War Z - interativa escrita por Gio Boni


Capítulo 7
Hesitações e atitudes - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Demorei,mas cheguei....e realmente alguns dos meus leitores me abandonaram,mas como tenho uma amiga que acompanha e alguns leitores lindos e maravilhosos,estarei continuando a postar.



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Dia: 17 de Fevereiro de 2015

Horário: 14h17min P.M

A pequena conveniência a beira da estrada veio em uma boa hora, Jeoffrey limpou a garganta forçadamente e ajeitou a espingarda por sobre seu ombro. Mantinha-se muito tranquilo, apenas por fora, para alguém que perdera dois integrantes do grupo. Seu interior embolava-se como uma massa de pão dentro da maquina de misturar. Os dedos de sua mão direita agarravam a coronha de sua arma com força exagerada, enquanto os da mão esquerda enfiavam-se no bolso de sua calça.

Ao seu lado, Charlottie andava em uma pose encolhida. Os olhos claros vasculhavam o ambiente com estranheza, como se pudesse ver o que havia de trás de cada arbusto e arvore. Tão jovem e passando por algo assim, pensou Jeoffrey descontente. Do outro, Guilherme com sua quietude e sua expressão fria. Jeoffrey parou assim que pisaram sobre o cascalho, na direção da conveniência. Guilherme e Charlottie fizeram o mesmo, sem questionar nem hesitar.

– Olhe... - O homem de porte robusto apontou para uma caminhonete Ford estacionada em frente ao local.

– Será que o dono está...? – Hesitou Charlottie com a voz seca e tremula, os olhos verdes desviaram de Jeoffrey para Guilherme.

– Morto? – Sugeriu Guilherme apressadamente, os braços fortes cruzados sobre o peito e um sorriso forçado nos lábios finos. – Provavelmente.

– Não constate nada antes de ter certeza, rapaz. – murmurou Jeoffrey, como se pudesse sentir a presença de alguém a alguns metros dali. Guilherme riu secamente, ajeitou a Mossberg entre os braços e balançou a cabeça na direção da conveniência, indicando que iria ate o local.

E assim Jeoffrey observou o jovem soldado do exercito tomar a frente, rumo à conveniência. Charlottie franziu a testa e virou-se para o velho policial.

– É seguro ele ir sozinho?

– Claro que é. – Confirmou Jeoffrey rapidamente, embora as sobrancelhas unidas em sua testa indicassem o contrario.

– Tem certeza? – E a ruiva apoiou o seu peso na perna direita, enquanto pousava suas mãos sobre os quadris. – Antes de sairmos do acampamento, aquele senhor me confirmou que era seguro, e assim acreditei. Mas veja agora... De cinco, resta apenas três.

Jeoffrey respirou fundo.

– Escute Charlottie, agora... Esta situação que envolveu todo o continente americano e talvez outros lugares... Não a segurança. – Ele negou firmemente, a voz soando com autoridade e ao mesmo tempo paciência. Paciência que ele teve de ter enquanto reunia sobreviventes no inicio de toda aquela epidemia.

A Halsen concordou, agora fixando sua atenção sobre Guilherme e a proximidade dele com a conveniência. O moreno podia ser difícil de lidar, mas a ruiva podia jurar que dos cinco, ele seria um dos únicos que sobreviveria em meio a um ataque de horda, como aquela de minutos atrás.

Suspirou pesadamente e olhou para as janelas do lugar,da onde se encontrava,podia ver as prateleiras quase vazias e a solidão do lugar.

– Talvez devêssemos ir com ele. – Ela murmurou rapidamente, ainda observando as janelas em busca de algum movimento. Jeoffrey concordou e ambos tomaram os mesmos passos que Guilherme.

O policial seguia com a espingarda mirada para o chão, pronto para qualquer coisa. O Soldado parou em frente às portas de vidro e olhou para dentro, cauteloso. E os olhos castanhos desviaram-se dali para a dupla que se aproximava. Cerrou os dentes, indicando a irritação por ter sido seguido.

– Deveriam ter ficado lá. – Resmungou, arqueando a sobrancelha e avaliando Jeoffrey e Charlottie, os dois mantinham as testas franzidas de confusão.

Charlottie Halsen permaneceu calma diante da grosseria dirigida principalmente para si. Apesar de ter se tornado, por algum motivo, o saco de pancadas do soldado Guilherme Gonçales, começava a tentar ver o ponto positivo: A segurança que ele e Jeoffrey transmitiam a ela. Sim, porque sozinha em meio aquela floresta diante de imensidões de mordedores, Charlottie não duraria nem duas semanas.

