We Remain escrita por garotadeontem


Capítulo 21
Capítulo 21




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/436850/chapter/21

Capítulo 21

Elano deixou Cida dormindo no quarto e foi andando pelos corredores do hospital, ainda meio desnorteado com tudo que havia acontecido. Ele era o pai da filha dela. Parecia que tudo tinha voltado ao normal, como um estalo.

Ele caminhou até a maternidade e encontrou seu irmão com o rosto encostado ao vidro, sorrindo para o bebê Davi. Elano sabia que devia conversar com ele, talvez não houvesse melhor hora.

_ Ele é lindo, parabéns. – o advogado observou o bebê no berçário, ao lado da filha.

_ A Megan é linda também. – Fabinho olhou para a menina e depois para o pai dela – Então, vai me explicar porque entrou na da Giane e disse que meu filho era seu? Porque a pivete eu entendo, mas qual era sua intenção? – Elano sabia que ele viria com 30 pedras nas mãos.

_ Eu te pergunto o mesmo. Qual era a sua intenção em dizer para os sete ventos que a Megan era sua filha?

Os dois ficaram se encarando por um longo tempo. Fabinho respirou fundo e Elano fez o mesmo.

_ Eu acho que as duas nos levaram no papo... – Fabinho concluiu.

_ Eu não vim pra discutir com você, Fábio, eu já estou cansado de discutir. Você consegue sentir o alívio? – o irmão o olhou confuso. – Não consegue sentir? Parece que tudo se encaixou, sabe?

_ Ah, eu sinto sim. – ele sorriu. – Eu to cansado da minha vida virar de cabeça pra baixo de uma hora pra outra.

_ Eu sinto muito, Fabinho. Eu ia embora, mas quando a Giane me disse que estava grávida, eu não pude deixá-la sozinha, entende? Eu estava me culpando pelo o que eu fiz com a Cida, e eu quis cuidar dela. Mas confie em mim quando eu digo que eu nunca dormi com ela. – Elano colocou a mão no ombro do irmão.

_ Eu sei, eu estava tentando fazer o mesmo com a Cida... Tapar seus buracos. Mas se é pra colocar as coisas em pratos limpos, tenho que te dizer que eu transei com ela... – Fabinho segurou a mão do irmão em seu ombro. Elano respirou fundo de novo.

_ Você tá falando sério?

_ Tô, e nem tente me dar um soco. Eu tava bêbado...

_ Que desculpa é essa?

_ E aquele papo que a gente não ia mais discutir?

_ Puta que pariu, Fabinho. – Elano tentou falar do jeito mais calmo que pode.

_ Eu te juro que nunca mais vai acontecer, porque eu amo a Giane pra caralho. Isso ajuda? Porque isso aconteceu no dia que vi você com ela na rua, e ela gritou que estava grávida de você. Eu pensei que você tinha transado com ela.

_ Justo, mas nem tão justo assim!

_ A Megan é realmente filha sua, ela me confirmou isso porque disse que vocês tiveram um revival quando você foi ao Rio de Janeiro. – o publicitário deu de ombros.

_ Graças a Deus que ela é minha filha. – ele disse, um tom mais calmo. – Mas eu mereço, porque a culpa foi minha, a culpa de tudo isso foi minha, Fabinho. Eu vim pra cá procurando um irmão e sai atrapalhando toda a sua vida... Eu sinto muito. Eu não queria causar tanta bagunça. Eu queria saber como é ter um irmão, e não um inimigo.

_ Graças a Deus digo eu. Nossa, cara, você só fez merda. Mas no final, acho que isso nos deixou mais próximos do que jamais seríamos se nada disso tivesse acontecido. – Elano assentiu. – Mas, cara, se você começar a chorar aqui, seu almofadinha, eu te dou um soco. – os dois riram e se abraçaram em seguida. Um abraço cheio de alívio e um amor único.

_ Eu espero que possamos ser amigos, afinal. – Elano disse, ainda abraçado ao irmão.

_ E você ainda pergunta? – Fabinho deu um tapa nas costas dele, o fazendo rir.

_ Fabinho? – a voz de Margot interrompeu o momento dos dois.

_ Elano? – Irene perguntou em seguida.

_ Quê? – os dois se afastaram e limparam os olhos.

_ O que tá acontecendo? – Silvério perguntou.

_ Somos paaaaaais. – Fabinho falou o mais alto que pode e abriu os braços para enfatizar.

_ Eu sei. E como tá a Megan? – Margot se aproximou do filho.

_ Então... – Fabinho começou – Acho bom vocês se sentarem...

_ Também acho.

Margot, Irene e Silvério se sentaram. Penha chegou a maternidade quase no mesmo instante, e Elano colocou a irmã sentada com os mais velhos.

_ É que eu sou pai da Megan... – Elano disse com um sorriso no rosto.

_ E eu sou pai do Davi. – Fabinho disse com a mesma reação.

_ O que? – os quatro perguntaram.

