As Fitas da Retaliação escrita por Radioactive


Capítulo 8
Capítulo 8 - Arrependimento?


Notas iniciais do capítulo

Oi :3 (Respondam, sejam leitores legais educados [Deus tá vendo])



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"Keep on going til you're gone

Even when you think it's wrong

When you look back in regret

The moment that you left

Change your mind"

— Change Your Mind, Clare Bowen e Sam Palladio (Nashville Cast)

— Está brincando comigo — Blake estreitou os olhos, ainda abalado com a coisa toda. — E... quem é o pai?

Fawn mordeu a parte interior da própria bochecha com força.

— Olha, eu nem sei se é verdade. Só uma especulação. Por favor, isso não sai daqui.

— Pode deixar. Posso abraçar você?

— Me... abraçar?

— Depois de tudo, eu só preciso de um abraço. Prometo manter minhas mãos onde você possa ver.

— Hã... Tudo bem. Um abraço. Claro.

E então ele a abraçou. A cabeça de Fawn afundou em seu peito — mesmo usando botas, ela ainda era uns vinte centímetros mais baixa do que ele. Ele acariciou o cabelo dela, gentil. Ela não queria gostar daquilo, mas gostou.

— Achei você! — Danielle sorriu, se aproximando. Fawn foi trazida de volta à realidade com um solavanco, o que assustou Blake. Eles se soltaram involuntariamente.

— Ei, foi você quem saiu correndo — a morena defendeu.

— Certo. Ah, oi Blake.

Blake tentou trazer seu sorriso descontraído de sempre, mas não obteve muito sucesso.

— Oi, Danielle.

* * *

— Entããão... Blake, hein? — Danielle sorriu enquanto se afastava com Fawn.

— De que está falando?

— Do momento love de vocês ali no pátio. Ou pensa que eu não vi?

— Parkinson, aquilo foi um abraço. E caso não se lembre, Blake tem uma namorada. E essa namorada acontece de ser minha melhor amiga.

— Blá blá blá, isso nunca impediu ninguém. O que o coração quer, ele consegue.

Fawn não deixou transparecer o quanto aquilo a afetou.

— Danielle. Sério, não tem nada entre eu e Blake.

Mais, ela completou mentalmente.

— Vai dizer que ele não beija bem para caralho? Sério, ele tem cara de quem beija bem para caralho.

Fawn ficou estática por um minuto.

— Você não negou! — Danielle riu, satisfeita.

— Parkinson. Cale a boca. Afinal, temos outros assuntos a tratar.

— Temos?

— Os seus assuntos. Você fez o teste?

— Que teste?

— Danielle, não faça joguinhos, isso é sério. Sua menstruação ainda está atrasada?

—... Sim. Érrr... O teste que eu fiz não era lá muito confiável, sabe, não dá para levar em consideraç...

— Você precisa ver um médico.

— Preciso, é?

— Primeiro, é gravidez de risco. Segundo, você tem dezesseis anos. Terceiro... Gravidez, cara.

— Sempre ajudando, Jensen. Além do mais, está brincando?! Meu pai vai me expulsar de casa!

Fawn pensou por um minuto. Odiou a si mesma pela própria ideia, mas não tinha nenhuma melhor.

— Certo, eu marco a consulta. Sei de alguém que pode nos levar. Seus pais não precisam saber. Até lá... espere pelo melhor. Já contou a Peter?

Danielle sempre de esquecia do quanto Fawn era esperta.

— Fawn, eu nem sei se eu estou... Você sabe... mesmo, beleza?

— Peter é um cara decente, ele vai...

— Meu Deus, Jensen, pare! — Danielle bufou. — Eu sei que está tentando ajudar, mas por favor, eu não ligo se meu resquício de esperança é idiota ou não, mas eu preciso dele, ok? Então pare de matá-lo.

Fawn assentiu.

— Desculpe.

* * *

— Ei, Jensen! — Liam correu até Fawn na hora do intervalo.

