TERCEIRA PESSOA.

Quatro meses se passaram desde que Castle começou a freqüentar a NYPD para “pesquisas para seu novo livro”. Na realidade essa era a desculpa que ele dava para poder passar mais tempo com a Detetive Beckett, ela havia despertado uma curiosidade enorme em Castle, que não conseguia tirá-la da cabeça, eles se conheceram a anos atrás, tiveram um pequeno contato, mas ele realmente nunca a tinha esquecido, mesmo naquele tempo, ele sentiu essa curiosidade por conhece-la, por passar mais tempo com ela, como teria sido...

Com Kate não era diferente. Desde que Castle começou a ir para a delegacia, Kate parecia mais feliz, e com certeza gostava da presença dele por ali, com suas teorias malucas e ajudando a solucionar os casos. Castle é charmoso e sabe chamar a atenção. Kate se lembrava de anos atrás quando o viu pela primeira vez, na curiosidde que sentiu ao vê-lo, e quando se reencontraram novamente a alguns meses essa curiosidade voltou.

Nesses quatro meses a interação dos dois foi ficando cada vez mais forte, eram como verdadeiros parceiros. A conexão entre eles era tão grande que completavam um a frase do outro e falavam as coisas juntos, como se os pensamentos estivessem em sincronia, ou melhor, os pensamentos estavam mesmo em sincronia.

Essa sincronia deu lugar a joguinhos. Eles se implicavam e se insinuavam. Os colegas de trabalho começaram aperceber que algo estava acontecendo. Lanie tentava convencer Kate de que ele estava caidinho por ela, e que era para ela agarrar o menino escritor, mas Kate dizia que eles eram apenas amigos. Enquanto os meninos falavam com Castle, que se limitava a sorrir daquele jeito convencido e falar para os garotos esperarem.

Kate sabia que o que sentia era algo diferente, porem ele era Richard Castle, e poderia ter qualquer modelo que quisesse. E Castle, bom, ele desde o começo sentiu atração por Kate, por isso a desculpa do livro, mas ela era Kate Beckett, uma mulher forte e decidida, ela não era qualquer uma, não era uma modelo sem cérebro que era para apenas uma noite.

E nisso foram se passando os meses, com os joguinhos, os olhares, e os pensamentos, que apesar de não serem proferidos, em palavras, eram visíveis. Quanto tempo mais eles ficariam escondendo isso de si mesmos é que era a questão.

POV Kate

– Isso não esta indo a lugar algum, essas pistas não batem. – falei e bebi um gole da minha cerveja.

O turno tinha acabado, resolvemos descontrair um pouco, mas os meninos logo saíram e eu fiquei sozinha, até a Lanie passar por ali e resolver ficar um pouco.

– Não é só o caso que não esta indo para frente.

– Lanie!

– Ah, qual é garota, quanto mais vocês vão ficar nesse joguinho?

– Não há joguinhos... – eu parei de falar quando ela me lançou um olhar reprovador, eu suspirei – Lanie, ele é o Castle, vive com uma mulher a cada braço sempre que...

– Vivia – Lanie me cortou – e nem tente fingir que não reparou isso Kate.

Eu fiquei em silencio, ela estava certa, quero dizer, não havia visto mais o Castle sair com nenhuma mulher desde que começou a trabalhar aqui, mas... não sabia o que pensar, ou tinha medo do que iria descobrir se pensasse sobre.

– Apenas pense sobre isso Kate. Bom, agora eu vou indo, estou cansada e vou precisar de um bom banho, boa noite garota.

– Boa noite Lanie – suspirei.

Eu terminei aquela cerveja e também fui. Ótimo, agora além do caso que não fazia sentido, a Lanie me coloca mais coisas na cabeça.

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Nada mudou naquela manha. Castle me levou o café e nós quadro ficamos sentados na frente do quadro tentando ver o que tínhamos deixado passar batido. Castle continuou com suas teorias malucas, e o que era mais frustrante, era que as teorias dele eram as únicas coisas que tínhamos. Refizemos toda a linha temporal do assassinato, em voz alta, e todas as pistas que tínhamos até ali, repetimos isso uma, duas vezes e nada

– Acho que vocês precisam se distanciar um pouco do caso – ouvi uma voz falar, e nós quatro viramos para encontrar o dono dela.

Parado a alguns passos dali estava um homem, muito bonito por sinal, moreno de olhos verdes. Ele nos encarava com um sorriso minúsculo nos lábios.

