Para Lembrar escrita por Beatriz Dionysio


Capítulo 24
Victor Russel 2 part


Notas iniciais do capítulo

Por essa vocês não esperavam, eu sei :D
Voltarei a postar semanalmente, às segundas.
Beijo beijo pessoas.



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Nossas bebidas ficaram prontas, as pegamos e saímos em direção ao quiosque. Todo o tempo eu me perguntava o que diabos havia acontecido.

– Você esta bem? – perguntou Mason, quando me aproximei.

– Sim.

– Quem era aquele? – sua carranca era adorável, não pude deixar de sorrir também.

– Victor Russel. – respondi, imediatamente o vendo ficar tenso. – Você o conhece?

– Sim. – Mason tinha a testa franzida e as mãos em punhos.

Me aproximei, o abraçando e fazendo com que ele me olhasse.

– Eu o conheço? – perguntei, suavemente.

– Sim. – sua resposta mais parecia um rosnado. Seja quem fosse Victor Russel, Mason não estava feliz com a ideia de tê-lo por perto.

Suspirando Mason me puxou com ele para uma das espreguiçadeiras.

– No verão do 6º ano você viajou para Inglaterra para visitar a irmã de sua mãe, e depois disso sempre voltava para todos os feriados. Eu não gostava da ideia, pois as férias costumavam ser nossas, pensei que não podia ficar pior, até o dia em que sua mãe me convidou para ir com vocês. Eu estava tão excitado com a ideia de conhecer o local que a fascinava tanto, mas passei a odiá-lo assim que chegamos lá. – Mason suspirou pesadamente antes de continuar – A Inglaterra era de fato um lugar fascinante, mas não demorei a perceber que não era apenas ela o que lhe arrancava suspiros. Ao lado da casa de sua tia, vivia ninguém menos que Aimée Russel, a grande ex-bailarina francesa, que agora dirigia a maior companhia de balé de toda a Europa, e seu filho, o encantador Victor. – o nome de Aimée me surpreendeu, e saber que a conheci em algum momento fez com que eu quisesse rir. - Aquele foi o verão mais longo de toda minha existência, era extremamente difícil competir com ele e o balé por sua atenção o tempo todo, enquanto via a forma como ele a olhava e a tocava, e você retribuía.

Mason com seus olhos vazios, contava a história como se a estivesse revivendo em sua mente. Tocando sua bochecha, aproximei meus lábios dos dele, amaldiçoando-me por ter sido tão cega, por tanto tempo.

– Você gostava dele, e aquilo me matava. Você voltava para ele todos os verões até quando por fim acabamos o colégio e você se mudou para lá de vez. –sua voz não passava de um sussurro. Eu me odiava a cada palavra dele. Mason Evans tinha me quebrado de todas as formas possíveis, mas nunca parei para pensar, nunca questionei já ter feito o mesmo com ele.

– Eu sinto muito. – sussurrei.

Eu não era a mesma Erin, mas será que Mason percebia isso?

– Eu sei. – me apertei contra ele, sentindo o peso da culpa sobre mim. Como poderia contar a ele que Victor me chamara para jantar?

– Você tinha uma vaga sabia. – ele parecia cansado, enquanto me segurava como se tivesse medo de que eu fosse fugir. – Uma maldita vaga na companhia Russel. Você trabalhou tanto por ela, mas decidiu adiar pela faculdade, pelo menos foi isso o que contou a todos. Mas você nunca foi capaz de esconder algo de mim, eu sabia que algo havia acontecido, você não iria desistir de seu maior sonho, de algo pela qual lutou tanto, por algo tão banal como a faculdade. Não sei ao certo o que aconteceu, mas Victor tinha algo a ver com isso.

Eu tinha uma vaga.

De tudo o que ele me disse, o que mais me afetou foi isso. Não posso acreditar que tinha uma vaga na companhia de Aimée Russel e desisti.

...

Durante o resto do dia, nos divertimos, brincamos, comemos e rimos. Não me lembro de ter rido tanto assim, de ter a barriga dolorida pelas razões certas. Ainda podia ver a tensão em Mason, em como ele inspecionava o loca a procura de um certo francês.

Mantive Claire perto de nós o tempo todo, desfrutando de sua inocência e sua aura radiante.

Quando o sol já estava para se pôr, decidimos que voltar para casa seria bom. Holly e Adam pareciam dois pimentões por terem adormecido no sol sem protetor solar. Era engraçado como apenas a parte de trás dele estava queimada enquanto ela tinha a parte da frente tostada.