Quando Guilherme abriu a porta e entrou com apenas dois passos, a ruiva sentiu seu sangue gelar enquanto uma sombra escura surgia e apontava uma pistola na direção dele.

– Quem são vocês? – E a voz masculina quase a fez correr dali.

Localização: Acampamento a 60 km de Atlanta

Horário: 01h50min A.M

Gemidos altos e melosos vinham da barraca ao lado da de Emma. A loira não tinha ideia de que, escolhendo permanecer próxima dos jovens, teria de conviver com isso. Claro que talvez tivesse sido um pouco ingênua ao pensar isso. Jovens com hormônios a flor da pele transando em plena madrugada.

Nada mal.

Tinha a sorte de Bobby ter um sono pesado e Lauryn não ser pequena para lhe questionar sobre o porquê de tanto barulho. Lauryn tinha grandes fones de ouvido e a partir deles, não ouvia nada, mesmo que Emma tentasse berrar em seu ouvido.

Não dormira. Não conseguiria de qualquer jeito. Tinha que ter uma garantia, por precaução. Para proteger seu filho e sua irmã caçula. O velho Hunderson não se preocupava tanto a ponto de manter muita gente guardando as armas. Emma coçou a nuca ao perceber que agora o silencio, acompanhando dos risinhos abafados da barraca do lado, eram tão assustadores quanto os grunhidos dos mordedores. Respirou fundo, sabendo que o seu plano tinha falhas e ela corria um grande perigo de ser pega “roubando” as armas do grupo.

Deu uma olha de canto em seu filho e sua irmã e então engatinhou ate o zíper da barraca, para que pudesse observar do lado de fora. Apoiou o peso em suas mãos, puxou o zíper para baixo e saiu da barraca discretamente. Seu coturno fora deixado para trás e substituído por um par de All Star preto e vermelho simples, para que não houvesse muito barulho em seus passos.

A barraca que outrora estivera cheio de “ação”, agora se banhava no silencio. Não havia ninguém fora das barracas, a não ser o rapaz que cochilava entre os galhos de uma arvore, com uma pistola e um AK-47. Avaliou o local mais uma vez e então tomou rumo à barraca fechada, onde as armas ficavam.

Assim que parou em frente à lona avermelhada, puxou o zíper para cima e entrou no lugar, não dando tempo para que pudesse hesitar. Diante de seus olhos diversas armas, dos mais variados tamanhos e tipos a saudaram com grandes sorrisos. Caixas e caixas de munição dispersas sobre o gramado, junto a algumas mochilas compridas especiais para armas grandes e algumas machadinhas,acompanhadas por canivetes e facões.

– Tudo bem Emma, você só esta se precavendo. – murmurou pesarosamente, temendo que sua consciência a traísse no dia seguinte, quando dessem por falta do armamento.

Agarrou as alças de uma das mochilas e puxou o zíper com rapidez, enquanto avaliava o valor de precisão de cada arma dali.Não ouviu passos vindos do lado de fora, apenas percebeu que fora descoberta quando a puxaram rudemente pelas orelhas, para fora da barraca.

Localização: Saída de Atlanta

18 de Fevereiro de 2015

Horário: 07h38min

A noite não fora tão complicada quanto Adam pensara, e agora, apagando o fogo com a terra, tomariam rumo à estadual e em horas conseguiriam, talvez, um carro. Não havia, ao certo, um plano em sua mente. Um lugar para ir. No momento o mais seguro era manter-se na estrada.

Em movimento. Elliot e a cadela, que ate agora apenas lhe trouxera aborrecimento, mantinham-se distantes dele e de Hector. E Adam, de algum modo, preferia assim.

– Para onde vamos? – Hector aproximou-se, com a mochila em suas costas e as sobrancelhas altas, curioso. Adam apenas virou-se em sua direção, para que pudesse observá-lo e então observar Elliot, sentado próximo a uma arvore.– Não a um lugar ainda, certo?

– Só porque sou o mais velho aqui, não quer dizer que tenho que sempre ter uma resposta garoto... Muito menos em descobrir aonde existe uma população a salvo dessa epidemia de infectados. -falou secamente.

Hector abaixou os olhos, perturbado.

– Já estamos prontos para partir. – Murmurou e então levantou o rosto, num súbito, e cruzou os braços. – Podemos seguir para alguma cidade do interior tio, bem pequena...

– Ou nos enfiar em uma fazenda distante. – Sugeriu Adam rapidamente. – Veja bem Hector, devemos apenas seguir rumo ao norte...

– Agora sabe aonde devemos ir? – Questionou Hector novamente.

Adam franziu a testa, mas preferiu não disser nada. Apenas ajeitou a própria mochila e tomou à dianteira, seguindo para o que parecia ser o Norte para ele. Elliot e Pelota logo os alcançaram sem problema algum.

