This Is War escrita por Rocker, Vitória


Capítulo 6
O primeiro dia de missão


Notas iniciais do capítulo

Sentimos muito pela demora, mas mal estamos escrevendo mais, é meio difícil. Em compensação, o capítulo é grande ;) Obrigada pela recomendação, Ana Cristina, adoramos!! XDD



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Capítulo 5 - O primeiro dia de missão

Forget me nots, second thoughts

(Esqueça-se de mim,segundos pensamentos )

Live in isolation

(Viva isolado )

Heads or tails and fairytales in my mind

(Cara ou coroa e contos de fadas na minha mente)

Are we we are, Are we we are the waiting

(Nós somos, nós somos a espera)

Unknown

(Desconhecida)

The rage and love, the story of my life

(A raiva e o amor, a história da minha vida)

The Jesus of suburbia is a lie

(O Jesus dos subúrbios é uma mentira)

Claire estava assustada demais para se mover. O monstro a encarava com um sorriso perverso e fedia. Tentava prender a respiração o máximo que podia, mas parecia meio impossível com o vento que carregava seu cheiro até ela.

– Me diga garotinha, onde estava querendo ir? Você fede a água do mar, filha de Netuno, o que faz longe de seu território? - a Fúria perguntou, olhando-a ameaçadoramente nos olhos.

– Não é da sua conta o que eu faço ou deixo de fazer da minha vida! - disse Claire confiante, mas o suor frio escorria por sua testa.

Não tinha a menor ideia de onde surgira toda essa coragem e, sinceramente, tinha medo de saber se tinha mais de onde vira.

– Bom, tudo bem. Eu não preciso saber, eu devorarei você do mesmo jeito.

O monstro disse se aproximando de Claire com as garras afiadas e arranhando de leve seu rosto e depois com muita força o seu braço direito, fazendo a garota morder o lábio inferior para não gritar e dar prazer a tão terrível criatura. Fechou fortemente os olhos e quando os abriu viu que a Benevolente estava pronta para matá-la, então tentou se mexer, mas os braços e pernas doíam e os olhos começaram a embaçar. Quando esperou o golpe final, o monstro se virou para trás e acertou algo.

– Semideus estúpido, pensa que eu não percebo sua presença?! - disse para Jason, que estava caído a alguns metros de onde Claire estava.

Aproveitando que a Fúria seguia onde Jason estava, Claire levantou-se com esforço e com sua adaga perfurou o mostro pelas costas, transformando-o em pó.

– Você está bem? - Jason perguntou.

– Não. - Claire respondeu tristemente. - Eu fui covarde. Não soube me defender e ainda precisei que você viesse pra tomar uma atitude.

Jason não respondeu. Sabia que ela não precisava de palavras no momento, então correram até os outros no fim do morro e os viram lutando contra dois monstros iguais aquele que os atacaram.

Charlotte dava o seu melhor com a espada. Apesar da pouca técnica, estava indo até que muito bem. Nico e Leo também lutavam com dedicação. Estava tudo sobe controle até que uma das Fúrias acertou Charlie na perna, fazendo-a cair de bruços no chão. Logo após a Fúria levantou as garras e lançou sua espada para longe, deixando-a caída e desarmada. Então Charlie a empurrou com os pés e levantou com dificuldade.

– Charlie! - Claire gritou nervosa, há muitos metros dali.

Quando olhou para trás, a filha de Poseidon viu a outra Fúria pronta para matá-la e, no impulso, fechou os olhos, esperando o impacto e a morte iminente. Mas nenhum deles veio, fazendo-a abrir os olhos e ver que estava coberta de um pó amarelado e Nico bem perto segurando sua espada de ferro estígio preto.

– De nada. - ele falou, olhando-a nos olhos, mas antes que a garota pudesse falar algo, continuou a andar.

Charlie se juntou aos outros e percebeu que sua irmã também tinha cortes pelo corpo. Também havia lutado, mas era algo normal na vida de um semideus de acordo com os amigos.