_ É uma longa história, mas... Pensei que vocês soubessem, aquele papo da cegonha é velho, como eu vou explicar? Tem uma florzinha e você tem que regar... – Fabinho brincou.

_ Fabinho! Isso é sério? – Margot o interrompeu.

_ É verdade, Elano? – o advogado assentiu para a irmã, emocionado.

_ A gente ficou sabendo na hora do parto, por causa de uma santa enfermeira que nos confundiu e trocou os quartos delas.

_ Ai meu Deus! – Irene colocou a mão no peito.

_ Vem, venham conhecer a Megan e o Davi. – os dois levaram os quatros para o vidro da maternidade, exibindo orgulhosamente suas crias.

Elano passou a noite no hospital, velando o sono de Megan e Cida. Levaram a menina para a mãe no início da noite, e os pais optaram por mantê-la com eles. A maior parte do tempo, o advogado ficou pensando em como seria sua vida dali pra frente, com uma filha sua, não uma criança que ele simplesmente assumiria.

Ficou imaginando se ela seria mais parecida com a mãe ou com ele. Depois ficou observando Cida dormir por um longo tempo, e quando pegou no sono, já era quase de manhã.

Acordou sobressaltado com a porta do quarto se abrindo. Encarou a cama, vendo que Cida amamentava Megan com o auxílio de uma enfermeira, e se surpreendeu por não ter ouvido nada.

_ Bom dia. – o médico o cumprimentou.

_ Nossa, acho que eu dormi demais.

_ Acho que você dormiu pouco. – Cida observou os olhos fundos dele.

_ Então doutor, e a Megan? – Elano questionou o médico, aflito.

_ Bom, a Megan está estável. A injeção de corticoide ajudou no amadurecimento dos pulmões dela, como esperado. Ela nasceu com um peso considerado adequado, que é acima dos 2kg, e não apresenta problemas de saúde. Por isso, ela vai poder voltar pra casa com a mãe, se o quadro permanecer o mesmo.

Os pais suspiraram de alívio, sorrindo um para o outro. Agradeceram o médico, que saiu juntamente da enfermeira, após a mesma ter auxiliado Elano na hora de fazer Megan arrotar. Logo, a menina dormia no berço ao lado da mãe, que tomava o café do hospital. Elano esperou que ela estivesse terminando de comer, antes de puxar o assunto que queria.

_ Cida, você sabe que a gente precisa conversar e colocar tudo em pratos limpos.

_ Elano, eu... Eu sinto muito por ter mentido pra você, não ter dito que a Megan era sua filha. – a empreguete suspirou – Eu tinha medo que você a rejeitasse, como aconteceu antes. Além do mais, você tava esperando um filho com a Giane e...

_ Cida. – ele a interrompeu e pegou a mão dela. – Nós dois erramos, nesses últimos meses nós só erramos. A Megan foi a coisa mais certa que fizemos, e olha que foi cercada de erros. – os dois riram. – Eu não devia ter saído do Rio daquela forma, não devia ter me metido no rolo da Giane e do Fabinho, ter me deixado levar pela minha confusão com ela, ter falado aquelas coisas para você. E você também fez coisas que não devia. Como eu disse, só erros. Mas durante esse tempo sem você, eu pude ver o quanto é importante ter você ao meu lado, sendo minha esposa, minha amiga, minha companheira de vida. Sem você, eu sou um tremendo de um babaca. – ele riu. – E com você, eu me sinto completo, e digo isso de coração, porque é como me sinto pela primeira vez desde que deixei o Rio. Agora com a Megan, eu vou tentar ser melhor, mais presente. Eu quero recomeçar do seu lado, e deixar pra trás esses meses. O que você acha?

Cida o olhava com os olhos marejados e um sorriso imenso no rosto.

_ Eu te amo tanto. – foi só o que ela conseguiu dizer. – Só espero que nunca mais saia do meu lado. Nunca mais. E agora... Nós vamos ter a família que nós tanto sonhamos.

Elano sorriu para a (ex?) esposa, segurando o rosto dela com delicadeza. Se encararam, ansiando por aquele beijo do qual tanto sentiam falta, que tanto desejaram durante aquele quase um ano separados. E quando ele acabou com a distância, foi como se o último milímetro fora do lugar, se encaixasse de vez.

_ Fabinho, segura ele direito. – Giane ralhou com o publicitário, que ninava Davi.

_ Giane, ele tá enrolado que nem um pacotinho. – o rapaz bufou – Não tem outro jeito de segurar ele, se não assim.

_ Se você derrubar meu filho no chão, eu te mato. – foi só o que ela disse, se recostando no travesseiro e comendo sua gelatina – Eca, tinha que ser de abacaxi? Nunca ouviram falar de uva, não?

_ Pivete, isso é um hospital, não um hotel cinco estrelas. – riu Fabinho, enquanto ajeitava o filho no berço – Ele dorme rápido.

_ Agora, né? Porque na minha barriga, esse moleque não parava nunca, deve estar compensando o sono perdido. – ela comentou casualmente, vendo a expressão de Fabinho se endurecer. Suspirou, deixando a gelatina de lado e estendendo a mão – Vem cá.

