Red Ice Klaroline escrita por Jenniffer, Pedro Crows Nest


Capítulo 20
Capitulo 20. Primitive Chaos


Notas iniciais do capítulo

Oi de novo.
Oi novamente.
Oi again.

Eu perdi a conta das vezes que me desculpei pelos atrasos das postagens nas notas iniciais da fanfic, por isso, em jeito de ritual de finalizacao queero dizer: sorry pela demora people hahaha!!!

Hoje termina Red Ice, a fanfic Klaroline que surgiu por dois motivos:

1: Minha melhor amiga Thuana ficou enchendo a porra do meu saco junto com a Nanda e flodando sem limites minhas interaccoes do twiiter com a tag #escreveUmaFanficKlaroline ou algo similiar.

2: Pedro quis fazer comigo o que trouxe uma dinâmica diferente a situação.

Red ice era pra ser uma fic curta. Ou uma oneshot longa, mas foi crescendo junto com a adesão e torcida dos leitores e hoje termina essa corrida louca de escrever quando nenhum de nos tinha muito tempo disponível, de procurar costurar uns capítulos nos outros sem perder a essência do que é Klaroline pelo caminho e sem matarmos um ao outro. Eu não sei vocês, mas uma das minhas partes preferidas das series é quando liberam os erros de filmagens nos bastidores... Bom... Red Ice teria um muito "digno" pra não dizer outra coisa. As vezes que mudamos completamente o rumo das coisas, as vezes que escrevemos e apagamos textos inteiros por não estarem do ponto de vista + adequado, as vezes que quase esmaguei a cabeça do Pedro na parede mais próxima, as vezes... as vezes e as vezes que muitas coisas aconteceram e foram refletidas no nosso texto sem ser propositado. Ja dizia a grande poeta #PausaPraPiada , Miley Cyrus " Ain't about how fast I get there, ain't about what's waiting on the other side, It's the climb " então "tenkiu" por fazerem parte dessa viagem com gente, pelo tempo investido lendo, pela paciência, pelos comentários e por ainda estarem aqui lendo as ultimas notas iniciai da fic...

A sua primeira fanfic você nunca esquece... Bom, essa será minha ultima, mas continuarei firme e forte como leitora. Talvez a gente se encontre de novo por aí nos comentários de uma fanfic do Pedro " Eu criei um monstro" hahaha

E Pedro continue dizendo "sim" pra todas as minhas propostas, a nao ser que eu te peca em casamento ;p Red Ice é a prova de que vale a pena. #OfactoDeVoceContinuarComOsMembrosGrudadosNoCorpoESinalDeTodoMeuAmor

E é isso povo, vejo vocês por aí!

Jenniffer :D



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"So you feel
Passing by
Something as real
As the rise of the primitive chaos

You're the sun of the night
You're the spark thats sets on fire
You're the shield of my life
You're my shining star"

“A razão por que a despedida nos dói tanto é que nossas almas estão ligadas.Talvez sempre tenham sido e sempre serão.Talvez nós tenhamos vivido mil vidas antes desta e em cada uma delas nós nos encontramos.E talvez a cada vez tenhamos sido forçados a nos separar pelos mesmos motivos. Isso significa que este adeus é ao mesmo tempo um adeus pelos últimos dez mil anos e um prelúdio do que virá.”

Eu te amo Klaus, e eu sei que você me odeia nesse momento. Mas eu posso viver com essa dor, o que eu não posso é viver sabendo que eu não fiz tudo que podia para dar ao nosso filho a vida que ele merece, a vida que você merecia ter tido. Eu não espero que você me perdoe algum dia, mas eu te prometo que eu não vou sumir do mundo com ele, não pra sempre. No momento certo, ele vai saber quem é o pai dele, e o que isso representa, ele vai saber de todas as circunstancias que envolveram o nascimento dele e ele vai ter uma opção. Ele vai poder escolher que caminho seguir na vida dele. Enquanto esse momento não chega eu apenas posso te garantir que ele vai saber de todas as coisas boas que eu fui capaz de ver em você. Um dia você mesmo vai poder explicar para Henrik, o porquê dele se chamar assim. Eu ainda não fui embora e já estou sentindo sua falta…

Car.

*** Elijah***

Eu estou com medo do Klaus. Todos nós estamos com medo dele. Que ele é um monstro não é novidade pra ninguém, mas com Caroline por perto ou quando a sombra da possibilidade de um dia estar com ela ainda pairava sobre ele, meu irmão era um monstro sob controle. Eu odeio Caroline por ter feito isso com ele, não apenas por te-lo afastado do filho mas por ter destruído o pouco de humanidade que ainda restava em Klaus.

Eu sempre duvidei da capacidade de ética do grupo de vampiros de Mystic Falls. Eles acham que ser "vampiros funcionais", faz deles melhores que nós, mas de fato não faz. O que Elena, Stefan e todos os outros hipócritas diriam agora sobre a atitude de Caroline? Que ela fez o melhor tornando meu irmão disposto a aumentar sua lista de crimes sem propósito? Eles criticam o Damon, mas ele foi o único que quando liguei (avisando-lhes que se escondessem levando com eles todos os que Klaus poderia usar em sua vingança sem limite) disse que se encontrasse Caroline não só avisaria a Klaus como a traria de volta pessoalmente. Ele pareceu entender o lado do meu irmão. Eu acho que isso se deve ao fato dele estar tantas vezes do lado que é abandonado injustamente.

O que me assusta em Klaus agora não é o fato dele ter raptado e posteriormente assassinado duas bruxas que não conseguiram se conectar com um filho de Thanatus e localizar Thanus. Nem o fato dele ter arrancado a cabeça dos dois vampiros que foram incapazes de rastrear os fugitivos. É natural que ele esteja perseguindo e esquartejando todos que estiveram envolvidos na fuga de Caroline. O que me assusta em Klaus é o fato dele ter parado de fazer isso. Parado de fazer o que ele sempre faz. Quando liguei para Mystic Falls eu pretendia ser rápido e avisa-los do perigo eminente, porque eu achava que esse seria o próximo passo do meu irmão, mas Klaus não fez isso. Ele não foi destruir Mystic Falls como eu previa. Ele não foi ferir deliberadamente aqueles que Caroline mais amava.

O homem friamente calmo diante de mim não era Klaus. Entre esse ser com olhar vago e barba por fazer que estava diante de mim e o maníaco homicida com o qual eu estava acostumado a lidar, eu preferia claramente a versão conhecida.

Eu havia aconselhado Hayley a sair do raio de visão dele, eu tinha percebido por duas vezes o olhar de lâmina afiada que ele lançou a ela nas duas únicas vezes que ela teve coragem de perguntar-lhe se havia notícias da Caroline e da criança.