~*~

Durante o trajeto de táxi até Nova York, Charlie e Claire nada disseram, deixando que os meninos decidissem qualquer coisa que fosse. Cada uma emersa em seus próprios pensamentos, em seus próprios medos e receios quanto a essa missão. Claire ainda se culpava por ter sido tão fraca e quase ceder à Fúria, perdendo o tempo preciso que teria para salvar a irmã. E Charlie não parava de pensar no momento em que vira Nico salvando sua vida.

– Vamos, Charlie? - a menina ouviu a voz de Jason ao seu lado e, quando virou o rosto, percebeu que todos já saíam do táxi.

Ela saiu do carro e, enquanto via-o sair à distância, sentiu seu braço ser puxado levemente.

– Aonde vamos? - ela perguntou a Jason, completamente alheia a tudo.

– Decidiram ir a uma lanchonete para decidirmos o que fazer.

Ela assentiu e o seguiu até os outros. Andaram poucos quarteirões até que encontraram uma lanchonete não muito frequentada, mas era o suficiente para eles.

– Temos que ter cuidado. Mais monstros podem estar nos procurando. - Nico disse sério enquanto entraram pela porta de vidro e os outros concordaram com a cabeça.

Sentaram-se em uma mesa e começaram a bolar um plano para chegarem seguros no território romano. Menos Claire que mantinha-se calada pensando em seu fracasso.

Leo percebendo a tristeza da menina ,chegou perto dela e falou:

– Ei ,o que houve?

– Eu sou um fracasso como semideusa. - respondeu no mesmo tom baixo.

– Claro que não, você é uma ótima semideusa. Só é iniciante ainda. - disse ele, convicto, e abraçou a garota de lado.

Ouviram tosses falsas e Charlie falou:

– Ainda estamos aqui, com licença. Desse jeito minha glicose vai até subir. Quanto açúcar!

Charlie não estava tão recuperada sobre o fato de ter sido salva por Nico, mas isso não a impediria nunca de zombar da cara da irmã.

– Um pouco de açúcar seria bom pra essa sua amargura. - o filho de Hades não perdeu a chance de provocar.

– Não comecem, por favor! - Leo pediu, parecendo entediado.

– Vai dar em cima da Claire, vai! - Nico disse zoando os amigos e em troca recebeu dois dedos do meio deles.

Ficaram em silencio, até a garçonete chegar e anotar os pedidos. Era loira, com os cabelos cacheados na ponta e só de ver o decote mostrando mais do que devia de seu busto, Charlie já podia saber que ela estava querendo dar em cima de algum dos meninos ali na mesa. Teve que segurar um sorriso.

– Vocês precisam de um transporte para ir a são Francisco, não é? - disse como se soubesse o que eles queriam, olhando diretamente para Nico. E Charlie já sentiu toda a vontade de rir evaporar de repente.

– Sim!

– Não!

Nico e Charlie falaram ao mesmo tempo e a garçonete os olhou divertida e continuou sua fala:

– Eu posso ajudá-los. Eu tenho um primo que vai para lá amanhã, ele vai com sua família de vã.

– E o que você ganha se nos ajudar? - Charlotte perguntou grosseira.

Nico olhava tempo demais para o decote no uniforme dessa qualquer, e não sabia porque, mas isso a estava irritando profundamente. Meus deuses, por quê ela estava pensando ou reparando nisso?

A intrometida sorriu simpática e disse na maior cara dura:

– O número do belo rapaz de olhos negros.

– Hm, para mim é uma troca justa! - Nico disse animado.

Os garotos se entreolharam e Charlie fez uma careta quando Nico entregou um guardanapo a mulher. Sentiu uma raiva tremenda dentro de si e se segurou para não se apoiar na mesa para rasgar o papel ou ate ver se conseguia estourar o silicone dela com um palito de dente.

– Ah, estejam aqui de ás 7:00. - ela saiu, mandando uma piscadela para Nico, que sorriu malicioso.

Charlie queria bufar de desgosto, mas sabia que ficaria muito na cara. Mas não entendia bem porque ficara tão incomodada com isso, afinal, Nico tinha todo o direito de dar em cima de qualquer coisa - quer dizer, garota - que quiser. Então ela simplesmente aproveitou que estava na ponta e virou-se para a janela, observando o movimento ali fora.

