Idioma do coração (João Miguel e Malú CCOA) escrita por Katye Alves


Capítulo 4
Borboletas


Notas iniciais do capítulo

Capitulo 4 saindo. Boa leitura e até a próxima.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/436237/chapter/4

POV Malú

Eu fiz uma grande confusão quando dizia que nunca iria me casar. E depois de ter passado pela experiência, descobri que eu estava totalmente enganada. Casamento não é ruim, pelo contrário, é por isso que todas as noivas ficam com um enorme sorriso no rosto. Porque estão felizes! Bem, pelo menos eu estava assim! E foi isso que me ajudou a descobrir que o medo que eu sentia era de outra coisa. Três palavrinhas que já vem inclusas no pacote de casamento: Lua de mel.

Só de pensar nisso, eu já fico suando frio!

Quando o João Miguel falava do nosso casamento, sorria de orelha a orelha. E eu achava que ele tava muito empolgado com isso. Mas não! Aquilo não era nada. Empolgado ele ta agora!

Acredita que ele quase me arrastou da porta da igreja com a desculpa que já era tarde pra pegar a estrada e no primeiro parque florestal que ele passou, parou pra ficar me beijando? Ele tava com pressa era de ficar sozinho comigo, isso sim! Embora a gente não tenha demorado tanto lá. Foi só o tempo de dar uns beijinhos e comprar todos os balões de um vendedor que tava passando.

Quando estávamos amarrando os balões no para choque do carro, vi um menino sujinho, que vendia balas ao nosso lado, puxar a barra do vestido esfarrapado de uma mulher e apontar pra mim: “Olha mãe, princesas existem!”.

Ele me fez lembrar meu tempo no orfanato, quando eu não tinha sonhos. Senti uma vontade muito grande de dizer a ele que até ontem eu era só uma gata borralheira e que hoje dei o primeiro passo pra alcançar o que mais desejei na vida: uma família.

Peguei uma bexiga e ofereci a ele.

― Nunca deixe de sonhar! ― Foi só o que consegui dizer.

Minha garganta se fechou e o João Miguel já me olhava de braços abertos.

Entramos no carro e da janela eu o via brincar com aquela bolha de ar enquanto ganhava seu próprio sustento. E não pude deixar de pensar em quantas crianças levavam a vida daquela maneira.

Pensei que já estávamos chegando quando o João Miguel me fez ficar de olhos fechados. Eu ainda não sabia o que ele estava aprontando, mas fiz o que ele pediu e minha cabeça começou a girar em torno das palavras “lua de mel”. Afinal, quem não sabe o que isso significa né? Sim, porque é como um filme em cartaz no cinema. Todo dia tem mais de uma sessão!

E o negócio começa com uma olhadinha daquelas, um beijo na boca, uma mão boba aqui, outra ali e quando você se dá conta, suas roupas oh?! Sumiram!

Como eu sei tudo isso? Bem, eu sou careta mais não sou burra! Vi isso acontecer várias vezes nas festas que eu frequentava como os meus amigos que o João Miguel insiste em chamar de “pessoas de má influência”. O Juiz Velarde chamaria de “delinquentes”. Mas isso não importa porque tudo que eu fazia quando estava com eles era remexer o esqueleto e jogar conversa fora. Nunca perdi uma peça de roupa!

É por isso que eu tô preocupada. Pensa! Eu, peladinha na frente do João Miguel. Aff!

Já ele... bom...não é que eu seja assanhada nem nada, mas ele não deve ser nada mal. Tem tudo ali no lugarzinho certinho! O que isso quer dizer? Ah, sei lá, ele é tipo... corpinho de Popeye?

Pois é daí que vem o problema. Imagina o Popeye sem nenhum paninho tapando nada. Imaginou? Agora pensa numa magricela como eu, pelada na frente dele. Hã??? MINHA NOSSA SENHORA DO CÉU! Se o João Miguel é o Popeye então eu sou a... Credo!! Não, não, não, não! Para de pensar nisso criatura! Tenta se concentrar numa coisa: você gosta dele, certo? Quer ele pra você? Então encara essa e deixa de frescura! Além disso, ele prometeu que ia se comportar, lembra?

Apesar de que a carinha dele, hoje, ta mais pra lobo mau na casa da vovozinha...

― No que está pensando, meu amor? ― Enquanto eu batia de frente com as minhas inseguranças, o João Miguel estranhou o meu silêncio.

― Eu? ― Nem queira saber! ― Ah, tava lembrando as histórias que eu contava pras crianças lá do meu bairro.

― Sente saudades deles? Está arrependida de ter vindo? Se quiser podemos voltar!

O quê? Voltar? Se tinha uma coisa que eu não queria de jeito nenhum, era voltar. Então pensei que talvez a experiência da vovozinha com o lobo mau, não tenho sido assim tão ruim.

― Não, eu não quero voltar! O que eu quero é abrir os olhos, já posso?

― Pois então se prepara porque nós já chegamos. Acho que você vai adorar esse lugar. ― E disso eu não tinha a menor dúvida, porque eu estava com o meu marido. Eu disse marido? Nossa!

Ele me ajudou a descer do carro e me levou alguns passos mais à frente. Era hora da surpresa.

Mas eu não era boba. Primeiro: havia um vento bem fresquinho soprando em minha pele. Segundo: meus pés estavam descalços e eu podia sentir a areia áspera por entre meus dedos. E terceiro: eu ouvia um barulho suave e bem relaxante. De água?

Se ele me pedisse pra arriscar um palpite eu acertaria. Na mosca!

Mas ao invés disso ele me deixou completamente confusa. Levou uma de minhas mãos para sua boca e a manteve lá, debaixo de um beijo, inspirando meu perfume e roçando seus lábios em minha pele. Como se tudo estivesse em câmera lenta. Uma dor ansiosa nasceu no meu peito e começou a se espalhar por várias partes de mim como se todo o meu corpo estivesse conectado à sua boca.

― Já pode abrir os olhos, meu amor! ― Ele disse baixinho, bem pertinho de mim.

O que eu vi em seguida estava muito distante de qualquer palpite que eu poderia ter. Era algo muito melhor! Uma coisa que arrancou o chão de baixo dos meus pés. Abri os olhos e vi dois mundos cor de caramelo em minha frente. Minha imagem refletida levemente no interior de cada um deles, ofuscada pela iluminação dos faróis do carro às minhas costas. O cheiro do seu hálito banhando meu rosto e sua boca perto demais de mim. “Como ele é lindo!” pensei. Meu coração parecia subir para minha boca enquanto sacudia meu corpo inteiro. Fiquei parada como uma tonta. Incapaz de reagir. Enquanto seu olhar tentava se decidir entre meus olhos e minha boca. Um sorriso começou se espalhar em seu rosto e ele disparou um tiro certeiro. No alvo. E me beijou na boca. De língua pela primeira vez.

Mil borboletas explodiram em meu estômago e todo o meu corpo estremeceu naquele momento. Eu estava perdida em algum lugar dentro de seu corpo. E foi aí que eu descobri como ele me faria tirar a roupa. Viu só? Quê que eu falei?

Tive que lutar para parar seu beijo porque minha respiração estava desconcertada e por isso ele sorria entre meus lábios. O que era engraçado? Isso me irritou um pouco e eu o afastei, abrindo espaço para ver o que estava atrás dele.

Areia, água... e estrelas. Bingo!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam? Comentem!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Idioma do coração (João Miguel e Malú CCOA)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.