–Eu fiz um acordo com Morgan, a bruxa que aterrorizou você.

–Você está quebrando acordos, Niklaus. Você matou duas bruxas, dois vampiros....

–Sim, cinco lobos incompetentes, dois humanos que estavam no meu caminho, mas ninguém sabe disso, Elijah. Ninguém viu e ninguém se importa com eles.

–Mas nós sabemos...e isso não é o certo.

–Você fica com a parte de fazer o certo e eu fico com a parte de fazer o necessário. Esse é o nosso novo acordo diante das circunstâncias.

–Então, Morgan vai ajuda-lo? A que preço?

–Nola.

Ele não poderia estar falando sério.

–Você prometeu a ela a nossa cidade? O nosso lar? O reino que estamos tentando reconstruir para nossa família? Você está completamente louco Niklaus! Você vai entregar Nola as bruxas?

–Você está sendo melodramático Elijah. Morgan não faz parte exatamente do lado "das bruxas". Ela é eremita por natureza e sempre prefere agir sozinha. Claro que ela não terá um reinado de paz e isso pode nos ser útil no futuro quando voltarmos para derrota-la.

–Não acho que seja tão fácil derrotar Morgan, nem mesmo em um futuro distante. E não vejo nenhuma honra em negociar a cidade e sair daqui outra vez com o rabo entre as pernas, desistindo de tudo.

–Morgan é minha única chance de reaver Caroline e meu filho. Pode ser uma chance remota, pode parecer patético, mas estou apostando nisso....porque não tenho mais no que apostar.

–Você não reina sozinho, não poderia negociar sozinho.

–Você nunca concordaria, Elijah e sabe porque? Porque a mulher que você ama está do seu lado e você tem os olhos sobre ela e sobre o ser que ela carrega, que por acaso também é meu filho. Você não foi julgado e condenado por ela, sem chance de defesa, você não foi considerado inapto para ver seu filho crescer. Você não sabe de nada!

Ele cuspiu as palavras e saiu da sala. Morgan é realmente uma bruxa muito poderosa, mas depois de estudar sobre os filhos de Thanatus é quase impossível achar que uma bruxa possa ter chance contra um deles. Eu esperava que ela não tivesse chance alguma. Pode parecer egoísta, mas eu não quero perder Nola e meu irmão tem razão quando diz que todo meu sentimento em relação a isso se fundamente em Hayley e na criança. Elas precisam de um lar, melhor...de um reino onde possam viver felizes e seguras. Família é poder.

*** Genevieve ***

As coisas estavam se saindo melhor do que planeamos. A tal Caroline foi embora e quando achávamos que tínhamos perdido uma grande chance descobrimos que isso acabou contando ao nosso favor. O fato de Hayley ser uma mulher grávida e sensível e confiar nos lobos cegamente estava nos ajudando bastante. Graças aos informantes sabíamos o que já percebíamos a olhos vistos. Nik está desgastado, derrotado por antecipação. Hayley está insegura e Elijah desestabilizado. A família real está vulnerável e esse pra nós é o momento ideal de ação.

Já haviam bastante guerreiros escondidos nas passagens subterrâneas de Nola. Reforços que convocamos...bruxas, lobisomens e alguns humanos habilidosos aos quais prometemos um lugar pra ficar em troca da vitória sobre os Originais. Nós estamos em maior número e eles são uma família oficialmente quebrada. Isso vai ser tão fácil que me pergunto se tomar o poder dessa forma não será tedioso. Mas eu não me importo.

*** Klaus***

7 dias 13 horas e 26 minutos desde que o dia em que acordei e descobri que Caroline foi embora, levando meu filho, pelo "bem dele". Desde então eu não me lembro de ter dormido uma noite inteira e eu não me lembro de ter conseguido pensar em outra coisa na vida que não seja encontra-la. Ela não me ama. A verdade escondida na decisão dela mostrava isso, que agora caía em cima de mim com uma estranha sensação de liberdade. A liberdade de não precisar esperar nada dela. A liberdade de não ter esperanças. É, Caroline, você quis se libertar de mim, mas na realidade você me libertou. Elijah me perguntou o que eu faria quando a encontrasse e a resposta para isso já estava clara em minha mente antes mesmo que eu a tivesse formulado.

–Ela terá que ficar aqui até a criança nascer. Depois ela irá embora...a presença dela não será mais necessária.

Eu percebi a desaprovação no olhar dele e continuei:

–Ela decidiu que eu não seria um bom pai pra ele. Eu agora estou decidindo que ela não seria uma boa mãe, que não poderia ter impacto algum sobre a vida dele. Sim, depois que ele nascer ela é desnecessária.

Eu ignorei Elijah, porque eu estava decidido a concentrar toda a minha energia na espera de uma boa noticia de Morgan. Não existe um ser sem qualquer vulnerabilidade, os filhos de Thanatus não podem ser uma exceção.

Durante esses dias sem fim, as poucas vezes que consegui fechar os olhos e dormir por alguns minutos eu vi em meus sonhos o mesmo garoto com o qual eu havia sonhado antes. Bem antes de saber da gravidez de Caroline. O menino que se sacrificava e eu morria junto com ele.

Mas dessa vez o sonho não era o mesmo. Dessa vez haviam trilhos de trem em uma ferrovia onde não existe nada além da grama que cresce, cobrindo a paisagem. O trem se aproxima e eu o vejo. Ele esta olhando pra mim em um dos vagões e rindo. Ele parece feliz por me ver e eu digo "meu filho". E então o trem passa por mim e não para e a expressão risonha dele se transforma em medo e tristeza. "Pai, Pai" Eu sei que ele grita, mas não consigo ouvi-lo. O trem não para, não desacelera. Eu digo "eu vou chegar até você, não chore, eu vou chegar até você", mas a expressão de medo dele cresce e ele aponta em minha direção, como se me indicasse algo que está além de mim. E então eu olho pra tras e vejo mulheres, homens, lobos. Todos caminham em minha direção ameaçadoramente, dispostos a me matar.

Olho pra o vagão e existe alguém com Henrik. Eu ergo os olhos pensando ser Caroline, mas tudo o que vejo é a minha mãe e adaga sobre a cabeça dele, enquanto a multidão de inimigos pula sobre mim impiedosamente. Talvez eu devesse contar esse sonho a Morgan. Mas isso não quer dizer nada e não faria nada além de reforçar pra ela o estado miserável no qual Caroline me deixou. E eu não preciso e nem quero fazer isso.

O meu telefone tocou.

– Klaus? Era Genevieve.

– O que você quer?

– Te dar uma oportunidade.

– E eu deveria continuar ouvindo o que você tem para dizer nos próximos minutos por que motivo?

