Verfluchen escrita por Anna


Capítulo 1
Alemanha.


Notas iniciais do capítulo

Essa Fanfic foi escrita no início do ano, eu apenas a adaptei e corrigi alguns errinhos. Qualquer coisa me avisem :)



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Nunca vou entender o que aconteceu naquele dia... Nunca vou querer acreditar.

*

– Amor, saí dessa chuva! Não quero te ver gripado! – Andressa gritou de dentro de sua casa, andei o mais depressa o possível para ir ao encontro de minha namorada.

Ela sorriu ao me ver e nos beijamos, oh, como nos beijamos! Eu havia empacado nos meus estudos para o vestibular, por isso não via mais a Dessa tanto quanto gostaria de ver. Ela, por ainda ter quinze anos, tinha mais tempo livre do que eu – com dezessete anos – e ficava chateada por ter que passar esse tempo sem mim.

– Honestamente Dessa... Acho que você é a única pessoa de São Paulo que mora ainda em uma casa! A pior parte é que é meio complicado de achar uma casa comum no meio de tantos prédios! – Ela riu de minha observação e logo me puxou para a sala de estar, ficamos namorando no sofá.

Andressa poderia ser considerada a garota mais perfeita que eu já conheci na vida! Ela era linda – com cabelos medianos e castanhos, olhos azuis e lábios rosados –, inteligente e simpática com todos. Não sei por que, mas às vezes aquela perfeição meio que me incomodava... Não que eu não gostasse disso em Dessa! Muito pelo contrário! Mas eu sentia como se ela estivesse se esforçando demais para ser perfeita e deixando o seu “eu” de verdade preso lá dentro.

O irmão mais velho de Andressa entrou na sala, Sandro não ficou muito feliz ao me ver “agarrando” sua irmãzinha.

– Dá para vocês dois se comerem em outro lugar, por favor? Aqui é um local público da casa, não queremos que algum parente entre e veja essa cena que acabei de presenciar!

Dessa expulsou Sandro da sala, ela não iria deixar que aquele babaca estragasse um de nossos poucos momentos juntos.

No final do dia, fui embora bem contragosto, mas eu tive que ir. Meu apartamento ficava longe e meus pais ficariam furiosos caso eu chegasse muito tarde. Peguei um táxi (o que foi quase uma missão impossível porque... Bem, eu moro em São Paulo né?) e fiquei no banco do carona, apenas observando as finas gotas de chuva se debatendo e deslizando sobre o vidro fechado do carro.

Demorou uns belos quarenta minutos para que eu chegasse em casa. Fui diretamente para meu quarto, eu estava morrendo de sono.

*

– Gustavo! Gustavo! – Ouvi alguém gritando meu nome, demorou um pouco para que eu saísse daquele meu estado de “zumbi” e reconhecesse aquela voz, era minha mãe.

Eu me levantei com muita preguiça e abri a porta, ela estava toda suada... mas, estava fazendo muito frio. Sua expressão de pavor foi o que mais me deixou preocupado, não tardei de perguntar o que estava acontecendo.

– É a Andressa! A Andressa... ela... foi atravessar a rua para ir a padaria e um motorista bêbado não olhou o sinal... – Minha mãe nem tinha terminado de falar e meus olhos já tinham se enchido de lágrimas

Meu pai dirigiu até o hospital, minha mãe teve que ir no banco de trás comigo porque eu não parava de chorar.

*

Fazia um ano que Andressa estava morta, um ano que fiquei sem o aquele sorriso perfeito e meiguice... Eu sentia falta dela mais do que tudo, justamente por isso meus pais me mandaram para Munique na Alemanha, para esquecer. Esquecer do Brasil, esquecer de Andressa, esquecer de tudo e apenas me concentrar em seis meses que eu teria de folga da vida.

Quando desci em um aeroporto de Munique, eu estava cansado e arrasado. Só o pensamento de ter que esperar a confirmação de meu visto... Argh!

Peguei um táxi e dei as instruções sobre o endereço em inglês, o motorista me entendeu perfeitamente e puxou papo comigo naquela língua. Pensei nos taxistas brasileiros que nem falam o português direito. Alemanha um, Brasil zero.

Meu novo apartamento em um prédio grande no centro de Munique, claro que eu estava dividindo esse apartamento com mais quatro pessoas, só não sabia quem elas eram. Quando cheguei e toquei a campainha, fui surpreendido por uma garota mal-humorada que atendeu a porta. Ela usava apenas uma regata e calcinha, ambas pretas, tinha a maior cara de sono do mundo.

Guten Tag? – Ela disse enquanto eu estava meio perdido observando o corpo exposto dela.

– Ahñ... – Não consegui falar nada, ela revirou os olhos e jogou o cabelo longo e loiro encima do ombro esquerdo.

– Você é o brasileiro né? – Seu inglês era afinadíssimo – Sou Nicole, mas pode me chamar de Nick.

