Naquele dia, os meninos da classe de Rihito teriam uma aula de educação física bem no meio do período. Nosso garoto detestava quando isso acontecia, o suor e a sensação quente e suja que acompanhavam tais aulas lhe desagradavam deveras. Incapaz de voltar aos dormitórios por ter outra aula logo em seguida, não poderia banhar-se apropriadamente, teria de usar os terríveis chuveiros do vestiário. Só de imaginar, suas juntas amoleciam de desânimo. Devia pensar em algo logo para evitar aquela situação. "Morgan não estará aqui desta vez, huh?"

À medida que os rapazes iam se aproximando do centro do campo para reunirem-se com o professor, Rihito, relativamente separado do grupo, reparou numa figura esbelta que vinha pela sua direita vestida pela primeira vez com os trajes adequados.

"Simon..."

Ele não sabe se seus lábios chegaram a se mover ou se havia apenas chamado-o em sua mente. De qualquer maneira, o garoto das pintas não olhou em sua direção. Simon participaria da partida. Rihito lembrou-se imediatamente do que havia se passado com Morgan por culpa de seu companheiro. Na noite anterior gastara boa parte de suas horas de sono inventando diálogos malucos e respostas para qualquer tipo de evasivas que Simon pudesse usar para se abstrair de suas responsabilidades, porém quando ficou frente a frente com ele, não sentiu-se impelido a dizer nada daquilo. Era como se ele não tivesse e nem nunca tivesse tido vontade nenhuma de se envolver, de ficar do lado de ninguém. Não ganharia nada discutindo com ele. Isso o assustou. Seus olhos azuis pairavam perdidos no ar quando alguém deu-lhe dois tapinhas no ombro. Era Simon, parecia estar lhe encorajando. Ao menos era assim que o menino enxergava.

Como de costume, Rihito sentia-se mais à vontade com o passar do jogo e sua desenvoltura melhorava significativamente. O garoto-vampiro dava-lhe cobertura também, deixando-o mais confiante ainda.

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Os negros cabelos de Simon grudavam em sua testa e seus olhos, sua respiração levemente ofegante. Rihito percebeu seu pescoço e costas molhadas e fervendo. Teve nojo. Não poderia, afinal, escapar do banho no vestiário? Ele falhara em tentar se esforçar pouco durante a aula. Mas apenas secar-se com uma toalha não seria suficiente? Não, principalmente por ser presidente de sala agora devia estar sempre apresentável. Era como se sentia. O que fazer?

O garoto das pintas percebera a inquietação que se acumulava em Rihito. No vestiário todos rapazes já estavam nus para entrarem nas pequenas cabines com chuveiros e enquanto esperavam pela sua vez, faziam piadas e brincadeiras entre si para medir o tamanho de seus pênis, no entanto o menino de óculos continuava de uniforme. "Idiotas..."

Jamais ficaria pelado na presença de todas aquelas pessoas, jamais. Ficou a reparar que as portas e divisões das cabines começavam pela altura do meio das canelas, quase nos joelhos, mas você só conseguiria ver isso direito se abaixando no chão. "Pelo menos são cabines individuais", ele pensou, um pouco mais aliviado em meio a todo seu desconforto. Planejara ficar até o final, ser o último a sair para ter mais privacidade e correr com o banho, apenas jogar uma água no corpo para não se atrasar. Estava impaciente.

Quando Rihito nem sabia onde ficar, Simon passou graciosamente por ele e escolheu um chuveiro no movimentado corredor. Os outros olhavam feio para sua pele anormalmente branca. O modo como ele andava era de uma firmeza e decisão que plantavam-lhe inveja, era muito contrastante em comparação ao seu.

Logo uma pálida mão veloz o puxou para dentro e trancou a porta do pequeno compartimento, que com duas pessoas tornava-se abarrotado. Rihito sobressaltou-se com a surpresa do ataque mas tranquilizou-se quando percebeu que era Simon quem o puxava, e não um outro colega qualquer. Isso não era tão incomum apesar da repugnância que demonstravam a respeito.