– Porque você está cercado. E nós vamos tomar Nola de você.

– Nós?

– Bruxas, lobisomens e vampiros. Nós entramos num acordo, o que não foi difícil depois de excluirmos você da equação.

Eu me senti entusiasmado pela primeira desde de que Caroline tinha ido embora. Nada poderia me deixar mais feliz do que ter uma desculpa para esquartejar aqueles que estavam contra mim. Eles tinham me cercado? Apenas rindo eu poderia expressar minha emoção. Com que então eu nem sequer teria que caça –los. Eles tinham me feito o favor de virem todos juntos, e ficarem alinhados para morrer. Que gentil da parte deles. Eu olhei pela janela e pude ver que alguns dos meus híbridos estavam com a multidão crescente em frente a nossa casa.

– Sejam bem vindos ao meu lar Genevieve. Eu abri a porta para que ela pudesse me ver, e quando dei um passo em frente dei de cara com uma barreira invisível. Genevieve continuava na linha:

– Ninguém que está dentro dessa casa vai sair Klaus. Ninguém.

Elijah pode ouvir a ultima frase de Genevieve e puxou o braço de Hayley tentando inutilmente fazê-la passar pela barreira. A protecção não era destinada apenas a vampiros. A barreira estava ali especificamente para garantir que nós ficamos presos lá.

Eu liguei para Genevieve:

– Vocês pretendem entrar ou vão nos fazer esperar muito tempo? Eu disse olhando nos olhos dela, mesmo que a distancia, com a porta aberta, desafiando-a que viesse até mim.

– Nós vamos esperar Niklaus.

E até quando vocês pretendem esperar?

– Até que você esteja fraco o suficiente para ser petrificado e levado para um cativeiro seguro.

– Interessante.

– Genevieve, por acaso você esqueceu que eu sou imortal, e você não?

– Não, eu não esqueci. Eu sei que o meu feitiço só durará até que eu morra. Mas eu não me importo com o que vai acontecer depois disso. Enquanto eu viver, você estará sob controle. E depois disso, bom, eu não sou a única bruxa que tem poderes para fazer esse feitiço. Depois de mim, alguém virá. Você nunca mais vai ver a luz do sol Klaus. Hoje é o inicio do seu fim.

– Tanto rancor porque eu te chutei da minha cama? Vou considerar um elogio.

Eu dei meia volta e fechei a porta atrás de mim. Elijah estava de braços cruzados, claramente sem saber o que fazer.

–O que nós vamos fazer agora Niklaus?

– Esperar.

– Esperar? Hayley quase gritou essa pergunta. Como assim esperar? Esperar o que?

– Você já viu um motim na sua vida Hayley? Você sabe o que acontece quando um grande grupo de pessoas tem um objectivo em comum e elas são obrigadas a esperar para ver seu objectivo satisfeito?

Ela levantou a sobrancelha em sinal de quem esperava o esclarecimento.

– Elas se desesperam, concluiu Elijah.

– Tudo o que todos que estão aí fora querem, é me ver morto Hayley. E alguns terão menos paciência que os outros. E os primeiros a vir, serão os primeiros a morrer. Mas não os últimos.

– E de quanto tempo estamos falando?

– Horas, dias, semanas… o tempo que for necessário.

– E nesse meio tempo eu morro de fome? E o seu filho morre comigo!

– Não seja dramática Hayley. 90% das criaturas que estão aí fora, estão aí única e simplesmente porque lhes foi dito para estarem. Apenas alguns tem a verdadeira crença, a verdadeira convicção. Basta um desses perder a paciência e teremos o caos.

– Nós estamos presos aqui dentro Niklaus. Encurralados.

– E você quer que eu faça o quê Elijah?

– Pelo menos que você finja que não está adorando toda essa situação!!!

*** Genevieve ***

– O que foi Jackson?

– Klaus está nos bombardeando. Bombas de verbena e e wolfsbane. Nós precisamos entrar, as pessoas já estão perdendo o controle.

– As bombas vão terminar Jackson. Você precisa ser paciente. Eu preciso que ele esteja fraco para iniciar um feitiço de dissecação. E eu preciso da Davina aqui. Já a encontraram?

– Não. Ela está sumida.

– Eu não vou conseguir selar o feitiço se ela não estiver na roda, eu fui clara?

– A bruxa aqui é você. Porque você não a localiza?

– Porque obviamente, ela não quer ser localizada!!

–Eu ouvi alguns gritos lá fora. Nós saímos da casa de onde tínhamos montado sede, e vimos, uma corja de vampiros com tochas acesas, se dirigindo para a casa dos Mickaelson e tacando fogo em tudo pelo caminho.Hayley está lá dentro. Você precisa tirar ela lá de dentro!!

– Jackson. Hayley está carregando o filho do Klaus no ventre dela. E é de nosso interesse, que essa criança não nasça.

– Nosso quem? Você não pode matar a Hayley. Isso não fazia parte do combinado! Você não pode. Ele agarrou o meu pescoço e apertou com força, eu senti o sangue ocupando mais espaço que o necessário. Mas um feitiço básico foi o suficiente para tira lo do meu caminho. Ele levantou segurando a cabeça, atordoado. E saiu me ameaçando.

Os lobos o seguiram. Eu precisava iniciar o feitiço logo, antes que os clãs se virassem contra as bruxas. Eu reuni as bruxas, e abrimos caminho entre a multidão que aguardava o fim de Klaus. Nós nos distribuímos a volta da mansão, e iniciamos os encantos. Não sei se seremos capazes de concluir o feitiço sem Davina, mas ela chegará em breve. A cabeça dela deve estar fritando nesse momento com os nossos chamamentos. Esteja ela onde estiver, ela chegará, em breve. Eu só tenho que manter a multidão distraída.

*** Caroline ***

– Davina. Davina! Davina acorda!! Eu estava gritando, vê-la se contorcendo me trazia péssimas lembranças. E um gosto amargo de deja vu.

– Eu estou bem. Eu estou bem. Ela levantou e e segurou a cabeça, respirando fundo várias vezes. Eu podia ver que ela não estava nada bem.

– O que está acontecendo Davina?

– O coven precisa de mim Caroline, e elas estão fazendo encantamentos para me obrigar a comparecer. E eu preciso ir.

– Porque elas precisam de você?

– Elas precisam de todo o poder que flui em Nola Caroline.

– Davina, o que você não está me dizendo? Eu consigo ver pela sua expressão que você quer me dizer, então diga de uma vez.

– Como você se sente sobre Klaus nesse momento Caroline?

– Arrependida! Eu não devia ter vindo embora sem tentar convence-lo de novo a vir comigo. Mas eu também não posso voltar atrás.