– Ah... Oi Nicol... Nick! Meu nome é Gustavo.

Ela revirou os olhos e permitiu minha entrada na cobertura, eu não conseguia parar de olhar para todos os lados. Nick deveria estar achando que eu era um idiota.

– Seu quarto é o último do corredor, à esquerda. O Jensen e a Bernadette devem chegar logo e caso você não saiba, eles são as outras pessoas que dividem a cobertura com a gente. – Ela me olhou dos pés a cabeça – Agora eu vou dormir, até.

Fiquei observando, ela entrou no quarto ao lado de meu suposto quarto.

*

O lugar era pequeno, mas tudo bem. Como fui o último a chegar ao apartamento, era aceitável que o meu quarto fosse o menor. Arrumei minhas coisas o mais depressa que pude, eu só queria descansar daquela viagem. Estive bem perto de me deitar (bem perto mesmo!), mas meu descanso foi interrompido por batidas na porta do apartamento.

Fui abri-la e vi que não tinha ninguém do lado de fora, olhei de um lado para o outro do hall, nada. O elevador abriu sem ninguém lá, andei até bem próximo dele quando ouvi meu nome sendo berrado. Nick estava dentro do apartamento me olhando apavorada.

– Por favor, volta. – Ela pediu, aquele pavor não saíra de seu olhar.

Andei de volta para o apartamento com passos desconfiados, ela trancou a porta com cinco trincos (sem contar a fechadura) e olhou para mim em seguida.

– Vá dormir. Você teve uma viagem cansativa.

– Por que esse pavor? – Não resisti em perguntar

– Eu... tenho muito medo de ser assaltada, por isso essa porta nunca é aberta sem meu consentimento. Por favor, da próxima vez que isso acontecer pode me chamar. Sou eu que abro a porta, sempre foi. – Seu olhar era fixo no chão

Nick foi para a sala de estar e ficou sentada no sofá vendo TV, senti como se ela estivesse fazendo uma vistoria sobre mim para que eu não abrisse a bendita porta.

Voltei para meu quarto e dormi, dormi como nunca. Dormi sonhando com Andressa. Um sonho erótico com Andressa.

*

– Acorda. Acorda. ACORDA! – Abri meus olhos bem lentamente e me deparei com a imagem de Nick, agora usando calças jeans e camisa.

– O que foi garota? – Levantei-me contragosto

– Bernadette e Jensen chegaram, querem te conhecer. – E assim ela saiu do meu quarto

Olhei para meu próprio corpo quando senti algo molhado. Eu não estava só molhado, eu estava ensopado! Minha cama também e até o chão ao redor dela. O que tinha acontecido?

Coloquei outra roupa e segui em direção a sala de estar, lá estava um menino que me lembrou do Vin Diesel (até a careca ele tinha) e uma menina toda delicada com cachos negros, pele branquinha e olhos verdes. Eles estavam sentados no sofá conversando com Nick – que estava em pé –, falavam em outra língua (provavelmente alemão) e não consegui entendê-los.

A garota foi a primeira a me ver, sorriu e ficou de pé para me cumprimentar com um beijinho estalado na bochecha.

– Olá! – Continuou sorrindo – Sou Bernadette ou Dette ou Bernie. Pode me chamar como você quiser. – Ela apontou para o Vin Diesel II – Aquele é o Jensen, meu namorado. É um prazer ter outra pessoa para morar aqui conosco! Não é, Jensen?

Ele assentiu com a cabeça, alguma coisa me indicara que ele era um homem de poucas palavras. Dette virou-se para Nick e disse algo em alemão, como se não estivesse acreditando em algo que a mesma havia falado, Nick ficou nervosa e gritou algumas outras coisas.

Dette se afastou um pouco de mim e pediu para que eu me sentasse na poltrona ao lado do sofá. Só fiz o que ela pediu por causa do olhar fofo que ela me dirigiu em seguida.

– O que lhe trouxe a Munique, querido? – Dette perguntou com um sorriso maroto

– Ah, vim aqui para esquecer um pouco da minha vida no Brasil, arrumar um emprego... Vou ficar aqui por seis meses. – Retribui o sorriso

– E por que você quer esquecer-se de sua vida no Brasil? – Nick me olhou séria – O que aconteceu de tão horrível lá para que você quisesse tirar uma folga de seu próprio país?

– Isso é o que? Um interrogatório? Quero meu advogado se for assim. – Fiz graça, mas ninguém riu.

– Por favor, não faça piada. – Dette ficou um pouco mais séria – Isso é sério... Responda.

– Ok então. Minha namorada morreu no ano passado e eu entrei numa crise depressiva, meus pais me mandaram aqui para que eu a esquecesse. E agora? Posso ir embora para meu quarto senhores detetives?

