O tempo passou muito rápido, pois logo depois, uma criada anunciou a hora do almoço. Todas levantamos e fomos. A cada refeição, ficávamos mais “normais”. O que antes era feito em silencio, agora, éramos todos falando um com os outros. Como uma família de verdade. Eu com certeza sentiria falta daquela mesa cheia depois que todos fossem embora. Quando acabamos, Maxon e os reis foram para o escritório, enquanto todos os outros foram para o salão das mulheres. Resolvi que conversaria com a rainha a respeito dos deveres que terei. Amberly ficou muito feliz e começou a me dizer tudo o que fazia desde que assumiu o posto.

Falou como manter contato com pessoas importantes, como administrar o castelo e os criados, falou das organizações das festas, e muitas outras coisas. Me contou das besteiras que fez nos primeiros momentos como rainha, e nessas horas, eu tentava segurar o riso, mas era difícil.

– Pode rir America – ela disse levantando as mãos – eu admito que é engraçadíssimo

– Estou achando graça, mas corro o risco de fazer o mesmo – eu disse parando de rir

– Não, não corre. Pois eu estou aqui para ajudar nisso

– A mãe do rei Clarkson não ajudou você?

– Ela me detestava! – ela disse cochichando – ela queria que o filho casasse com uma dois metida a modelo

– Celeste participou da sua seleção? – eu perguntei fingindo estar confusa – ela parece ser nova!

Amberly caiu na gargalhada.

– Era muito parecida com a Celeste – ela disse enxugando as lagrimas – por isso, sempre que eu podia, eu fazia algum comentário com Maxon. Com medo dele cometer esse erro estúpido.

– Então você era Team Amerixon? – eu perguntei eufórica

– Eu era o que?

– Team Amerixon. Torce para America e Maxon.

– Ah! Que criativo. Sim eu era. Eu via que você era a preferida dele desde a aposta da torta de morango.

– Do jeito que eu estou emotiva, posso começar a chorar a qualquer momento.

– Está emotiva? Porque?

– Eu e Maxon brigamos feio ontem. Pior do que qualquer outra. Por mais que já tenhamos resolvido tudo, ainda não me recuperei.

– Mas você não estava na área hospitalar ontem?

– Fui parar lá por causa disso.

– O que o Maxon te fez? – ela perguntou alterada

– Calma. Fui parar no hospital por imprudência minha. Estava chateada com ele. Não comi e fui para o sol. Desmaiei. Nossa discussão ocorreu quando eu acordei no hospital.

– Ele brigou contigo dentro do hospital?

Respirei fundo. Nada do que eu falasse, deixava a situação menos estranha. Só piorava. Tive que recomeçar. Contar todo o motivo, igual havia feito com meu pai. Ela ficou decepcionada no começo. Mas ficou bem quando eu disse a explicação dele. Ficamos mais alguns minutos conversando, ate uma criada da cozinha entrar com as opções do cardápio para o jantar. Amberly fez questão que eu decidisse. Peguei a prancheta e li. Não entendi N-A-D-A. Os nomes eram estranhos. Maldade a Amberly me colocar para escolher logo o cardápio de domingo. Seria um jantar de maior escalão, com alguns visitantes alem dos que já estavam lá.

Olhei para Amberly com cara de desespero e me deparei com um sorriso. Foi de propósito! Eu ri e ela pegou a prancheta e me explicou o que era cada prato.

– É só isso? – eu perguntei – então para que esses nomes? Se for batata frita, escreve barata frita!

– Eu também achava isso, mas tem lugares que são outros nomes. Esses são como uma linguagem universal anti-gafe. Você pode visitar outros reinos e não passa vergonha.

– Certo. Terei que aprender isso. Mas só por causa do trabalho que você deu para inventar essa historia. Então eu quero esse aqui no jantar.

Amberly assentiu rindo e a criada se retirou. Me levantei e fui ate Daphne, Aspen e Nicoletta, que cochichavam no sofá mais reservado do salão.

– O que estão aprontando, posso saber? – eu perguntei me aproximando, fazendo os três ficarem em silencio – podem começar a falar!

– Planejando algumas coisas – Nicoletta disse

– O que? – eu perguntei me sentando ao lado de Daphne

– Vamos para o terraço essa noite – Daphne disse apertando minha mão

– Fazer.. ? – Eu pergunte

– O que quisermos! – Nicoletta disse sorrindo

– Nossa, quanta rebeldia – eu disse rindo

– E você e Maxon vão – Aspen disse

– Ah vamos?

– Isso não é uma pergunta America – Daphne disse – Vocês vão!

– Tenho a impressão que não é tão simples assim – eu disse

– Com toda certeza – Nicoletta disse – precisamos de um favorzinho seu e um de Maxon. Considere isso como condição para participarem

– Condição para participar de uma festa que vocês estão me obrigando a ir? Tenho outra opção?

– Não. Agora escuta. Maxon tem um primo. Da idade dele. Filho do irmão da rainha Amberly. Precisamos dele na nossa festinha – Daphne disse

– Eu não o conheço – eu disse – como vou chamar ele?

