Eu adorava o barulho da chuva, era reconfortante, eu tinha a mania de sentar na janela do meu quarto e observar, gota por gota, meu quarto fica no segundo andar e nossa casa fica em uma parte alta da vila por isso eu tinha uma vista de cidade. Já era fim de tarde e chovia muito resolvi descer pra pegar um Nescau, eu odiava café, nunca me acostumei com o gosto. Ao chegar na cozinha minha mãe estava lá.

­-Finalmente saiu do quarto. – Disse ela zombando de mim.

– Muito engraçado, tem leite?

–Tem sim esta na geladeira. Então, preparado para amanhã?

Hoje era meu ultimo dia de férias, eu já estava no terceiro ano, por isso já tinha meu grupinho de amigos, eu não tinha namorada, eu sempre me achei feio e nunca fui de dar em cima das meninas por uma questão de respeito mesmo, desde que entrei nesse colégio meus pais sempre ficam me perguntando:

– Eae alguma menina a vista? E as gatinhas, pegando todas?

E eu sempre dava a mesma resposta:

–A claro – E forçava o riso.

Minha continuo falando sobre o primeiro dia de aula, pra eu ter cuidado e tal, a mesma coisas que ela fala todo ano. Às vezes eu acho que os pais recebem um treinamento antes de serem pais ou então que existem frases prontas ou sei lá, todos eles falam a mesma coisa, me pergunto, se quando eu for pai eu também serei assim?

Eu voltei pro meu quarto, tirei o chinelo e deitei na cama, liguei o computador, não se há muito oque fazer no seu ultimo dia de férias, eu fiquei até a hora de janta conversando com a Cintia. Ela era minha amiga a muito tempo já , mesmo antes do meu colégio atual eu já conhecia Cintia pois ela frequentava o mesmo curso que eu, lembro que vivíamos matando aula pra toma sorvete e fica batendo papo, era bom estar com ela, ela entendia os meus problemas e eu entendia o dela.

Peguei no sono rápido e acordei mais rápido ainda, eu ainda não tinha me acostumado com a ideia de ter que acorda cedo todo dia de novo, fui direto pro banho, puis o uniforme, nosso uniforme não era feio, mas também não era o mais lindo de todos, peguei o casaco e botei na mochila pois estava marcando chuva pra hoje, desci e encontrei meus pais tomando café.

–Então esse ano você vai estudar né? – Disse meu pai quebrando o silencio.

–Claro esse ano é o ultimo pelo menos uma vez eu irei me dedicar! – Esse ano eu realmente pretendia me dedicar mais aos estudos estava cansado de ficar em prova final por poucos pontos.

Eu acabei de comer peguei minha mochila e parti pra porta, quando eu estava prestes a sair, ouvi minha mãe gritar:

–Boa sorte filho!

– Obrigado mãe! – Gritei de volta.

– Eu segui em direção ao ponto e o céu estava todo fechado, pronto para chover, bem o dia não podia ser melhor pra um inicio de aulas. O ônibus chegou rápido, e também não estava cheio. Meu colégio ficava uns vinte minutos da minha casa por isso era difícil eu chegar atrasado.

Ao chegar ao colégio, nada de mais, ninguém percebeu que eu havia chegado também, não vi nenhum dos meus amigos então sentei no banco que tinha perto da árvore velha que ficava na parte de trás da escola, era calma, era bom ficar ali e pensar sobre a vida. Pouco tempo se passou e Cintia chegou.

–Eai sentiu saudades de mim?

– Eu não falei com você ontem?- Respondi debochando dela.

– Idiota, conversar por Skype não conta!- Disse ela me dando um tapa.

– Vamos logo pra aula!

– Ain temos mesmo quer ir? – Ela se jogo no banco fazendo corpo mole.

– Bora logo, eu vou te deixar ai sozinha.

– Ai tá bom vamos.

Nossa escola tinha uma regra boba de lugar marcado e eu havia pego um lugar horrível, era na fila do meio e a ultima carteira dela, Cintia sentava na mesa ao lado da minha por isso eu podia conversar com ela durante a aula.

O professor e atrás dele havia uma garota, ela era pequena e tinha cabelos curtos, combinava com ela, ela parecia ser do tipo extrovertida então logo ela iria fazer amigos. Cintia se se virou em minha direção e riu, não sei por que ela estava rindo, mas eu ri também.

–Atenção alunos, essa é a Aline, por favor, sejam gentis com ela, Aline você pode se sentar ao lado ali. – Disse o professor apontando para a mesa ao lado da minha.

Aline se sentou rapidamente ela me encarou, mas eu não olhei de volta, Cintia olhava de rabo de olho curiosa pra saber o que estava acontecendo. Então Aline me cutucou.

–Oi, meu nome é Aline qual o seu?

–Prazer Aline, eu me chamo Bruno.