Time of Love escrita por Spaild


Capítulo 1
Capitulo um: Sob o céu estrelado


Notas iniciais do capítulo

A música contida na história é Stop Falling da Pink, quem quiser ouvir enquanto lê, ou quem quiser ler a tradução (se não souber inglês) vai fazer um pouco de sentido.

Essa proposta foi criada por mim mesma, porque eu sou super curiosa sobre como foi este namoro.

No mais, Boa Leitura.



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“I ain't looking for a steady thing

I ain't looking for what love brings

I'm still young and I ain't ready babe

I'm still looking for some better days

I don't want to give you everything

I just want to make you feel things

If you ain't down to give me everything

Just throw it away”

Capitulo um: Sob o céu estrelado

Chovia torrencialmente em Republic City naquela tarde, tornando tudo cinza e sem graça. O som das gotas batendo forte sobre as telhas pareciam aumentar quando se prestava atenção. Alguns guarda-chuvas passavam pela janela onde uma jovem estava debruçada. E sua distração era contar quantos eram de cor vermelha. Oito até aquele momento. Não gostava de coisas muito coloridas, mas tinha em sua cabeça que guarda-chuvas vermelhos eram sempre melhores que os outros. Ela não sabia, porém, explicar o motivo de gostar do tom quente que remetia a fogo. Sequer achava o fogo um elemento interessante. Útil sim, mas sempre preferira a firmeza e estabilidade das rochas.

Lin Beifong bufou pelo que a pareceu ser a quarta vez. Era a pior coisa do mundo um dia de chuva, pois não podia se fazer muita coisa. Talvez andar pela chuva a deixasse feliz, mas ela não era muito dada a longas horas sob a água, ao menos não sem um bom motivo para tal. Sempre preferira ter os pés enfiados em terra macia como as do jardim de Katara no templo do ar.

Talvez houvesse um guarda-chuva em casa e ela pudesse ir visitar a família do Avatar. Sua mãe não teria um ataque, afinal eles eram amigos de longa data e confiavam uns nos outros, não haveria problema dar uma saída. Sem perceber um sorriso brotou em seus lábios. Havia algo lá, e Lin ainda não sabia o que era, mas a deixava feliz. Talvez fosse a companhia explosiva dos três filhos de Aang e Katara.

Decidida então, ela pegou seu guarda-chuva não tão bom assim, pois tinha a estranha cor de palha seca, e deixou sua casa. Avisaria primeiro a alguém no quartel de policia a partiria para a ilha do templo de ar.

–Hey Lin! – ouviu a voz amigável de Sokka.

Dos amigos de sua mãe era dele quem ela mais gostava. Adorava ouvir as histórias que ele contava quando todos se reuniam.

–Quer uma carona? – Ele abriu a porta do satomóvel e a ofereceu um lugar.

–Na verdade quero outro tipo de favor. – disse ao se aproximar e enfiar a cabeça para dentro a fim de olhar melhor o veículo. – Está indo para o quartel general?

–Huh hum..

–Avise então a minha mãe que estou indo para o templo do ar. – deu de ombros ao notar um sorriso no rosto dele. – Ficar sozinha em casa com este tempo não é nada interessante.

–Bumi vai adorar ver você, ele deve estar sofrendo nas mãos de Kya com toda esta chuva, aposto meu bumerangue que correrá ao seu encontro, por diversos motivos diria eu.

Lin fechou a mão em punho e ergueu a frente do rosto de Sokka o obrigando a se afastar. Era incrivelmente parecida com Toph quando fazia cara de brava.

–Quebro o nariz dele se tentar se aproximar.

–Ok, ok... Calminha, vamos como Katara nos ensina: respire, inspire...

–Ah! – jogou as mãos para cima quase deixando o guarda-chuva cair e saiu pisando duro no chão. – Avise minha mãe ou você também vai ter um encontro com meu punho!

–Ok Linzinha, eu aviso! – o grito dele fez algumas das pessoas sorrirem para a jovem Beifong.

Já se cansara de ouvir o quanto ela se parecia com sua mãe. Odiava ser comparada com qualquer pessoa, e mesmo que amasse a mãe, não gostava que as comparassem, podiam ter reações semelhantes, mas Lin era outra pessoa.

-x-

Para chegar até a ilha Lin Beifong precisava de um barco ou uma boa dobra de água. Como era mais fácil contratar um barqueiro parou no cais para contratar os serviços, porém, foi necessário ameaçar um barqueiro de o encher de murros, além de o prometer uma grande quantidade de dinheiro. Uma simples chuva e o cara não queria trabalhar. O mundo estava mesmo condenado.

-x-

–Sem stress!

Lin ouviu o grito agudo de Kya e abandonou de vez o imprestável guarda-chuva, optando por correr até o estardalhaço.

–Papai vai brigar se souber que quer me bater! Não estressa, é apenas água, Bumi!

Parou de correr quando viu a waterbender deslizando sobre as poças de água enquanto o mais velho dos irmãos corria atrás dela com o cabelo congelado.

–Eu conheço água Kya, isto não é água.