– Sua tarefa é convencer o Maxon. E a tarefa dele é coloca-lo na lista – Aspen disse

– Porque convencê-lo? – eu perguntei

– Digamos que eles não se relacionam muito bem – Daphne disse – quando éramos mais novos, eu sempre deixava o Maxon de lado para brincar com o primo dele. Então Maxon não chamava ele com frequência. Principalmente quando eu estava. – Daphne explicou

– Tudo já fez sentido – eu disse rindo – Mas tenho uma ideia melhor

Me levantei e fui ate a rainha. Olhei para meus amigos e pisquei, deixando eles um pouco apavorados.

– Amberly – eu comecei – estava pensado. Teramos um jantar aqui hoje. Ainda dá tempo de chamar sua família?

– Minha família? Por quê?

– Sei lá. Eu gosto da sua irmã. Quando a conheci, bati um papo com ela e acabou me beneficiando na seleção. Queria revê-la. E já que eu escolhi o jantar, queria saber se ainda dá tempo de chama-la. Chama-los. Todos eles.

– Acredito que sim. Vou ligar para elas imediatamente – ela disse sorrindo

– Espera. Ela tem filhos não é?

– Todos tem. A propósito, meu irmão tem um filho da idade do Maxon.

– Ah! Que legal! Chame todos! Vai ser divertido ver toda a família junta! Vou correr na cozinha e aumentar a quantidade na lista.

– Correr não America. E espere eu ligar e confirmar!

– Certo – eu disse voltando para o lado de Daphne.

Todos ficaram me olhando esperando eu falar, mas eu me fiz de cínica. Peguei uma revista e comecei a folhea-la devagar, fingindo interesse. Os três me olhando revoltados gesticulando para mim. Olhei para cada um com cara de confusa. Ate a rainha se aproximar.

– Confirmado America. Meu irmão e irmãs vêm para o jantar com os filhos – ela disse sorrindo

– Então vou calmamente ate a cozinha, como uma dama, aumentar o numero no cardápio – eu disse

Amberly sorriu e se retirou com um aceno com a cabeça. Daphne apertou meu braço sorrindo enquanto Nicoletta batia palmas agitada. Eu sorri e me levantei sem dizer nada. Aumentei a lista da cozinha e voltei. Eram mais ou menos umas três horas, e o jantar era apenas as oito.

Maxon voltou da reunião e sentou com a gente. Não ficou muito satisfeito quando soube que seu primo viria para o jantar, mas dai entrava minha parte de convencê-lo. Ficou fazendo carinho nele, bem próxima enquanto conversávamos. A expressão mal-humorada dele foi se dissolvendo. Eu disse que era melhor irmos todos nos arrumar e levei Maxon comigo. Puxei ele pela mão ate meu quarto. O empurrei na minha cama e deitei sobre ele, iniciando um beijo. Maxon me envolveu pela cintura e sem sair do beijo, mudou nossa posição, ficando sobre mim. Maxon começou a beijar meu pescoço. Trocamos de posição de novo, de forma que eu fiquei sentada em cima dele. Soltei o cabelo e o baguncei de leve enquanto Maxon me observava.

– Acho melhor – eu sai de cima dele – eu ir – disse tirando os sapato e largando no caminho enquanto andava para o banheiro – tomar banho – eu disse entrando no banheiro e deixando a porta aberta

Ouvi os passos de Maxon no quarto e quando olhei para trás, ele estava na porta do banheiro.

– Acho que você vai precisar de ajuda com o vestido – ele disse entrando e fechando a porta

Empurrei ele contra a porta já fechada e o beijei intensamente. Maxon já passou a mão pelas minhas costas e abriu meu vestido. Tirei sua gravata o mais rápido que eu conseguia e depois a blusa. Deslizei a mão por seu peito e barriga, ate chegar à calça. Tiramos as roupas um do outro e fomos para o chuveiro. Foi o melhor banho que já tomei na minha vida. Quando acabamos, ainda estava cedo, então ficamos deitados na cama, conversando abraçados.

– Você não fez aquilo para me convencer a deixar meu primo vir não né?

– Fiz aquilo o que?

– Me chamou para tomar banho com você!

– Eu não chamei. Você que foi.

– Sei. Não vou discutir com você!

– Faz muito bem – eu disse rolando para cima dele

Ouvimos batidas na porta. Disse para entrar e rolei de volta para meu lugar. Era Nicoletta, Aspen e Daphne.

– Viemos para combinar os detalhes finais da festinha – Nicoletta disse sentando no banco do piano

– Que festinha – Maxon perguntou

– Ops – eu disse

– Que festinha America?