– Talvez você queira voltar atrás Caroline.

– Porque?

As bruxas vão dissecar Klaus, pra sempre Caroline.

– Elas não podem fazer isso. Ele é demasiado forte.

– Ele não é mais forte que todas nós juntas .

– Você não pode ajuda los a fazer isso Davina.

– Eu também não posso não ajudar Caroline. O poder que flui no meu corpo não pertence a mim. Eu sou apenas um veiculo, e quando as ancestrais decidem algo, eu sou obrigada a comparecer. Essas são as nossas regras, essas são as nossas leis.

– Eu vou com você!

– Você não pode Caroline. Eles vão querer o seu bebe. Como estão fazendo com Hayley.

– O que? Eles estão fazendo o que com o bebe de Hayley?

– Garantindo que ele não nasça.

– Mais uma razão para eu ir com você. Eu não posso permitir que o pai do meu filho seja petrificado, e que a irmã dele morra sem fazer nada.

– E o que você acha que pode fazer?

– O bebe é poderoso. Você disse que segundo as regras a energia que flui em você é emprestada. Mas e a energia que flui nele? E a ligação? Você pode usar isso para para los, não?

– O bebe ainda não é forte o suficiente. Thanus entrou na sala. Ele estava me ajudando a manter escondida, dos feitiços de localização, e de todos que Klaus tinha colocado em meu encalço na ultima semana.

– Talvez não. Mas nós ainda temos o elemento surpresa. Eles não sabem que podem morrer se tentarem matar o meu filho. E eu conheço poucas pessoas que arriscariam apostando a vida nisso.

– Se você quer ir, vamos. Mas não vamos sozinhos. Eu vou convocar os meus. Você e Davina podem seguir para NOLA. Eu vos encontro lá.

Eu estava nervosa. Eu estava arriscando meu filho por causa de Klaus. O que tinha acontecido com as minhas prioridades? Porque eu não conseguia manter uma linha recta nas minhas decisões? Eu tinha a certeza que Thanus não deixaria acontecer nada com a minha criança, mas e se acontecesse alguma coisa? Me colocar em risco agora significa muito mais do que antes. Eu estava com medo. Muito medo. Mas eu também não podia deixar que essa guerra estúpida pelo trono imaginário de NOLA deixasse meu filho sem pai e sem irmã. Sem família. Ele sempre teria a mim…. Mas eu não achava que isso seria suficiente. Eu fui criada apenas pela minha mãe por anos o suficiente para saber a falta que a família pode fazer na vida de uma criança. E eu não quero isso pro meu filho. Eu não quero que ele seja como Klaus, mas muito menos como eu.

*** Klaus ***

Eu olhei pela janela e a cena que vi era grotesca, digna de um cenário medieval. Havia um círculo de bruxas em volta da nossa casa e em volta dela haviam seres sobrenaturais ou não carregando tochas acesas. Hayley estava aterrorizada e isso deixava Elijah completamente fora de controle. Ele sempre foi um bom lutador, mas agora estava tão concentrado nas reações dela que eu senti que quando chegasse a hora eu teria que lutar sozinho. Eu não tenho medo deles, mas eles são muitos e isso vai me levar muito tempo. Eu precisaria dele para dar cobertura.

Escuto os gritos de Hayley quando uma tocha passa voando atravessando a nossa janela. Feitiçaria evidentemente. Mais tochas são lançadas como flechas e o fogo começa a se espalhar pela casa.

–Leve Hayley pra cima.

Elijah me olhava como se quisesse naquele momento ter alguma alternativa de ficar e me ajudar, mas ele não tinha. Ele subiu com Hayley.

–Quando eles estiverem me atacando certamente a barreira será enfraquecida porque as bruxas não terão concentração suficiente para mante-la, então saia e leve a Hayley pra longe disso tudo. Você entendeu Elijah?

Ele apenas balançou a cabeça me olhando incrédulo. A barreira formada pelas bruxas era quase visível e eu podia sentir a energia que emanava dela quando abri a porta da casa e fiquei diante do círculo.

Não teria sentido eu não poder sair porque isso também significava que eles não poderiam entrar e as bruxas sabiam que para tentar obter algum sucesso eu precisaria estar muito fraco.

A mudança de energia serviu como prenuncio dos 5 primeiros que vieram me atacar...fácil demais. Eram humanos. Claro, os seres sobrenaturais usariam primeiro os bodes expiatórios aka os humanos estúpidos a ponto de fazerem acordos com eles.

Eu não sei quantos deles eu matei, mas matar humanos era algo corriqueiro demais, mesmo com as bruxas concentrando toda a sua energia em me enfraquecer. Quando acabei com o que achei que seria o último humano percebi os cortes em meu corpo, as feridas abertas e então tomei consciência da dor e do cheiro já conhecido. Os cadáveres empilhados ao meu lado tinham as roupas molhadas. Provavelmente embebidas em alguma poção feitas com as malditas ervas que Ayana usou em mim, ou com o que sobrou delas.

Eu sabia o efeito daquilo a longo prazo, foi por isso que eles mandaram os humanos primeiro, porque elas eram incapacitantes para seres sobrenaturais. Eu não tive tempo para continuar meu raciocínio quando a primeira leva de lobos me atacou.

*** Caroline ***

Bruxas usam fogueiras em seus rituais. Mas no ápice da crueldade as bruxas de Nola resolveram usar como fogueira a casa de suas vítimas. Eu não conseguia acreditar no que estava vendo....a casa dos Mikaelsons estava em chamas, havia um círculo de mulheres em volta de o que seria agora um campo de batalha. Mas não haviam dois exércitos, havia a luta desigual de um exército contra um homem sozinho.

–Parem! Eu gritei essas palavras mas não sei se foi tão alto quanto eu gostaria porque elas pareciam aos meus ouvidos, terem se perdido no vento.

Klaus levantou os olhos entre os dois vampiros que seguram seus braços para que um terceiro homem o perfurasse. Eles pararam por algum motivo, talvez chocados pelo fato de uma mulher grávida achar que poderia para-los ou mais pelo fato de que minha presença desestabilizou as bruxas que faziam os feitiços de proteção deles.

–Caroline, vá embora.

Klaus gritou essas palavras com o resto de força que tinha. Eu ignorei a odem dele...eu já fiz isso tantas vezes por motivos bem mais banais, como ele poderia pensar que eu acataria isso agora?

–Você veio assistir ao espetáculo, Caroline? Ou você veio ser o espetáculo?

Davina ficou pela primeira vez no campo de visão delas, provocando alguns olhares repugnantes entre as bruxas.

–Genevieve....você precisa escuta-la.

