Sob o Brilho da Lua escrita por Bia Kishi


Capítulo 25
Capítulo 25 - Estranho Conhecido


Notas iniciais do capítulo

Eu não tinha o que fazer. Não Tinha á quem pedir socorro. Tudo que eu podia fazer era esperar. Esperar que Alaric acreditasse em Lenore. Esperar que o destino trouxesse Miguel até mim. Esperar que um milagre acontecesse.



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A cela estava tão escura e fria que eu sentia gelar os meus ossos. Mesmo para mim, aquele lugar era assustador. Fechei meus olhos, ainda deitada na cama, e me lembrei da minha mãe. Eu ainda podia sentir a força dela em minhas veias. Podia sentir o quanto a energia dela me deixava forte. Deslizei a mão em minha barriga e pensei no meu bebê. Meu bebê – era tão estranho pensar nisso.

Minha mãe. Lenore. Enfim eu não estava assim tão errada á respeito dela. Enfim tudo que Miguel havia me contado era verdade. Minha mãe. Ela havia se importado comigo, embora uma parte da história não fizesse sentido para mim. Talvez um dia ela mesma me contasse. Talvez um dia ela conseguisse explicar porque temia tanto Katherine. Talvez um dia ela me faria entender o que a levou a deixar o homem que ainda amava, meu pai.

Meus pensamentos passaram de Lenore para mim mesma. Ser mãe era algo que eu nunca havia sonhado. Parecia tão surreal. Pensei em minha barriga crescendo, em meu bebê nascendo.

Enquanto minha mão deslizava na pele plana da minha barriga, eu pensei em Damon. Meu Damon. O que será que Damon pensaria da idéia de ser pai? Será que ele ficaria feliz? E Stefan, o que será que meu amigo pensaria da idéia de ter um sobrinho?

A verdade é que nada disso importava, porque eu nem mesmo sabia se conseguiria sair daquele lugar. A chance de que minha mãe conseguisse convencer meu pai a ajudá-la era tão remota quanto Katherine me deixar sair por vontade própria.

Abri meus olhos e olhei dentro da cela novamente. Paredes mofadas e frias. Uma cama dura, coberta por um lençol puído. Será que seria mesmo ali que eu teria meu bebê?

Eu não tinha o que fazer. Não Tinha á quem pedir socorro. Tudo que eu podia fazer era esperar. Esperar que Alaric acreditasse em Lenore. Esperar que o destino trouxesse Miguel até mim. Esperar que um milagre acontecesse.

Uma lágrima pegajosa e quente escorreu em minha bochecha. Eu suspirei fundo e tentei não pensar mais. O tempo não passava.

Andei um pouco pela cela e depois me deitei novamente. Um movimento estranho dentro de mim fez meus músculos enrijecerem – meu bebê! Ele estava se movendo. Eu não pude deixar de sorrir.

Deixei que minhas mãos acariciassem a barriga e ele se agitou novamente.

-              Hey! Porque está tão agitadinho bebê? – eu disse para minha barriga.

                Ele se agitou novamente.

-              Queria que você se parecesse com o papai. Sabe, ele é muito bonito, e tem os olhos mais lindos que eu já vi – Eu disse para o meu bebê.

-              É mesmo? – uma voz me vez sobressaltar.

                Eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar do universo – Damon! Meu Damon estava ali.

-              Damon! Fuja daqui rápido! Katherine. Katherine vai voltar logo. Ela...

                Damon me interrompeu.

                Suas mãos encontraram as minhas pela grade da cela e seu toque me fez tremer. Uma vez mais, seu toque me fez tremer. Eu o amava tanto que chegava a doer.

-              Eu não vou deixá-la, Ayllin. Nunca.

                As palavras pareciam música em meus ouvidos. Ainda que ele estivesse me xingando ou praguejando o simples som daquela voz me acalmava. Ainda mais dizendo que não me abandonaria.

                O pequeno ser se agitou em minha barriga novamente, quebrando minha concentração.

-              O que foi? – Damon me perguntou.

                Eu não sabia como dizer. Definitivamente não era o lugar certo para contar a alguém que se vai ter um bebê. Pressionei a mão contra minha barriga e Damon engoliu em seco.

-              Então é mesmo verdade?

                Eu assenti com a cabeça, sem encontrar seus olhos. Eu tinha medo da reação dele. Damon não me parecia o tipo que se encantava com uma criança chorando pela casa.

                Uma mão quente tocou meu rosto e desceu em meu corpo, pela linha dos ombros, seios, e parou em minha barriga, bem em cima da minha.

