O Deus Sem Nome e o Deus Perdido escrita por Luiza


Capítulo 3
Quando tudo começou a dar realmente errado para mim


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas voltei, gentinha... Só um pequeno aviso: Aguardo vocês e suas tochas lá no melrosing.tumblr.com, porque vocês vão querer me matar depois dessa MUAHAHAHAHA
~Lu



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Meu coração martelava repetidamente em meus ouvidos à medida que nos aproximávamos de Long Island. Havíamos sobrevoado a movimentada Times Square e passado em frente ao Olimpo, vulgo Empire State Building, atravessando a cidade e alcançando o litoral. Agora eu podia ver muitos pontinhos laranja se deslocando de um lado para o outro em um vasto campo verde. Nessa hora, meu coração bateu tão forte que achei que fosse desmaiar.

Lentamente, pousamos no portão em frente ao Acampamento.

— Rose, olhe para mim. — pediu minha mãe quando desmontou sua vassoura, e eu a obedeci. Ela segurou meu rosto entre suas mãos macias, com os olhos cheios de lágrimas — Por favor, tente não se meter em confusão esse ano, okay?

Suspirei. Como se fosse minha culpa.

— Vou tentar — prometi, e tentaria mesmo, porém sabia que seria impossível.

Beijei seu rosto e o de Richard, e a cabecinha ainda meio careca de minha irmã. Eles colocaram minhas coisas e as de Will no chão, e logo já estavam quase junto às nuvens novamente.

Virei-me para olhar o dragão que guardava a árvore mágica do Acampamento, e percebi que alguém estivera observando-nos esse tempo todo. Meu peito martelou ainda mais forte que antes, meu cérebro deu três cambalhotas, os pelos de minha nuca se eriçaram, meus joelhos fraquejaram e uma sensação gelada percorreu minha espinha.

O campista que estava de tocaia secou o suor de seu rosto com o braço livre – no outro ele carregava a lança – e sorriu. Ah, aquele sorriso torto... Que droga, Rose! Se controle!

— Olá, estranha. —disse Tanner, alto para que eu pudesse ouvi-lo de onde estava, a uns quatro metros — Will, o Sr. D queria falar com você quando chegasse.

O sátiro revirou os olhos e saiu, puxando sua mala e resmungando coisas do tipo “Claro, é sempre o Will, sempre eu”, parando apenas para fazer um cumprimento de mãos com o amigo. Nós o observamos até que desaparecesse por completo.

Apenas agora eu havia reparado o quanto estava desarrumada, com a camisa branca meio para fora da saia cinza, o suéter da mesma cor amarrado desleixadamente na cintura, a gravata listrada com as cores da minha casa praticamente solta e meus cabelos loiros completamente bagunçados pelo vento, os quais eu tentei ajeitar discretamente.

Ele me fitou por alguns segundos com o olhar curioso.

— O que foi? — perguntei.

— Nada. — respondeu-me — É só que você está... Sabe? Você está... Uau.

Senti meu rosto queimando.

—Obrigada. Você também.

E estava mesmo. Não era apenas a minha aparência que havia mudado. Quero dizer, ele sempre fora bonito, mas agora era mais que isso. Estava ainda mais alto do que eu lembrava, e um pouco mais forte também. Havia pegado um bronze nessas semanas em que esteve no Acampamento e seus olhos estavam ainda mais brilhantes que o normal. Havia algo de diferente também em sua postura. Parecia mais confiante, mais seguro. Parecia um verdadeiro líder.

Larguei a mochila que carregava no ombro bruscamente no chão e corri em seu enlaço. Ele pareceu surpreso quando comecei a correr, mas quando o abracei pude sentir que estava sorrindo.

Inspirei lentamente. Ele estava meio suado, mas seu cheiro de amaciante e páginas de livro ainda estava intacto. Tanner gargalhou, divertido.

— Eu também senti saudades, baixinha.

— Eu não senti saudades. — respondi sem me afastar — E não sou baixinha.

— Certo, então. Eu vou fingir que acredito em você, porque sou o melhor amigo do mundo. Por que não vamos indo?

Assenti e fui em direção de minhas coisas, mas ele não me deu tempo de pegá-las, colocando minha mochila em seu ombro e, depois de transformar sua lança de volta em desodorante spray e devolvê-la ao bolso da bermuda, ergueu meu malão com uma facilidade sobre-humana. Tan lançou-me uma piscadela e eu sorri, e atravessamos o portão.

_______

Descemos a Colina Meio-Sangue lentamente, sem dizer uma palavra sequer, mas tinha uma coisa diferente. Não com o lugar em si, mas nas pessoas, no jeito com que nos olhavam. Sim, aquele leve toque de admiração ainda estava presente, mas alguma coisa estava faltando – algo com que eu já havia me acostumado. Estava faltando o olhar de Hey-Olhe-Os-Pombinhos-Passando.

É, definitivamente era isso. Eu quase não me importava mais com aquilo, com todos achando que estávamos namorando, a única pergunta era: Porque haviam parado de repente?

