The Losers plays it. escrita por Paperback Writer


Capítulo 6
VI - Ziggy Stardust


Notas iniciais do capítulo

Eu demorei, sei disso. Mas deixo aqui minhas sinceras desculpas. :3
~Bowie~
Ok, agora vamos ao que interessa!
Boa leitura!



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VI- Ziggy Stardust

Ziggy played guitar (...)

He played it left hand
But made it too far

Became the special man

then we were Ziggy's band

No dia seguinte ao show, lá pelas 15h10, todos saímos na Kombi. John e Keith na frente. É, Roger foi atrás. Estranho, sim, eu sei. Mas ok.

Quase que atravessamos Blackpool. Não chegávamos nunca naquele lugar. Não que eu seja um exemplo de paciência, mas... Bom, quando finalmente chegamos, Roger segurou meu braço, então apenas Keith e Harriett saíram. John literalmente os largou na calçada e voltou para onde morávamos. Apenas ri da cara assustada de Harriett quando John pisou no acelerador. Roger passou para o banco da frente e eu me acomodei perto dos dois. Passamos um tempo quase eterno em silêncio, mas depois de um tempo, disse:

–Isso foi errado.

–Errado seria não ajudar esse belo amor aflorar! – Roger disse isso da maneira mais gay possível, fazendo eu e John rirmos até lágrimas saírem de nossos olhos.

–Roger, acho que vou ajudar seu belo amor aflorar. Vai, coloque a mão na minha coxa. – John brincou. O problema é que Roger obedeceu.

–Quer que eu faça mais o que, Johnny Boy? – Roger aproximou seu rosto do de John.

Gente, ele está dirigindo...

–Vamos para um motel, que tal? –John sorriu

–Perfeito.

–Melhor, vamos nos casar.

–Nah, vamos pular direto para a lua de mel.

–Você é o amor da minha vida, Roggie.

–Vamos transar na parte de trás da Kombi.

–Sim.

–Judy, sai daí. Agora. – Roger me olhou com um sorriso no rosto. – Você não pode ver isso.

–Deixa a nossa filha! – John afinou a voz.

–Nossa filha?!

Você é o homem da relação, Watson! – John sussurrou severo. Ironicamente, já estávamos chegando em casa.

–Eu sei. – Roger bateu o cabelo, talvez fosse uma tentativa de parecer sexy – Só estou pensando como você pariu a Jude.

Shiu! Ela é adotada.

–Ah.

–Ei! – Eu ri saindo da Kombi assim que John estacionou. – Como só me falam isso agora?! Belos pais.

–Joooohnny! – Roger saltou do banco para a calçada, ficando ao meu lado, passando a mão pela minha cintura e encostando nossos narizes – Incesto é crime?

John ria como se tivéssemos contado a piada do século. Bom, talvez Roger tivesse. Senti minhas bochechas corarem e ri junto.

–Johnnie! Ela corou! – Roger ria apoiado em mim. – Ah Jude! Vou te fazer lembrar disso até o final da minha vida! “O dia em que Roger Watson fez Judith Styles corar”!

–Cara, qualquer um faz ela corar. – John riu. – Até eu! Sei que sim, Judy!

John riu maleficamente e abriu o portão, eu e Roger entramos logo atrás. Subimos as escadas e finalmente entramos no apartamento.

Para passar o tempo, o vocalista teve a ideia ridícula de apostarmos quem tomaria mais água até precisar ir ao banheiro. Ridículo, sabemos, John acabou passando mal e não deixou eu e Roger entrarmos na merda do banheiro enquanto nos contorcíamos do lado de fora. Nos estapeamos para saber quem seria o próximo a entrar no banheiro. Eu ganhei.

Passamos as outras duas horas restantes espremidos no sofá assistindo Laranja Mecânica e comendo qualquer coisa que encontrávamos na geladeira.

Harriett logo ligou, eu atendi. Pela voz, estava alegre. Roger saiu para busca-los enquanto John terminava o filme. Eu fui delicadamente tirar o lixo. Afinal, alguém tem que fazer o trabalho sujo.