                O som mais doce do mundo, o riso do homem que eu amava, se fez ouvir.

-              Você não está bravo comigo? – eu perguntei ainda fitando o chão.

                Damon sorriu mais.

-              Eu te amo Ayllin. Eu te amo tanto que não poderia ficar bravo com você independente do que você fizesse.

                Ele segurou meu queixo com a outra mão, forçando nossos olhos a se encontrarem.

-              Tudo que eu sempre quis. Tudo com o que sempre sonhei, está aqui – ele apontou para minha barriga.

                Eu sorri.

-              Você quer esse bebê?

Damon puxou minha mão para sua boca e a beijou, suavemente, enviando ondas elétricas por todo o meu corpo.

-              É claro que eu quero! O que você pensou?

                Eu queria abraçá-lo. Queria me lançar em seus braços e dizer que eu o amava, mas aquelas grades não deixavam.

                Outra lágrima escorreu em meu rosto.

-              Tão patético! – o som estridente e enjoativo da voz de Katherine ressoou nas paredes de pedra.

                Ela se aproximou de Damon e colocou a mão em seu ombro.

-              Damon querido, não sente saudades minhas? Nós nos divertíamos tanto juntos.

                Eu engoli em seco o bolo de ódio e ciúmes que nasceu em minha garganta.

-              Tire suas mãos de mim, Katherine – Damon disse, gentilmente.

-              Por quê? Não quer que sua namoradinha veja? Tudo bem queridinho podemos dar uma volta lá na minha cripta.

                Eu perdi meu controle.

-              Tire suas mãos sujas dele sua aberração da natureza! Antes que eu me irrite com você.

                A gargalhada de Katherine vibrou nas paredes.

-              Quer ver uma coisa Anjinho?

                Kahterine segurou o rosto de Damon e eu o vi perder o controle. Katherine era forte o suficiente para usar compulsão até em um vampiro forte com ele.

                Os lábios dela encontraram os dele e Damon não pode resistir.

                Eu apertei meus dedos contra as barras de metal da cela, até que os nódulos dos meus dedos ficaram brancos.

                Eu podia sentir o ódio fluindo através da minha pele e se espalhando por todo o meu corpo. Eu precisava sair de lá, precisava salvar o homem que eu amava, mas eu não tinha idéia de como fazer isso.

                Minha mente procurou por Miguel de todas as maneiras que eu conhecia. Eu tentei rezar, tentei chamar. Nada. Minha conexão com o mundo dos anjos havia sido cortada no momento em que Damon me transformou.

                Eu vi Katherine descer os lábios pelo pescoço de Damon e suas presas reluzirem descobertas na luz fraca.

                Ela ia mordê-lo e eu não podia permitir isso. Apertei mais. Meus dedos doíam tanto que pareciam que iriam se fundir com as barras de ferro.

                E então eu o vi. O vampiro entrou arrancando a porta pesada com as mãos, como se fosse feita de papelão.

-              Eu acho que não Katherine.

                Sua voz rouca se fez ouvir em toda a caverna e Katherine tremeu.

-              Co... Como você saiu? Como conseguiu chegar aqui?

-              Eu o ajudei.

                A figura de Miguel se materializou bem no meio da caverna. Eu sorri – ele havia me escutado! Miguel havia me escutado apesar de tudo! Miguel sorriu.

-              Eu disse que nunca deixaria você, minha querida.

                O vampiro segurou Katherine pelo pescoço e a lançou contra a parede de pedra. O som de sua queda me fez duvidar de que ela ainda estivesse viva.

                O vampiro virou-se para mim e colocou as mãos sobre as minhas. Sues olhos tinham o mesmo tom dourado dos olhos de Alaric, mas seu cabelo era um pouco mais claro. Ele tinha o tom de pele da minha mãe. Se parecia com ela.

                Seus olhos encontraram os meus e ele sorriu. Um riso tímido e doce e tão quente. Eu queria abraçá-lo.

                Ele abriu os braços para mim e eu não hesitei. Meus instintos me diziam que eu realmente podia confiar naquele estranho conhecido.

-              Eu sou Lucan – ele me disse – estou aqui para protegê-la.

                Lucan me segurou em seus braços e aninhou minha cabeça em seu peito forte. O toque suave de sua pele contra a minha me dava tanta segurança que era como se estivesse abraçando Alaric. Algo me dizia que Lucan era igualmente confiável. Eu supirei, puxando mais de seu aroma suave para meus pulmões.


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