E Se? escrita por WaalPomps


Capítulo 13
They say that love won’t die


Notas iniciais do capítulo

Heeeeey gente, amei o número de reviews *---*
Bom, mais um capítulo fofo para vocês, ok?



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Bento e Wilson estacionaram em frente à casa dos Paes. O rapaz não dirigia, pois estava extremamente ansioso e nervoso, com a mão suando frio. Wilson apertou o ombro do filho.

_ Fique calmo rapaz, vai dar tudo certo. – sorriram um para o outro – Vamos?

Desceram do carro, abrindo o portão de ferro e atravessando o jardim abandonada e mal cuidado. Não havia flores, e as plantas que não estavam mortas, estavam secas e horríveis.

_ Esse jardim costumava ser lindo. – recordou o mais velho, sorrindo com saudade – Sua mãe passava todo o tempo possível aqui, cuidando das plantas. Especialmente quando estavam esperando por você. Ela adorava ficar aqui, conversando com você e com as plantas, celebrando a vida.

Bento concordou, sorrindo emocionado. Tentava imaginar a mulher das fotos que Wilson lhe mostrara, sentada naquele jardim, em uma época repleta de flores. Pensava na barriga protuberante que o abrigava, na voz suave que a mãe deveria ter, nas coisas que ela devia lhe dizer.

_ Bento? – chamou alguém, atraindo a atenção do rapaz – Sou eu... Felipinho.

_ Felipinho? – Bento sorriu, abrindo os braços e abraçando o outro rapaz – Meu Deus, quanto tempo. O que faz aqui?

_ Eu moro aqui, com meu pai, minha mãe e minha avó... Digo, nossa avó. – Bento arregalou os olhos – É, eu sou filho do Perácio. Ele e minha mãe se acertaram um pouco depois de você ir morar com seu pai. A vó Glória descobriu sobre mim e mandou ele resolver isso. E com o tempo, ele e minha mãe acabaram se acertando e se casando, e nós dois viemos para cá.

_ Então você é meu... Primo? – Felipe confirmou – Que máximo.

_ Você saberia se tivesse vindo vê-la antes. – Bento fechou a cara – Tudo bem cara, meu pai já me explicou tudo. Eu entendo, sério.

_ Mas me fale sobre você... O que tem feito? – perguntou Bento.

_ Bom, eu atuo em musicais. O mais recente foi West Side Story. – entraram na casa com Wilson atrás – Passei alguns anos estudando, lá em Nova York. E agora, faço musicais aqui no Brasil, na maioria das vezes no Credicard Hall.

_ E faz muito sucesso, em todos eles. – uma mulher sorridente apareceu – Bento.

_ Rosemere. – o rapaz a abraçou, sorrindo largo – Se me permite dizer, está ainda mais bonita.

_ Galanteio de sua parte Bento. – sorriu a mais velha – Wilson.

_ Rosemere. – o homem beijou a mão dela – Quanto tempo.

_ Podemos dizer o mesmo. – um homem apareceu dos fundos, com a roupa manchada de tinta – Perácio Paes, seu tio.

_ Já ouvi falar do senhor... É um excelente falsário. – Bento apertou a mão do homem – Fico feliz de saber que por sua causa, o Felipe é meu primo.

_ Fico feliz de você afinal ter descoberto isso. – o homem garantiu, abraçando a esposa – Eu gostaria de apresentar meus enteados, filhos da minha ex-mulher. Porém, o Xande está com a namorada e a Tabatha está no escritório onde trabalha. Ela é advogada.

_ Hã, seria ótimo. – Bento garantiu, sorrindo nervoso – Mas, se não se importam... Posso fazer o que vim fazer?

~*~

_ Eu fico feliz por você ter decidido encontrar sua mãe. – Plínio e Fabinho sentaram nas cadeiras da mesa que haviam reservado.

_ Perdi uma aposta. – resmungou Fabinho, bebendo um grande gole de sua água – Se importa se eu pedir uma sobremesa antes do almoço? Preciso de uma dose alta de açúcar.

