para estar na liderança também foi o dia em que percebeu o quanto estava apaixonado por ele.

Ver o ruivo corar e ficar sem palavras fora a melhor cena do dia e Marco teve certeza de que sonhou com isso naquela noite.
Aos poucos, ambos se tornaram muito mais próximos e não havia nada no mundo que o alegrasse mais do que poder conversar com Jean até cair no sono.

“Está nevando Jean, e nós podemos passar o dia juntos pela cidade.” O comentário foi dito com inocência, sem nenhum subtexto.

“Como um encontro?” a fala do ruivo o pegou de surpresa e Marco sentiu as bochechas corarem extremamente. Ah... As provocações novamente.

“E-eu não sou a irmã do Eren.” O moreno fechou a porta do quarto atrás de si e começou a andar, colocando as mãos dentro dos bolsos do casaco.

“É melhor assim.” Jean sorriu e começou a segui-lo.

X

Marco começou a suspeitar que Jean gostava da irmã de Eren em uma bela tarde de primavera. Ele estava andando pela cidade e encontrou o ruivo em um pequeno bar, conversando com Reiner e Berthold.

Sua timidez o impediu de andar até lá e se sentar, então ele apenas continuou andando, até que seus ouvidos captaram uma parte da conversa.

Hey Jean...” Reiner sorriu e se inclinou um pouco para frente “O que você acha da Ackerman?”

“Huh? A irmã do Eren?” as bochechas do ruivo coraram levemente e ele passou a mão nos cabelos, olhando para os lados e sorrindo. “Ela é muito forte... E bonita também.”

Marco continuou andando e, naquele dia, ao chegar em seu quarto compartilhado, tudo o que ele fez foi sentar em sua cama e permanecer em silêncio. Lembro-me muito bem de pensar que eu não era nenhum dos dois. Nem forte... nem bonito.

Um suspiro deixou seus lábios, fazendo com que uma pequena cortina de fumaça se criasse no ar. O gesto não passou despercebido por sua companhia e Jean se aproximou um pouco mais.

“Está tudo bem? Você está muito quieto hoje.” os olhos castanhos demonstravam genuína preocupação e, por um momento, Marco não se achou merecedor de toda aquela atenção.

“Eu estava me lembrando de algumas coisas, mas não é nada. E então... O que você quer fazer?” o sorriso que deixou seus lábios não foi forçado ou falso. Suas reações perto de Jean eram as mais honestas possíveis e, as vezes, Marco se perguntava se algum dia aquilo lhe faria mal.

“Você me pediu para sair. Eu não faço ideia de onde podemos ir.” A resposta foi sincera e não havia nenhuma nota de ironia naquela voz.

“Vamos comer algo antes de qualquer coisa.” Marco afundou o rosto no cachecol azul e começou a andar mais depressa, até encontrar uma pequena padaria de madeira.

O local estava parcialmente vazio e isso agradou o moreno, sabendo que ambos seriam atendidos mais rápido. O sino sobre a porta anunciou a chegada dos dois amigos.
Uma atendente os recebeu e os levou até uma das mesas de madeira ao fundo da loja.

O local não estava tão frio quanto o lado de fora, mas também não se encontrava em uma temperatura agradável. Os dois fizeram seus pedidos e a mulher os deixou a sós com um sorriso.

“Eu nunca entrei aqui.” Jean puxou assunto, olhando para todos os lados da pequena padaria.

“Ela não tem uma aparência muito bonita, então as pessoas não costumam vir aqui, mas posso garantir que a comida é uma delicia.” Marco retirou as mãos dos bolsos e ajeitou o cachecol novamente. “Se você não dormisse até meio dia e não demorasse uma eternidade no banho, nós poderíamos ter ido a uma loja e comprado algo para fazer o almoço.”

“Não adianta reclamar agora Marco.” O ruivo abriu um meio sorriso e agradeceu quando seu pedido chegou. “Além do mais, eu estou gostando disso.”

Marco corou levemente e deu um breve gole em seu chá. O dia ainda estava na metade.

X

Quando o lanche acabou, Jean pagou a conta de ambos e sorriu ao sair do estabelecimento, ouvindo Marco reclamar que ele não deveria ter pagado tudo sozinho.

Alguns flocos de neve começaram a cair no exato momento em que eles avistaram Eren, Mikara e Armin no centro comercial. O loiro sorriu para Jean e se aproximou, desejando um bom dia.

“Bom dia Armin.” O ruivo respondeu enquanto passava a mão nos cabelos do amigo. “Aproveitando a folga huh?”