–É? E porque eu deveria dar ouvido a uma encubadora de monstros? Melhor...porque eu deveria dar ouvidos a uma desertora como você? Você sabe que vai pagar caro por isso não vai?

Ela chamou o meu bebê de monstro. Eu queria mata-la nesse exato momento por se atrever a se referir ao meu filho. Eu só não sabia como poderia mata-la sem para isso arriscar a vida dele. Genevieve se aproximava de mim e de Davina como uma cobra pronta pra dar o bote. Mas por alguma razão desconhecida eu não estava com medo dela.

–Caroline! Caroline vá embora!

Klaus continuava gritando como louco. Ele podia ter aproveitado o momento de distração para eliminar os homens que o atacavam, mas ele simplesmente continuava olhando pra mim desesperado, gritando que eu fosse embora.

Genevieve se volta para multidão quase teatralmente

– Vocês já ouviram certamente a expressão "cortar o mal pela raiz"...e ela significa isso.

Ela apontou as mãos em minha direção sorrindo sarcasticamente. Davina se contorceu, Klaus gritou. Eu fechei meus olhos e segurei meu ventre involuntariamente, eu queria proteger meu bebê. Eu não tinha medo do que poderia me acontecer, de suportar qualquer dor, eu só não queria que algo acontecesse com ele. Eu abri os olhos. Todos os que estavam no campo de batalha pareciam olhar para mim paralisados. Genevive continuava com as mãos apontadas em minha direção, Davina estava pálida mas comigo nada estava acontecendo. Eu não sentia os efeitos do feitiço de Genevieve fosse lá o que ele fosse. Ela parecia transtornada, enraivecida, desesperada. Eu lí a ira nos olhos dela.

Percebi que Davina desfalecia ao meu lado mas eu estava petrificada demais para ajuda-la. Não escutei o baque do corpo dela quando atingiu o chão porque alguém a segurou antes disso. Thanus estava ao meu lado segurando Davina, desajeitadamente. Genevieve olhou para ele com ódio nos olhos.

–Um filho de Thanatus bloqueando o feitiço de uma bruxa integrante do pacto de cooperação?

–Eu faria isso com prazer, mas não sou eu que estou bloqueando o seu feitiço. A criança está.

Eu apertei meu ventre. Ele era apenas um bebê. Ele certamente ainda não se parecia um bebê, ele era tão pequeno....ele era tão forte. Meu filho estava salvando a nossa vida. Mal ergui o olhar e Geneviev se lançou sobre mim em fúria apertando minha garganta, eu estava fraca demais pra reagir a tempo, mas o corpo dela foi repelido ao entrar em contato com o meu e ela caiu diante de mim desfalecida. Se não fosse o fato dela estar respirando, eu diria que ela não pertencia mais a esse mundo.

Eu não sei como Klaus chegou ao meu lado, me abraçando e se não fosse por ele eu certamente teria desabado no chão. Ele colocou a mão no meu ventre, exatamente onde as minhas mãos também estavam.

–Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem. Ele sussurrava isso em meu ouvido e o que eu mais queria era que aquelas palavras dele fossem uma canção de ninar e eu fosse embalada por elas e só acordasse quando tudo aquilo estivesse acabado.

*** Klaus ***

Foi uma fração de segundos até me desfazer dos meus algozes e chegar até Caroline antes que Genevieve o fizesse. Eu não teria chegado a tempo de protege-la mas o nosso filho fez isso por mim. Agora ela estava em meus braços desfalecendo e tudo o que eu queria era que aquilo terminasse e eu pudesse tira-la dali.

Era grotesco ver Thanus diante de um exército de bruxas, lobos, vampiros e ainda alguns humanos segurando Davina nos braços. Ele olhou em volta e um outro ser se aproximou dele. Ele era mais alto que Thanus e suas asas negras eram visíveis, ele entregou Davina para esse ser e dirigiu-se ao centro do campo de batalha, onde Genevieve continuava desfalecida.

–Eu devo dizer a vocês que a luta terminou. Mas a vida é feita de escolhas. Se vocês escolherem ficar e lutar , agora poderemos fazer isso de forma justa porque também temos um exército.

Ele ergueu a mão direita e centenas de filhos de Thanatus se materializaram diante de nós. Alguns iguais a ele, alguns bem diferentes, alguns usando sua forma podre e desfigurada. De qualquer maneira, qualquer que fosse a forma que assumissem eles eram assustadores.

–Porque os filhos de Thanatus seriam agora servos dos originais?

Eu reconheci a voz de Morgan, a bruxa. Eu não sabia o quanto tempo ela estava alí, muito menos de que lado ela estava....

–Nós não somos servos de ninguém bruxa. Nós somos uma família e como toda família nós protegemos os que estão ligados a nós. Isso deveria funcionar para vocês também, porque todos vocês estão ligados a essa criança.

Um murmúrio tomou conta do acampamento.

–A criança foi gerada pela força de um feitiço. Alguém quis criar uma vítima para um sacrifício...uma bruxa.Sim, exatamente...bruxas. Bruxas e seus dilemas existenciais são especialistas em se arrependerem de suas criações e de em suas crises de consciência tentarem reequilibrar a natureza. A criança está ligada aos vampiros, aos lobos, a nós e consequentemente a vocês.

–Não há feitiço que não possa ser desfeito. Cuspiu Morgan.

–Você quer pagar pra ver, bruxa? Só se passar por cima do meu cadáver...e como eu não tenho e nunca terei um cadáver, você não está com sorte.

Todos no campo de batalha soltaram suas armas, muitos já haviam batido em retirada assustados pelo filho de Thanatus. As bruxas ainda sustentavam um olhar arrogante, fingindo soberania mas estavam definitivamente surpresas. Elas não contavam com isso e simplesmente, sem tirar o olhar de nós elas pegaram Genevieve e foram embora. Em poucos minutos tudo o que havia era o espaço que antes tinha sido um campo de batalha e parte da minha casa destruída.

–Klaus.

Elijah havia chegado e estava transtornado. Se ele estava aqui, eu sabia que Hayley deveria estar segura, ele não deixaria que nada acontecesse a ela e em matéria de proteger a mulher que ama ele estava se saindo melhor do que eu.

–Está tudo bem, Klaus?

Não. Não estava. Caroline estava desfalecendo em meus braços. Ela segurava o ventre se contorcendo de dores e vomitava sangue. Eu já tinha visto Caroline em situações muito ruins, mas nunca como ela estava agora. E eu não tinha um lugar decente pra leva-la, tudo o que eu tinha agora era uma casa semi destruída.

–Thanus faça alguma coisa! Thanus!

