I Need To Go escrita por Elizabeth Darcy


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que eu tinha prometido escrever A volta para o Norte, mas a minha agenda ta deixando impossível e eu to com muita dificuldade com a pesquisa para estruturar a história, alguém conhece finanças do século XIX?!?? Eu ficaria feliz se me explicassem.
Porém, aqui estou com um capítulo enorme, o maior que eu já fiz, e to me sentindo muito orgulhosa dele, sério! Espero que vocês gostem, eu realmente me senti a Margaret quando escrevi.



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"A pior coisa para a qual se diz adieu,

Perde sua maldade na hora da despedida.”

Elliot

Margaret era habitada por um sentimento angustiante, ela não sabia se algum dia poderia voltar a Milton quando já lhe era impossível ficar. Mrs. Shaw criou uma forte antipatia contra Milton – tanto quanto era possível a uma natureza delicada como a sua. Era um lugar barulhento, e enfumaçado, e as pessoas pobres que ela vira nas ruas eram sujas, e as senhoras ricas espalhafatosas, e nem um dos homens que ela viu, alto ou baixo, tinha as roupas feitas sob medida.

Estava certa de que Margaret nunca iria recuperar sua força perdida enquanto ficasse em Milton. E ela própria estava com medo de ter um dos seus antigos ataques de nervos. Margaret devia retornar com ela, e rapidamente. Isto, se não era a força exata das suas palavras, era de qualquer modo o espírito do que conversara com Margaret, até que a última, fraca, cansada e abatida, prometeu-lhe com relutância que, assim que passasse a quarta-feira, ela se prepararia para acompanhar a tia de volta à cidade – deixando Dixon encarregada de todos os arranjos para pagar as contas, dispor da mobília e fechar a casa.

Antes daquela quarta-feira – aquela triste quarta-feira, quando Mr. Hale seria enterrado, longe de qualquer um dos lares que conhecera em vida, e longe da esposa que jazia solitária entre estranhos (e esta última foi a grande dificuldade de Margaret, pois ela achava que se não tivesse se entregue àquele estupor opressivo nos primeiros dias de tristeza, poderia ter organizado as coisas de outro modo) – antes daquela quarta-feira pediu para visitar seus poucos amigos na cidade. Tia Shaw protestou prontamente, que tipo de amigos poderia Margaret ter encontrado naquele lugar insalubre? Quem seriam os Thorntons e Higgins para necessitar de uma última visita especial para dizerem adeus a Margaret, como disse a tia ainda, aquele lugar era o culpado pela morte de seus pais, uma pobre menina que perde primeiro a mãe, para depois o pai, não merece de ninguém dali menos que as mais sinceras desculpas e enquanto ela e Edith continuassem vivas, e até mais longe que isso, Margaret não precisaria de mais nada vindo de Milton. Mas por fim, depois de um pedido repleto de lágrimas e uma única pedida especial, a mrs. Shaw concordou, era uma última homenagem aos laços que seu pai havia construído naquela cidade.

Na madrugada, se sentindo em uma insônia quase costumeira, Margaret andou pela sala que seu pai mantinha seus principais livros, apenas um permanecia mal encaixado no armário e retirá-lo viu que se tratava de Platão, deveria ter sido o último assunto que o pai tinha discutido com um de seus alunos, mas ela não pode pensar em nenhum que não fosse o mr. Thornton. Ele havia ocupado tanto suas memórias, sua mente vagarosamente tinha voltado nos momentos de ócio a pensar no ato dele para protegê-la e ao irmão sem ao menos saber que aquele homem com quem ela caminhou em meio a noite não era mais ou menos, um familiar para ela.

Pegou o livro e se encaminhou para o quarto, sabia que não voltaria a dormir, mas preferiu a privacidade do cômodo para dar continuidade aos seus pensamentos. A luz da vela ela decidiu que levaria aquele livro, que permanecia em suas mãos e era afagando por seus dedos finos, o deixaria com alguém que fosse apreciar a lembrança de seu pai, era um lugar feliz para manter um pequeno pedaço dele ainda intacto em Milton, o mr. Thornton era talvez um homem duro e de aspecto pouco nobre como os cavalheiros de Londres, mas de um coração muito melhor do que Margaret pode alguma vez suspeitar e sagaz por si próprio, quem diria então, leal ao manter silêncio sobre aquela fatídica noite. Quando fosse a casa dos Thorntons, sabia porém, que poderia não encontrá-lo, ou ter tempo para dizer algo a mais que um "adeus", deveria então deixar um recado dentro do volume, para que ele tivesse certeza sobre a necessidade dela de deixar o livro em suas mãos, poderia ser um breve bilhete.