Resolvi ignorar isso um pouco, e aproveitar o meu retorno. Alguns campistas apontavam para mim, ou acenavam, na maior parte, pessoas que eu nem mesmo conhecia, mas sorria e acenava de volta. Observei Tanner pelo canto do olho, seu corpo recortado contra o sol que se punha. Aquela nova postura confiante estava me deixando meio impressionada, então comentei:

— Espero que ainda esteja assim quando tivermos que sair.

Ele pareceu confuso.

— Assim como? — perguntou.

— Assim. — respondi, indicando seu corpo com a mão — Confiante, seguro... Não sei, algo mudou.

Ele sorriu, mas então pareceu confuso novamente.

— Espere, sair para onde?

— Ah, você sabe. — dei de ombros — Achamos que Dárion vai nos deixar em paz por um tempo, uma vez que está tudo normal, mas sabemos que está só esperando o momento certo. Então eu espero que você continue assim — gesticulei em sua direção outra vez — Quando tivermos que sair em outra missão, ou sei lá.

Tan revirou os olhos e suspirou pesadamente. Ela sabia que eu estava certa, é claro, mas parecer otimista sempre dava uma nova perspectiva às coisas, certo? Colocou as mão em meus ombros e olhou em meus olhos, me fazendo, mais uma vez, sentir um arrepio.

— Vamos ficar bem, certo? Pare de pensar nisso, talvez deuses malignos sem nome também precisem de férias.

Forcei um sorriso, mais para deixa-lo feliz do que porque ele havia me convencido.

Ouvi passos rápidos em nossa direção e desviei o olhar de Tanner para ver de onde vinha. Era uma menina, tão esplendidamente bela que me senti ainda mais desarrumada. Ela tinha cabelos longos, lisos e castanhos, que combinavam com os olhos de coloração quase dourada. Seus dentes eram mais brancos do que os de qualquer outro que eu já vira (e olha que sou filha de Apolo) e, de alguma forma, ela fazia short jeans e camiseta laranja parecer sexy. Seu rosto era tão bonito que chegava a doer. Era diferente, talvez fosse de alguma outra nacionalidade que não americana, por seus traços fortes e pele bronzeada. Não precisava muito para saber que era filha de Afrodite.

Quando nos alcançou, a garota parou, e Tanner pareceu contente e nervoso ao mesmo tempo. Para minha total surpresa, ela aproximou-se dele com um sorriso e lhe plantou um beijo delicado nos lábios. Tive a sensação de que alguém pegara meu coração, o enrolara com meu estômago e o jogara do seiscentésimo andar do Empire State.

Quando os dois se afastaram – o que, na minha cabeça, demorou até de mais para acontecer – a tal garota sorriu para mim e me deu um abraço. Acho que era para ser um abraço, na verdade, porque ela mal encostava as mãos em mim, como se eu fosse um animal indigno de seu toque. Ela interrompeu o abraço com um sorriso falso no rosto, que quase acabava com sua beleza.

Finalmente nos conhecemos! — exclamou ela. Não parecia ter nenhum sotaque particular, mas tinha uma voz doce e, ao mesmo tempo, fria, como o sibilo de uma cobra — O Tan fala muito de você. Quer dizer, é claro que eu já havia ouvido falar. A incrívelRose Leonards.

O jeito que ela havia dito a palavra “incrível” dava a entender que não tinha nada de tão incrível assim, e isso me irritou um pouco. Até aquele ponto, eu havia achado por volta de uns sete motivos para odiar aquela desconhecida.

— Me desculpe — pedi, com o cenho franzido —, mas quem é você?

— Humm, Rose... — interviu Tanner — Essa é a Ruby, minha, ahn... Namorada.

Lembra meu coração e intestino atirados do topo do Olimpo? Um caminhão com um número considerável de elefantes acaba de atropelá-los.

Namorada? Ele tinha uma namorada e demorou todo esse tempo para me contar?

Um sorriso genérico ficou congelado em meu rosto, provavelmente ainda mais falso que o de Ruby, porque o meu não colava. Meus olhos estavam arregalados com a surpresa, e eu dirigi o olhar lentamente na direção de meu melhor amigo escondedor de namoradas.

— Uau. — foi o melhor que pude fazer — Meus parabéns, eu... Eu não sei o que dizer.

A verdade era que eu queria dizer: SEU GRANDE IMBECIL! SERÁ QUE PODE, POR FAVOR, ME LEMBRAR DO MOTIVO PELO QUAL SOMOS AMIGOS, SENÃO HÁ UMA GRANDE PROBABILIDADE DE EU ESGANAR VOCÊ!, mas eu não podia dizer isso. Não enquanto ele mal me olhava nos olhos porque estava ocupado de mais olhando para aquela protótipo de modelo feito o abobado que ele é.

Eu não sabia exatamente o motivo da raiva, e precisava sair dali o mais rápido possível. O que a Rose de sempre faria nessa situação? Provavelmente, tiraria sarro, mas eu não consegui pensar em nada para falar. Acabei por dar uma “escapada”, dizendo que queria rever os outros e os veria novamente no jantar, e fui-me embora, arrastando as malas furiosamente na direção do chalé sete e tentando fazer minha mente voltar às antigas configurações.


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Notas finais do capítulo

Vamos, me deixem mensagens de raiva! Estarei a sua espera lá no blog, okay?
~Tia Lu Maligna



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