_ Se isso melhorar seu humor pode pedir uma torta de limão inteira. – garantiu Plínio, fazendo sinal para o garçom.

Logo, Fabinho remexia seu pedaço de torta, sem dizer uma palavra ao pai. Plínio parecia ansioso e animado, olhando para todos os lados como uma criança a procura de um presente. De repente, seu corpo se retesou, assustando Fabinho.

_ Ela está aqui. – o cineasta anunciou, surpreendendo o filho. Ele encarou o pai, logo voltando sua atenção para a torta – Fábio.

_ Eu estou comendo pai, você pode me dar licença? – pediu Fabinho, enchendo a boca com uma garfada.

_ Plínio. – ouviu a voz doce e melodiosa, mas não encarou sua dona. Ao invés disso, continuou comendo sua torta – É ótimo vê-lo de novo.

_ Irene. – o mais velho beijou sua mão – Fábio? Você poderia, por favor?

O rapaz largou o garfo, bufando irritado. Ele se levantou, encarando o pai e a... Mãe. Era uma versão mais velha da mulher na foto que Plínio tinha em casa, e lhe encarava com os olhos cheios de água.

_ Meu filho. – ela sussurrou, se aproximando. Porém, Fabinho a impediu, estendendo a mão para ela apertar – Fábio...

_ Muito prazer Irene. – ele forçou a mão, que a mulher apertou – Posso voltar para minha torta?

Plínio concordou com a mão, vendo o filho sentar e voltar a comer. Ele olhou para Irene em um pedido mudo de desculpas, e puxou a cadeira para a mulher, que sorriu, agradecendo.

_ Então, Fábio... Você gosta de torta de limão? – perguntou Irene, tentando puxar assunto.

_ Não, estou comendo porque preciso de coisas azedas na minha vida tão doce. – ele respondeu cinicamente, recebendo um olhar feio do pai – Digo... Sim, eu gosto de torta de limão. É minha preferida.

_ Eu adorava coisas com limão quando estava grávida. – recordou Irene, e Fabinho apenas assentiu – Hã... Tem alguma coisa que você queira me perguntar ou...

_ Não podemos esperar o almoço? Eu ainda tenho que trabalhar, preciso colocar alguma coisa no estomago, antes de tudo parecer intragável,

Plínio suspirou, chamando o garçom. Fizeram o pedido, logo caindo em um longo silêncio. Os ex-casal começou a tentar puxar assunto, com Plínio contando realizações de Fabinho ao longo da vida.

_ Droga, tem azeitona. – resmungou Fabinho, tirando-as do prato – Pai?

_ Pode dar filho. – o cineasta aproximou o prato, onde Fabinho colocou as azeitonas.

_ Você não gosta de azeitonas? – perguntou Irene, fazendo Fabinho bufar.

_ Não, eu não gosto de azeitonas, de pepino ou de alcachofra. Sou alérgico a ostras e alguns outros frutos do mar, exceto camarão e tilápia, o porquê não me pergunte. Tenho 30% de intolerância a lactose desde os seis anos, mas isso não me impede de comer coisas do leite, tenho apenas que lembrar de tomar o remédio todos os dias. Ah sim, e eu não como palmito, porque quando eu tinha quatro anos, o Érico, filho da tia Salma e tio Gilson, disse que palmito fazia crescer mais, e eu comi um pote de meio quilo. Depois disso, nunca mais consegui comer. Mais alguma informação para tentar aliviar sua consciência pelo abandono ou posso terminar minha picanha em paz? – o rapaz depositou os talheres na mesa, cruzando as mãos sobre a mesma. Plínio abaixou os olhos, enquanto os de Irene se enchiam de água – Obrigado.

Ele voltou a comer, enchendo a boca com grandes quantidades. Plínio e Irene ficaram em silêncio, observando o filho único comendo.

_ Fabinho eu...