Eu gritava porque ela estava morrendo, porque o nosso filho estava morrendo junto com ela, porque tudo era culpa minha, porque ela arriscou a vida dos dois para tentar salvar a minha. Eu não sei como chegamos ao meu ateliê, eu só percebi que estava nele pelo cheiro de tinha que pairava no ar, eu não tinha uma cama decente pra colocar Caroline e ela estava morrendo em meus braços. Eu não reagi quando Thanus arrancou uma de suas penas e cortou o meu braço com a haste dela. Se ele estivesse me matando agora eu não me importaria. Ao lado dele Davina dizia palavras incompreensíveis, talvez ela ainda estivesse sob efeito do feitiço de Genevieve, atordoada. Thanus cortou o braço de Caroline e segurou nossas mãos, deixando nossos cortes em contato um com o outro enquanto dizia palavras que Davina repetia. De repente tudo ficou muito claro...eu lutava para manter meus olhos abertos em meio a toda aquela claridade talvez fosse assim o fim....meu filho estava morrendo e com ele Caroline e eu...e todos os vampiros e lobisomens do mundo, talvez todas as bruxas e até Thanus...mas eu não me importava com os outros, eu morreria sozinho se fosse para salvar Caroline e Henrik nesse momento. Mas agora a dura realidade era que estávamos morrendo os três. A vida não me permitiu ter uma família...talvez a morte me permita.

*** Davina ***

O cenário do que restou da casa dos Mikaelsons junto com as ruínas e as cinzas traduzia perfeitamente como eu estava me sentindo agora. Eu também me sentia destruída, sem lugar pra ir. Eu falhei com aqueles aos quais eu devia ajudar e agora eu não pertencia a lugar algum. Eu agora não era nada. Ou talvez eu nunca fui realmente nada. Eu era jovem demais pra tudo aquilo. Jovem demais pra ter a honra de Elijah que voltou para ajudar o irmão e agora cuida e protege Hayley. Eu era jovem demais pra saber todas as coisas que Thanus sabia sobre os seres humanos, mesmo que ele mesmo não fosse humano. Eu era jovem demais pra viver uma história de amor e sacrifício com a de Klaus e Caroline. E de alguma forma eu tinha entrado na história de todas essas pessoas, ou elas tinham entrado na minha história.

–Pra onde você e Hayley irão Elijah? Onde vão morar agora?

–Nós continuaremos aqui, Davina. Vamos reconstruir essa casa . A filha do meu irmão vai nascer aqui e ter o reinado que é de nossa família por direito.

Eu sabia que o mais fácil de toda a história era reconstruir a casa.

–E você e Thanus?

Ele me perguntou e eu achei estranho ele colocar a mim a a Thanus num mesmo contexto. Ele entendeu o motivo da minha estranheza.

–Você agora tem um vínculo com ele, você sabe...

Thanus se materializou ao meu lado. Eu odiava essa habilidade dele.

–Foi involuntário, ela nunca faria isso se tivesse escolha. Mas sim, a ligação existe. Porém sinta-se livre Davina...eu não vou me transformar em um gato de estimação e ficar ao seu lado para sempre, isso é um mito.

Era muito ruim não poder matar Thanus. Mas suporta-lo agora era aparte mais fácil da realidade que eu estava começando a encarar....

*** Caroline ***

Eu mal abri meus olhos e um cheiro conhecido invadiu minhas narinas...o lugar estava escuro e abafado. Isso devia ser o limbo....mas eu morri com um inocente em meu ventre, então não era justo que eu e ele estivéssemos no mesmo lugar. Eu coloquei a mão em meu ventre....e se tivessem me tirado o meu bebê? Mas ele estava lá e eu podia sentir o coração dele bater como se ele estivesse vivo. De repente eu senti uma mão forte sobre a minha, talvez estivessem tentando tira-lo de mim agora, eu reuni forças e me desviei do toque agachando onde eu estava e assumindo uma posição defensiva. Eles não iriam tirar a única coisa boa que eu tinha agora.

–Caroline! Caroline! Sou eu....

Klaus estava na minha frente. Apesar da falta de iluminação eu sabia que era ele. Eu me joguei nos braços dele abraçando-o mais apertado que eu consegui:

–Eu não me importo de estar morta, desde que eu esteja com você e com nosso filho. Eu falhei com nossa família, você me perdoa? Eu te amo.

Ele se desfez do meu abraço só para poder ter espaço suficiente para segurar meu rosto com as mãos, mesmo que ele não pudesse me ver nitidamente.

–Caroline...nós não estamos mortos.

Ele só podia estar brincando comigo.

–Quer dizer, nós estamos mortos...mas isso já faz um tempo, ou seja, não morremos na batalha. Você não falhou e mesmo que tivesse falhado...eu também te amo.

Eu não sei se era mentira o que ele estava me dizendo e eu não pude raciocinar porque ele me beijou e eu teria continuado a beija-lo se Thanus não tivesse entrado naquele local, que só eu percebia que era o ateliê de Klaus, porque Thanus entrou segurando uma espécie de bola de luz que depositou sobre o lustre, como se fosse a coisa mais natural do mundo e ele estivesse apenas colocando lá um simples objeto decorativo.

–Desculpem. Disse ele.

–Você não tem que se desculpar. Obrigado, Thanus. Eu não sei como você fez isso, mas você salvou a nossa vida. Eu disse.

–Eu tive a ajuda preciosa de Davina, minha senhora. E da sua criança também. Acreditem, eu tenho muitos séculos de existência, mas eu nunca tinha usado uma pena em um feitiço antes e nunca tinha feito um feitiço de ligação. Não é algo muito necessário no currículo de "anjos" que resgatam suicidas.

–Um feitiço de ligação? Klaus perguntou.

–Sim, vocês estão ligados agora. Porque ela não suportaria os feitiços lançados e teria certamente dificuldades em nutrir alguém tão poderoso, se não fosse imediatamente ligada a alguém muito poderoso.

Eu olhei para Klaus e ele segurava a minha mão de maneira protetora.

–Thanus, você acabou de me dar motivos realmente importantes para preservar o meu dom da imortalidade. Ele disse.

Em poucos instantes Davina, Elijah e Hayley entraram no ateliê e eu não pude me conter e abracei Davina. Eu simplesmente precisava abraça-la.

–Nós vamos reconstruir nosso lar meu irmão. Reerguer o nosso reino, agora que os inimigos debandaram. Nola será o lar onde nossa família reinará...o reino dos seus filhos.

–Não, Elijah. Eu e Caroline não ficaremos em Nola. Ela tem razão...é perigoso demais para Henrik crescer aqui. Nós não sabemos nada sobre as habilidades dele, mas nós sabemos que ele é nosso filho e nós temos que fazer por ele o melhor que a gente puder.

