Revoltantemente Adorável escrita por Lyria


Capítulo 1
Capítulo Único




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Incrivelmente irritante;

Indubitavelmente obstinado;

Absurdamente atrevido;

Naturalmente arrebatador;

Ridiculamente imprevisível;

Surpreendentemente impetuoso.

Breu tinha várias maneiras de descrever Jack Frost, mas nenhuma delas jamais chegaria perto de cumprir perfeitamente seu papel. Na verdade, ele sabia que o garoto de cabelos brancos e olhos azuis era alguém que ia além do que qualquer palavra poderia definir...

Tanto nos melhores quanto nos piores sentidos.

Desde que aceitara o menor como seu primeiro amigo, o costumeiro e pacífico silêncio oferecido pela total solidão o abandonara completamente: não se passava um único dia sem que aquela conhecida voz preenchesse o cômodo onde o maior se encontrava, roubando-lhe toda concentração que ele poderia estar dedicando a qualquer atividade que não tivesse ligação com aquele pequeno e irrequieto espírito da neve.

Incrivelmente irritante.

Breu suspirou longamente: irritante, mas – ironicamente – jamais detestável.

Ele não podia negar que, ao mesmo tempo em que tinha dificuldades para se acostumar com aquela nova vida, apenas o fato de ter Jack por perto era o suficiente para causar-lhe uma estranha sensação, a qual era quase tão difícil de descrever quanto o próprio garoto de olhos azuis, mas que – assim como ele – estava longe de ser algo desagradável.

“Parece que não consigo me livrar dele mesmo quando estou sozinho...” pensou.

Era verdade: não importava o momento ou a situação, o menor estava sempre em sua mente. Às vezes, Breu tentava forçar-se a pensar em outra coisa, esquecer o de cabelos brancos, mas seu esforço sempre se mostrava inútil, pois bastava um único segundo de distração, para que Jack voltasse a tomar posse total de seus pensamentos.

Indubitavelmente obstinado.

Breu despertou de seus pensamentos graças a um pequeno floco de neve, o qual pousou suavemente sobre seu nariz, causando-lhe um leve arrepio. Como que atraído pelos recentes pensamentos do mais velho, Jack abriu a porta daquele cômodo, atravessando-a com um sorriso no rosto, enquanto flutuava sem pressa para perto do maior, o inseparável cajado de madeira em sua mão esquerda.

“Oi.” disse simplesmente, enquanto oferecia um breve aceno com sua mão livre ao outro.

“Acho que ‘oi’ não é a melhor coisa para se dizer depois de invadir a moradia de alguém, Frost...” retrucou o mais velho.

“Okay, me desculpe...” respondeu o de olhos azuis, embora seu tom de voz deixasse claro que ele não se sentia culpado “Então, vou tentar novamente...”

Dizendo isso, ele se aproximou de Breu, até seus rostos estarem apenas a cerca de dez centímetros de distância um do outro; e então, exibiu um sorriso torto para o de olhos dourados.

“Sentiu a minha falta?”

Absurdamente atrevido.

“Seria difícil, com você vindo aqui todos os dias.” respondeu Breu, seriamente.

Jack não se importou com aquela resposta mal-humorada: ele já estava mais do que acostumado com o jeito orgulhoso do maior.

“Claro, claro...” o mais novo deu de ombros, divertindo-se internamente com aquela situação.

Breu o encarou longamente, e, embora estivesse acostumado com visitas sem motivo por parte do outro, fez aquela costumeira pergunta:

“Então, por que veio até aqui?”

Geralmente, Jack diria algo como “preciso de um motivo?” ou “por que tive vontade”, já que, há muito tempo, ele deixara de criar desculpas para visitar o mais velho. Porém, daquela vez, a resposta que se seguiu foi diferente:

“Você sabe que amanhã é natal, né?”

Breu franziu o cenho, sem saber o que aquela estúpida data tinha a ver com qualquer coisa.

“Se você quer presentinhos em embrulhos coloridos, deveria ter ido atrás daquele russo excêntrico, e não de mim.”

“Não seja tão ranzinza, Breu...” reclamou Jack, sem parecer realmente incomodado “No fundo, todos gostam ao menos um pouco do natal e do North...”