_ Não, você não vai falar nada. – ele apontou a mãe biológica – Porque você não tem esse direito. Você me entregou nos braços de uma desconhecida, me entregou a minha própria sorte. Você foi atrás de uma foto minha, mas não de mim. Você podia ter dado um jeito de avisar meu pai, para que ele me encontrasse e cuidasse de mim, mas não o fez. Você me abandonou por quase 24 anos, e agora, não tem o direito de vir querer nada.

Ele se levantou depressa, mas Plínio segurou seu braço.

_ Fábio, você vai sentar e escutar sua mãe. – mandou o cineasta.

_ Mãe? – perguntou Fabinho, descrente – Mãe é que nem a da Giane, que quase morreu no parto e mesmo assim cuidou da filha, que nunca a abandonou. E que, mesmo agora no leito de morte, não deixa as filhas, nenhuma das duas. Mãe é a tia Salma, que cuidava de tantas crianças que foram abandonadas por gente que nem ela, com todo o amor e carinho, como se fossem seus filhos. Até mesmo a Bárbara pode ser considerada mais mãe do que ela, apesar de ter aprontado tudo que fez.

_ Não me fale nessa mulher. – pediu Irene, nervosa – A culpa disso tudo é dela e...

_ Ah, a culpa é dela? Então ela pegou, entrou no hospital e disse: Irene, você vai entregar esse menino para a primeira estranha que aparecer e nunca vai contar para ninguém da existência dele? É isso? – perguntou Fabinho, pegando sua jaqueta – Olha, me desculpe, eu queria mesmo tentar, mas eu não consigo. Esse ódio, essa raiva, é muito mais forte do que eu.

O publicitário saiu a passos largos, deixando os pais para trás. Irene caiu em prantos, enquanto Plínio tentava consolá-la.

~*~

_ Com licença? – Bento bateu na porta do quarto da avó, ouvindo um fraco pedido para entrar. Ele abriu a porta, encontrando uma mulher magra e enrugada na cama.

_ Bento. – o sorriso da mulher se iluminou – Você veio.

_ Hã, boa tarde dona Glória. – ele se aproximou, sentando na cadeira próxima à cama – O Perácio disse que a senhora gostaria de me ver.

_ Já tem anos que quero isso meu querido. – ela garantiu – Deixe-me ver seu rosto, por favor... Ah sim... Você se parece tanto com sua mãe, tanto. Os mesmos olhos, o mesmo nariz, a mesma cor do cabelo... Mas pelo visto, são cacheados como os do seu pai, assim como o sorriso.

_ Fico feliz que eu ajude a senhora a lembrar da minha mãe. – ele garantiu, ainda um pouco frio e distante – Há algo que eu possa fazer?

_ Me fazer companhia, me falar sobre você... Tantas coisas que eu gostaria de saber. – Bento baixou os olhos – Eu sinto muito pelo que fiz Bento, de verdade.

_ Isso infelizmente não muda o que aconteceu. – ele replicou.

_ Não, não muda. – Glória garantiu – Se você soubesse o quão arrependida eu fico de ter ouvido a Dámaris, de ter deixado que sua mãe a escutasse... – a mulher suspirou – Com seu pai ao lado dela, eu sei que sua mãe teria melhorado. Eles tiveram uma linda história de amor, sabe? Eram muito felizes, sonhavam tanto com o seu nascimento, com tudo que fariam com você...

_ E você os privou de tudo isso. – Bento não conseguiu disfarçar a mágoa.

_ Está certo, eu os privei. E me arrependo muito. – ela pegou a mão de Bento com esforço – Mas está feito Bento, não há nada que eu possa fazer para mudar isso, por mais que eu queira muito.

_ Eu a perdoo, dona Glória. – ele garantiu – Mas eu não sei se posso deixar a senhora entrar na minha vida, nem se eu aguento entrar na da senhora.