Eu quase não acreditava que Klaus estava dizendo aquilo. Eu já havia me resignado e aceitado viver com ele em Nola, Nova York, no Afeganistão, onde quer que ele quisesse viver comigo. E então ele continuou.

–Você, Hayley e a criança estarão protegidos aqui, porque eles agora sabem que nossa família tem aliados fortes e que o meu filho com a Caroline é o efeito surpresa. Eu não vou abandonar vocês e eu pretendo estar aqui quando essa criança nascer, mas no momento eu devo levar Caroline e Henrik pra longe. Vocês entendem?

Elijah estava olhando Klaus e parecia mais surpreso que eu.

–Sim, nós entendemos. Mas vocês estarão sozinhos? Mesmo que seja poderoso, o seu filho ainda nem nasceu e nós vimos que...

–Eu vou com vocês...se vocês quiserem é claro. Talvez eu possa fazer uma coisa ou outra...disse Davina.

–Bem, eu sou o responsável direto por esse caso. Onde essa criança for é aí que eu devo estar. Thanus falou em seguida e eu podia jurar que ele riu sarcasticamente e Davina revirou os olhos.

–Então, nós temos uma escolta! Eu disse para quebrar o clima.

No dia seguinte alguns vampiros,lobos e ate algumas bruxas voltaram para pedir o perdão e propor alianças aos Mikaelsons. A casa estava sendo reconstruída rapidamente, Elijah tinha aproveitado para fazer uma reforma e moderniza-la e já não era tão ruim deixa-lo ali com Hayley e a irmã do meu filho naquele reino ainda mal estruturado. Thanus deixaria um de seus comandados com eles, mesmo que eles insistissem que não seria necessário. Em Nola agora pairava um clima de mistério e haviam lendas e mitos sendo criados e recontados em cada gueto. Neles a história do meu filho se confundia com a história da filha de Hayley. Ninguém sabia também o que esperar dela e ninguém queria arriscar. De qualquer maneira ela nasceria primeiro que Henrik.

Henrik...eu já o chamava assim e conversava com ele. E se o Klaus tivesse errado e na verdade ele fosse uma menina? Não importa eu explicaria isso a ela um dia e ela entenderia que por alguns meses de vida teve um estranho nome de menino.

A vida se estendia diante de mim como algo novo. Não pelo fato de que eu precisava me mudar, ir embora. Eu havia mudado tanto por dentro. Prioridades substituídas, rotas alteradas. Minha mãe, meus amigos, o lugar onde vivi. Eu não era mais a mesma e pelo que consegui Klaus havia sido afetado por isso tanto quanto eu. Uma vez ele me disse "nós somos iguais, Caroline". E sim, nós já éramos iguais nessa época, mesmo que eu não soubesse. Nós éramos duas pessoas muito preocupadas com a própria vida, querendo estar bem e no controle de tudo. Eu tinha que ser a melhor vampira que eu podia ser e ele tinha que ser o soberano em todos os aspectos da vida dele. E aqui estávamos nós dois colocando a vida de alguém antes da nossa. Determinando novos rumos pra nossas vidas por causa de um ser que ainda não nasceu mas já nos transformou completamente. Eu estou realmente assustada. Assustada por nós, assustada com o fato de que não sei se conseguirei ser mãe ou ser a mãe que o meu bebê precisa. Assustada porque não sei como duas pessoas como eu e Klaus vamos entrar em um consenso e estabelecer a forma como vamos educa-lo. Isso é muito difícil...e nós somos apenas uma garota que mal entrou na faculdade e um homem com séculos de ideias fixas.

Pensar nisso me fazia querer chorar agora, mas o fato de que ele sentou ao meu lado beijou minha barriga e depois segurou minha mão enquanto Thanus dirigia rumo ao aeroporto, me acalmava e me dizia que de alguma forma encontraríamos um jeito de fazer isso dar certo.

*** Klaus ***

Nola parecia ainda mais poética que o normal, como se a cidade estivesse se despedindo de mim. "É apenas um até logo" eu prometi mentalmente. Caroline apoiou a cabeça no meu ombro e adormeceu, eu a envolvi num abraço. A aeromoça olhou pra nós e sorriu ternamente. Ela não sabia que aquele casal normal em uma atitude perfeitamente terna, era na verdade um casal de predadores. E a doce garota loira estava grávida, esperando um possível predador. Assim era a Nola que eu via lá embaixo...perfeitamente tranquila, escondendo dos olhos humanos seus segredos mais tenebrosos. Minha cidade. O caos ordenado assim como minha vida.

A cidade que deixei com Elijah e Hayley. A cidade que Henrik iria aprender a amar e proteger um dia. Assim como ele aprenderia a amar e proteger a irmã. Ele não iria falhar com ela como eu falhei tantas vezes com Rebekah. Ele não precisaria deixar Nola como eu precisei deixar.

Eu estava contrariando Caroline e fazendo planos pra ele, escolhendo por ele. Porque agora tudo era só teoria e ele é apenas um ser minúsculo cuja única cidade que conhece é o ventre da mãe dele. Era mais fácil fazer planos agora. Eu queria me enganar até saber o quanto de mim e o quanto de Caroline tinha nele. E se ele é uma mistura de nós dois isso significa que ele não apenas vai ser um ser muito poderoso, como vai ser alguém muito complexo. Por enquanto tudo o que eu posso fazer é amar e proteger a ele e a mãe dele. É isso que os pais fazem e eu posso fazer isso. Agora eu sei.

Epílogo

O homem cambaleava em direção a casa dele e tomou o caminho do bosque. Ele nunca ouviu as histórias sobre lobos que atacam quem vai pela estrada do bosque. Ele provavelmente nunca contou essa história para a filha dele. Aliás a única lembrança de infância que ela um dia terá dele será a das pancadas, do medo, do braço partido, lábios cortados, olho roxo. Ele é um monstro que nunca deveria ter sido pai. Pessoas como ele não devem existir.

O lobo esperou por ele pacientemente. Não tinha sido fácil chegar aqui, driblando os olhos das pessoas, mas de alguma forma o lobo sabia que ele precisava fazer isso e então se colocou diante do homem entre o portão de casa e a rua.

Ele não pareceu ter medo do lobo e ele parecia não acreditar. Ele estava bêbado como sempre estava quando batia na garotinha e talvez achasse que era uma alucinação. As pessoas costumam chamar as coisas que vêem e não entendem de alucinação.

Teria sido fácil pular em cima dele, mesmo que ele estivesse sóbrio e derruba-lo. Ele caiu com um baque surdo e eu não esperei que ele gritasse, mordi o rosto dele exatamente como eu queria porque eu desejava desfigura-lo. Ele colocou as mãos no rosto gritando e então assumindo a forma humana eu disse:

–Se bater na garota de novo, se fizer com ela outra vez as coisas horríveis que faz, eu volto e corto sua garganta. Agora esqueça que me viu, mas não esqueça as palavras do lobo.

