Ao acordar, pequei meu celular e verifiquei o dia. Não se passaram mais do que algumas horas. Não tem ninguém no quarto. Troco-me, coloco um short preto e uma blusa meio larga com estampa indígena, coloquei um tênis. E me dirigi à cozinha, para tentar comer algo. Que também estava deserta.

– J.A.R.V.I.S., você poderia me dizer se tem alguém na torre? – Pergunto.

–Não tem ninguém na torre Srta. Stark. Foram a uma base da S.H.I.E.L.D.

– Mas por que não me acordaram?

– Pois já devem estar retornando. Seu pai deixou um prato feito, com seu café da manha. E pede que a senhorita se alimente.

– Ok. Muito obrigada J.A.R.V.I.S.

Depois de alguns minutos tive que ir ao banheiro. Vomitei tudo o que tinha conseguido comer.

– Minha donzela não está conseguindo comer? – Diz uma voz estranha, mas por me chamar de donzela deve ser o tal Loki.

– O que você quer? – Tento me levantar, porém, meu corpo não responde. Estou presa de joelhos novamente.

– É adorável vê-la assim. De joelhos. Você quase me faz sentir algo por você e os “heróis”. Tão inferiores. – Diz ele com simplicidade.

Ele me pega no colo e me coloca sentada em uma cadeira. E põe as mãos em minhas coxas. Elas queimam como se estivessem ardendo em chamas. E se eu pudesse ficar tensa e mais imóvel com certeza eu estaria.

– Você se lembra? Por favor, diz que se lembra? – Diz ele sorrindo, um sorriso perverso.

– Sim. – Digo entre dentes. A dor aumenta e o sorriso dele também.

– Sabe, você foi a única que quando abusei eu não matei. Senti pena de você e do seu estado. Seu “pai” estava doente, não?

– É.

– Está doendo? Perdoe-me, não sinto nada. Mas não vou parar.

– Sei que não.

Ele ri. Ele me encara com seus olhos verdes, que são vazios, sem emoção alguma e muito frios.

– Acho que seu pai gostaria de saber sobre o nosso casinho, você não acha? – Pergunta ele com o mesmo sorriso. – Quero lhe perguntar uma coisa, e me responda com gentileza.

Meu corpo inteiro começa a se contorcer. Tento me controlar para não gritar, mas não consigo. Agora ele ri, gostando daquela cena.

– Você virá comigo no dia que eu precisar da sua ajuda, ou terei de raptá-la?

– Acho que você já sabe qual é minha resposta, Homem Rena.

– Mas quanta insolência! Venho aqui lhe fazer uma visita e você me trata assim? Seu “pai” não lhe ensinou bons modos?

– Aparentemente não!

Solto outro grito.

– Então eu posso lhe ensinar! Mas não hoje, eles já estão subindo. Eles chegaram antes do previsto, o computador super dotado do seu pai o avisou. Nos veremos logo. Não se esqueça de ler o outro bilhete que deixei em sua cama. – Ele afaga meu rosto e beija minha testa.

Os Vingadores entram e me encontram tremendo. A dor quase passou só minhas coxas que ainda ardem.

– Tudo bem, já está tudo bem! – Meu pai me coloca no colo dele, eu começo a chorar, não consigo mais conter as lagrimas, estou segurando elas há muito tempo. – Ei, ei... Briguenta... Não chora, por que assim você só vai me fazer ficar mais apaixonado por você! Assim você fica linda demais. Não... Não chore!

– Emma... Emma... Olhe para mim. – Diz o Capitão.

– Ei... O que pensa que está fazendo. Esse momento é meu picolé, vai arranjar uma filha para consolar. Essa já é minha.

Eu rio, a dor ainda é muito forte, contudo com meu pai mesmo falando sério eu não consigo não rir. E uma voz invade minha mente, Loki. E diz:

“Lembre-se não saia da linha. Eu sei dos seus sentimentos pelo Capitão, e sei que nenhum outro homem conseguirá ganhar seu coração. Também sei das intenções dele. É bom se cuidar, e se você ler o bilhete logo talvez eu faça parar a dor. Não esqueça que estarei te observando.”

– Pai, eu só quero que você me leve para o quarto. Estou cansada, e sim, depois eu te conto o que aconteceu.

– Só me diga o que aconteceu com suas pernas. – Pede ele. Ele está preocupado.

– Depois Sr. Stark.

Sou levada para meu quarto. Cubro-me, eles me deixam a sós. Encontro o bilhete. E o leio.

“Na próxima semana, vou buscá-la. Já que será a força (o que é uma pena, pois assim eu vou me divertir muito mais), espero que você grite e muito alto. Quero que seu pai e seu possível namoradinho (isso caso eu não te mate) ouçam sua dor e todo sofrimento que vou lhe causar. E espero que você conte direitinho o que aconteceu. Ah, minha donzela, estou ansioso para te ver novamente. Torço para que sonhe (ou tenha belos pesadelos) comigo.”

A dor passa. Vejo uma caixinha. Não é dele. Está nas coisas do Steve. O que será? Todavia, foi só pensar em descobrir que ele entrou no quarto.

– Posso lhe perguntar algo? Não é sobre o Loki. – Diz ele calmamente.

–Claro. – E bato no espaço vazio da minha cama, convidando-o a se sentar.

Ele senta e eu fico inquieta. Ainda não quero admitir que gosto dele. E não acredito que ele goste de mim.

– Você e o Matthew estão tendo algum caso? – Diz ele, quase atropelando as palavras.