_ Tudo ao seu tempo meu filho, da maneira como quiser. – ela concordou, vendo-o retrair a mão – Só de você ter vindo, já foi de muita importância para mim.

_ Se isso a fizer sentir melhor, fico feliz. – ele garantiu, se levantando – Agora, se me der licença... Eu preciso ir a um lugar.

~*~

Giane entrou em casa em silêncio, sabendo que o pai e Mayara estavam no trabalho. Ela também deveria estar, mas Charlene a liberará após o acontecimento. Ainda não acreditava que havia feito o que fizera, mas fizera. Ligara para Salma, avisando que estava chegando e que, portanto, ficaria cuidando da mãe.

_ Mãe? – chamou, batendo na porta do quarto.

_ Entra querida. – ela respirou profundamente, antes de virar a maçaneta – Chegou cedo e... Giane, o que você fez com o seu cabelo?

_ Hã, cortei. – ela disse o óbvio, sentando na beira da cama – Porque, ficou feio?

_ Não querida, é impossível você ficar feia. – garantiu a mãe – É só que é um corte um pouco masculino, não acha?

_ Mãe, eu preciso te falar uma coisa. – Giane segurou as mãos da mãe – Mãe, eu amo a senhora e tudo que a senhora me ensinou, sobre como ser uma mulher e tudo mais. Mas eu também me amo, e amo quem eu sou, quem eu quero ser.

_ Não estou entendo filha.

_ Mãe, eu quero jogar futebol com os rapazes no fim da tarde, quero ver os jogos do Corinthians no Cantaí, e não escondida na televisãozinha do meu quarto no replay da madrugada. – a jovem começou – Quero me vestir como eu quiser, com jeans e camisetas e tênis. Quero poder não me importar se meu cabelo está perfeitamente preso ou cacheado, na verdade, eu adorei ele assim, curto.

_ Filha, mas o que os outros vão pensar? – perguntou a mãe, temerosa.

_ E quem se importa mãe? – Giane sorriu – Eu sei quem eu sou, você e o papai também. E o Maurício também sabe, se é isso que te preocupa. – ela acariciou o rosto da mãe – Ele não esta comigo pelo meu cabelo mãe, ou pelas roupas que eu visto.

Samara suspirou, beijando as mãos da filha.

_ Eu só quero que você seja feliz Giane, e se isso for o que vai te fazer feliz, então eu só posso dizer que estou do seu lado. – a mulher sorriu para a mais jovem – Eu sempre percebi que faltava algo, algum brilho nos seus olhos. E é esse brilho que eu to vendo agora.

_ Eu estou dando aulas de futebol para crianças carentes, nos meus dias de folga. – ela confessou, fazendo a mãe rir – É só uma vez por semana, mas...

_ Então saia da Para Sempre. – propôs Samara, assustando a filha.

_ Mãe, mas o salário...

_ Você tem o do Cantaí, filha. – lembrou a mais velha – Giane, se é isso que te faz feliz, corre atrás minha filha. Sai da Para Sempre e dê aulas de futebol todos os dias.

_ Eu não sei se posso fazer isso.

_ Não só pode, como vai. – Samara segurou o rosto da filha – Você é tão responsável Giane, sempre foi. Mas isso não quer dizer que era feliz. E eu acho que está na hora de você procurar sua felicidade. Independente de mim, do seu pai, da sua irmã e do Maurício. Você, Giane de Sousa, procurar a sua felicidade.

_ Mãe, você só está com os sentimentos confusos.

_ Pode ser minha filha, mas eu sei que não posso ir embora sem ter feito meu papel. E meu papel, é te ajudar a encontrar seu caminho. – Samara sentou, abraçando a filha – E eu não fiz isso, tentei impor o caminho que eu achei o certo. Mas você teve a coragem de achar, sozinha. Ou pelo menos, começar. Agora, eu estou te incentivando: vai achar quem você é.


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Notas finais do capítulo

Bom, espero que tenham gostado, ok?
Beeeijos florzinhas ;@