Ele caminhou até a cama, entrelaçando os dedos com os da corintiana e sentando ao seu lado. Ela acariciou o rosto de Fabinho com carinho.

_ Desculpa por ter feito você perder tudo isso. – a voz de Giane estava embargada – O Elano me deixou confusa, eu tenho que admitir. Eu me sensibilizei muito com a história dele, e nós criamos um vínculo forte. E quando a Cida apareceu e você simplesmente resolveu cuidar dela... Foi sei lá, demais para mim. E também teve aquela vadia da agência.

_ Giane, eu nunca tive nada com a Michele. – garantiu Fabinho, os olhos em súplica.

_ Eu sei, no fundo eu sempre soube. – ela sorriu triste – Mas, você me conhece, eu sou esquentada, não penso direito nessas coisas. Na hora, simplesmente parecia “certo” e eu agi como agi. E aí veio o aborto da empreguete, você ficou todo cheio de cuidados, eu tava magoada. Quando fiquei sabendo que você tinha levado ela para a nossa casa, eu fiquei louca de raiva e logo depois eu descobri que estava grávida. E você não imagina o medo que eu fiquei na hora, ou a dor que eu senti.

_ Dor?

_ Porque eu achei que cê tava com outra. – ela apertou a mão dele – Fabinho, eu juro, se a Cida não estivesse na sua casa, eu tinha ido direto para lá e te contado. Mas eu tinha certeza que você tava com ela, e eu não queria que você voltasse para mim pelo bebê, mas porque você me amava. E uma coisa levou a outra, eu acabei arrastando o Elano para isso, tivemos aquela discussão na rua... Quando eu vi, o Elano era quem estava segurando meu cabelo para eu vomitar, aguentando minhas crises de humor, acompanhando tudo comigo. Mas eu não tenho palavras para descrever o quanto eu queria que fosse você.

_ Nós dois somos cabeças-duras demais. – Fabinho deu um riso triste – Vamos precisar mudar isso, pelo Davi.

_ Por ele. – os dois encararam o filho – Você teria realmente assumido a paternidade da Megan?

_ Eu sempre soube que, mais cedo ou mais tarde, a Cida iria acabar contando tudo para o Elano. Nós nunca escondemos um do outro que nossa relação era meramente amizade e companheirismo pela Megan, e que ainda não havíamos superado nossos relacionamentos anteriores. – ele brincava com os dedos de Giane – Sendo honesto, fiquei surpreso que ela aguento até o nascimento da Megan. Mas ela nasceu prematura né? Acho que se tivesse sido no tempo normal, ela teria contado tudo antes do bebê nascer.

_ Eu também tinha certeza que ia acabar te contando tudo antes do Davi nascer. Na verdade, eu tava decidida a te contar tudo hoje, depois que eu vi o presente que você deu para ele. – ele riu ao lembrar.

_ Eu vi hora que você abriu, fiquei escondido na cozinha. Só pra reforçar, tava gata para caramba. – ela beliscou o braço dele – Ai, já voltamos para as agressões?

_ Claro que sim. Quase 24 horas que te contei que você é o pai do Davi, e você ainda não me deu um beijo. Preciso aliviar meu amor por você de alguma forma. – Fabinho sorriu largamente ao ouvir aquilo.

_ Se você queria um beijo, era só pedir.

_ E desde quando eu tenho que te pedir beijo?

_ Um ponto justo. – o publicitário aproximou o rosto do dela – Te amo, maloqueira.

_ Também te amo fraldinha. – ela esquadrinhou o rosto dele com os olhos – Fabinho, eu preciso saber de uma coisa. E acho que você sabe o que é.

_ Sei, e a resposta é sim. Eu dormi com a Cida uma vez, no dia que você me disse que tava grávida do Elano. – Giane apertou os olhos, enquanto o rapaz acariciava seu rosto – Amor, eu achei que você tinha dormido com ele, eu tava bêbado... Hora que eu vi a Cida, não pensei direito. E isso vai soar estranho, mas eu tenho certeza que ela me chamou de Elano algumas vezes.

_ E você chamou o meu nome? – a ideia fez um pequeno sorriso surgir no rosto da corintiana.

_ Eu sempre vou chamar seu nome, porque de hoje em diante, a única mulher com quem eu vou me deitar vai ser você, isso é uma promessa para selar a volta do nosso noivado. – ele sorriu para ela – E dessa vez, não vamos enrolar. Nosso filho já tá aí, nossa casa já tá comprada. Preciso colocar uma coleira no teu dedo e deixar tudo nos conformes.

_ Vou adorar ouvir os seus planos, mas como já vi que você vai se manter firme no que disse... Dá para você me beijar logo? – o publicitário comemorou internamente por ela ter pedido.

_ Seu desejo é uma ordem, maloqueira. – ele disse, antes de selar seu lábios em um beijo mais do que aguardado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada (mais uma vez) pela ajuda, Walks :D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "We Remain" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.