– Você está muito nervoso - Ele disse com um sorriso sinistro, apertando-lhe os ombros mas liberando-o em seguida - Não precisa ter vergonha. Olha, só tem eu aqui.

O menino dos óculos manteve-se em silêncio e timidamente despiu-se. Era um tanto inseguro quanto ao seu corpo também. Estava muito auto-consciente e por instinto teve o ímpeto de virar-se de costas para esconder suas partes íntimas, mas desistiu. Seria indubitavelmente pior adotar aquela posição. Banharam-se frente a frente, ele tentando desviar o olhar e Simon assistindo a todos seus movimentos e detalhando suas formas corporais. Estavam tão próximos que um podia sentir os arrepios na pele do outro. Suas pélvis encostavam-se.

Mais pintas.

Rihito, em seus óculos embaçados pelo vapor d'água via mais pintas. E era só isso que procurava naquele momento. Os garotos esbarravam-se libidinosamente numa disputa para enxaguarem-se.

– A espuma nos seus mamilos parece de comer - Disse o garoto-vampiro passando os dedos ao longo de seu tórax, afastando as bolhinhas de sabão.

– Você só pensa em enfiar coisas na boca... - Respondeu, corando.

– Eu queria enfiar você na minha boca.

Oportunamente, Simon prendeu-o na parede e segurou firmemente em sua bunda, enviando um frio em sua espinha. Rihito tremeu e tentou se soltar, mas o outro ergueu-o do chão. Com as costas coladas na parede, tentou afastá-lo pelos ombros, mas Simon não desistia e devorava seu peito com beijos e mordidelas. Sentia seus corpos esquentarem-se gradativamente de desejo, seus óculos turvos atrapalhavam sua vista. Percebeu seu companheiro subir a mão de sua coxa até seu baixo ventre , agarrando sua área mais sensível e iniciando ali uma deliciosa massagem. Naquela pose, Simon tinha como ver todas suas reações mais vexatórias.

O barulho dos rapazes do lado de fora a transitar pelo vestiário, o ligar e desligar dos chuveiros, os risos e as conversas, tudo aquilo lembrava-os de que não estavam sozinhos. E era como se Simon possuísse uma fixação ou tara por praticar obscenidades em público. Aquele pensamento trouxe junto consigo um espasmo aos quadris do garoto menor.

– Não... Não é justo que só eu passe vergonha...! - Lamuriava-se Rihito baixinho no ouvido de seu namorado.

A mão dele escorregava muito mais rápido por conta da espuma. Tinha já sentido a ereção do menino das pintas pressionando-lhe o traseiro, mas definitivamente não queria transar num banheiro. Procurou então o membro de Simon e acariciou-o. Em resposta ele sorriu e devolveu-o ao chão.

– Hey, não fique assustado. - Ele lambeu os lábios de Rihito até abri-los para propriamente beijá-lo.

Rihito sentia como uma coceira que impelia-o a tocar o garoto, engolir sua saliva e desejá-lo inteiro para si.

– Me morda mais... - Ele pedia, acreditando estar derretendo nas mãos do outro.

Sua voz pingava uma doçura virginal.

Simon excitou-se ainda mais, ele sugou o sangue do menino de olhos azuis, que vazava quente e vermelho e misturava-se na água corrente, tornando-se quase diluído ao descer pelo ralo. Uniu então suas ereções e com a ajuda da delicada mão direita de Rihito, Simon os masturbou em frottage. Aquilo doía um pouco pelo quão duro estavam, mas ao mesmo tempo sentiam-se bem.

– Você... Está... Gostando? - Simon perguntou, retirando-lhe os óculos, sem parar seus movimentos.

Rihito, sôfrego, balançava a cabeça positivamente, mordendo os lábios e segurando sua voz. Queria chamar seu nome bem alto enquanto seu corpo em frêmito preenchia-se da imagem levemente borrada do lívido garoto de ombros largos que o aninhava em seus braços e do teto branco por cima dele. Não sabia mais o que se passava em sua mente.

Dois garotos.

O mesmo sexo.

Um segredo.

Lírios.