Mas não, Margaret sabia que ele merecia dela a verdade, mesmo tendo o magoado de uma forma maior do que ela poderia acreditar, ela ainda tinha o dever de anexar uma carta, selada para que ele e somente ele a lesse. E pediria que dissesse a pobre mãe, sobre a verdade, já que mesmo fazendo o que não lhe agradava, a mrs. Thornton veio lhe informar do mal compreendido ato que tinha chego aos seus ouvidos, ela cumpriu a promessa a mãe no momento que a doença mais a afligia, e era o dever dela dizer a ambos sobre o fato de seu irmão, Frederick jamais viria a Milton novamente. Pegou papel e caneta e se preparou para escrever como pode sobre a pouca luz vinda da vela, antes de consultar no pequeno relógio, que ainda era madrugada inteiriça, poderia escrever sem se preocupar com Dixon ou tia Shaw a encontrarem.

Faltava-lhe agora, por onde começar, como explicar ao mr. Thornton o porque dessa carta, do livro e de toda a efusão de sentimentos de gratidão e rompantes de histórias pouco contadas.

Ao mr. Jonh Thornton,

Acredito que ao mínimo possa estar intrigado com estas folhas, sim de fato elas não correspondem ao curso normal das coisas, mas peço com piedade, a leitura dela. Deve saber que com o triste acontecimento, não tenho mais nenhum elo que me prenda a Milton e tanto a família de minha tia e prima como acredito que o mr. Bell, acreditam ser melhor minha mudança para Londres quase que prontamente.

Com o fato, resolvi em minha última visita, trazer ao senhor, o exemplar do livro que me lembro de ouvi-lho discutir com meu pai, ele com toda certeza aprova minha ideia e tenho em mente que ele mesmo não encontraria lugar melhor para o livro do que este, este volume já não nos cabe mais nem na prateleira, mas ficaria feliz se pudesse colocá-lo em algum lugar da sua. Sinceramente espero que aprecie o livro como penso que você e meu pai apreciaram se pudessem algum dia discutir novamente sobre ele, digo isso porque meu querido pai via no senhor, um dos mais dedicados alunos dele e um verdadeiro amigo. Então trago uma singela lembrança dos Hale que agora não andaram mais por estas ruas.

Acredito que este não seja o único motivo que marca estas folhas, e devo logo falar. Mr. Thornton, sobre a noite, logo após a morte de minha mãe, já deve ter claro do que trato em sua mente, foi um terrível engano e eu não posso mais que agradecer o que o senhor fez por mim. De fato, nem você como qualquer outro cavalheiro que não é ligado a família ou a Helstone sabe que eu tenho um irmão, Frederick, ele entrou para a Marinha ainda muito jovem e meus pais ficaram orgulhosos porém logo chegou a nós a mais terrível das notícias, meu irmão tinha se envolvido em um motim contra o capitão do navio, ele vinha a maltratar terrivelmente a todos e Frederick foi um dos únicos a agir ckntra a tirania do capitão.

Devo dizer logo, mr. Thornton, que o capitão foi abandonado no mar junto com os que o apoiavam e o navio regressou, mas porém com todos os tripulantes agora na lista de traidores da Marinha, quando encontramos o nome de meu irmão, foi a maior tristeza que minha pobre mãe pode ter, Frederick sempre teve uma posição privilegiada em seu coração. E temendo que ele fosse capturado e preso, senão morto, agimos para que ele fosse em um dos navios independentes para a Espanha, e lá ele assumiu um sobrenome de outro ramo de nossa família. Entenda, o amor que minha mãe sentiu por ele era seu alento, ela sempre esperou um dia, vê-lo novamente, mas quando ela mesma percebeu que isso poderia jamais acontecer, em um de seus piores momentos, pediu que eu escrevesse a Frederick.