– Não. Nós apenas conversamos bastante. Ele é um cara legal, posso dizer que tive uma quedinha por ele, porém nada mais que isso. – Tenho certeza que fiquei vermelha.

– Ok. – Diz ele passando a mão em seus cabelos, está nervoso.

– Por que quer saber?

– Hum... Sei lá, senti necessidade de perguntar. – Ele diz dando de ombros. Mas não diz olhando para mim e sim para a caixinha.

Ele dá uma olhada em mim, eu estou olhando para ele. E ele esconde aquela caixinha com o casaco. Ele parece estar suando frio.

– Mas aconteceu algo com ele? Que você me perguntou isso.

– Na verdade aconteceu sim. Como dissemos Loki está pegando, ou melhor, raptando agentes e pessoas próximas. Então... Matthew e os filhos dos cientistas foram pegos e... – Vejo o receio dele em continuar.

– Morreram? – Pergunto e um nó se forma na minha garganta.

– Não, porém... – Ele suspira, não quer continuar. – Loki os deixou fora de si. Ficaram loucos.

– Hum... E você disse que não tinha a ver com o Loki. – Solto um riso sem graça.

– Sim, eu disse. Não tinha a intenção. Você está bem mesmo?

Ele diz me puxando para perto, eu não tinha notado que estava tremendo, e me aninha no seu colo.

– Sabe, você não precisa fazer isso. É só que... meu corpo está bem debilitado – Minto, provavelmente o Homem Rena vai começar seu divertimento.

– Eu não me importo. – Diz ele afagando meus cabelos.

– Ok.

Eu cochilei, por meia hora. E meu pai entra fazendo barulho. Todavia, o que eu não tinha notado é que eu estava me contorcendo. E o Rogers estava tentando me segurar, mas pelo jeito não conseguiu fazer isso a tempo e ganhou um corte na testa.

– Filha... Filha... Me escuta. Vou injetar morfina, Banner e eu não sabemos mais o que fazer. Tudo bem? – Diz ele, mas eu não paro e ele não consegue.

E o desgraçado fala em minha mente:

“Não, não, não. Eu falei para se comportar, dou as costas um minuto e você já está nos braços dele? E você demorou demais para contar, agora está aí sofrendo. Você só faz com que eu me divirta mais, assim posso pensar que não me esqueceu. Conte, agora!”

– Pai... Eu preciso lhe contar o que aconteceu. – Digo entre dentes.

–Ele lhe pediu isso? – Falam os heróis em uníssono.

– Não me interrompam! – Todos ficam em silencio. – Ele apareceu na torre, quer que eu o ajude em algo. O que exatamente ele não me disse. Provavelmente o que ele quis dos que ficaram loucos. Ele também quer que eu conte sobre uma noite que...

Uma dor lancinante toma conta do meu peito. Ouço a risada dele. Quando falo não é minha voz que escuto. E sim a dele.

– Ah, meus caros, há quanto tempo não? – Eu grito. – É uma pena que ela seja sua filha, eu tinha planos melhores para ela. Sobre o que ela ia falar, posso lhes dizer que tivemos uma noite mágica aquele dia. Ela estava linda e o corpo dela é desejável por qualquer um.

“Vamos dizer que ela poderia ter sido abusada mais vezes, já que ela não se cuida muito. Contudo, eu sempre cuidei muito bem dela. Eu apenas não sabia que ela era sua filha Stark. Uma pena não ter conseguido engravidá-la, você não imagina como desejei isso. – Ele ri, vejo a raiva nos olhos de todos que estão em meu quarto. – Vocês se perguntam como eu apareci aqui? Ora, não é óbvio? Sou o Deus da Trapaça, tenho sempre meus truques. Estou me aprimorando, ficando cada dia mais forte. Dessa vez vocês não me deterão.”

Meu corpo padece no chão, enquanto minha consciência é levada para perto dele.

– Não quero adiar mais, irei buscar-lhe no dia depois de amanhã. Vou aliviá-la esta noite, mas esta noite apenas.

Eu volto. Meu corpo arde em chamas, minhas roupas parecem estar grudadas na pele, quando me mexo elas machucam os locais já sensíveis. Acho que nunca vou entender o conceito de "aliviar" que Loki usou agora.

– Tira... – Murmuro

– O que? – Barton diz.

– TIRA! – Grito.

– O QUE? – Agora meu pai faz o mesmo.

– Minha roupa!

– Nem pensar! – Meu pai fala, mas no instante que começo a gritar de dor novamente e chorar ele o faz. Agora estou só com as roupas intimas, as quais não me incomodam.

Rogers me solta e me deita na cama. A situação melhorou um pouco.

– Nós dormiremos no chão. – Dizem Barton, Rogers, Banner e meu pai.

– Hum... Eu posso ficar com você? – Diz Chase, fazia um tempo que não o via.

– Não. – Dizem Pepper e meu pai juntos.

– Claro. –Falo, ignorando os protestos.

E vou para o lado. A manta em baixo de minha pele é confortável, tentamos nos aproximar, mas as roupas dele me machucam. Ele tira a blusa para poder me abraçar. E eu durmo quase instantaneamente, mesmo com tantas pessoas me vigiando. Mas antes que eu não me lembre de nada Natasha sussurra em meu ouvido:

–Cuidado com o que está fazendo meu bem. Ele é perigoso, amanhã conversaremos. Eu achei os bilhetes, não que eles estivessem escondidos. Durma bem. – E beija minha testa.

Eles começam a discutir depois disso, porém eu já não os entendo mais.

Loki estava acabando com meu psicológico também. Pois essa noite ele deixou passando um filme da noite que me abusou, o que durou a noite inteira.