Os três se entreolharam e assentiram. Voltei para meu quarto e comecei a secar tudo o que havia molhado enquanto pensava que teria que conviver seis meses com aqueles loucos. Quem eles pensam que são para se atreverem a me perguntar esse tipo de coisa tão pessoal? Eles não têm o direito de se meterem em minha vida e não sou eu que os darei o direito de continuarem a se meter.

*

Munique era uma cidade muito bonita, levou uma semana para que eu a conhecesse completamente e me fascinasse mais pela história da Alemanha. Mal via os meus colegas de apartamento, Bernie e Jensen acordavam bem cedo e iam para um curso de eletrônica que faziam juntos, já Nick parecia ficar sempre acordada com o olhar fixo na tevê da sala de estar.

Simplesmente a ignorei a semana inteira, mas senti seu olhar profundo me perseguindo por todos os lugares. Até quando eu estava a dois quilômetros da casa podia ver seu olhar me perseguindo.

Em pleno um sábado, minha mãe me ligou.

Oi amorzinho! Como meu bebê está?

– Muito feliz pelo fato dos colegas de apartamento dele não saberem falar português nesse momento. – Olhei para trás, eu estava encostado no parapeito da janela da sala de estar, atrás de mim estava o sofá onde Jensen e Dette estavam sentados, discutiam sobre alguma coisa, mas não prestei atenção no que era.

– E então... Como vai a vida de meu menininho em Munique? Arrumou um emprego ou algo assim?

– Na verdade, ainda não. Gastei essa primeira semana para conhecer a cidade, é um lugar bem interessante mãe. Segunda já vou partir a procura de um emprego.

Ótimo filho! Sabe, estou te ligando porque queria saber uma coisa... Quando você estava aqui, ouvia constantemente um barulho de rangido vindo de seu quarto?

– Ah, esse barulho? É um dos galhos da árvore ao lado do prédio que se esfrega no vidro da janela.

Mas, filho... Eles cortaram essa árvore há duas semanas antes de você partir...

Nesse instante lembrei-me desse pequeno fato, depois que cortaram a árvore eu continuei a ouvir aquele barulho, mas ele sempre começava na madruga então o sono não me deixava assimilar as coisas direito. Fiquei quieto e observei Nick saindo do quarto e parando na minha frente. Olhei fixamente para seus olhos profundos enquanto minha mãe continuava a falar.

E também tem outra coisa... Anteontem seu pai foi conferir o que fazia esse rangido e encontrou uma mancha meio estranha no seu edredom, eu acho que é tinta, mas seu pai disse que a textura é muito parecida com sangue... – E a ligação caiu

Nick me olhou de forma diferente, ela tinha entendido a conversa... Eu tenho certeza disso. A pior parte não foi o fato de ela ter entendido a conversa e sim porque ela parecia saber o que estava acontecendo, mas não queria me falar.

*

No domingo de manhã abri a porta do quarto de Nicole sem mais nem menos, a encontrei de camisola sentada na cama com um notebook no colo. Observei o quarto dela, era tudo meio sinistro. As paredes deviam ser brancas, mas eram tomadas por uma grande estante de madeira que cobria três delas, apenas a parede onde a cabeceira da cama ficava encostada (logo embaixo da janela) é que tinha algo que não era uma estante, um guarda-roupa da mesma madeira, imenso daqueles grudados nas paredes que contornava a cama.

As estantes estavam recheadas de livros, muitos títulos em alemão e apenas alguns em inglês. Os livros com títulos ingleses sugeriam ser sobre espiritismo, uma coisa meio estranha para uma jovem de dezoito anos se interessar.

– O que faz aqui? – Ela deixou notebook de lado e me fitou

–Ahñ... Eu... Eu...

Nick se levantou muito rápido e surgiu na minha frente em um piscar de olhos, ela andava enquanto eu dava passos para trás me distanciando.

– Escuta aqui, eu não sei como são as coisas na sua casa, mas aqui temos regras. A primeira é não abrir a porta quando estiver alguém batendo, que você já sabe e está seguindo direitinho, parabéns. A segunda é não entrar no meu quarto sem minha permissão, está me entendendo? – Fiz que sim com a cabeça – Ótimo! Passar bem! – E assim ela bateu a porta na minha cara, eu não tinha percebido que já estava no corredor.

Ao olhar para o lado vi que Dette tinha observado toda a cena e me lançou um sorriso cúmplice. Ela me chamou para seu próprio quarto, que também era o quarto de Jensen. Parecia um quarto de casal comum, não vi nada de mais.

Ela se sentou na cama com pernas cruzadas ao lado do namorado, Jensen lia deitado em seu lado da cama. Tomei posse da beirada da cama e Dette ergueu o olhar verde sobre mim.

– Nick é meio difícil de conviver né? – Ela disse – Mas você precisa entender que ela é alemã, aqui as crianças são criadas sobre a pressão de regras muito rigorosas. Por isso ela é cheia de regras, precisamos entender o lado dela.