– Hum, deixe-me eu me apresentar – ele deu mais um passo e estendeu a mão para Esposito – John Shermer, FBI – ao terminar de falar ele já havia cumprimentado a todos os garotos – é um prazer conhecer vocês – ele disse, me encarando, eu sorri um pouquinho.

– Detetive Beckett, esses são os detetives Ryan e Esposito, e o...

– Richard Castle – ele piscou para mim – quem não conhece os livros dele, não é mesmo.

– O que faz aqui? – perguntei sem dar muita importância ao que ele disse.

– Como falei, é melhor vocês se distanciarem um pouco do caso – falou voltando a me encarar – o FBI tem interesse no caso.

Era só o que me faltava.

– Mas o caso é nosso.

– Detetive Beckett, o assassinato de Michael Bear não é apenas mais um assassinato, e se trata de assuntos federais, e secretos, portanto...

– Por que não apareceram antes? – Esposito perguntou já alterando a voz, ele não gostava quando se metiam nos nossos casos, e não era só ele.

– Precisamos analisar alguns dados, só estamos um dia “atrasados” e vejo que vocês não fizeram muito progresso, então, não perdemos muita coisa. Bom, vou precisar que me contem o que sabem e depois vou pedir para que se afastem do caso.

Eu bufei. Nenhum de nós estávamos felizes com isso, mas não há algo que podemos fazer a respeito, então contamos a John tudo o que ele precisava saber, assim que terminamos ele fez uma ligação, ninguém saiu do lugar.

– Eles não descobriram nada, como você havia dito... não, não sabem de muito, na realidade você acertou ao que eles sabiam – um silencio e John sorriu – bom trabalho, parceira. – ele desligou o telefone – bom detetives, obrigado pela colaboração.

“Não é como se tivessesmos escolha” pensei. Mas ao invés de falar isso, apenas assenti.

– Devo afirmar novamente, que foi um prazer conhece-la Detetive – ele disse chegando mais perto de mim e estendendo a mão.

Por educação eu segurei sua mão e respondi que também foi um prazer conhece-lo. Então ele se virou e foi embora, e agora estávamos sem nenhum caso.

– Odeio quando eles fazem isso – Espo disse saindo da li.

– Todos odeiam brô – Ryan disse o seguindo.

– Ele pode fazer isso? – Castle me perguntou.

– É, infelizmente pode, em algumas vezes trabalhamos juntos com o FBI, mas esse caso deve ser de extrema importância, para ter nos excluido completamente.

– Dar em cima da policial responsável pela investigação é permitido também? – Castle pigarreou.

– O que? – eu perguntei rindo um pouco.

– Ah qual é, o cara estava se jogando em cima de você Beckett.

– Castle – eu agora estava rindo – não sei da onde você tirou isso.

– “Foi um prazer conhece-la Detetive” – falou tentando imitar a voz de John.

Eu ri ainda mais.

– Ciumes, Castle? – resolvi brincar com ele.

– O que? Eu? Não....

– Castle – Ryan chamou.

– Estão me chamando – ele disse apressado apontando para Ryan e indo até ele.

Comecei a respirar fundo para conter as risadas e me sentei, já que estávamos sem caso, resolvi terminar uns relatórios até que o telefone toque novamente.

Duas horas se passaram, e o telefone não tocou. Castle estava entediado do meu lado, brincando com o seu bloco de anotações, ele olhou no relógio e se levantou.

– Bom Beckett, combinei com a Gina de fazer os últimos ajustes para o lançamento do livro.

– Ah, okay – respondi – um livro em quatro meses...

– Tive muita inspiração – ele me cortou e piscou para mim. Eu não respondi, ele pegou o casaco e falou – vejo vocês na sexta a noite, na festa de lançamento, não é?

– Claro – respondi

Ryan e Espo só assentiram, estavam concentrados em algum jogo.

– Otimo – Castle sorriu e foi embora.

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É hoje! Porque eu estava tão ansiosa? Desde que eu voltei da delegacia no final do expediente eu não conseguia me concentrar em nada. “Qual é Kate, é só um livro baseado em você, não é você” eu repetia para mim mesma. Ele não havia me deixado ler nada, nem me contou sobre nada, só andava para cima e para baixo me observando.

Estava quase na hora de ir até a livraria, dei a ultima olhada no espelho. Estava com um vestido preto curto, colado ao corpo, com um decote imenso nas costas e um discreto na frente. Olhei novamente para ver se não estava exagerado, quero dizer, como as pessoas vão a festas de lançamentos quando são convidadas e musa, do escritor?

Olhei no relógio, estava na hora de ir. Coloquei meu salto preto básico, peguei minha bolsa e fui.