“Estou fazendo o que posso.” O sorriso em seus lábios se tornou maior quando Eren e Mikasa se aproximaram, cumprimentando-os com um aceno de cabeça. “Olá Marco.”

O moreno se surpreendeu e afundou o rosto corado no cachecol. Eram raras as pessoas que conversavam com ele normalmente e isso o deixava envergonhado. Armin era um a pessoa muito sociável e gentil, por isso Marco achou um pouco exagerado de sua parte se encolher sem dar uma resposta.

“Bom dia Arlert... Ackerman, Jaeger.” Seu menear de cabeça foi tão sutil e sua voz saiu tão baixa que Marco duvidou que o tivessem escutado.

“Não precisa ser tão educado assim com eles, Marco.” Jean se virou para Eren, fuzilando-o com os olhos “Principalmente com esse aqui.”

“O que está querendo dizer com isso, cara de cavalo?” o garoto de olhos verdes se aproximou de Jean, entrando na discussão.

Marco suspirou, mas antes que pudesse pedir para que os dois parassem, Mikasa se aproximou e estendeu a mão.

“Bom dia Marco.” Ela deu um meio sorriso quase imperceptível, sem desviar os olhos da pessoa a sua frente. “Nós não conversamos muito, mas Jean sempre fala de você.”

O moreno estendeu a mão, levemente tremula por ter ouvido a ultima parte da sentença de Mikasa. Jean fala sobre mim?

“Ei Mikasa! Não diga coisas desnecessárias!” o ruivo estava levemente corado, mas Marco não pareceu perceber.

Ele conseguia ouvir a risada de Armin e as reclamações de Eren, mas seus pensamentos estavam focados naquelas últimas palavras. Seu transe só foi quebrado quando Mikasa pigarreou e segurou Eren pela gola do casaco.

“Nós estamos indo agora. Foi bom encontrá-los. Aproveitem o dia.” Ela foi se distanciando na companhia dos dois rapazes, deixando um irritado Jean para trás.

“Aquele Jaeger...” um forte suspiro deixou seus lábios e Jean cruzou os braços, se controlando. “Então? O que vamos fazer agora? Eu acho que vai ter uma tempestade de neve, então é melhor nos apressarmos.” Os olhos castanhos ainda estavam agitados, mas seu humor parecia estar melhorando.

Marco olhou para as pesadas nuvens que anunciavam uma tempestade e lembrou que tinha algo importante para fazer. Algo que ele não deveria ter esquecido.

“Jean...” ele se virou rapidamente para o ruivo e o encarou. “Eu preciso fazer algo muito importante!”

X

Dito aquilo, Marco correu para a barraca de flores mais próxima e comprou o buquê mais bonito que encontrou. Jean perguntou várias vezes o que ele estava fazendo, mas tudo o que recebia como resposta era um breve “Você já vai entender”.

E de fato ele entendeu. Em certo momento a caminhada começou a guiá-los para o lugar mais afastado da cidade, onde só havia um grande campo cercado por portões de ferro.

“O cemitério?” o ruivo indagou baixinho, assim que eles adentraram o local.

“Hoje é aniversário da minha mãe.” Marco sorriu enquanto se aproximava de um pequeno túmulo com quatro nomes escritos. “Eu só lembrei por causa da tempestade. Minha mãe adorava tempestades de neve no aniversário.”

“Marco...” Jean colocou a mão sobre o ombro do companheiro e se aproximou um pouco mais. “Eu vou te deixar sozinho.”

“Não... Eu prefiro que você fique.” O moreno se abaixou, depositando o grande buquê no chão e voltando a ficar em pé. Essa era uma das poucas vezes que em seu sorriso era maior do que ele conseguia aguentar, mas, ainda assim, Jean conseguiu ver sua dor através de seus olhos.

A mão do ruivo deslizou do braço de Marco, parando apenas quando alcançou a mão tremula da pessoa ao seu lado. O aperto só provou o quanto ele tentava parecer forte, e aquilo fez com Jean focasse seus olhos no buquê aos seus pés.

“Oi mãe.” O moreno começou a falar lentamente. “Feliz aniversário. Não precisa se preocupar com nada aqui. Eu tenho me alimentado e me cuidado e...” o aperto ficou mais forte. “Eu me apaixonei. Mas eu estou bem...” pequenos soluços começaram a deixar seus lábios enquanto pesadas lágrimas rolavam por seu rosto. “Eu estou bem...”