Quando deu por si, já estavam com a conta paga por Leo e eles já estavam saindo pela porta de vidro.

– Precisamos de um hotel, uma de vocês indica algum? - perguntou Leo para as meninas.

Charlie deu de ombros. - Eu vivia só no Saint Barnabe, não conheço muita coisa.

Olharam discretamente então para Claire.

– Tem um que eu gosto, mas fica um pouco longe. - ela disse.

Resolveram ir então até lá. Depois de algum tempo procurando o tal hotel finalmente Claire os fizeram parar em frente a um que era azul claro, onde via-se escrito “Hotel StarFly” na placa antes da entrada. Estavam um pouco receosos de entrar, mas Claire logo tomou a frente, levando-o para um saguão iluminado e confortável.

– Olá. Gostaríamos de três quartos, por favor. - Nico disse ao atendente.

– Só três? - Leo perguntou.

– Sim. - respondeu Nico. - Dois meninos em um, Charlie e Claire em outro e um de nós dorme sozinho.

– Eu durmo sozinho, falei primeiro! - Leo falou animado e Claire o comparou com uma criança feliz. Ela sorriu a esse pensamento.

– Pelo visto Nico e Jason são colegas de quarto por hoje! - Claire disse.

– Eu não posso dormir com a Charlie? Seria mais agrad... - Jason parou de falar ao receber um olhar mortal de Nico.

– Esperem que eu vou ver o que temos disponível! - o atendente, que aparentava ter 60 anos, disse.

Esperaram sentados nos sofás da recepção. Já estava ficando tarde e eles passaram por muita coisa apenas para chegar ali. E Charlie, como sempre, esquecera-se de ao menos vestir uma blusa um pouco mais quente. Não que esperasse que algum dos garotos fosse cavalheiro o suficiente.

– Charlie, você está com frio? Se quiser pode me abraçar. - Jason disse do nada para a garota ao seu lado, que sorriu.

– Cara, cobras tem sangue frio! - Nico disse mais agressivo que o normal.

Charlie sentiu isso como se fosse um soco no estômago. Mas claro que não deixaria se abalar tão fácil.

– Você está me chamando de cobra?! Seu aspirante a coveiro! É isso que você é, porque só os mortos mesmo pra te suportar! - Charlie gritou, levantando-se do sofá em que estava.

– Os mortos são menos chatos que você, sua irritante mimada! - Nico também não deixou barato.

– Mimada é sua mãe! - Charlotte apelou.

Odiava quando a chamavam de mimada. Uma coisa que ela jamais seria era mimada. Não quando ela cresceu sozinha e sem família naquele orfanato.

– PAREM! - Claire gritou, fazendo os dois se calarem. - Pelo amor de Deus, será que vocês não conseguem agir como gente? Não é necessário brigar por tudo! Não é legal isso e eu já to cansada de vocês! - disse e saiu pelo caminho seguido pelo atendente. Leo e Jason a seguiram.

A recepção ficou em silêncio, ambos os semideuses presentes encaravam o chão como se fosse a coisa mais interessante do mundo.

– Me desculpa, eu não deveria ter falado da sua mãe. - Charlie foi a primeira a quebrar o silêncio.

– Tudo bem, ela morreu. - Nico disse chateado.

– A minha também. Sei como isso é horrível e não devia ter falado nada. - disse a garota tristemente. - Sinto muito mesmo, Fantasminha.

– Eu também não deveria ter te xingado. Foi mal, sereia negra. -

Ambos sorriam, sem que o outro percebesse.

– Você sente muita falta dela? - perguntou Charlie.

– Não muita, mas é difícil demais. E você?

– Eu nem cheguei a conhecê-la. Passei toda a minha vida no Saint Barnabe.

– É, mas você foi forte. - Nico disse, mesmo não acreditando que dizia isso juntamente a ela. - Continue assim.

– Você também, Fantasminha, você também.

– Fizeram as pazes? - Jason perguntou quando voltou para a recepção.