Eu tinha que encontrar agora um telefone e ligar pedindo ajuda, eu não estava com pressa, mas eu tinha que fazer o certo. Eu me virei pra tomar o caminho de volta e então eu percebi que estava com problemas.

Ele estava no outro extremo da estrada, de braços cruzados e me olhava com aquele ar estranho que ele tinha sempre que eu tentava expor esse meu lado. Mas ele mantinha uma expressão séria e isso me deixava confuso sobre o que ele iria dizer. Mas eu tinha que ver o lado bom de tudo...pelo menos não foi a minha mãe que me encontrou desfigurando um monstro.

–Pai.

–Eu já liguei pra ambulância.

–Obrigado.

–O que não significa que eu aprove o fato de você conseguir enganar a todos nós e sair em missão como justiceiro. Quando sua mãe souber...

–Você vai contar a ela? Claro que ele vai, eu sei...mas eu perguntei mesmo assim.

–Você sabe o que sua mãe pensa sobre atacar pessoas...

–Mas eu estava salvando pessoas.

–Você não é um justiceiro.

–E o que eu sou? Um monstro?

Meu pai colocou a mão no meu ombro e eu sabia o que viria em seguida, ele me puxou pra um abraço e fez a coisa que odeio de bagunçar o meu cabelo. Eu gostava de brincar com ele assim e pulava tentando tentando alcançar também a cabeça dele e fazer o mesmo. Nossas brincadeiras sempre evoluiam para rolamentos, saltos, móveis quebrados. Minha mãe odiava essas brincadeiras segundo ela de "selvageria" mas eu ele sempre dizíamos que era treinamento pra batalha.

Meu pai parou de me apertar e bagunçar meu cabelo, tirou o lenço limpando o sangue da minha boca e me olhou sério de novo.

–Não, Henrik, você não é um monstro. Nem um justiceiro. Você é um garoto que oito anos que precisa ser simplesmente isso...um garoto de oito anos. É tão difícil assim? Ele riu e eu ri também.

–Mamãe vai ficar muito brava...e o pior...depois ela vai ficar triste...e então lá vem o sermão e eu vou me sentir pior do que os suicidas das histórias de Thanus ou as criaturas do limbo dos contos de Davina.

–Sim, vai ser um grande sermão e eu não posso ajudar você com isso.

–Não seria mais fácil se ela usasse castigos físicos? Eu disse brincando.

Ele voltou a colocar a mão em meu ombro.

–Apenas monstros castigam seus filhos dessa maneira, Henrik. Nós amamos você.

Meu nome é Henrik Mikaelson. Caroline e Klaus são os meus pais. Não há maneiras de escapar dos sermões de minha mãe e não adianta pedir a meu pai que não diga nada a ela. Ela sempre sabe quando ele tenta esconder alguma coisa. Eu as vezes me pergunto se isso é por causa do feitiço de ligação que Thanus fez entre eles quando eu ainda estava no ventre dela, pra que eu sobrevivesse. Mas as pessoas dizem que eles já eram assim antes mesmo que eu fosse concebido.

Em todos os meus aniversários eles me contam a minha história e de como se orgulham de terem feito as escolhas que fizeram por mim. E cada vez mais eu concluo que o feitiço de vida e morte que liga os dois não é nada perto do amor que os ligou antes e os fez serem meus pais e os mantém juntos para sempre.

Eu posso fazer muitas coisas e dizem que sempre vou descobrir coisas novas que eu posso fazer, mas nesse exato momento eu só quero ser quem sou porque eu sou feliz assim. Como diz o meu pai, apenas um garoto de oito anos, indo a escola mesmo que já saiba o que irão me ensinar, sendo amigo da menina espancada com a qual ninguém quer ter nada a ver. Eu gosto de quem sou. Henrik Mikaelson, filho de Klaus e Caroline porque eu sou amado por eles e eu sou feliz. Eu não poderia ter pais melhores.

FIM


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Notas finais do capítulo

Bem, essa foi minha primeira experiência com fanfic. Eu nunca havia lido uma, muito menos escrito uma. O mais perto que eu tinha chegado desse lance de fanfic foi ler o oneshot que uma amiga minha tinha escrito e queria um opinião masculina pra isso. Então quando Jenn me convidou pra escrever Red Ice com ela, eu não sabia o que esperar ou se tinha uma maneira certa ou errada de fazer uma fic. Então eu simplesmente deixei fluir tentando ser coerente com os personagens, com a mitologia, cuidando para não deixar furos no enredo e evitando que em nossa história acontecessem os deslizes que odeio nas histórias originais : personagens descaracterizados, coisas não resolvidas, não explicadas. Nós não apenas criamos um enredo, nós buscamos nos informar a respeito de tudo que usamos nele. Lógico que falhas existem, mas procuramos sempre dar o nosso melhor. Meu maior compromisso em escrever essa fic sempre foi mostrar que Klaus e Caroline são personagens com potencial para ter grandes histórias. Se amadores podem fazer isso, porque os profissionais, não? A recusa em dar a eles a história que merecem é um dos fatores que tem tido efeito direto sobre a audiência de TVD e T.O mas também é o motivo do surgimento de um movimento que cresce cada dia mais nas redes sociais e que no caso de Klaus e Caroline fãs,chamamos de KCFamily. Trata-se de um grande grupo de pessoas que lutam pelo direito de terem suas séries favoritas bem escritas, bem produzidas. Que levantam a voz pra que o entretenimento possa ter qualidade e as pessoas não tenham que ver uma série de TV apenas porque alguém "bonito" vai fazer parte dela. É o movimento do publico inteligente e dele não fazem parte apenas fãs de TVD ou T.O mas de muitas outras séries. No caso especifico de Klaroline, se você quiser lutar para que eles tenham a história que realmente merecem apoiem as atividades divulgadas no twitter, tumbr, etc. Todos os dias as pessoas estão subindo trends, votando, questionando os produtores, escritores, etc. Participe também, faça sua parte. E para os que desejam manter contato esse é o meu twitter @essesfadodamon (avisem que eu sigo de volta). Muito obrigado por apoiarem, comentando, divulgando , interagindo. Sem vocês nada disso teria sentido. E quero agradecer especialmente a Jenniffer por ter me apresentado esse universo, por ter sido paciente comigo,mesmo quando eu não mereci e por ter entrado na minha vida e ficado do jeito dela, do nosso jeito e por ter tido a idéia de contar essa história comigo.

Pedro :)