“Discordo.” o de cabelos negros o interrompeu “E, de qualquer forma, não vejo porque o natal seria algo relevante para mim.”

Como se estivesse esperando por aquela exata frase, Jack sorriu animadamente.

“É claro que é!” ele enfiou sua mão livre no bolso, como se buscasse por algo “Porque eu não vim até aqui esperando ganhar um presente... Eu vim para te dar um.”

Dizendo isso, ele tirou de seu bolso uma pequena caixa azul, envolta por um delicado laço branco, oferecendo-a para o mais velho.

“Sei que ainda é um pouco cedo, mas...” ele alargou seu típico sorriso “Feliz natal, Breu!”

Pego de surpresa por aquilo, Breu não retorquiu, como geralmente faria; ao invés disso, apenas segurou aquele pequeno e leve embrulho em suas mãos, observando-o demoradamente.

“Por quê?” acabou por perguntar, confuso.

“É normal dar presentes de Natal para as pessoas que são importantes para você.” respondeu o menor, simplesmente.

Breu o encarou brevemente, e a expressão meiga no rosto de Jack fez com que sua típica atitude orgulhosa e defensiva desmoronasse por completo – uma coisa que ninguém além do garoto de olhos azuis seria capaz de fazer. Algo dentro de si pareceu aquecer-se: aquilo ainda era um pouco estranho para alguém como ele, que conhecia – ou costumava conhecer – apenas o medo e a escuridão, mas, naquele momento, ele estava realmente feliz.

E era tudo graças àquele garoto à sua frente.

Naturalmente arrebatador.

Com um raro e quase imperceptível sorriso em seu rosto, Breu desfez o laço que envolvia aquela pequena caixa, abrindo-a, olhando curiosamente para o seu interior.

Estava vazia.

Breu franziu o cenho, levantando novamente seu rosto.

“Jack, que brincadeira é es...?”

Breu mal teve tempo de terminar seu protesto indignado, antes que algo macio e um tanto gelado tocasse seus lábios, ao mesmo tempo em que uma mão fria segurava gentilmente a lateral de seu rosto. A caixinha azul que o maior segurava escorregou por seus dedos, caindo com um discreto ruído sobre o chão de pedra.

Ridiculamente imprevisível.

Aquele beijo durou apenas alguns instantes, mas foi o suficiente para deixar Breu sem qualquer reação. Lentamente, Jack se afastou, fixando os olhos azuis nos dourados, que se encontravam ligeiramente arregalados.

“Te peguei.”

Ele disse aquelas palavras em tom baixo, um sorriso que mesclava travessura e afeição tomando seu rosto pálido. Logo em seguida, ele deu um segundo beijo em Breu, mas desta vez, em sua testa, aproveitando-se daquele estado de pura surpresa do maior para afastar-se apressadamente deste, voando até a porta, e então, para fora daquele cômodo, deixando para trás um homem de cabelos negros, boquiaberto, e com uma expressão completamente perdida.

Surpreendentemente impetuoso.

Ainda sem saber o que deveria fazer a seguir, Breu limitou-se a se sentar sobre a cadeira mais próxima. Quase que inconscientemente, ele levou os dedos aos próprios lábios, sentindo a pele ainda gelada por aquele toque. Em contraste, porém, seu rosto parecia queimar apenas com a lembrança do ocorrido.

Ele, provavelmente, jamais chegaria a entender aquele garoto...

Incrivelmente irritante;

Indubitavelmente obstinado;

Absurdamente atrevido;

Naturalmente arrebatador;

Ridiculamente imprevisível;

Surpreendentemente impetuoso.

Breu tinha várias maneiras de descrever Jack Frost; mas, para ele, havia uma que cumpria seu papel melhor que todas as outras:

“Revoltantemente adorável...” pensou, afundando o rosto entre as mãos.


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Notas finais do capítulo

Estou postando isso às 3h da manhã... Espero que não tenha nenhum erro muito medonho por esse motivo (se tiver, por favor, me avisem).
Isso deve ser óbvio, mas AMO DEMAIS Breu e Jack... Por mim, este site teria muito mais fics sobre essas duas criaturas perfeitas! Não sou a única que pensa isso, né? Hahaha, espero que não... x.x'
Obrigada a quem leu, e (se possível) até a próxima! x3