– Ora, vocês não são alemãs também? – Dette soltou uma leve risada

– Não, não... Eu sou inglesa e o Jensen é irlandês, não percebeu pelo meu jeito meio diferente de falar o inglês comparado a Nick? Só sabemos falar alemão porque estamos aqui há dois anos.

Honestamente, meu inglês não é lá essas coisas, assim como minha habilidade de percepção (que é um lixo, aliás). Sem contar que nunca ouvi uma palavra saindo da boca de Jensen, então foi meio difícil de comparar o provável sotaque dele com qualquer outra coisa.

– Sabe, desde o dia que eu abri a porta sem o “consentimento” dela... as coisas mudaram. Ela foi meio grossa quando me recebeu, mas agora está sendo grossa e fria. – Comentei, Jensen e Dette se entreolharam.

– Como eu disse, ela não é uma pessoa de fácil convivência Gustavo. As regras precisam ser seguidas senão algo muito ruim pode acontecer, acredite em mim, elas são necessárias assim como esse jeito de Nick. Simplesmente finja que nada está acontecendo, que as coisas estão normais porque elas estão. É só Nick que acha que não estão e você não vai querer contrariá-la...

– Como assim as coisas não estão normais? – Se aquilo fosse um desenho animado, minhas pupilas estariam em formato de ponto de interrogação.

– Eu não sei, mas ela vê coisas. Coisas relacionadas a pessoas mortas, fantasmas e essas loucuras. Os pais dela nunca falaram nada com a gente relacionado a algum problema mental que ela possa ter, então eu e Jensen achamos que ela é simplesmente louca mesmo. Apesar disso, ela é dona de 50 % desse apartamento porque o pai dela paga metade do aluguel, como podemos chegar para ela e falar as verdades? Não dá.

Naquele momento vi a verdadeira Dette, aquela que julguei tão boazinha... era uma falsa e aproveitadora. Não deixei que aquela conversa continuasse e fui para meu quarto, queria que a muda da casa fosse Bernadette e não Jensen.

*

Quando a noite chegou senti que meu sono não viria mais, era como se o mundo tivesse conspirado contra mim para fazer muito barulho nas ruas durante meu horário de dormir. Olhei para o despertador encima do criado-mudo, eram três da madrugada em ponto. Foi aí que as coisas começaram a ficar estranhas.

Ouvi alguns barulhos de passos no corredor, mas não deixei que aquele alto som me tirasse da cama. Os passos viraram pés muito pesados, como se alguém estivesse correndo por lá. Olhei para minha porta, ela estava fechada, mas sua maçaneta começou a girar e em um “click” a porta abriu de uma vez. Parada naquela porta estava Andressa, com um olhar morto e pele extremamente pálida. Vi insetos rodeando seu corpo e algumas partes do mesmo faltavam ou estavam apodrecidas.

Um grito apavorante saiu pela minha boca e a imagem de Andressa desapareceu no segundo que a luz do corredor foi acesa. Nick apareceu na porta de meu quarto, ela suava.

– Você a viu? – Ela perguntou, assenti com a cabeça. Minha feição de horror ainda continuava firme e forte – Droga...

Ela saiu correndo e voltou no segundo seguinte com uma garrafa cheia de água e uma bíblia. Começou a recitar palavras estranhas, que reconheci como latim enquanto jogava a água daquela garrafa em todos os cantos do quarto, principalmente em mim. Foi aí que descobri o porquê eu havia amanhecido ensopado há alguns dias.

– O que você está fazendo? – Perguntei ainda apavorado com o que tinha acontecido momentos antes

– Água benta. Se eu espalhar isso pelo quarto ela não vai poder entrar... ao menos não vai poder entrar essa noite. – Ela voltou a falar latim e terminou de espalhar a água – Pronto.

Ela se sentou na beirada de minha cama e ficou me encarando, continuei completamente apavorado por tudo o que havia acontecido.

*

– Já são seis da manhã. – Nick disse, ela olhava para meu despertador – Vou voltar para meu quarto.

Eu a obriguei a ficar no meu quarto a noite inteira porque fiquei apavorado com a ideia daquela coisa voltar para me assombrar. Não preguei o olho pelo resto da madrugada por puro medo, Nick ficou apenas me olhando como se aquela situação tivesse sido uma coisa SUPERNORMAL na vida dela.

– Não! E se aquela coisa reaparecer?! O que será de mim?! – Enfiei os dedos pelo meu cabelo e me sentei na cama, olhando para baixo.

– Aquilo, no caso, só reaparecerá de noite. De dia você sempre vai estar protegido. – Ela se levantou da poltrona onde estava sentada – Agora, pelo amor de Deus, se arrume e vá arrumar o tal emprego que prometeu para sua mãe que arrumaria. Tenho pesquisas para fazer.

Então ela realmente tinha entendido minha conversa com minha mãe, como? Eu não sei.