– Nós vamos fazer uma festinha no terraço depois do jantar – Daphne disse

– Passaram horas aqui em cima e você não contou America? – Aspen perguntou

– Esqueci – eu disse

– Ficaram fazendo o que a tarde .. ah! – Aspen começou a rir – Danadão

– Nunca mais repita isso – Maxon disse apontando para Aspen

Não adiantou, todos começamos a rir, principalmente Aspen e Maxon. Ficamos conversando e rindo alto ate ouvirmos batidas na porta. Já tínhamos acostumando a ficar os cinco juntos. Ficamos em silencio, todos olhando em volta. Olhei para ver se faltava alguém, e não faltava. Ainda confusa, levantei para abrir a porta. Me deparei com um peitoral largo. Subi o olhar. A pele bronzeada e cabelos castanhos fazia seus olhos verdes ficarem ainda mais bonitos. Acho que fiquei tanto tempo o encarando, que perdi o jantar.

Nicoletta e Daphne se aproximaram perguntando quem era e também se perderam no meio da frase. O rosto era incrivelmente e lindamente familiar. Ele olhou demoradamente para cada uma de nós três, e quando chegou em Daphne, seu sorriso abriu. Fui ofuscada pela beleza de seu sorriso. Ele começou a falar, mas eu não prestei atenção de primeira. Sacudi a cabeça.

– Perdão, o que você disse? – eu disse acordando da minha situação vergonhosa.

– Eu disse – ele falou enquanto sorria – que me disseram que encontraria meu primo aqui.

– Pois bem – Maxon surgiu atrás de mim – entre. E cuidado para não escorregar na baba das senhoritas

– Claro- ele respondeu rindo ainda mais

– America? Nicoletta? Daphne? – Maxon disse e nós saímos da frente da porta permitindo que o garoto entrasse passando pela gente

– Esses são Nicoletta, princesa da Itália, Aspen, amigo da família – Maxon disse para o primo apontando para cada um – e America – ele disse devagar e com uma expressão estranha – minha noiva.

– Eu sei que ela é sua noiva – o primo respondeu – é ainda mais bonita ao vivo

– Certo, você mora aqui em Illéa – Maxon disse – Pessoal, esse é meu primo Paul.

– Muito prazer – Paul disse cumprimentado cada um

– Paul, lembra de Daphne?

– Como iria me esquecer? – Pau respondeu beijando a mão de Daphne e olhando para ela ao mesmo tempo – o passar dos anos sempre fizeram incrivelmente bem para você princesa.

– Vocês podiam ate ser irmãos! – foi a primeira coisa que eu disse e me arrependi logo em seguida.

Maxon revirou os olhos e Paul sorriu. Após o momento constrangedor ter passado, contamos a ele da festa. Paul ficou animado com a ideia.

– Não sei não, acho meio arriscado – Maxon disse passando a mão nos cabelos.

– Você precisa se arriscar mais primo – Paul disse se jogando entre eu e Maxon na cama

– Essa, não é uma característica muito boa para um futuro rei – Maxon respondeu levantando – Agora, vamos descer para o jantar.

Todos descemos conversando, menos Maxon, que estava mais calado do que nunca. Fomos os últimos a chegar e os últimos a sair. Comemos devagar como parte do plano de despistar os adultos. Quando só restava a gente, levantando e fomos furtivamente para a cozinha. Maxon e Paul foram na frente, e nos guiaram ate uma porta. Era uma adega. Me perguntei se ele visitava com frequência aquele lugar. Enquanto eles e Aspen ficavam escolhendo, as meninas me puxaram para outro lugar. Pegamos almofadas e tapetes.

Nos encontramos no topo da escada e fomos para o terraço em silencio. Cada um levava algo. Maxon uma garrafa de vinho e alguns biscoitos, Paul levava uma garrafa de vodka e uma caixa que parecia ser de bolo, Aspen levava um engradado de energético e uma caixa de petiscos, Daphne, Nicoletta e eu levávamos cada uma três almofadas, um tapete e uma cesta com copos, talheres e guardanapos. Maxon deixou as coisas com Paul e foi na frente para dispensar os guardas. Já com a barra limpa, saímos e arrumamos tudo.

Colocando todos os tapetes juntos, fazendo um ninho com as almofadas e as comidas e bebidas no centro. Uma pena que colocar musica iria chamar muita atenção, pois ficaria divertido. Logo já foi possível notar o clima entre Paul e Daphne. Ele estava sentado, mas com o tempo, foi se acomodando, ate ficar quase deitado e apoiado no cotovelo. Daphne sentada ao seu lado, ainda meio tímida. Ficavam falando baixo e rindo, ate que Paul esticou seu braço livre, passou a mão pelos cabelos de Daphne e a puxou para um beijo, deixando todos com uma expressão de surpresa.

Aspen estava sentado, apoiado nas mãos e com as pernas esticadas e Nicoletta deitada sobre duas almofadas, ou seja, praticamente sentada. A iniciativa de Paul deve ter inspirado Aspen, pois ele logo fez o mesmo, indo para cima de Nicoletta. Eu e Maxon nos olhamos meio sem graça com a situação. Ele não gosta muito de me beijar na frente de alguém, então ele abaixou a cabeça e ficou acariciando minha mão. Ambos estávamos sentados, então eu deitei e fiquei olhando as estrelas e Maxon me acompanhou, ainda parecendo meio sem graça.