Jean puxou a mão de Marco, fazendo o rapaz virar em sua direção, e o abraçou. Da forma mais possessiva e carinhosa que podia. Os soluços aumentaram enquanto Jean afagava os cabelos negros.

“Você está bem. Eu vou cuidar de você...” os olhos castanhos foram em direção ao túmulo e ele apertou o abraço um pouco mais. “Eu vou cuidar dele.”

X

Eles voltaram para o dormitório assim que a crise de choro de Marco passou. Ele não sabia dizer o porquê, mas aquele ano foi diferente. A dor que Marco sentiu naquele cemitério não foi saudade. Foi como se eu estivesse dizendo adeus...

Durante todo o caminho para o dormitório, Jean ficou de mãos dadas com Marco. As ruas estavam mais vazias por conta da neve que começava a cair com mais força, então o ruivo não pareceu se importar.

Eles estavam sentados na cama de Jean há algum tempo, em silêncio, ainda de mãos dadas. Partiu do ruivo a iniciativa de uma conversa.

“Você está apaixonado?” a pergunta foi direta e sem rodeios, pegando Marco desprevenido. Ele se lembrava de ter dito isso no cemitério, mas não achou que Jean daria importância a essas palavras. “Não que eu me importe, mas... Temos um problema aqui.”

“Um problema?” o moreno repetiu as palavras do parceiro.

“Sim. Eu também estou apaixonado.”

“Mas não é da Ackerman que eu gos-“

“Estou apaixonado por você.”

Marco ficou em silêncio, levando um tempo para ter certeza sobre o que tinha acabado de ouvir. Não, não... Isso não pode ser verdade. Ele gosta da irmã do Eren...

“Eu sei que você pensa que eu gosto da Mikasa, mas isso não é verdade. É você. Sempre foi você.” o ruivo sorriu e se aproximou um pouco mais. “É verdade que ela é forte e bonita, mas não é ela que está ao meu lado quando eu preciso. Não foi ela que me disse que eu era um ótimo líder quando quase todos sobre meu comando morreram. Não é ela que me faz sorrir, nem ficar pensando em como ela está. Quem faz isso é você.”

Marco piscou algumas vezes, abriu e fechou a boca tentando falar algo, mas as palavras não saiam. Tudo o que ele sentiu, durante anos, simplesmente não saía.

“Você é bonito e forte a sua maneira e, sinto muito, mas eu não vou deixá-lo se apaixonar por outro sem saber o qu eu sinto.”

Os olhos castanhos se abaixaram e Jean parecia estar pronto para uma rejeição. É agora ou nunca!

“Mas é de você que eu gosto Jean.” As palavras saíram mais fáceis do que aparentavam e deixaram um gosto doce para trás. O peso que habitou o coração de Marco começou a se desfazer e ele percebeu que aquele não era o momento para parar. “Eu sempre te admirei, sempre achei que você era a melhor pessoa que eu poderia conhecer. Minhas preocupações, meus pensamentos, minha atenção... Era sempre direcionado a você.”

Jean ergueu o rosto. Seu olhar estava mais iluminado e a esperança estava completamente estampada em seu rosto. Ele não parecia estar acreditando no que ouvia. Ele estava perplexo e feliz ao mesmo tempo.

“Eu achei que você gostava da Ackerman porque escutei você a elogiando. Por isso achei que não havia a menor chance para mim. Por isso fiquei em silêncio durante tanto tempo. Ter sua amizade era melhor do que não ter nada.”

O ruivo puxou a mão de Marco mais uma vez, fazendo com que o rapaz enterrasse o rosto, completamente corado, em seu peito. O coração dele está batendo tão rápido quanto o meu!
Jean começou a rir baixinho, deixando que o volume começasse a aumentar gradativamente.

“Eu estou tão feliz!” ele soltou o amado do abraço e puxou para perto. Os rostos extremamente perto. “Você não sabe o quanto eu estou feliz!”

O beijo que aconteceu em seguida não era esperado por Marco.
Jean o puxou com força, fechando os olhos e invadindo a boca da pessoa a sua frente. O beijo tinha gosto de amor, paixão, realização e, o mais importante, esperança. Eles tinham esperança de ficar juntos. Depois de tantos mal entendidos, eles finalmente estavam juntos.

Eles finalmente poderiam dormir juntos e acordar todas as manhãs juntos, e trocar beijos escondidos e serem felizes.

Lentamente, Jean empurrou Marco contra a cama, fazendo-o deitar e ficando por cima dele. Os rostos estavam corados, mas isso não era por conta do frio.