Saí de meus devaneios quando a porta de meu quarto foi fechada, era isso. Eu estava sozinho. Levantei-me e fui para o banheiro (andei nas pontas dos pés pelo corredor) e tomei um bom banho quente, aquilo me acalmava. Ao sair do chuveiro com a toalha ao redor de minha cintura, percebi que o espelho estava embaçado. Quando o limpei com a mão mesmo vi que atrás de mim estava aquela coisa...

Fiquei paralisado enquanto vi pelo espelho a coisa passando os braços ao meu redor e os insetos que tomavam conta de suas feridas andavam pelo meu corpo.

Gritei alto e me agachei.

A porta do banheiro foi aberta em segundos, era Jensen. Olhei para meu próprio corpo, nenhum inseto, atrás de mim não havia nada. A única sequela da existência de aquilo foi a marca vermelha que ficou no lugar onde ela tinha passado os braços.

– O que aconteceu? – Nick apareceu atrás de Jensen

– Ele gritou. Muito alto. – Disse o “mudo”

Nick se ajoelhou ao meu lado e passou a mão pela marca vermelha.

– É, não posso te deixar sozinho mesmo.

*

Nick me seguia pela casa como se fosse um cachorrinho, ela não me deixava sozinho (apenas quando eu ia ao banheiro, mas ela ficava do lado de fora me esperando). Com aquela aproximação eu percebi que ela não tinha nada para fazer o dia inteiro e não parecia nem um pouco revoltada com o tédio, muito pelo contrário! Encarar as paredes por horas era uma grande diversão para ela!

Por algum motivo, não perguntei uma coisa muito importante para ela (eu fiquei meio apavorado durante a semana que se passou para pensar sobre isso) e em uma noite no quarto dela (onde eu estava dormindo agora, só que em um colchão ao lado da cama) me peguei pensando sobre esse assunto.

– Nick? – Chamei

Ela gemeu em sinal de um sono interrompido.

– O que foi Gustavo?

– Como você sabia?

– Como eu sabia sobre o que?

– Como você sabia que aquilo estava me atacando? Como você sabia da existência de aquilo? Como você sabia como combater aquilo? Como você sabe sobre esse tipo de coisa? – Todas as perguntas foram saindo rapidamente pela minha boca

Vi uma movimentação no colchão da cama, ela ficou de pé e pegou um dos livros das estantes. Não tinha nada escrito na capa, era apenas um livro de capa dura e preta. Nick abriu um dos guarda-roupas e pegou uma lanterna de lá, andou até meu lado e se sentou no chão. Fiquei sentado no colchão olhando ela ligar a lanterna e abrir o livro.

Tudo era escrito a mão em uma letra impecável, com algumas imagens e matérias de jornais recortadas. Ah, e também era tudo em alemão.

Doze de novembro de dois mil e um, garota de seis anos é encontrada viva em Berlin depois de um grave acidente de carro onde seus pais (um casal não identificado) morram na hora. A menininha, depois de desperta, se autoidentificou como Nicole, mas não soube dizer quais eram os nomes dos pais (só os conhecia como “papai” e “mamãe”). A criança foi acolhida pelo Padre Apollinaris, padre de uma das igrejas mais famosas e visitadas da cidade de Munique. Ele mesmo declarou sobre a criança: “Essa pobre alma precisa de um lugar na santa casa de Jesus, onde poderá crescer e viver em melhores condições com outras crianças acolhidas por mim. Creio que Nicole terá uma vida feliz, pois nunca deixarei nada faltar para ela.”. – Assim que Nick terminou de traduzir a matéria e levantou o olhar para ver minha reação, percebi que estava a encarando – Gustavo, esse foi apenas o início de minha história com meu pai de criação. Isso é um diário que ele escreveu relatando sobre tudo o que aconteceu em minha vida porque ele sempre me achou uma criança “especial”. Agora, depois de ver essa sua reação, não tenho certeza se você vai querer que eu continue lendo isso. A escolha é sua.

Balancei minha cabeça positivamente e ela sorriu, deu-se início a uma noite sobre a vida de Nicole.

*

Primeiro de dezembro de dois mil e um

Nicole está se adaptando muito bem a igreja, as crianças a adoram e as freiras também. Classifico-a como uma garota que gosta de tudo, se interessa pelo aprendizado e ainda é muito saudável! Porém, continuarei a observar ela e suas atitudes, ainda é meio cedo para definir se o acidente deixou alguma “sequela” espiritual nela.

Vinte de janeiro de dois mil e dois

Pelo o que foi-me informado, hoje foi o aniversário de sete anos de Nicole. Como sempre, ela ficou feliz. Preparamos um bolo de chocolate com morango (o favorito dela) e ela agradeceu mais do que tudo! Essa menininha é muito gentil! Creio que não há mais possibilidades de uma sequela espiritual, pois já se passaram quase dois meses do acidente e ainda não tivemos um acontecimento estranho relacionado a ela. (Ela está me chamando de “papa”, que gracinha!).