–Claro que é seu idiota, água em forma sólida! – e gargalhava cada vez que ele se frustrava.

Bumi parou de correr quando viu Lin parada os observando. Respirou fundo e correu até a jovem Beifong. O rosto irritado se desfez e formou um sorriso aberto quando chegou próximo o suficiente.

–Veio visitar Linlin? Outch! O que eu fiz? – alisava o ombro no qual recebera um forte soco.

–Ainda quebro o seu nariz, cabeça de gelo. Olá Kya!

A jovem morena se aproximava tranquilamente, sorrindo de forma a mostrar seus dentes. Lin admirava a forma despreocupada que Kya agia sempre, além de irradiar beleza a toda sua volta. A jovem parou a alguns passos de distancia, estrategicamente preparada para fugir caso Bumi voltasse a atacar.

–Quer torturar o Bumi ou prefere atrapalhar a meditação de Tenzin? – perguntou entre uma série de risos e sorrisos.

Bateu o pé no chão erguendo um pequeno pedaço de rocha e a socou com o cotovelo.O projétil seguiu em direção do outro ombro de Bumi e o atingiu. Novamente ele gritou irritado. Kya gargalhava, apoiando as mãos nos joelhos, a água escorrendo por seu rosto e cabelos. Parecia tão confortável na chuva. Lin, porém, sentia-se incomoda, como se aquela água toda estivesse a ferindo de alguma forma.

–Hey! Isso é injusto eu não fiz nada a nenhuma das duas! Poxa Lin, eu gosto de você!

O rosto da Beifong tornou-se vermelho e uma veia pulsava na testa dela. Sempre perdendo a calma quando Bumi falava o que não devia.

–Sugiro que corra, maninho! – os risos de Kya eram incessantes e cada vez mais altos, superando até mesmo o som da chuva a colidir com o chão.

–Porque não podem ficar em silencio? – a voz de Tenzin surgiu em meio aos risos.

O coração de Lin pareceu disparar por um momento e a água que a molhava parecia ainda mais gelada e pesada, no mesmo instante os risos pararam. O ar parecia pesado demais a sua volta. Virou-se para o olhar e o rapaz a encarava diretamente nos olhos. Não esperava que ela estivesse ali, dava para ver claramente nos olhos muito azuis dele.

–Ah, olá Lin. – apoiou uma mão na nuca.

A brincadeira perdera a graça, Bumi massageando ambos os ombros enquanto andava em direção ao templo, desistindo por hora de sua pequena vingança.

–Não sabia que estava aqui.

–Acabei de chegar, desculpe se atrapalhamos a sua meditação...

–Sem problemas.

Lin pode ver Kya revirar os olhos e levar o dedo indicador aos lábios enquanto fazia uma careta mostrando a língua. Um claro sinal de enjôo.

“The day I put my trust in you

Will be the day I'll say, "I do"

Don't expect me just to open up,

Maybe I'm just a little scared”

Era estranha a forma como se fechava quando Tenzin estava por perto. O mais jovem dos filhos de Aang parecia na verdade o mais velho, com toda aquela responsabilidade em seus ombros de continuar a linhagem dos airbenders. Lin apenas perdia o dom da eloquência quando estavam juntos. E sentar-se na sala de chá com o rapaz enquanto esperava Kya trazer a água quente a deixava mais nervosa.

–Veio visitar meu pai?

Ergueu os olhos verdes e mordeu o lábio inferior, o azul dos olhos de Tenzin a desconcertavam de tal forma que perdia a voz por breves instantes.

–Não, estava apenas entediada.

–Veio então implicar com Bumi?

–Talvez.

Viu Tenzin coçar o queixo onde uma fina camada de pelos cresciam. Ele se parecia tanto com o pai, sempre tão sério e comprometido.

–As roupas de Kya ficaram bem em você. – ele disse desviando os olhos e sentindo levemente as bochechas corarem.

–Não gosto, são justas, atrapalham na dobra.

–Sinceramente, também não sei como ele consegue.

–Dom?

E acabaram rindo. O riso leve de Lin enchendo a sala enquanto o contido do airbender apenas a dava suporte. Como ele fosse o próprio vento e ela um belo sino dos ventos a dispersar seu som. E novamente os olhos dele perscrutavam o rosto da earthbender. Gostava de observá-la. A forma como movia-se, o modo como os lábios tocavam-se. Gostava de tudo nela.

E ele sabia bem o momento em que devia parar, pois ela nunca conseguira o pegar lançando um olhar mais atento a si. Como em um pega-pega invertido. Nenhum sabia com exatidão que o outro o observava com atenção, e isto dificultava bastante as coisas. Mas se tinha uma pessoa que sempre via os olhares lançados era Kya. E a jovem estava cansada da forma como agiam.

–Vocês sabem que época do ano estamos? – entrou já falando sem se importar com os olhares confusos. – Glacier Spirits Festival. Papai sempre vai, quer ir conosco Lin?

–Não sei.

–Qual é, você vai gostar. – ela cutucava o ombro de Lin como uma criança a pedir doce.