“Eu te amo.” O moreno sussurrou baixinho, quando sentiu a testa do amado contra a sua.

Jean sorriu e se deitou ao lado do novo amante, abraçando-o fortemente e sussurrando várias e várias vezes que o amava. Até que ambos caíram no sono.

xx

Seus dedos se enroscaram nos cabelos ruivos e um sorriso cruzou seus lábios quando Jean acordou.
Antes que o amado pudesse levantar, Marco se afastou e sentou em sua própria cama, vendo o rapaz seguir em direção ao banheiro em completo silêncio.

Depois de alguns minutos, Jean usava com o uniforme de treinamento, um grosso casaco e o cachecol azul que pertencia a Marco. Seus olhos se fixaram na direção do moreno e um pequeno e cansado sorriso deixou seus lábios.

“Bem... Vamos lá.” Ele disse enquanto abria a porta.

Marco o seguiu e ambos deixaram o dormitório para trás, seguindo para o centro comercial. O dia estava frio, mas não nevava. As pessoas que passavam por eles desejavam um bom dia, sendo retribuídos por um nada animado Jean.

“Sabe, você não deveria ser tão desanimado assim. As pessoas estão sendo gentis com você.” o moreno disse, enquanto olhava para trás e via as pessoas se afastando lentamente. Não houve resposta por parte de Jean, mas isso não o incomodou.

Depois de alguns minutos de caminhada, os dois chegaram ao local desejado. A grama estava tão verde quanto era possível lembrar, mas Jean não parou até encontrar a tão conhecida lápide.

Ainda estava limpa desde a última vez em que ele estivera lá então o nome gravado estava bem visível: Marco Bodt.

Jean se ajoelhou em frente a lápide e sorriu lentamente. Ele estava visivelmente cansado.
Já havia se passado mais de um ano desde que Marco havia morrido, mas seu espírito simplesmente se recusava a ir embora. Eu prometi ficar com Jean. Não posso deixá-lo.

“Oi Marco.” O ruivo estendeu a mão para a lápide e passou a mão sobre o nome. “Desculpe, me esqueci de trazer um buquê...”

Durante alguns segundos tudo o que se podia ouvir era o barulho do vento e da grama balançando. Jean respirou fundo, aparentando tomar coragem antes de continuar.

“Eu sonhei com você esta noite. Sonhei com o dia em que nos declaramos um para o outro.” Algumas lágrimas se juntavam no canto dos olhos castanhos, mas aquilo não o impediu de falar. “Sinto muito... Eu não cuidei de você. Eu disse que cuidaria, mas ainda assim... Sou eu que estou aqui parado em frente ao seu túmulo. Por favor, me perdoe.”

Ele parou para enxugar algumas lágrimas teimosas, enquanto Marco se aproximava um pouco mais e passava os braços transparentes pelo pescoço de Jean, tentando abraçá-lo.

“Se você estiver em algum lugar por aí, por favor, fique bem. Eu estou bem aqui, então não precisa cuidar de mim. Não mais.” Ele olhou para cima, para as nuvens negras. “Eu sinto sua falta Marco e sei que você faria de tudo para ficar perto de mim... Mas agora você precisa descansar. Por favor.”

As mãos de Jean foram até o cachecol azul em seu pescoço e ele o retirou delicadamente, depositando-o logo em seguida no túmulo a sua frente.

“Vai nevar, então se cuide.” Ele se levantou e retirou a grama dos joelhos com as mãos. Seu rosto se ergueu para o céu novamente e novas lágrimas começaram a escorrer por seu rosto, mas ele não as limpou desta vez.

Marco abriu um pequeno sorriso e se aproximou, abraçando Jean de uma forma mais correta desta vez. Ele sabia que seu amado ficaria bem, então era hora de ir embora.

“Obrigado.” As lágrimas continuaram escorrendo e Jean fechou os olhos, tendo certeza de que sentia os braços de Marco ao redor de seu pescoço. “Adeus.”


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Notas finais do capítulo

Essa é minha primeira fanfic com esse fandom.Fiquei muito tempo sem atualizar minha conta, mais por problemas pessoais do que outras coisas, mas decidi voltar e nada melhor do que escolher um pairing que você gosta.Honestamente, fiquei bem contente com essa fanfic, já que faz muito tempo que eu não sei o que é pegar um papel e um lápis e sentar pra escrever algo.Espero que vocês tenham gostado também e agradeço profundamente pra quem leu até o fim. Você são demais!Beijos, e até a próxima.