Dezoito de abril de dois mil e sete

Há um mês tivemos o infortúnio do falecimento da Freira Genovena, ela foi uma segunda mãe para Nicole e a mesma ficou muito triste com a morte da tal. Agora Nicole está com doze anos e perdeu um pouco daquele brilho interior que tanto relatei nos cinco anos que ela esteve aqui. Perdeu o apetite, emagreceu muito e agora se distancia das outras crianças da igreja.

Sete de outubro de dois mil e sete

Como suspeitei desde o início, Nicole teve sim sequelas espirituais. Hoje de manhã amanheci com a garota brincando no balanço, mas ela insistiu que não brincava sozinha porque a Freia Genovena estava a balançando como fazia antes de morrer. Realmente senti a aura de Genoveva rondando por ali, como se a senhora estivesse lá. Agora terei que observar melhor Nicole e ver até onde suas habilidades chegam.

Vinte e quatro de março de dois mil e dez

Nicole realmente mostrou que tem habilidades não apenas espirituais, mas sobrenaturais. Sua primeira menstruação foi há poucos meses e desde então ela consegue decifrar as pessoas, ouvir seus pensamentos e ver espíritos a toda hora. Começo a ficar preocupado porque ela não consegue mais dormir, alega que espíritos de crianças rondam sua cama e a cutucam. Nicole está ficando muito fechada e triste, a menininha feliz foi embora para sempre.

Seis de setembro de dois mil e dez

Hoje levei Nicole para falar com o médium e exorcista Padre Maxuel, ela não demonstrou muita felicidade ao conhecer o padre, mas ainda sim aceitou ouvir seus conselhos. Fiquei do lado de fora da sala do Padre Maxuel e quando Nicole saiu ela trouxe consigo uma bolsa um pouco grande. Agradeci a ajuda do padre e a levei de volta a igreja sem questionar o que tinha dentro daquela bolsa.

Oito de agosto de dois mil e doze

Nicole continuou a ver os espíritos, mas agora está mais calma que antes. Com minhas economias comprei 50% de um apartamento para ela dividir com outras pessoas que vêm a Munique para estudar. Ela está no meio de um estudo espiritual e depois pretende voltar a estudar matérias humanas para cursar psicologia. Espero que tudo dê certo para Nicole, sua vida realmente foi-me e é um presente.

*

Quando Nick terminou de ler vi uma lágrima no canto de seus olhos, eu ainda estava tentando absorver tudo o que ela havia lido para mim (para falar a verdade, ela meio que resumiu, o Padre Apollinaris escrevia todos os dias e ela resolveu me contar apenas as partes importantes).

– O papa morreu há pouco tempo, por causa de um súcubo que me persegue desde meus quinze anos. – Ela nem precisou ficar de pé para tirar outro livro da estante e me mostrar a imagem de uma mulher em uma das páginas, ela era muito bonita, porém medonha – Isso foi o Padre Maxuel que me deu quando a monstruosidade apareceu em minha vida. Súcubos são demônios que entram no sonho dos homens a fim de roubar a sua energia vital por meio de uma relação sexual imaginária. Essa coisa que me persegue, da qual eu apelidei de Verfluchen, tem ódio de mim por causa de meu pai... O provável único homem que ela não conseguiu seduzir.

– Como você sabe disso?

Súcubos são vingativos, principalmente em relação aos homens que não corresponderam as suas seduções. A vingança dos mesmos sempre é a morte de tais homens e se eles tiverem família... Sua família também. – Ela leu – Depois que ganhei isso, foi fácil deduzir que Verfluchen causou esse acidente e me odeia porque não morri. A pior parte para ela é que não pode fazer nada contra mim pelo fato de eu ser mulher, súcubos atacam apenas homens.

– Mas ela não poderia causar um acidente como fez para matar sua mãe?

– Sim, mas por acaso você já me viu saindo desse apartamento? A única forma que ela teria de me matar seria pelo elevador, mas eu não saio daqui de dentro.

Olhando para a imagem da mulher medonha que estava no livro e olhando para Nick em seguida, vi uma dúvida formar em minha cabeça.

– Por que ela está me perseguindo então? O que eu tenho a ver o essa história toda?

Nick suspirou.

– Gustavo, se ela não pode me matar e me odeia... – Acho que ela ficou esperando que eu respondesse porque demorou um pouco para terminar a frase – é óbvio que ela vai tentar matar os que estão a minha volta! Siga essa linha de pensamento lógica! A pior parte é que ela só te seduziu uma vez e viu que isso não funcionária quando eu entrei em seu quarto e joguei água benta em você, agora ela está fazendo aparições fantasmagóricas que estão te deixando assustado.

– Então por que ela não possuiu o Jensen? Ele é homem e mora com você.

– Porque ele tem uma namorada.

– O fato de o seu pai ser casado impediu Verfluchen de tentar seduzi-lo? O fato do seu “papa” ser um padre impediu ela de seduzi-lo? – Ela me olhou como se eu fosse um gênio, o que eu estou longe de ser.

