– Estava começando a me perguntar se teria que me sentar. – A morena se recostou no vidro que por sinal cobria toda a parede. Já se passara mais de duas da manha, porém a lua brilhava grandiosa acima delas. O teto, também de vidro da estufa numero dois, deixava com que a luz refletisse lá dentro iluminando as plantas e os olhos azuis da garota que havia acabado de chegar.

– Cogitei a idéia de não vir, mas quando percebi já estava aqui. – A loira mantinha certa distancia, na verdade tinha medo de que seu corpo lhe traísse se chegasse muito perto daquela garota, tão bela e tão exótica.

– Você me chamou aqui, seria idiotice sua não aparecer. – A morena desencostou da parede e começou a andar entre as plantas, certamente tentando desviar sua atenção da loira. Não seria a primeira vez que tinha de se policiar para não ficar encarando-a.

A loira continuou parada no mesmo lugar, em silencio. Enquanto admirava a garota que agora estava distante ela se perguntava como havia chegado aquela situação. Estava apaixonada pela melhor amiga de seu namorado.

– Você sabe que tem alguma coisa acontecendo. Tenho certeza de que sabe. Vejo o jeito que olha pra mim. Conheço amor quando vejo.

– Você esta errada!

A morena tentou mostrar firmeza na voz, mas certamente não soou como desejado pois a loira inclinou a cabeça para o lado como fazia quando queria dizer que estava certa, ela era extremamente adorável. Devia ser um crime ser assim, porque provavelmente ela seria condenada por estar se sentindo daquela maneira naquele momento.

– Veja! – Ela se aproximou de onde a morena de olhos puxados havia parado e lhe tomou as mãos, uma ela colocou sobre o coração da garota e a outra sobre o seu próprio coração. – Sente a sincronia? Como pode dizer que estou errada Mulan?

Mulan sentiu sua respiração parar quando Aurora a tocou, agora com as duas mãos em contato com a garota ela mal podia se mexer, nem se lembrava como. A mão que estava sobre o coração da loira ela arrastou devagar até seu rosto e começou a acariciá-lo. A pele dela era macia e quente. Seus olhos não se desviaram nem por um segundo. Aurora avançou sobre ela e a beijou. Um beijo ardente e proibido. Suas costas bateram em alguma coisa atrás de si, mas não se importou. Suas mãos migraram para a cintura da loira e seus beijos ficavam mais urgentes e suas respirações mais pesadas. Se impediu de continuar quando suas mãos chegaram a bunda da garota.

Ela se afastou de repente, assustada com o que havia acabado de fazer. Colocou a mão na cabeça que doía agora que ela havia percebido todas as consequências que aquele ato traria se alguém soubesse daquilo.

– Aurora, não podemos fazer isso. – Ela disse ofegante. Estava nervosa, isso Aurora pode perceber. – Phillip é meu melhor amigo.

– Eu sei, sinto muito. – Sua voz soava melancólica, o que fez o coração de Mulan parar de bater. Ela passou pela morena rumo a porta da estufa, deu uma olhada na lua acima de si, talvez desejando poder acabar com o que estava sentindo ou talvez só pedindo para que não fosse assim tão difícil amar alguém. – Você acha que algum dia...

– Um dia... Sim.

Ela pensou em lhe estender a mão ou até mesmo lhe dar um abraço de boa noite, mas duvidou que tivesse força de vontade suficiente para lhe soltar depois.

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A lua cheia brilhava intensamente acima delas. Ruby se apertava em sua capa, ainda se sentia insegura a respeito do poder do feitiço de Bae, tinha medo de que falhasse de repente e o lobo aparecesse, mas ela sentia lá no fundo de seu coração que nunca faria mal a Belle. Ela pensava em tudo o que havia conversado com Emma na noite anterior quando ela chegou falando que estava afim da Regina Mills, Ruby ainda não conseguia entender se aquilo era de verdade ou se era como na vez em que Emma viu George Weasley pessoalmente pela primeira vez e quase matou o cara com tantas perguntas e depois voltou pra escola dizendo que estava apaixonada. Ele certamente não se apaixonou por ela. Enfim, Emma com certeza estava em uma situação pior que a dela. Belle estava sentada na grama diante dela, tinha um livro aberto entre as mãos e um outro jogado a seu lado, lia algo sobre maldições de tempo. De vez em quando erguia os olhos para ver se Ruby estava lendo o livro que a mandara ler só para constatar que a garota nem mesmo tentava prestar atenção. Ela tinha o pensamento tão longe que Belle não se preocupou em tentar mandá-la estudar.

– Você esta me encarando.

– Como você sabe?

– Estou sentindo.

– Como poderia sentir que estou lhe encarando?

– Porque eu tenho super poderes.

Ambas riram

– Os trouxas tem uma coisa chamada ‘mutante’ é o que eles chamam as pessoas com super poderes. – Belle disse sem tirar os olhos do livro, como ela conseguia ler e falar ao mesmo tempo era um mistério para Ruby que mal conseguia olhá-la e pensar.

– Trouxas são estranhos.

– Nós somos estranhos.

– Eu gosto de pessoas estranhas.

– Por isso que você gosta de mim.

Ruby ficou ereta, sem saber o que falar ela simplesmente ficou calada. Aquilo havia sido uma indireta? Aquela podia ser sua oportunidade, não podia congelar não naquele momento.

– Sim eu gosto. Muito.

Belle tirou os olhos do livro, seus imensos olhos azuis fizeram o coração de Ruby acelerar. Seu instinto de lobo a mandou avançar, ela o acalmou.

– Acho melhor nós irmos, já abusamos muito da sorte. – Disse Belle já se levantando.

Elas caminharam em silêncio total pelos corredores desertos da escola parando em frente a entrada da torre da Corvinal. Belle sempre se perguntava porque Ruby a levava até lá, mas nunca fazia realmente a pergunta a ela.

– Bom, eu já vou indo antes que essa porta maluca comece com as perguntas e frite meu cérebro. – Belle riu se aproximando para um abraço. Todos os abraços delas demoravam mais que o necessário, mas nenhuma das duas achava aquilo ruim. Ruby se encheu com toda a coragem que tinha até mesmo a que não tinha e quando elas quebraram o abraço e seus olhos se encontraram Ruby a beijou. Não foi um beijo de novela, mas pra ela foi como se soltassem fogos de artifício dentro de sua barriga. Elas se separaram e Belle tinha os olhos arregalados e assustados. Antes que ela pudesse se recuperar Ruby já tinha se virado e ido embora.