Eu, Mason e Claire não conseguíamos parar de rir enquanto os dois caminhavam a nossa frente, carrancudos por não termos os acordado.

Por algumas horas esqueci o pequeno bilhete no fundo de minha bolsa, por algumas horas, me permitir rir e chorar pelas razões certas. Porém, quando chegamos a casa, não pude mais evitar os pensamentos que me assombravam. Como contar a Mason que Victor Russel queria me ver?

Subimos as escadas e entramos em nosso quarto. Estava tirando os chinelos quando fui atacada. Cai suavemente em cima da cama, enquanto Mason me cobria com seu corpo.

– Já disse que te amo hoje? – disse ele, espalhando beijos por minha clavícula, lentamente subindo para meu pescoço.

– Não me lembro – falei, fazendo bico.

– Sinto muito por ser tão descuidado senhorita... – sua barba por fazer fazia cócegas em meu pescoço.

Segurando meu rosto, ele me olhava com seus olhos extremamente escuros, queimando a insanidade dentro de mim, a destruindo lentamente.

– Amo você Erin.

Devo ter sussurrado de volta.

5 minutos depois estávamos na banheira. Eu lutava para não dormir enquanto Mason fazia massagem em meus ombros tensos, e cantarolava para mim.

Ele era maravilhoso, e estar com ele era assustadoramente mágico. Eu rezava a quem quer que estivesse me ouvindo para que aquilo durasse.

– No que esta pensando? – perguntou ele, depois de alguns minutos.

– No quão bom isto é, no quão feliz estou. – respondi, sinceramente. – Tenho medo que tudo apenas se desvaneça em minha frente, como sempre acontece quando me permito ser feliz.

– Shh. – ele soprava minha pele, fazendo com que pequenos arrepios percorressem meu corpo – Nada irá acontecer. Agora que finalmente tenho você, não a deixarei correr para longe de mim novamente.

O som de sua voz, a certeza em suas palavras e sua risada, me hipnotizavam, e por alguns minutos deixei-me acreditar nele.

Ele voltou a me beijar, enquanto suas mãos passeavam por minhas laterais. Virando-me, o envolvi com minhas pernas, aprofundando nosso beijo, que antes era suave.

Ele engolia meus gemidos e fiz o mesmo com os deles enquanto o colocava dentro de mim. Mason beijava e apertava meus seios com adoração, enquanto eu dançava sobre ele.

Eu amava aquele homem, como nunca havia amado ninguém e aquilo me assustava. Não era inteligente ser tão dependente de alguém.

Quando por fim saímos do banheiro já estava escuro lá fora, e relógio no criado mudo marca 18:10.

Eu tinha que dizer,

Mas não sabia como.

– Mase? – falei, enquanto retirava um vestido da mala.

– Sim?

– Eu, h-hum, tenho algo a dizer, mas você provavelmente não vai gostar. – ele me abraçou, depositando um beijo estalado em minha bochecha esquerda.

– Basta dizer gatinha.

Respirando fundo, falei:

– Victor Russel me chamou para jantar.

O sorriso em seus lábios, morreu.

– Nem fudendo!

– Mase...

– Não Erin, você não vai!

– Mas, Mason eu...

– NÃO!

Ele agora andava pelo quarto, respirando com dificuldade.

– Mason, eu preciso saber o que ele quer comigo. – falei, tentando fazê-lo entender.

– Não.

– Eu...

Mason parou de andar e veio até mim.

– Por favor, fique. – seus olhos suplicavam para que eu ficasse, e aquilo me rasgava ao meio, mas eu tinha de ir, tinha de descobrir.

– Sinto muito Mase, eu tenho que fazer isso.

Ele sentou na cama e ficou ali, sem dizer nada enquanto eu terminava de me vestir e secava meu cabelo.

Calcei os chinelos, peguei minha bolsa, caminhei até ele e o envolvi com meus braços.

– Eu não vou a lugar algum, lembra?

Ele apenas assentiu, me abraçando de volta.

– Amo você Mase – dizendo isso, o beijei e deixei o quarto.

...

Depois de algumas informações encontrei o restaurante. O local era lindo e bem iluminado, com sua decoração em tons pastel.

Disse ao metre que Victor Russel estava me esperando, e o acompanhei até uma mesa que ficava na área aberta do estabelecimento. Russel escolhera bem, a noite estava fresca, iluminada pelas estrelas que pareciam ter um brilho diferente aqui.

