Passou-se três anos desde o ocorrido em Las Noches. Três longos anos onde vaguei por uma imensidão vazia, onde a única coisa que eu podia ouvir eram os barulhos dos meus passos e uma voz.

Sim, aquela voz.

Foram três longos anos confusos, sem saber ou entender o que estava acontecendo. Apenas andei sem rumo, seguindo a voz doce que me chamava em algum lugar.

Minha única salvação daquele vácuo era a voz que me guiava para uma saída. Sem relutâncias, a segui. E finalmente encontrei uma porta em meio a tanto vazio.

Lembro-me de ter acordado em uma cama, de um quarto que eu não reconhecia. Só consegui saber onde eu estava pela cena que eu vi após abrir os olhos.

Inoue Orihime adormecida no chão, com a cabeça em cima da cama ao meu lado. Parecia estar cansada e... Ela havia passado a madrugada inteira tentando me curar.

Foram semanas confusas e difíceis. Fiquei alojado na casa da mulher. Ela me comprou roupas e me alimentou. Voltava da faculdade com um sorriso enorme para me contar como fora sua tarde cansativa.

Kurosaki tentou lutar comigo inúmeras vezes, o que era impossível. Eu não estava em um corpo artificial. Era um corpo próprio. Eu não era mais um Arrancar.

Foi difícil aceitar que agora eu era um humano.

Mais difícil ainda aceitar que por causa do tal coração, eu estava perdidamente apaixonado pela Hime.

A mulher ensinou-me que humanos tinham o costume de dar nomes para a relação que tinham. Dizia que nós dois éramos como namorados. Pela explicação que ela me deu, para mim, éramos casados.

Casados porque se existisse algo além do casamento, iríamos estar nesse tipo de relação.

Era isso que os humanos chamavam de... Amor, certo?

Inúmeras vezes em meio à socos e chutes, Kurosaki me perguntou o motivo por eu continuar existindo na vida de Orihime.

Eu quero proteger esta pessoa.

O prazer intenso tirou-me dos pensamentos. Unhas curtas e delicadas arranharam minhas costas enquanto sua dona me apertava contra seu corpo e gemia baixinho em meu ouvido.

O interior de Orihime se contraiu e logo depois ficou mais escorregadio, fazendo-a relaxar abaixo de mim. Cheguei ao ápice logo depois dela, inundando seu interior e a fazendo gemer manhosa.

Sai de cima dela, deitando-me ao seu lado. Seu corpo pequeno e macio deitou-se de costas para mim, e suas mãos puxaram as minhas para cima dela. Abracei-a com força, depositando beijos carinhosos em seu ombro, descendo até chegar ao pescoço e depois logo abaixo de sua orelha.

Orihime sorria corada e dizia palavras doces, fazendo eu me sentir quente por dentro. Uma sensação de tranquilidade se instalar em meu peito. Em meio a beijos e carícias em seu lindo cabelo laranja, a mulher dormiu em meus braços — assim como em várias noites.

Eu a amava com todo meu coração. Ela tinha tudo o que queria de mim.

Isso poderia ser motivo suficiente para que eu continue a existir?

Obrigado