— Ah, oi Liam.

— Presentinho — e jogou uma sacola de supermercado nela. — E vou cobrar o aluguel do meu quarto.

— Como é?!

— As coisas devem ter esquentado entre você e o Diggory.

— Não sei do que está falando.

— Fawn, eu sei que você dormiu lá em casa na sexta. Além do mais, Blake estava balbuciando coisas enquanto dormia.

— O que ele estava dizendo?

— Confie em mim, você não quer saber. Ah, e eu estava brincando sobre o aluguel do quarto. Vocês dois foram o menor dos meus problemas. Mas achei que fosse querer sua blusa de volta — ele apontou para a sacola.

— Hã... Obrigada, Liam.

— Disponha!

* * *

— Cody, acho que tem um mal entendido aqui — Jenny sentou-se ao lado de Cody, franzindo o cenho. — Por que diabos acha que eu tenho alguma coisa com Blake?!

— Ele me contou, Simmons.

— Contou sobre... mim? Isso é ridículo.

— Ele me contou sobre a garota em quem não conseguia parar de pensar. Que eles têm começado a se falar mais. E disse que eu não gostaria de saber quem era.

— E ele te disse quem era?

— Não, mas acho que ficou bem óbvio.

— Cody, você tem que acreditar em mim.

— Por que acreditaria?

— Porque... confiamos um no outro. Não é?

— Eu só... Sei lá, Jenny — e então saiu andando.

* * *

Fawn estava saindo do colégio quando Blake segurou-a.

— Como vai para casa?

— A mãe de Danielle vai...

— Esqueça, eu te dou uma carona — ele fitou-a. — Precisamos conversar.

— Blake, realmente não acho que essa seja uma boa idei...

Ele ergueu os braços.

— Mãos onde você possa ver.

— Não estou preocupada com as suas mãos... — ela murmurou, e depois percebeu que tinha dito isso em voz alta. — Vem, vamos — e então arrastou-a até o carro.

Quando sentaram-se, Blake mordeu o lábio e disse:

— Aquilo que você me contou não sai da minha cabeça.

— Sobre a Danielle?

— Não, não isso. Sobre você.

Fawn enrubesceu.

— Ah. Aquilo.

— Você deveria ter me contado — ele deu partida no carro.

— Eu sei, eu sei. É que na hora nem me passou pela cabeça. Desculpe.

— Não precisa se desculpar. Quero dizer, não é grande coisa para mim. Mas para você... — ele suspirou. — Droga, Fawn. Se eu soubesse que era sua primeira vez, eu teria... Sei lá. Jogado pétalas de rosa na cama, feito um CD com músicas bregas ou simplesmente sido mais gentil. Sei lá.

Fawn riu involuntariamente. Não via como Blake poderia ter sido mais carinhoso, cuidadoso ou gentil do que fora.

— Você é uma graça, sabia disso?

— Hã... Não.

— Quero dizer, você tem todos os motivos do mundo para se sentir culpado, mas escolheu se sentir culpado porque não fez um CD com músicas bregas? Qual é — Fawn sorriu.

O celular de Fawn tocou.

— Oi! — foi o que ela disse ao atender. — Nada, tipo, só indo para casa. Está tudo bem? É, eu sei.

— Cara, eu estou quase desmaiando de fome — comentou Blake.

Fawn encarou-o com sua melhor expressão de Perdeu a noção?!

— Hã... Blake? Que Blake? Não, érrr... Então, Cassidy, como eu ia dizendo...

Ops.

Quando Fawn desligou, Blake ficou esperando o discurso raivoso, mas ao invés disso ela apenas riu.

— Você tinha que ver como sua cara está branca agora!

Ela tinha feito algum curso especial sobre como ser a pessoa mais incrível do universo?, Blake pensou, mas logo se recriminou por esse pensamento. Cassidy é incrível também.