Russel agora vestia um terno, que com toda a certeza custava mais do que o salário dos funcionários do local.

Ele se levantou e puxou a cadeira para que eu sentasse.

Sorrindo, agradeci.

– Achei que não fosse vir. – disse ele, sorrindo.

– Devo admitir que estou curiosa.

Ele apenas sorriu.

O metre voltou com o cardápio, quebrando o silêncio.

– Eu sempre soube, pela forma como ele te olhava.

Vendo a pergunta em minha expressão ele continuou:

– Mason Evans, o garoto de ouro. Ele te amava já naquela época.

Não sabia o que dizer, então bebi um gole de vinho.

– Desculpe, que indelicadeza a minha, você não se lembra.

Dei a ele um meio sorriso.

Passamos o resto do jantar conversando, melhor, ele falava, contava histórias sobre nossa infância e eu as ouvia.

– ...então você se mudou para casa de Alicia e começou a treinar para a vaga na companhia, nos começamos a passar cada vez mais tempo juntos. Não demorou mais do que um ano para que você fosse aceita, e não muito tempo depois eu pedi sua mão. E você aceitou.

Engasguei com o vinho.

Ele fez o que?!

– Nós, n-nós...

– Sim, você era minha noiva.

Deus, aquilo era pior do que imaginava.

– Eu propus no seu aniversário de 20 anos. – ele parecia triste ao recordar. Enquanto eu estava prestes a desmaiar ou a vomitar, ou ambos talvez.

Quem diabos era a maldita Erin Everly que todos conheciam, menos eu!!!

– Você me deixou no inverno de 2004, disse que não podia lidar com a pressão e que precisava de um tempo para pensar. – fui atrás de você mas, não me deixaram vê-la. Seus pais não aceitavam o casamento, acreditavam que você precisava se formar e ter uma carreira de verdade, nunca levaram a dança a sério. Então desisti. – Victor tomou minha esquerda na sua, e continuou com sua voz fúnebre, fitando-me – Naquela época me pareceu certo deixa-la seguir seu caminho, mas agora já não sou o mesmo garoto, aquele que abrira mão da melhor coisa que já lhe acontecera.

Eu não sabia o que dizer. Sabia que chorar ou gritar não adiantaria, mas era exatamente isso o que queria fazer.

Que espécie de monstro eu era?

– Sinto muito, e-eu...

– Não sinta. Você não vê? Uma nova chance nos foi dada Erin, pense bem, você acordou, nos reencontramos aqui.

– Victor eu não...- dizendo isso me levantei. Eu tinha que sair dali.

– Shh, não diga nada – delicadamente ele segurou meu braço. Congelei. Não sabia como agir diante aquilo. – Apenas pense a respeito. Você acredita não me conhecer, mas eu poderia escrever um livro sobre você Erin Everly. Você foi o meu primeiro amor, assim, como fui o seu. Tudo o que tem que fazer, é permitir-se lembrar.

Dizendo isso ele me beijou. Um beijo casto e suave. Não ouve faíscas ou calor, não ouve nada.

O empurrei.

– Não faça isso novamente. – falei, e sai correndo.

– ERIN!!!

Não parei até que estava na porta de meu quarto. A abri e vi Mason ainda sentado na cama, agora com seu violão. Seus olhos pousaram sobre mim e ele se levantou, corri para ele, para casa!

– Eu sinto muito! – disse, entre os soluços, tentando parar as lágrimas.

Por que tudo tinha de ser difícil para mim?

Talvez a palavra que estava procurando fosse Carma. Talvez eu apenas estivesse pagando pelas coisas horríveis que fiz, pelas pessoas que machuquei, por quem eu costumava ser.

– O que ele fez? – a voz sombria de Mason me assustou.

– N-nada. – gaguejei.

– Erin, não minta para mim.

– Ele apenas m-me contou o-o que aconteceu, por que deixei a c-companhia e voltei p-para casa.

– O que aconteceu Bu? – como contar a ele? Como dizer que eu costumava ser um monstro.

– Nós e-eramos, noivos. – falei, soluçando.

Mason deu um passo para trás, como se eu o tivesse estapeado ou algo assim.

– Vocês o que? – ele passava as mãos pelo cabelo, como se quisesse arranca-los. Dei um passo em direção a ele e ele recuou – Não.

– Eu sinto muito, e-eu...

Não terminei, pois Mason correu para porta e saiu, me deixando sozinha com meus demônios.

Deitei na cama e chorei até adormecer.


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Notas finais do capítulo

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