A cada minuto o trio adentrava cada vez mais na mata e se tornava mais difícil descobrir a localização.

– Então Elliot... - Começou Hector lentamente, seus olhos avaliavam o rapaz e o labrador fêmea ao seu lado. -... De onde você vem?

– Oklahoma. – Anunciou Elliot em tom pesaroso.

Um tom que também indicava o seu descontentamento em iniciar uma conversar naquele momento. Com certo constrangimento, Hector volta a manter-se em silencio enquanto Adam apressava-se, alguns metros a frente, para poder ter certeza se era seguro.

A paisagem não era bela, apenas igual para qualquer lugar que olhasse. Arvores longas e finas, enquanto algumas mais grossas e mais baixas. O barulho dos passos sobre as folhas secas e o som do vento ricocheteando era tudo o que se podia ouvir.

Nada de grunhidos.

Sentiu algo encostar-se a sua perna e percebeu que era Pelota,caminhando ao seu lado. Abaixou a mão pronto para acariciar os pelos das costas da cadela e sorriu ao ouvi-la latir.

– Droga de cachorro. – Ouviu o resmungo de Adam logo à frente e ignorou completamente,enquanto continuava a brincar com ela. Hector então voltou-se para Elliot.

– Sou de Atlanta mesmo. – Comentou pensativo. Elliot apenas concordou e continuou em silencio, com os mesmo passos leves. Hector então voltou sua atenção para Pelota. – Ela é sua ou você a encontrou?

Elliott tossiu.

– É minha. – E Elliot fixou os olhos sobre a cadela, ternamente. Pelota latiu mais uma vez. Logo voltou a observar Hector, curioso. – O que houve com a sua família? Hm. - Elliot tossiu mais uma vez. -... Se não for muito incomodo me responder, é claro. Hector percebeu que aquela era uma deixa para que ele iniciasse uma conversa, ou talvez fosse só sua imaginação.

– Não há incomodo algum. – Negou com a voz seca. – Perdi os meus pais no mesmo dia em que o primeiro infectado surgiu em Atlanta.

– Creio que meus pais também estejam mortos. – Murmurou Elliot. – Quando a infecção começou, eu já estava aqui e perdi contato com eles... Não a como saber se eles estão em um centro de sobreviventes.

– Tem esperanças?

– Sim. Mas... - hesitou Elliot. -... Não sobre meus pais, e sim de que encontraremos um lugar seguro.

Um novo silencio, agora menos perturbador, se instalou entre os dois enquanto caminhavam para o Norte. Hector não percebeu, mas segundos depois, se pegou trocando sorrisos com o novo integrante de seu grupo. Sons vindos mais adiante os despertam e em segundos observaram Adam correr em direção a uma casinha do meio do nada.

– Tio. – Exclamou Hector. Eram gritos femininos. De longe podia ver a porta da casa aberta e sombras se movendo no lado de dentro.

Pelota foi a primeira a correr, seguindo Adam, sendo que logo depois Elliot e Hector seguiram-na.Adam mal entrara na casa e já trazia um corpo pálido para fora, arrastado pela gola de sua camisa do AC/DC.

Uma faca fora fincada em seu lóbulo frontal.

– Moça? – Adam a chamou, novamente entrando na casa. Não foi surpresa nenhuma que uma mulher saltara nos braços de Adam e que também iniciara um choro cheio de desespero. Sons altos de soluços vindos diretamente dela. – Esta tudo bem? Foi mordida?

Ela apenas negou com a cabeça, as pernas bambas.

– Esta tudo bem agora. – Hector ajoelhou-se, um pouco hesitante, a sua frente. – Você esta bem agora.

– Eu...E-eu...- Ela soluçava,mal terminando as frases. -...eu...

– Venha. Vou lhe dar algo para comer. – Adam anunciou, enquanto a ajudava a se sentar no chão e lhe fazia companhia, remexendo na sua mochila.

Não dera sequer tempo de lhe oferecer uma barra de cereal e uma garrafinha de água, pois os dois itens já se encontravam em posse da mulher. Hector suspirou.

– Sou Hector, esse é meu tio Adam e esse... - pausou, olhando para o rapaz ao seu lado. -... é Elliot.

Ela concordou e comeu o cereal em duas mordidas, enquanto que a água ia diretamente para seu estômago, sem intervalo, devido à ausência de água que passara. Percebendo o quão rude parecia, a mulher parou de beber e sorriu molemente.

– Helena.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado,e me desculpem pela demora -de novo.
Mandem rewiens se tiverem lido,e bjs.