Secrets escrita por hectortoral


Capítulo 3
Casal Salva Calamitoso.




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Um homem careca, baixinho e gordo de cabelos castanho-claros, mas mesmo assim grisalhos emergiu de dentro da casa. Sua pele pálida, juntamente com o cabelo o dava uma curiosa aparência de desbotado.

“O que foi Catherine?” Disse o homem, revelando uma voz muito rouca, tal como se tivesse ficado a gritar horas a fio.

“Como o que foi? Joseph Wood está aqui! Não sei como, mas está aqui! Onde estão Julia e Steven? Vieram com você? Preciso devolver a seu pai um romance russo de mais de mil e treze ou treze mil páginas, não me recordo. É um livro e tanto! Carl, você ainda tem em mãos aquele dicionário da mãe de Joseph o qual eu recorri várias vezes enquanto lia ‘La Forza Del Destino’ ? Quando acabei de ler fiquei muito entediada, sabe? Não se tem muito o que fazer por aqui, por isso li o tal dicionário de Julia três vezes. Aprendi toda sorte de palavras, uma maravilha. Carl diz que foi uma completa perda de tempo, mas para mim, toda informação que abunda não faz mal.”

Joseph sentiu uma enorme vontade de perguntar: “O que tem a sua bunda?”, mas mudou de ideia, essa mulher poderia ser a única pessoa a acolhê-lo em quilômetros.

“Meus pais não estão comigo. Na verdade, achei que estariam aqui, nesta casa.” Disse Joseph.
“Onde estão eles, então?” Disse Catherine.

“Não sei, Me perdi deles logo após do incêndio que ocorreu em minha casa.”

“Incêndio, na mansão Wood?” Disse Carl. Arregalou os olhos e abriu a boca, em surpresa.

“Macacos me mordam! Tinha lido a respeito de um incêndio em uma mansão na cidade, mas não terminei de ler a matéria. Fui fazer as palavras cruzadas que vinham na página seguinte. Você sabia disso, Carl?”
“Obviamente que não, você sabe muito bem que o meu lema é: ‘A falta de notícias é uma boa notícia.’”

 

Entre todas as expressões ridículas que as pessoas usam w22; e as pessoas usam uma enorme sorte de expressões ridículas w22;, uma das mais ridículas é “A falta de notícias é uma boa notícia”. “A falta de notícias é uma notícia” quer dizer apenas que, se você não ouve contar nada de alguém, é porque provavelmente é tudo ótimo. E dá para ver imediatamente por que essa expressão faz tão pouco sentido, pois o fato de estar tudo ótimo é só uma de muitas e muitas razões pelas quais alguém pode não entrar em contato com você. Vai ver, a pessoa está amarrada. Talvez esteja cercada por doninhas ferozes, ou quiçá prensada entre duas geladeiras sem conseguir se safar. A expressão pode ser mudada para “A falta de notícias é má notícia”, a não ser no caso de pessoas que podem não conseguir entrar em contato com você porque acabaram de ser coroadas reis e rainhas, ou estão competindo em um torneio de quem come mais tortas de framboesa silvestre. A questão é que não existe meio de saber por que ninguém entrou em contato com você, até que entre em contato com você e se explique. Por essa razão, o sensato seria dizer: “A falta de notícias não é notícia”, a não ser pelo fato que a expressão é tão óbvia que dificilmente seria chamada de expressão.

 

“Vamos meu jovem, pule para dentro!” Disse o homem, interrompendo Joseph bem no meio de seus devaneios.

 

O garoto hesitou. Aposto que você sabe que são muito raras as vezes em que é uma boa ideia entrar na casa de desconhecidos, especialmente se a pessoa acredita em disparates como: “A falta de notícias é uma boa notícia”. Porém, nunca é uma boa ideia andar a esmo por uma paisagem seca, montanhosa e coberta por árvores sem uma folha sequer de galhos retorcidos.

Carl e Catherine, ficaram olhando para o menino com curiosidade,  esperando que entrasse. Este deu um passo vacilante para frente e determinado, entrou.

 

O hall de entrada era tão pequeno que mal poderia ser chamado de hall. Mal cabiam as três pessoas w22; Joseph, Catherine e Carl w22; ali. Havia um discreto cabideiro de madeira polida, onde estavam pendurados alguns casacos e um chapéu, um estranho objeto que mais parecia com uma cesta de lixo, onde estavam dois guarda-chuvas e um quadro, com um grande olho pintado e com diversos olhinhos gravados em sua moldura, se não estranha, elegante.

O primeiro a sair do cômodo foi Carl, que foi seguido por Catherine, que fez um sinal para que Joseph a seguisse. Subiram uma estreita escada de madeira velha, o que produziu uma orquestra de rangidos w22; o que não foi uma coisa muito boa de ouvir.

Após mais algumas dezenas de degraus, os três habitantes daquela casa chegaram a um andar onde havia uma grande estante com muitos e muitos livros, uma grande poltrona reclinável, um sofá de dois lugares, uma pequena mesinha com um vaso de flores mortas em cima e uma televisão antiga. No entanto, não foi em nada disso que Joseph prestou atenção. A primeira coisa que viu, quando ergueu os olhos do chão foi um porta retratos, semelhante àquela moldura do hall, cheia de pequenos olhinhos. Mas não foi nisso o que pasmou Joseph. Foi a foto, que continha seus até então desaparecidos pais, Carl, Catherine e uma série de outras pessoas que o garoto nunca tinha visto antes, com uma placa embaixo escrita:

 “Aos melhores tempos de C.S.C.”

 


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Notas finais do capítulo

_
ficou meio curto, mas tá aí ;_;



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