Devo omitir agora toda a situação que decorreu desse momento até sua chegada, seriam linhas confusas de mais, o único fato que tenho que me atentar, é que Frederick veio, chegou escondido e na época, não mantivemos em casa empregados e infelizmente, precisei negar todas as visitas que nos foram feitas. Dias depois minha mãe veio a falecer e caiu sobre nós três que continuamos a viver, a verdade sobre a vinda de meu irmão, era uma atitude imprudente e mal pensada, perigosa para ele, e assim ele partiu uma noite depois. Porém, nossa empregada, encontrou na rua aqui em Milton, um sujeito que viveu em Helstone e que fez questão de lembrá-la sobre a recompensa que corria pela captura de Frederick. Foi o mesmo homem que abordou a mim e ao meu irmão na plataforma do trem, por desespero movido por uma soma monetária, ele iria nos entregar, e meu irmão o empurrou, por causa do equilíbrio precário dele, que aparentemente, não andava sóbrio, ele caiu da plataforma, mas continuou vivo. Naquela noite, em que acredito que o senhor viu bem meu rosto, foi a noite que abracei pela última vez meu irmão antes de mandá-lo a Londres em busca de um amigo, o sr. Lenox, para advogar a favor dele se um dia pudessem provar sua inocência no caso do motim. Acredito que agora que possa entender, não meu mal ato ao mentir e negar diante do inspetor que esteve aqui, mas meu desespero como irmã, de acabar delatando meu irmão, que na época ainda não tinha embarcado para a Espanha onde vive agora, eu tive medo de que ele fosse capturado antes do embarque, ou ainda, enquanto estivesse em águas inglesas. Temi muito por ele, e por meu pai que sentia já a perda de minha querida mãe e que não suportaria a prisão de Frederick, não consigo imaginar, que agora seja somente eu a única Hale em solo inglês. Este, mr. Thornton, é o relato mais preciso que poso dar sobre os acontecimentos que terminaram com o fechamento do caso de polícia pelo senhor, novamente quero e sinto necessidade de agradecer ao senhor, a bondade que me fez sem ao menos saber, nunca poderei deixar de ser grata.

Espero que possa atender um último pedido, ele tem total necessidade de ser feito, transmita a sua mãe a verdade, ela cumpriu uma promessa que fez a minha mãe ao me oprimir pelo meu ato, mas de fato, não havia lá, ninguém a menos que meu irmão, e eu em uma medida de segurança, não fui educada com ela ao rejeitar um concelho, compreendo que a situação pareceu-lhes outra, mas não pude negar diante dela e então dizer do que realmente se tratava, mas agora que decidi que Frederick não voltará mais a Milton e que tanto meu pai como minha mãe, devem estar guardando-lhe o futuro, relatei aqui a verdade. Devo pedir, não como algo especial, que está carta permaneça em segredo em relação aos demais, não seria nom para a família de minha prima, que está notícia volte a circular, não pelo fato de me por em risco de uma nova investigação, mas pela forma como, a imagem de todos será afetada, e eu jamais poderia trazer este prejuízo a família que agora me acolhe novamente como uma irmã.

Concluí nesses últimos dias, que tenho sobre o senhor, uma melhor opinião do que o senhor sobre mim, e não desejo que isso se altere somente com base nessa carta, não sou merecedora de alta estima ao ver os dias passados, mas donfio na sua justiça para acreditar em mim e absolver-me de algumas das minhas culpas. Reaseguro aqui, a vontade que tenho de que fique com o livro de meu pai e peço por mim mesma em por ele que aceite.

Despeço-me aqui, logo parto para Londres e então devo ficar na companhia dos Lenox e do mr. Bell, ele tem se dedicado a mim como um padrinho honrável. Que Deus abençoe o senhor e todos os outros.

Atenciosamente

Margaret Hale.

Ela selou a carta e abriu as cortinas do quarto, o sol estava para nascer em um triste dia, era a quarta-feira que ela poderia se referir como a mais triste de sua existência, ela estava completamente sozinha e de uma forma agora diferente, não havia mais nenhum arranjo a se pensar, seu pai seria enterrado e deixaria completamente a terra, mesmo sua alma já junto a Deus, nenhum dia poderia ser pior do que se faz o enterro de seu patriarca, e ela continuava longe para lhe prestar essa homenagem. Pensou em ir ver o lugar onde havia sido enterrada sua mãe, era tão mais próximo e simbólico, mas ela tinha de permitido dias de mais de tristeza, não podia se ausentar diante de um túmulo para chorar o que não mais lhe pertencia, aquele era um martírio que seguiria com ela pelos dias que vivesse.