Quando vi uma cabeleira ruiva saltitante entrando no apartamento, sabia que Harriett iria querer me contar tudo o que aconteceu, eu seria legal e ouviria.

–Ah Judy... – A ruiva começou. Na verdade, ela me arrastou e trancou-me no quarto. Não tive escolha dessa vez. – Eu tenho que te contar...

Farei um resumo um pouco menos fluffy, de nada Leitor.

Keith e Harriett se pegaram num café superbonitinho que fica do outro lado da cidade. Keith for surpreendente fofo e o café estava bom. É. Fim.

Após Harriett contar todos os mínimos detalhes, ela abriu a porta do quarto sorrindo e eu fui até a sala, onde os rapazes conversavam no sofá da sala, mas pararam quando nos viram. Sabe-se lá o assunto.

Os poucos segundos que ficamos em silêncio foram constrangedores. Um olhando para a cara do outro. Na verdade, olhávamos de Harriett para Keith, mas vez ou outra, John, Roger e eu trocávamos olhares.

–A gente devia estar ensaiando. – John comentou.

–Cala a boca. – Harriett parecia irritada quando disse isso, mas sorria... Posso culpar o Keith por isso.

–Harriett, sério, a gente tem que ensaiar.

–Depois de amanhã. Lembram? “O sábado é meu e da Judy”

–Essa frase ainda me dá medo. – Roger comentou. – Sabe-se lá como eu vou ficar.

–Loiro. – Harriett riu da cara de Roger.

–Jude... – O baixista choramingou – Não deixem que façam isso comigo!

Balancei os ombros, sorrindo.

–Não prometo nada.

–Juro, se eu tiver que ir pra guerra, me recuso a ter um cabelo loiro.

–Vira a boca pra lá. – Eu e Harriett dissemos ao mesmo tempo.

–Eu falo sério. De qualquer maneira, se eu acabar na guerra, façam meu irmão se sentir culpado. Obrigado. – Ele riu.

–-

David Bowie tocava na velha vitrola de John. Os quatro rapazes estavam sentados na sala enquanto eu segurava uma agulha e um pedaço de maçã, e Harriett um saquinho com gelo e uma caneta. Segundo John, tínhamos um sorriso quase maníaco no rosto.

Harriett estabelecera tudo o que aconteceria naquele sábado. Ela estava vidrada em bandas Glam, e queria nos transformar em uma. Não que eu tivesse algo contra, mas fomos criados perto da parte operária de Blackpool, isso não muda nada para mim, mas deixa os rapazes com uma incrível aversão a maquiagem e qualquer outra coisa feminina (Que não sejam as garotas em si.) Mas quem são eles perto da palavra da Harriett?

Na verdade, John era o único que Harriett obedeceria. Mas como eu disse, “Era”

–Judy, - Ela chamou – Eu vou marcar aonde você vai furar, ok?

O rosto de Keith se contorceu em uma careta. Mas Roger foi o primeiro. Harriett deixou dois pontinhos azuis no lóbulo de sua orelha.

–Preparado? – Coloquei a agulha em cima do ponto e a maçã na parte de trás. O baixista negou com a cabeça, mas Harriett fez o oposto. –Desculpe.

Assim que furei sua orelha, o rapaz agarrou o acento do banco, se segurando para não gritar. Harriett trouxe o gelo e disse que eu poderia fazer na outra orelha.

Foi assim até John. Afinal, “Brincos não são coisas de homem”. Harriett e John foram os únicos do grupo que realmente já brigaram sério. Todos já brigamos, mas nada que justificasse mais de 24 horas sem nos falarmos.

–Harrison, deixa de ser tonto. Você não vai virar uma bicha só porque furou a merda da sua orelha. – Harriett disse. Quando brava, ela costumava nos chamar pelo sobrenome.

–Lestrange, eu só concordei com essa merda por... Por... Ok. Não se por que concordei.

–Vai, John! – O cutuquei. – Não vai morrer por isso. E outra, eu juro que se doer, eu paro.

O vocalista revirou os olhos, mas aceitou.