–É uma comemoração muito bonita de se ver. – O sorriso pequeno de Tenzin fez Lin corar um pouco. – Talvez deva realmente ir.

–Talvez. – respondeu tentando controlar o seu rubor.

A jovem Beifong entendia muito sobre dobra de terra e metal, mas nos assuntos do coração ela era uma completa desinformada. Então não entendia aqueles saltos de seu órgão cardíaco tão bem quanto deveria. Kya, porém, conhecia aqueles rubores tão bem quanto a sua água de dobra, Lin estava apaixonada por seu irmão. E o lerdo do Tenzin tanto quanto.

–Você irá! – ela disse tornando a sair da sala. – Acho que vou ver se Bumi está bem, você bate forte.

“You've got to understand my side

I've had a crazy, crazy life

Nobody came along to open up my eyes

Oh baby, take what you can get

Don't even bother with my heart

If I get a feeling I won't let it start”

–Você veio mesmo! – Bumi gritou como se o fato de Lin estar ali fosse algo inesperado e incrível.

–Eu a convidei, idiota!

Bumi e Kya começaram uma pequena discussão sobre quem era mais idiota, o que precisou da ajuda de uma Katara brava para os controlar. Toph andava séria ao lado da filha, arrastando a mala da jovem com sua dobra, causando sérios danos nas calçadas da cidade. A matriarca Beifong percorreu o indicador próximo aos rostos da família avatar e parou com o dedo muito rente ao nariz de Tenzin.

–Estou de olho em você, pequeno pé de valsa... – e arregalou os olhos enfatizando o que havia dito.

–Mas, ela é cega... Como?

–Bumi. – A voz de Aang soou alta entre eles, acalmando os espíritos inquietos.

–É melhor por rédeas no seu filho,avatar, ou eu vou ter que quebrar algumas coisas na cabeça dele.

Lin não havia compreendido o motivo do azedume de sua mãe, não completamente, apenas a tinha dito que fora convidada a ir para ao festival com a família de Aang e que fora Tenzin quem a convencera a aceitar o contive. Desde então a Beifong andava resmungando sobre Tenzin ser um pequeno pé de valsa metido a besta.

–Chega Mãe!

–Ok, boa viagem... – porém, antes de sair, Toph tornou a apontar para Tenzin e seus lábios moveram-se formando as palavras “estou de olho.”

–Ah! FAMILIA! FAMILIA LINDA! – Sokka aparecera no momento em que eles montavam nos bisões voadores. – Demorei? Demorei?Huh? Eu estava vocês sabem... Não, acho que não.

E continuou a tagarelar sozinho. Era este um dos motivos que gostava de Sokka, ele tinha sempre o bom humor ao seu lado. E histórias de embates. Se pudesse ter escolhido teria trocado Bumi por Sokka. Ouvir sobre as aventuras da equipe avatar era muito melhor do que ouvir a tagarelice de Bumi sobre estar treinando para defender o mundo a sua maneira. Baboseiras e mais baboseiras.

A viagem a deixara enjoada no inicio e teve de agradecer muito a Kya por usar sua água de dobra para curar o seu enjôo. E quanto mais se moviam para o sul mais o ar ficava úmido e os ventos frios. Suas bochechas estavam dormentes com o vento gelado cortante. Notou que já estavam todos dormindo quando ela se encolheu a um canto da sela e ficou a olhar as estrelas no céu. Dava para ver muito claramente, completamente diferente da cidade onde o céu era coberto por poluição das fábricas.

–O céu da tribo da água do sul é tão limpo que se pode ver todas as constelações conhecidas. – a voz de Tenzin soou leve e baixa.

Moveu os olhos e o viu sorrir enquanto a olhava toda encolhida. E prendeu a respiração quando ele tirou a própria capa vermelha e jogou sobre os ombros dela.

–Estou acostumado com o frio de lá, treinei durante alguns anos minha meditação em situações como o frio e o calor extremos.

–Obrigada.

–Não dê importância às coisas que Bumi diz, ele gosta de implicar. – ele sorriu novamente. – Mas gosto de ver como você é sincronizada com sua dobra, não pense que gosto de ver meu irmão ser torturado, mas eu gosto de ver você usar sua dobra, Lin.

O coração bateu forte, acelerando sua respiração. Controlou-se e sorriu, voltando a olhar o céu antes de fechar os olhos, fingindo ter adormecido. Tinha um peso nas costas parecido com o de Tenzin. Precisava cuidar de toda uma geração, ouvia muitas pessoas dizerem que tinha de dar continuidade ao nome e técnica Beifong. Tenzin, porém, tinha mais responsabilidades: treinar para ser o guia do novo avatar quando chegasse a hora e perpetuar a espécie dos airbenders, e o tom que ele falava demonstrava o seu cansaço e vontade de ser livre. Se Lin o pudesse ajudar... Aconchegou-se na capa vermelha, evitando deixar um sorriso escapar de seus lábios. Talvez ela estivesse começando a entender o que eram aquelas coisas que sentia. O que não ajudava em nada. Em nada mesmo.


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Notas finais do capítulo

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