Deveria então, hoje, visitar os poucos conhecidos que lhe sobraram, voltou a fechar a cortina e se deitou tendo ao lado do travesseiro o exemplar de Platão. Quando se levantou, boa parte da manhã tinha se passado, encontrou na mesa do café, uma carta do mr. Bell, mas antes de abrí-la, foleou o livro que ainda trazia nas mãos pela última vez, arrancou a carta que estava lá, por um breve momento ponderou com aquele papel entre seus dedos então, em um momento de coragem e sensatez a jogou no fogo, quando viu todo o papel se tornar cinzas. Continuou a observar as chamas, ela não podia dizer ao mr. Thornton nada do que escreveu, se era porque queria jo fundo, a estima dele, ela pouco se daria por aquele papel e logo, ela nunca mais o veria, seria para sempre, um tormento esquecido na mente de ambos.

Não poderia adquirir seu perdão diante dele sacrificando u segredo, um segredo que não lhe pertencia e tão pouco um dia iria. As coisas deveriam permanecer daquela forma, por Frederick. De que importava se ela tinha por ele uma melhor opinião do que o mr Thornton por ela? Esta era a última vez que se veriam, nada dentro dela mais importava, nenhum pensamento sobre ele seria relevante. O mr. Thornton receberia o livro e um breve bilhete, mas mais nada poderia sr feito pelo motivo real, aquele jeito, deveria se limitar ali e a vontade do pai. Margaret sentia que algo em seu peito comprimia o ar em seus pulmões, e sentiu as lágrimas brotarem, logo pegou a carta do sr. Bell e a levou para o quarto até ficar mais controlada, enquanto ela fingia ler a carta, a tia apareceu e logo perguntou:

-Minha querida criança! Aquela carta a aborreceu ou perturbou?

– Não! – disse Margaret, fracamente. A tia jamais poderia imaginar o que se passava na mente e no coração de Margaret.

Doia dizer adeus a tudo, a ele, mas Margaret precisava ir, talvez esquecer tudo, e independente de quando lhe doesse, não eram boas as memórias, Milton trouxe muito sofrimento aos Hale, mas eram as lembranças significantes que a marcavam, o impulso de salvar o mr. Thornton do ataque dos trabalhadores, mesmo tendo sido ela que o obrigou a encará-los, ela tinha visto o irmão, passado um tempo precioso com o pai e a mãe e sentido como Holston era o verdadeiro paraíso, mas lembrar-se das sensações a impediria de seguir, de fazer algo por si mesma.

- Eu estou certa, querida, que você não vai melhorar até que eu a tire dessa atmosfera horrível. Como você suportou isso por dois anos, eu não posso imaginar.

– Onde eu poderia ir? Eu não podia deixar o papai e a mamãe.

– Bem! Não se aflija, minha querida. Ouso dizer que foi tudo para o melhor, eu só não tinha qualquer ideia de como você estava vivendo. A esposa do nosso mordomo mora em uma casa melhor do que esta.

– Às vezes é muito bonito... no verão. Não pode julgar pelo que é agora. Fui muito feliz aqui – e Margaret fechou os olhos, como modo de encerrar a conversa. A casa transbordava de conforto agora, comparado ao que tinha sido. As noites eram frias, e por ordens de Mrs. Shaw acenderam-se as lareiras em todas as peças.

Ela mimava Margaret de todas as maneiras possíveis, e comprou todas as guloseimas ou pequenos luxos nos quais ela mesma costumava se refugiar ou procurar conforto. Mas Margaret era indiferente a todas essas coisas. Ou, se elas se impunham à sua atenção, era apenas como motivo de gratidão para com a tia, que se colocara tão fora do seu modo habitual para pensar nela. Margaret estava agitada, apesar da fraqueza.

Durante todo o dia ela se absteve de pensar na cerimônia que estava acontecendo em Oxford, vagando de sala em sala, lentamente pondo de lado os artigos que desejava manter. Dixon a seguia a mando de Mrs. Shaw, ostensivamente para receber ordens, mas com instruções secretas de fazê-la repousar assim que fosse possível.

Ela entrou no quarto e encontrou o livro de Platão em sua mesa. E, como se tivesse medo de pensar, ela sentou-se e escreveu rapidamente, não cometeria o mesmo erro novamente:

Prezado Senhor

Estou certa que irá valorizar o livro que acompanha esta nota como lembrança do meu pai, a quem ele pertencia.

Atenciosamente

Margaret Hale.

"Para o nosso bem, eu preciso ir" Pensou enquanto ia em direção a carruagem da tia.


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Notas finais do capítulo

Comentários? E sim, eu usei algumas partes do livro original da Elizabeth Gaskell e nenhum personagem pertence a mim Blábláblá...



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