*

No dia seguinte ela me acordou quatro horas da manhã e ficamos sentados no sofá, vendo a TV fora de área. Nick ainda estava de camisola e com uma bolsa lateral, segurava a alça da bolsa com muita força.

De repente a TV apagou e o abajur – antes ligado – também, segundos depois um vulto aparece no corredor. Quando meus olhos se adaptaram a escuridão vi que era Bernadette, fiquei aliviado.

– O que vocês estão fazendo? São quatro e quinze! – Ela reclamou

Nick ficou de pé e a encarou, séria.

– O que você faz aqui Bernadette?

– Eu ouvi o guinchado da TV fora de área e acordei! – Ela cruzou os braços, eu gelei.

– A TV estava no mudo... – Quando disse isso, Nick colocou a mão dentro da bolsa e jogou uma coisa branca em Bernadette, na hora identifiquei aquilo como sal.

Quando o sal tocou sua pele, Dette começou a queimar como se Nick tivesse jogado algum ácido nela. Eu me levantei e dei vários passos para trás, ficando grudado na parede enquanto via o que Bernadette estava se transformando.

Sua pele caiu e era como se a carne embaixo dela estivesse totalmente podre e negra, os olhos vermelhos com íris negras davam-lhe um ar muito mais assustador, seu cabelo caiu e em seus dedos (tanto os da mão quanto os do pé) cresceram garras horrendas.

Ela olhou para Nick e com um rugido (que mostrou suas presas enormes, era como se todos os dentes dela fossem caninos de cachorro) fez com que ela voasse pela sala e batesse com tudo na parede ao meu lado. Então, ela olhou para mim e começou a rastejar em minha direção.

Nick jogou mais sal nela – que começou a queimar instantaneamente – e nós dois saímos correndo enquanto o monstro estava distraído com sua própria dor. Trancamos-nos no quarto de Nick, onde Bernadette demoraria a entrar.

– A. Bernadette. Monstro. O que?! – Eu ainda estava tão apavorado que não tinha muita dicção

– Estava óbvio o tempo inteiro Gustavo! – Nick falava enquanto espalhava sal e água benta no chão de frente a porta – Bernadette não me é um rosto estranho, já a vi na igreja muitas vezes quando criança e me recordo de ela ser minha babá na época em que meus pais eram vivos! É ela! Ela é a Verfluchen! Ela é a maldição de minha vida!

De repente bateram com tanta força na porta que ela foi arremessada e bateu contra Nick e eu. Verfluchen olhou para o chão e viu aquela mistura feita por Nicole, então simplesmente andou pelo teto e ficou de frente a Nick e eu (que estávamos caídos encima da cama com a porta ainda sobre nós). Ela simplesmente fez com que a porta virasse pó e olhou para mim, de repente sua forma mudou.

Andressa...

– Guto, o que está acontecendo? Amor, onde eu estou? – Ela perguntou com sua típica inocência

Nick esbugalhou os olhos e disse alguma coisa, mas era como se o mundo inteiro tivesse sido colocado no mudo, menos Andressa. Empurrei levemente Nicole e vi o desespero em seus olhos quando a ignorei completamente, comecei a andar de volta para Andressa que nesse momento estava com os braços abertos esperando por um abraço.

– Eu te amo Guto. – Ela sorriu de forma doce

Eu estava prestes a abraçá-la quando vi uma coisa que me chocou, seus olhos não eram azuis como sempre, eram verdes-água... quase azul, mas não era. Nesse momento senti a bola de vidro que desligou o volume do mundo quebrando e Verfluchen começou a voltar para sua verdadeira forma.

Ela estava deteriorando e gritando coisas em latim enquanto eu apenas observava sua morte. Quando senti ela agarrando em meu pé, soube que aquele não era o final.

– Gustavo! – Olhei para trás, Nick me arremessou algo longo e enrolado por um grande pano que o cobria totalmente.

Depois de aparar tal coisa enquanto chutava o rosto de Verfluchen (que àquela altura já havia me derrubado), desenrolei o pano e descobri que o que ele cobria era uma espada. Uma grande espada de prata brilhante com um punhal dourado.

Sem pensar duas vezes peguei a espada e finquei na cabeça de Verfluchen... Ela soltou um grito aterrorizante e começou a se debater depois de soltar minha perna. Ela tentava tirar a espada fincada em sua cabeça, mas estava em uma forma tão deteriorada que os curtos braços não alcançavam a grande cabeça achatada.

Corri para Nicole e a abracei, estávamos com medo do que iria acontecer.

Verfluchen começou a tremer como uma bomba antes de explodir, mas ao invés de fazer “cabum” ela aparentou apenas virar névoa e sumir.

Naquela altura eu estava bem próximo de Nick e nossas respirações se debatiam, escorregamos até o chão e ficamos ali não acreditando no que havia acontecido.