— Eu sou um babaca — soltou Blake, e depois percebeu que tinha dito isso em voz alta.

— Disso eu sei.

— Podemos parar no drive-thru do Subway?

— Não, nós + lanchonetes não acabou bem da última vez. Direto para casa.

— Vai mesmo por toda a culpa no Mc Donald's?

— Preciso por a culpa em alguma coisa.

— Por quê? Se arrepende?

Ela hesitou.

— Blake... — a voz dela falhou. — É uma pergunta complicada.

— Não, não é. É bem simples, na verdade: sim ou não?

— Sei lá!

— Eu só quero saber, Fawn. Preciso saber. Você se arrepende daquela noite?

— Eu não deveria?

— Eu não perguntei isso.

— Sim, sim, eu me arrependo. É mais fácil assim.

— É? Respondeu isso porque é fácil ou porque é verdade?

Ela hesitou.

— Olha, chegamos! — ela sorriu.

— Ainda faltam uns trinta passos até a sua casa

— Andar faz bem — retrucou ela e saiu do carro.

* * *

— Viu a Fawn? — perguntou Jenny a Danielle na hora da saída.

— Não... Ela deve estar me evitando. Fiquei fazendo piadas com ela hoje.

— Por quê? — Por causa dela e do Blake.

— O QUÊ?!

— Não é o que você está pensando. É que, sei lá, eles estavam conversando hoje, e eu fiquei enchendo o saco dela por causa disso.

— Eles têm conversado bastante, não é?

— É, parece que sim.

— Hum — Jenny saiu pisando duro.

* * *

— Holden, alguém quer vê-lo — disse sua mãe, batendo na porta do quarto.

— Diga ao médico que está adiantado — respondeu Holden sem tirar os fones de ouvido.

— Na verdade... — Ele ouviu uma voz doce e aguda que conhecia muito bem. Fawn Roth Jensen entrou no quarto. Sentou-se na ponta da cama dele.

— O que está fazendo aqui? — Holden ergueu uma sobrancelha.

— Vim ver o seu cachorro. O que acha que vim fazer aqui?! Você não foi ao colégio hoje.

— Atencioso da sua parte notar.

—... E eu trouxe a lição de casa do dia.

— Você não precisa cuidar de mim como se eu fosse um coitado — ele murmurou, mas pegou as anotações dela. — Você se sentiu tão mal quanto eu. Sei que você e David eram... próximos.

A palavra doeu nela.

—... Só que você é mais forte, e não acabou em um hospital psiquiátrico.

— Ei. Não diga isso, por favor.

— Por que não? É verdade. Sequer entendo por que você, dentre todos, faz questão de me ajudar.

— Bem, você também me ajudou com David.

— E então matei-o. Grande ajuda.

— Você não o matou.

— Mas eu poderia ter impedido.

— Não, não poderia. Você não tinha como adivinhar.

— E como você tem certeza?!

Fawn se levantou, respirando fundo e afastando sem sucesso as lágrimas. Demorou alguns momentos para ter coragem de olhar nos olhos escuros de Holden.

— Porque eu também não tinha como adivinhar! Por Deus, Holden, acha que eu também não revi cada conversa para procurar indícios de que, ei, talvez o garoto que eu amava estava prestes a se matar? Acha que não penso que era minha responsabilidade? Acha que eu não passei o verão inteiro imaginando O que eu poderia ter feito diferente? Acha que não fiquei imaginando qual parte da vida de família perfeita, popular, capitão do time de futebol americano não era boa o suficiente, e me pegar pensando que essa parte era eu? Acha que minha vida não tem sido um trem descarrilhado desde que David se foi? Estou aqui porque sei como é, Holden. E você diz que não quer se fazer de coitado, mas é exatamente o que está fazendo. Eu sei que é difícil, mas todos nós amávamos David, está bem?

Quando ela estava quase na porta, Holden murmurou:

— Certo. Pode ir. Todo mundo sempre vai embora no final. Eu os afasto.

