Zero Grau escrita por Skull, Lótus


Capítulo 1
Zero Grau


Notas iniciais do capítulo

Zero grau...



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O relógio da igreja marca três horas da manhã.

Caminho em uma rua sombria e solitária.

O frio é intenso, acredito que está abaixo de zero graus Celsius.

Mal posso sentir o meu corpo.

Os meus membros parecem estar congelados, quase não obedecem os comandos de movimentos.

Mas mesmo assim percorro, arrastando-me pesadamente sobre a calçada da avenida principal da cidade.

Gostaria de ser aquecido nesse momento, como me faria bem uma lareira, onde o fogo crepitante reinasse majestoso.

Como me faria bem!

Mas não, estou aqui e sinto um frio intenso, como um indigente, sobrevivendo esse severo frio.

Onde estão todas as pessoas?

Já tive dias quentes.

Foram lindos dias de sol, em locais que ainda poderia ouvir-se as gargalhadas genuínas das crianças brincando no parque.

Por que quando o frio nos visita, todos se recolhem?

E esquecem de olhar para fora de suas casas?

No meu desespero, agora grito a pleno pulmões

TEM ALGUEM AÍ?...

EI!...

CADÊ TODO MUNDO?...

A única resposta que tenho é o silencio total, e o frio não colabora em nada.

O frio dói.

Meu corpo praticamente já está congelado, agora passou a congelar também a minha alma.

Oh! Frio severo por que não se apieda de mim?

Com esse monólogo interno prossigo minha rota, indo para lugar algum.

Tinha esperança de me abrigar na igreja, mas até a igreja está fechada.

Não vejo nenhuma alma, nada...

Como?!

O frio a cada instante se intensifica, consume minhas parcas esperanças.

Olho para rua deserta, antes tão cheia de crianças travessas, desejo que pelo menos alguma estivesse ali.

O frio, por que ele é tão cruel?

Resignado segui cambaleante, minha visão começa a ficar turva.

Frio...

Frio! O que eu fiz pra merecer tanto?

Frio...

Visualizo os flocos de neve, tão brancos, parecem até inofensivos, mas depois de tudo eles mostram suas garras, mostram a sua essência.

Ao longe avisto um enorme iceberg.

Como o iceberg pode estar ali?

Eles não são vistos no mar?

O frio... perco meus movimentos, perco o controle e tombo vagarosamente de encontro a impiedosa neve.

Sinto o impacto da queda percorrer cada osso do meu inofensivo e frágil corpo, sinto ainda cada músculo desfalecer.

O frio só se intensifica, ouço seu doce cântico, uma cantiga da morte, posso ainda ouvi-lo sussurrar em meus ouvidos: Chegou a sua hora.

Os flocos de neve aproximam-se numa dança frenética e ritmada, embalando todo o meu corpo em um profundo e doce sono...

***

Meia hora depois, uma bela jovem que caminhava perto da praça principal localizada próxima a igreja depara-se com um lindo jovem que parecia dormir , exposto ali na calçada da igreja, aproximou-se calmamente e tocando-lhe as mãos, pode notar a tempo a ínfima vida que se esvaia e desesperadamente perguntou-lhe:

_Moço, precisa de ajuda?!

Ele tomando-lhe as doces e finas mãos da jovem sussurrou calmamente:

_Aqueça-me, salve-me!...

A jovem, confusamente fitou o sol, e pode sentir que o jovem rapaz delirava, pois conseguiu ouvir a sua última pronúncia:

_Por quê está tao frio? a zero grau?

Ela não o entendeu, pois o sol brilhava e a temperatura era extremamente agradável, então ela concluiu que não havia frio, além de várias pessoas transitarem pela rua.

A única resposta certa para toda a situação refletia tão somente no mundo particular e esquizofrênico do belo rapaz e que todas aquelas sensações só podiam ser originadas pelo frio da solidão.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por Lerem!!!



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