POV Olivia:

O amigo de Elliot me soltou assim que Stabler o encarou. Afastei-me repentinamente e fui para perto de Elliot.

– Em que momento eu menti pra você? - indaguei com os olhos ainda marejados.

– Quando você disse que estava casada. Eu achei que finalmente estava feliz, Liv.

O homem se colocou no meio de nós dois.

– Gente, se vocês querem conversar, vão até o restaurante. Não façam nenhum escândalo aqui. Aliás, se vocês quiserem ir à algum lugar, que não seja a piscina, é bom você trocar de roupa, gata. - ele riu e me mediu da cabeça aos pés - Agora me deixem ir. Eu preciso voltar a me divertir com Helena.

E foi aí que eu me dei conta de que a única coisa que eu usava em cima do biquíni, era uma toalha felpuda e azul. Meu rosto corou instantaneamente. Elliot me encarou, logo percebendo meu embaraço

POV Elliot:

Não pude evitar sentir o calor aumentar, quando imaginei Olivia só de biquíni dentro da água. De repente, descobri o quanto eu queria nadar.

– Vamos dar um mergulho? - perguntei, tentando disfarçar o nervoso na voz.

– Eu não posso. - ela sorriu tristemente. - Preciso resolver as coisas.

Aproximei-me mais ainda e sussurrei, de uma forma que só Olivia pudesse ouvir o que eu dizia.

– Eu não posso deixar você ir lá pra cima sozinha, Liv. Ele está com muita raiva.

– Ele deve estar no bar a uma hora dessas. Eu só vou lá pegar minha mala e trocar de roupa.

– Você vai embora? - indaguei com medo. Agora que ela estava ali, ao meu lado, não queria de forma nenhuma que ela fosse embora.

– Não tenho dinheiro pra voltar para New York. Vou tentar arrumar um hotel por aqui.

– Você pode ficar na minha casa, se quiser.

Olivia arregalou os olhos. Eu sei que parecia meio precipitado, mas eu não estava pensando, nem tendo, segundas intenções. Pelo menos, não completamente.

– Ficou maluco? O que os outros vão pensar? O que Brian vai dizer?

A reação dela é exatamente o que eu esperava. Ela não mudou tanto assim, afinal.

– Tudo bem. Não precisa ficar brava...

– Mas eu não estou brava, El.

Ouvi-la pronunciando meu apelido depois de tanto tempo, é tão bom.

– Já que você não está brava, posso pelo menos te dar uma carona?

– Eu nem sei pra onde vou ainda!

– Por isso mesmo. Eu te ajudo a arrumar um lugar pra ficar.

Eu estava torcendo tanto para que ela aceitasse. Estava ignorando completamente minha voz interior, que dizia que muito provavelmente ela não aceitaria meu pedido.

– Se você esperar eu pegar minhas coisas...

Olivia nem me deu tempo de responder, pois saiu em disparada até os elevadores, segurando sua toalha um pouco acima dos bustos.

E me deixando com um sorriso bobo no rosto.

°°

POV Olivia:

Depois de mudar minha roupa por uma calça jeans e uma blusa lilás de alcinha, pego as poucas peças que estavam em cima da cama, e às coloco de volta na mala. Minhas mãos tremem. Eu sei que não deveria estar fazendo isso. Deveria ser mulher o suficiente e encara-lo de frente, mas sinceramente? Eu estou com tanto medo que prefiro apenas fugir.

– Aonde você pensa que vai?

Meu coração parece que vai explodir dentro do peito. Droga. Por que ele não podia ter ficado só mais um pouco lá embaixo? Droga, droga, droga.

– Eu estou indo embora. - o encaro determinada.

– Você o quê? - ele ri alto. - Com que dinheiro? Você não tem grana suficiente pra voltar para New York antes do prazo das passagens.

– Eu sei. Mas eu vou para outro hotel. Para outro lugar.

– Não vai mesmo. - ele começa a se aproximar de mim e eu sinto todo meu corpo entrar em alerta.

– Saí da minha frente, Cassidy! - eu fecho minha mala e caminho com ela em direção a porta.

Ele segura meu braço. Segura com uma força exagerada, esperando algum sinal de dor ou fraqueza da minha parte. Eu engulo em seco, reprimindo um grito.

– Quando você gemia em meu ouvido, não me chamava pelo sobrenome. - ele sussurra, e eu, sem pensar, dou um tapa na cara dele.

Brian me encara com fúria, enquanto coloca a mão sobre a lateral do rosto, que está vermelho. Aproveito o momento de choque dele e corro até o elevador, que se fecha no momento em que ele tenta entrar, o que é uma sorte tremenda. Posso escutar o grito de raiva dele quando as portas se fecham a sua frente.

Eu nunca imaginei que Brian fosse assim. Sempre imaginei que ele fosse um pouco bobão, sabe? Um pouco lento. Não me leve a mal, eu realmente não achava isso ruim. Não consigo evitar sentir uma grande dor por ter descoberto esse lado dele. O lado ruim, o lado que me machuca. Mas também estou tão aliviada que sinto meu coração finalmente se acalma um pouco. Finalmente longe da pessoa que Brian tornou-se.

POV Elliot:

As portas do elevador se abrem e posso ver Olivia saindo do mesmo rapidamente. Os olhos dela mostram medo, e ela anda cada vez mais rápido, puxando-me pelo braço, quase correndo para fora do hotel. Eu chego a sorrir, mas culpo-me logo depois, já que ela me olha com os olhos completamente marejados e com lágrimas escorrendo pelo rosto. Sem pensar, eu a abraço, segurando-a fortemente contra meu peito, porque sei que não há melhor modo de acalmar uma amiga. As malas dela caem no chão, ao lado de nossos pés, e ela chora, molhando minha camisa, e eu não me importo. Não mesmo.

– Vamos, Liv. – eu acabo por dizer, beijando o topo da cabeça dela – Vamos arranjar um lugar pra você ficar.

– Ele vai me achar, eu sei. – a voz dela mostra medo, insegurança.

Meu coração se aperta, e eu sinto que não devia, mas seguro o rosto dela entre as minhas mãos, e ela segura um dos meus braços com uma das mãos, enquanto eu aproximo nossos rostos, bem como nossos lábios. Ela ainda soluça, mas não recua, e eu acho isso bom. Muito bom.

POV Olivia:

Sei que não devo fazer isto, mas não consigo mais segurar. Ele me segura com força, porém, não com o tipo de força dominadora com a qual Brian tentava me segurar. E ele não tenta me dominar, porque eu já sou submissa a ele. Há muito tempo.

Ao primeiro roçar de lábios, continuo encarando-o, que está que olhos fechados, mas quando ele pressiona seus lábios contra os meus, fecho os meus também apenas sorrindo e pulando por dentro, enquanto os soluços param e meus olhos param de marejar e lágrimas param de descer pelo meu rosto.

Quando nos separamos, ele sorri para mim, abraçando-me novamente, na porta do hotel. Eu fungo, ajeitando-me em seus braços. Ficamos assim por alguns segundos, até que eu escuto Brian gritando por mim lá dentro. Elliot me solta repentinamente, pegando minhas malas e pedindo-me para correr o mais rápido que posso ao lado dele. E eu assinto, correndo lado-a-lado com ele.

Olho para trás pela primeira vez, e vejo Brian derrotado, sentado no meio-fio, bem na frente do hotel. Chego a gargalhar com isso, jogando minha cabeça para trás enquanto continuo correndo com Elliot.