— Então aprenda a não afastar — replicou ela e bateu a porta atrás de si mesma.

Holden xingou a si mesmo e enfiou a cabeça no travesseiro. Dentre todos, por que ela?! Como se quando ele finalmente achasse que as coisas não podiam ficar piores, a vida risse da cara dele e colocasse Fawn Roth Jensen no quarto dele — o sonho inalcançável —, apenas para que ele pudesse magoá-la.

Ele afastou o surto depressivo. Pegou a faca que escondia embaixo do travesseiro — sabe, para caso ele resolvesse se matar durante a noite — e colocou-a de volta na cozinha.

— Que garota bonita. E gentil, também — a mãe sorriu, entrando no quarto de Holden. Provavelmente achava que ele estava melhorando e socializando. Coitada.

— Aquela é a Garota do David, mãe.

— Ah — a animação dela diminuiu um pouco.

Holden queria que Fawn fosse só isso, mas não era. Não para ele. Era idiotice. Garotas como Fawn Roth Jensen estavam destinadas a ficar com David Colemans da vida. Holden era o projeto de caridade dela.

* * *

— Fawn! — Holden teve coragem de ir até ela no dia seguinte na escola. Ele ficou surpreso com o grande sorriso que ela abriu ao vê-lo.

— Holden! Que bom que veio.

— Por quê?

— Ué, porque é bom que esteja vindo à escola.

— Érrr... Eu queria agradecer por ter ido lá em casa ontem. E também me desculpar. É que... Sei lá. Você é você, entende? É difícil acreditar que alguma coisa te afete.

Ela assentiu.

— Todo mundo tem seus altos e baixos.

— Mas você consegue ser normal.

Fawn riu. Se ele soubesse...

— É o que você pensa. Parece melhor hoje.

— Troquei os remédios. Acho que tenho que tomar alguns daqui a uns cinco minutos, mas não me lembro das cores.

— Que remédio é?

— Firotril.

Fawn assentiu.

— Deixe-me ver.

Holden não via como isso ajudaria, mas entregou-lhe os dois frascos. Ela pegou uma caneta preta.

— Verdes de manhã — ela escreveu "M" no frasco com pílulas verdes. — E laranjas à noite — e escreveu "N" no frasco com pílulas laranjas.

— Fawn... Como você sabe a ordem de um remédio antidepressivo?

Ela suspirou.

— Consegue guardar um segredo?

Ele assentiu. Ela pegou a própria bolsa e tirou de lá dois frascos exatamente iguais aos dele, exceto pelo fato de que tinham o nome dela.

— Parei de tomar há uns dois meses — contou ela. — Mas eu os deixo aqui porque tenho medo de... ter uma recaída.

Você tem depressão? Quer que eu acredite nisso?

— Eu não tenho depressão. Eu acho. Bem, o fato é que você não foi o único afetado pela morte trágica do nosso querido coleguinha — ela bufou. — Mas antidepressivos não são só para isso. Meu emocional era tão instável que me tacharam como bipolar. Mas não sei, tenho melhorado. Pode ter sido só o trauma.

— Está tentando me impressionar ou o quê?

— Certo, foda-se. Mas os antidepressivos têm um amigo — ela tirou outro frasco do bolso.

— Antipsicóticos?!

— Eu não sou psicótica, beleza? Eu acho. Mas um dos médicos achava que eu era esquizofrênica. Não sou. Esperavam que eu me cortasse ou sei lá... Mas acho que eu apenas machuco a mim mesma fazendo muita burrada. Burradas como... contar a você sobre isso, por exemplo. Quer saber, tenho que ir.

E então ela recolheu os próprios remédios e saiu. Holden não queria pensar nisso, mas ficou realmente imaginando a possibilidade de ela ser bipolar depois daquela conversa.


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Notas finais do capítulo

E aí? Acham que a Fawn tem mesmo oscilações de humor ou foi só o trauma?



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