Demorou dias para eu perceber o quão íntimo tinha sido aquele momento, mas não era com intimidade que eu me importava e sim com o fato de ter sobrevivido.

*

Os meses passaram voando, mal consegui assimilar tudo o que a Alemanha tinha me dado.

Depois de fazer Verfluchen desaparecer, Nick descobriu que Jensen não passava de uma pobre alma já falecida há muito tempo e que ficou muito agradecida por ter sido liberta das garras de Verfluchen. Sem contar que os pensamentos tristes que eu tinha com a ida de Andressa simplesmente se foram, era como se só nossos bons momentos tivessem restado em minha mente.

As aparições em minha casa eram de Verfluchen também, quando meus pais determinaram o lugar onde eu ficaria (umas semanas antes de minha viagem) ela começou a me assombrar lá em casa, mas sem fazer aparições óbvias. Porém, tudo por lá havia voltado ao normal agora.

Voltamos à igreja onde Nick havia sido criada e vimos que Bernadette realmente aparecera em muitas fotos ao lado de Nick. Ao revistar o caderno do papa ela viu que ele citara uma menininha que Nick amava brincar, Barbara, e logo abaixo uma foto meio borrada da mesma.

A melhor coisa de tudo isso foi ver que Nick estava voltando a ser a garota que o papa tanto falava em seu diário. Ela sorria e cantarolava por aí, saía de casa e conversava com as paredes... Ops, almas! Ela conversava com algumas almas e estava sempre disposta a ajudá-las a resolver casos pendentes.

No dia de minha partida ela me acompanhou no aeroporto e realmente pareceu triste com minha volta.

– Aaah! Não vai não Guto! A Alemanha vai ficar chata sem você! – Ela fez biquinho

– Quê isso pequena? Se você chorar eu também choro! – E baguncei o cabelo dela

Nicole ficou com raiva e ajeitou o cabelo de novo, olhando atrás de mim e depois para o chão.

– Acho que o seu voo já vai. É melhor se apressar, sei que você está doido para ver seu pai e sua mãe.

– É... Então, um último abraço? – Eu estendi os braços

Ela sorriu e veio me abraçar, entrelaçamos uma das mãos. Ficamos um tempo assim até o instante que ouvi aquele amaldiçoado “última chamada para o voo...”. Ela começou a se distanciar e se virou para ir embora, mas como uma de nossas mãos estavam entrelaçadas eu a puxei de volta. Dessa vez colei nossos lábios.

O beijo foi rápido e intenso, o suficiente para uma despedida.

Quando nos separamos observei uma fina linha de saliva que ligava nossas bocas, ambos estávamos envergonhados de olhar um para o outro.

Senti os lábios dela roçando nos meus e ela me entregou um papel com a mão que não estava segurando a minha. Depois disso, saiu andando para a saída do avião.

*

Abri o papel quando já estava no meio do voo, a pressão de o que poderia estar lá simplesmente não saía de minha cabeça, mas ao mesmo tempo não me deixou abri-lo antes. Ele era uma cópia, um Xerox do papel original.

Querida Nicole,

Quero dizer do fundo de meu coração que estou orgulhoso de você.

Sua mãe e seu pai também. Aqui, descobri que os nomes deles são Hans e Angela e que seu sobrenome é Robers! Seu nome completo é Nicole Aura Robers, Aura! Não é uma coincidência absurda?

Bem, Deus deixou que escrevêssemos apenas uma carta então vou deixar que seus pais continuem.

Saiba que te amo muito meu pequeno anjo e que sempre dou uma dura no seu anjo da guarda.

Beijos e braços

Papa

Amada Nicole,

Você não sabe como foi uma tortura para nós dois observarmos você daqui de cima sem poder protegê-la ou apoiá-la! Você cresceu e se tornou uma mulher linda e sábia... Gostamos muito do seu papa e o sobrenome dele combinou com o seu.

Querida, sua lembrança sobre nós pode ser pouca, mas quero que apenas se lembre de nossos sorrisos e do nosso amor por você! Sempre foi uma criança adorável e guerreira, nunca deixava que ninguém passasse por cima de você! O orgulho da família! Pena que sua avó e avô nunca ficaram sabendo do acidente...

Caso você não saiba querida, nos estávamos saindo da casa de seus avós que moram na Polônia. Tivemos uma briga com eles e um motorista bêbado acabou nos atingindo em cheio na estrada.

É querida, a vida não é tão sacana assim porque você teve uma criação maravilhosa com o papa, ele entendeu seu “poder” enquanto aposto que nós acharíamos que você estivesse doida.

Filha, quando der, ache seus avós e fique um pouco com eles.

Te amamos MUITO!

Mamãe e Papai

PS: Gostamos desse tal de Gustavo, vocês podem namorar.

Eu deveria rir, mas na verdade fiquei triste. Triste de saudade da Alemanha, mas eu sabia que aquela não seria a última vez que eu a veria, nem a última vez que veria Nicole Aura Robers.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler ♥



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