– Claro que... Não, mas descobri que ele não é tão insuportável assim. - Charlie disse, procurando parecer indiferente à conversa que acabaram de ter.

– E eu descobri que a sereia negra tem coração. - Nico falou.

Pouco tempo depois, o atendente do hotel voltou e lhes falou quais eram seus quartos.

– Boa noite, gente. - Charlie disse e depois de todos responderem, foi para seu quarto, que ficava na frente do de Jason e Nico.

Assim que fechou a porta, encostou-se na mesma e olhou para a porta do banheiro. Claire estava tomando banho, então não tinha muito o que fazer no momento. E não estava com um pingo de sono que fosse. Não depois do dia que tiveram. Charlie suspirou fundo e abriu novamente a porta do quarto. Nico ainda estava no corredor olhando para a porta, como se estivesse olhando desde que ela entrara no quarto.E pensar nessa possibilidade fez seu coração disparar como se estivesse em alta velocidade em uma moto subindo os Alpes.

– Pensei que fosse dormir. - o garoto disse.

– Pensei o mesmo sobre você. - rebateu Charlie.

Ele não falou mais nada, apenas apontou a enorme porta de vidro e a varanda do fim do corredor com a cabeça e começou a andar até lá. Charlie apenas o seguiu. Sentaram-se na sacada e começaram a ver as diversas estrelas que habitavam o céu naquela noite. Não era um silêncio desconfortável e Charlie estranhou estar sentindo isso justamente na presença dele.

– Nossas mães devem estar em algum lugar por lá. - Charlotte disse observando o céu estrelado, lembrando-se da conversa de minutos antes.

– Eu espero que estejam felizes. Principalmente sua mãe. Coitava, teve uma filha como você! - Nico disse brincando e Charlie fingiu-se de indignada.

Eles riram descontraidamente, até que o silêncio reinou novamente.

– Eu não sou do tipo que chora,ou até mesmo que sente. - a garota disse do nada.

– Entendo como é isso. A consequência de ser assim é o isolamento. O sentimento de solidão nunca abandona. - Nico disse.

– É o preço que se paga por ser forte. - Charlie disse séria e o garoto concordou com a cabeça.

– As estrelas são tão engraçadas, se você parar para pensar. - Nico falou.

– Por quê?

– Porque elas estão muito longe umas das outras, mas parece que só funcionam bem juntas. - olhou-a pelo canto do olho, antes de continuar. - Uma estrela pode refletir luz sozinha, mas só chega em seu auge com outras por perto, a ajudando.

Charlotte o olhou por um momento, mas virou-se novamente para o céu estrelado antes que ele percebesse que ela o observava.

– Mas nós não somos como estrelas, somos seres comuns. - a garota respondeu.

– Nem sempre o comum se diferencia do que não é. A questão é seu modo de ver os acontecimentos e ligá-los ou não. - Nico disse.

– As coisas só acontecem quando há algum tipo de atitude. - Charlie concluiu. - Sabe, não pensar em nada e simplesmente fazer, sem culpa, sem medo, só por fazer.

– Talvez. - Nico concordou. - Então, eu possa fazer as coisas acontecerem. - disse e se aproximou de Charlie, colocando uma mão em seu cabelo e outra em sua cintura.

Charlie podia sentir a respiração de Nico batendo eu seu rosto, mas não mais do que seu coração prestes a sair pela boca se continuasse no ritmo em que estava. Sabia que era uma expressão clichê e agora entendia o que a expressão "borboletas no estômago" queria dizer. Na verdade, sentia mais como se fosse um enorme dragão quase arrancando as paredes de seu estômago. Nico se aproximou mais e quando seus lábios estavam bem perto dos dela, ele levemente os tocou, num selinho. Mas logo após sussurrou no ouvido da garota, que ainda mantinha os olhos fechados.

– Boa noite, Sereia. - ele se afastou bruscamente.

– Filho da mãe! - Charlie gritou indignada.

Foi dormir com mais ódio do que nunca de Nico Di Ângelo e sonhou diversas vezes com o momento na varanda.


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