Após todo o drama do John, os rapazes tinham suas orelhas furadas. Harriett nos fez sentar e passou algo em partes do cabelo de Roger, Keith e no meu. John se mostrou resistente a isso. Uma meia hora depois, tínhamos mechas amarelas pelo cabelo todo. Ficou uma merda, mas ela ainda não nos trancou num quarto e nos fez de refém, então...

Roger passou a mão pelo cabelo todo, levando algumas mechas loiras até onde a visão podia alcançar.

–Ok... Isso é muito estranho. – Comentou.

Harriett secou nossos cabelos e disse que estávamos livres.

–-

Eram umas 19h15, tínhamos ensaiado o dia todo, afinal, tínhamos show amanhã. Harriett e Keith estavam se amando no sofá da sala e John tinha saído para arranjar algo para comermos. O que deixava eu e Roger nos encarando no quarto enquanto ele tentava afinar o baixo.

O que mais me irritava nisso tudo era o fato do rapaz ter combinado com as mechas loiras. Ele fora o único, pois ficaram horríveis em Keith e mim. Harriett ainda tivera a ideia de fazer o rapaz voltar a usar franja, isso lá pelas 22h40 da noite. Agora uma franja não muito bem cortada estava caindo pela testa do rapaz.

–Vai ficar me encarando? – Ele perguntou.

–Quer que eu faça o que?

–Me prense contra a parede e me chame de algum apelido sexy. – Ele ironizou.

–Sexy tipo “Sunshine”? – Retruquei, citando o apelido que a Martha (Vulgo, progenitora do Roger e do Patrick) usava com os filhos.

–Desculpe se eu sou tão quente que até minha mãe reconhece isso.

–Você é tão quente que levou um fora de metade do colégio.

–Nah, eu dei o fora nelas.

–Tá, se ilude ai.

Roger fez uma careta e sentou no chão, aproximando o seu rosto do meu. Na boa, eu podia sentir o rapaz respirando. Espaço é bom e eu gosto, ok?

Quem é a iludida agora? Hein? Hein? – Ele sussurrou a primeira parte, mas praticamente gritou a segunda.

–Continua sendo você, Sunshine.

Coração, pare de acelerar. Grata.

O baixista voltou para seu lugar no chão e começou a cantarolar Tangerine, do Led Zeppelin. Eu continuei a encará-lo, pois era a coisa mais legal a se fazer naquele momento. Assim que afinou as quatro cordas do baixo azul, começou a me encarar também. Bom, não é hora de dar o braço a perder.

Ficamos uns cinco minutos quietos, um encarando o outro sem rir, mas quando John entrou gritando “Roger querida! Cheguei!”, explodimos em risadas.

–Perdeu! Perdeu! – Roger ria.

–Perdi nada! –O empurrei, ainda rindo – Culpa do John.

–Jooooohnny Boy! A culpa é sua! Há-Há!

John mantinha a cara confusa de quando entrou. Não explicamos nada, afinal, nossa janta tinha finalmente chegado.

–-

Harriett os maquiava com agilidade. Eu e ela estávamos prontas. Lábios vermelhos, sombra azul, blush vermelho quase que exagerado e lápis de olho. Os rapazes estavam bem parecidos, mas usavam uma sombra dourada. Harriett era simplesmente uma Deusa da Androgenia. Esperava que ela nunca ouvisse eu dizendo isso.

Bobby nos chamou e fomos recebidos com um tapa amigável nas costas, talvez também com algo do tipo “Finalmente se arrumaram”. Usávamos brincos quase tão pesados quanto nossas orelhas e roupas largas. Menos Keith e Roger, que reclamavam que iria os atrapalhar, usavam roupas tão apertadas que eu realmente temia que um deles desmaiasse.

Tocamos. Todo o nosso nervosismo não passou até terminarmos tocando Ziggy Stardust, logo depois, fomos recebidos com uma longa salva de palmas.

Se fosse fácil assim, poderia dizer que o sucesso não estava longe.

Se fosse fácil assim...

When the kids had killed the man

I had to break up the band...

Ziggy played guitar


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Notas finais do capítulo

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