Jacob dormia profundamente no quintal, recoberto pela neve, em sua forma de lobo. Aproximei-me dele e me deitei ao seu lado, aproximando-me de seu pêlo para ficar aquecida. Ele se remexeu um pouco, e temi acordá-lo. O frio começou a ser substituído pelo calor e eu estava quase pegando no sono quando ele acordou.

Rapidamente foi para trás de uma árvore, voltando como humano e devidamente vestido.

– Nessie! Você vai ficar doente se continuar aqui na neve...

Sem que eu tivesse tempo de retrucar que só queria passar um tempo com ele, Jacob me levou para dentro de casa e me colocou em frente à lareira. Deitei em seu colo, olhando suas linhas de expressão de preocupação comigo.

Deixei minha mão ir até seu rosto e passar a ele uma imagem de nós dois sorridentes e brincando de anjos de neve.

– Por favor, Jake...

– Sua segurança vem em primeiro lugar, Nessie... Se você ficar doente, seu pai irá me matar. Se quiser mesmo brincar, deve pegar mais uns três casacos.

– Mas, Jake!

Ele colocou um dedo em meus lábios, calando-me.

– Além do mais, ouvi seu avô conversando com seu pai sobre uma visita inesperada... - Ele parou e ansiei que ele me contasse mais.

– Não. Será uma surpresa, e não será legal se eu estragar te contando agora.

– Jake... Sabe que eu não gosto que guarde segredos de mim! - Levantei o tom de voz, na falha tentativa de repreendê-lo.

– Nunca esconderei segredos meus de você, Nessie. - Ele falou sério. Então, ele suavizou sua expressão. - Mas esta é a questão. Não é um segredo meu.

Vendo que não conseguiria extrair mais nada do lobo cabeça dura, subi para meu quarto, e enfiei três casacos sem nem olhar as cores. Tia Alice teria um ataque se soubesse disso. Olhei-me no espelho, e por um momento me imaginei como um botijão de gás. De qualquer forma, Jacob disse que eu estava maravilhosa. Grande mentiroso.

Passamos o resto da tarde nos divertindo ao fazer anjos de neve. Quando comecei a espirrar, Jacob me pegou no colo e me levou para casa, no caminho, melhorei em virtude do calor desprendido de seu corpo.

Meu pai estava parado na porta e quando espirrei, começou a encarar Jacob fixamente.

– Nessie, querida, é melhor você tomar banho. Vamos visitar seus avós e tios mais tarde.

Quando eu fui para o banheiro, parei no meio do corredor para tentar escutar a conversa deles. Aparentemente, Jacob também fora convidado para esta noite, claro que após ser repreendido por me deixar ficar gripada. Quase pulei de felicidade, se não estivesse com as pernas praticamente congeladas.

Quando entrei na casa de meus avôs, estava com as mãos entrelaçadas nas de Jacob, á procura de segurança, pois não sabia o que iria encontrar aqui. Olhei para as paredes, para o chão, e não achei nenhuma mudança. Finalmente olhei para as pessoas. Havia três adolescentes entre meus tios. Minha tia Rosalie me apresentou à Natalye e Alexander enquanto meu tio Jasper me apresentou a Bárbara. Quando soube o que meus tios haviam feito fiquei muito feliz, principalmente por tia Rosalie.

Mamãe me contara o quanto ela sofria por não poder ter um bebê, e adotar parecia a solução perfeita... Exceto pela questão de nosso segredo. Será que eles um dia descobririam? Mas me esqueci destas questões quando comecei a conversar com meus novos primos, e descobri de cara que seriamos grandes amigos e aliados.

Bárbara era uma garota de cabelo castanho claro, olhos verdes e parecia ser tímida; ela aparentava ser muito querida. Já Natalye era um pouco parecida com a tia Rose quando humana: tinha um cabelo loiro volumoso, olhos azuis e se mostrou alegre e comunicativa.

Alexander era um menino de cabelo claro e olhos verdes, e parecia ao mesmo tempo curioso e animado. Fiquei feliz em saber que meus tios iriam matriculá-los em um colégio. Olhei para meus pais e meu avô Carlisle; será que eles me deixariam ir para o colégio também?

Como se lendo meus pensamentos, o que era muito provável; meu pai e meu avô me pediram para acompanhá-los até a sala de medicina improvisada minutos mais tarde.

– Querida, seu crescimento vem se tornando mais lento e se normalizando ao longo dos anos. - Meu avô falou.

– Acho que você pode ir para o colégio, mas deverá ficar na sala de Natalye e não de seus outros primos, pois eles ainda são muito novos para a idade que você aparenta. - Meu pai falou, tentando esconder um sorriso.

– Então, quer dizer que eu tenho permissão para ir para o colégio?

– Não há outro motivo que a impeça exceto seu crescimento. E como Carlisle constatou, isso não é mais um problema.

– Finalmente! - Pulei de alegria e abracei aos dois.

Meu sonho de agir como qualquer adolescente normal estava começando a se tornar realidade.