Não demorei muito para chegar até a livraria e todos já estavam lá, Roy, Ryan, Espo, Lanie... eu só não o vi.

– Ual garota, você caprichou – Lanie disse chegando perto de mim

– Não esta exagerado? – perguntei com um pequeno sorriso.

Lanie não respondeu de imediato, ela olhava alem de mim e sorriu abertamente.

– Oh, com certeza esta um escândalo, e isso é bom – ela piscou.

Eu virei para trás e vi Castle parado me encarando. Não, não me encarando, mas encarando todo o meu corpo e com os olhos um pouco arregalados, eu sorri nervosa e acenei para ele, que estava lindo. Agora foi minha vez de arregalar os olhos, o que eu tinha dito? Que ele estava lindo? Ai meu Deus, o que esse homem estava fazendo comigo?

– Hum, é, você esta linda Detetive – ele chegou perto de mim e disse sorrindo.

– Obrigada, e você não esta nada mal, escritor – eu pisquei para ele e ele sorriu um pouco mais.

Ficamos nos encarando por um tempo, até que um barulho de conversas e flash nos despertaram.

– Vejam, é Richard Castle e sua musa, a detetive Beckett, será que podem bater uma foto para o jornal? – uma repórter perguntou sorridente.

Eu não tive tempo de responder, Castle envolveu minha cintura com as mãos e juntou nossos corpos.

– Prometo que só será uma, e será rapidinho – ele sussurrou no meu ouvido.

Não foi apenas uma foto, eu quase fiquei cega com os flash, mas foi rapido, como ele prometera, Castle logo afastou os fotógrafos.

– Oh, Katherine, nossa, é um prazer finalmente conhece-la – virei para trás e vi uma mulher ruiva vindo em nossa direção, eu sorri.

– Beckett, essa é minha mãe Martha, e essa é Alexis – ele me apresentou a elas.

– É um prazer conhece-las.

– O prazer é todo meu – Alexis veio até mim sorrindo – meu pai não para de falar em você – o sorriso aumentou.

Eu olhei para Castle que censurou a garota, mas que sorriu ao ver que eu estava olhando para ele.

– Oh, com certeza – Martha disse no embalo da neta – já briguei com ele por não ter nos apresentado antes...

– Mãe – Catle a cortou.

Eu estava com um sorriso nos lábios, mas minha vontade era de gargalhar, ver Castle todo sem jeito era novidade para mim.

– Oh, querido, estão chamando você, deixe que eu e a Alexis ficamos e mostramos tudo a ela – Martha disse já me puxando para junto delas, Castle fez uma careta mas foi em direção aos repórteres.

Nós três fomos até a prateleira dos livros do Castle e eu peguei um, havia uma dedicatória “To the extraordinary KB and all my friends at the 12th”. Eu abri um sorriso ao ler.

– Ele admira muito você Katherine.

Eu sorri para Martha, mas antes que eu pudesse responder Esposito, Lanie, Ryan e Roy chegaram ao nosso lado.

– Extraordinária KB – Lanie disse e piscou, pode ser coisa da minha cabeça, mas vi uns sorrisinhos cúmplices entre Lanie, Martha e Alexis.

– Ah...

– Ao menos ele se lembrou da gente – Espo disse mostrando a parte do “amigos da 12º”.

Nós rimos e continuamos conversando sobre o livro. Martha e Alexis eram encantadoras, e Alexis, muito madura para quem só tinha 15 anos. A noite se passou muito bem, e no final Castle se aproximou de nós.

– Hey pessoal, tenho uma notícia boa e outra ruim para vocês, qual querem primeiro – ele perguntou animado, mas não deixou ninguém responder e foi logo falando – a boa é que meus patrocinadores querem mais livros da série, então vou seguir vocês por mais tempo – ele disse com um sorriso gigante no rosto – mas a ruim é que terei de fazer turnê desse novo lançamento, e estarei fora por um mês. Não gente, não precisa ficar triste, prometo que volto.

– Oh, pai, isso é incrível – Alexis foi até ele e lhe abraçou – isso quer dizer que o livro fez sucesso.

– Sim, foi uma marca grande para primeira noite de vendas.

– Parabéns cara – Ryan falou, seguido por Espo, Roy, Martha, Lanie e eu.

Ficamos conversando por mais um tempo, até que resolvemos ir.

– Dentro de um mês eu volto, não vá achar outro parceiro – Castle me disse.

– Pode deixar, vou deixar sua cadeira guardada pra você.

Ele sorriu, se aproximou e beijou minha bochecha.

– Até logo, Kate.

– Até, Rick – eu sorri.