Pov’s Kyoko On

– Então Mogami-san, como foi a gravação? – perguntou-me Hirako

– Eu acredito que tenha sido boa. Pessoalmente gostei de fazê-la

– Eu consigo imaginar o motivo.

– Como assim? – perguntei confusa, já que sua voz estava meio estranha

– Todas as mulheres gostariam de ser abraçadas pelo grande artista Fuwa Sho

Olhei para ele meio assustada com a resposta honesta, e que olhar era aquele no rosto dele? Depois que pensei melhor na frase que ele me disse, comecei a corar

– Não! – respondi o mais rápido que pude – Não só por isso! Sempre me divirto quando atuo! Entrar e se entregar por completo a um personagem é muito bom

– É mesmo? – Afirmei com a cabeça – Entendi, parece divertido mesmo – respondeu ele com um sorriso muito bonito e sem o mesmo olhar de antes. Aparentemente havia voltado ao normal

Chegamos na porta do carro que nos levaria até o prédio principal da LME, onde o Tsuruga-senpai nos aguardava

– Apoie-se em mim – falou ele me ajudando a sair da cadeira

Eu precisei passar meu braço pelo pescoço dele e ele me segurou pela cintura. Após me colocar no carro, entrou pelo outro lado e fechou a porta.

– Mogami-san – chamou ele – Sinto muito se o que eu falei a desrespeitou de algum modo.

Olhei surpresa.

– De modo algum! Eu apenas respondi naquele tom porque percebi que tinha entendido errado as minhas intenções.

Ele sorriu e disse

– Atuar parece algo bem divertido, você é uma grande atriz pelo que observei.

– Eu?? – perguntei e senti minhas bochechas queimarem – Sou nada, estou apenas começando!

– Você acha que neste tempo em que vai precisar da minha ajuda, você poderia me mostrar mais sobre atuação?

– Claro! Eu adoraria!

Depois daquela breve conversa no carro, nós ficamos em silêncio, e minutos depois já estávamos na frente na empresa. Assim que paramos o carro na frente do prédio, a porta foi aberta rapidamente, me dando um leve susto.

– A gravação demorou mais do que eu esperava – comentou a pessoa que a abriu

– Sinto muito Tsuruga-senpai! – falei fazendo uma pequena reverência

– Não se preocupe Mogami-san. E mais uma coisa, não é necessário o uso do “senpai” depois do meu nome

– Ma-mas, o senhor é o meu senpai! – ele me olhou como se estivesse triste, desapontado. Por isso não consegui argumentar mais – Está bem então.... Tsuruga-san – falei corada

Ele sorriu, um sorriso que me deixou arrepiada. O que estava acontecendo? Eu era assim tão próxima dele e do Sho? Por que não consigo me lembrar?!

– Não vai aceitar Mogami-san? – perguntou ele

– Como? – perguntei e só então vi que ele estava com a mão estendida para que eu me apoiasse e saísse do carro para a cadeira de rodas – Ah sim!

Nós estávamos dentro do elevador, eu, o Tsuruga-san, seu empresário Yachiro-san e o Hirako-san. Estávamos todos quietos até que a voz do meu senpai quebrou o silêncio

– Aconteceu algo de interessante na gravação? O Fuwa fez alguma coisa?

Que pergunta estranha, o que aquilo queria dizer?

– Como assim Tsuruga-san?

Ele me olhou sério, mas não respondeu porque assim que a porta do elevador abriu no último andar, uma lhama apareceu.

– Bem-vinda de volta Mogami-saaaaan! – gritou o presidente que estava no animal e ao seu lado, seu mordomo.

– O-olá presidente, é.... o que é isso?

– É o meu mordomo, se esqueceu dele? Se chama Charlie – respondeu ele apontando para o mesmo

Ele só podia estar brincando né? Admito que não me lembrava do nome do mordomo. Mas não era sobre ele que eu estava falando! Minha pergunta era obviamente em relação ao bicho peludo bem na minha frente!

– Acho que ela se referia a lhama, senhor – comentou Yachiro-san

– Atá – exclamou ele – esta é Mumi, ela é minha por hoje! Eu a aluguei para fazer-lhe uma surpresa – ele me encarou como se esperasse alguma reação, mas eu não sabia exatamente qual – O que achou dela?

– Ela é.... – fiquei em pânico, que palavras deveria usar para descrevê-la??

– Magnífica – respondeu Tsuruga-san por mim – É realmente um grande animal.

– Concordo – falei rapidamente

Após aquela estranha recepção, o Presidente nos levou até sua sala, onde o Tsuruga-san e eu explicamos tudo que o médico havia nos dito sobre o meu estado. Quando acabamos ele me olhou perplexo

– Nada? – perguntou ele – Nadinha?

– A não ser que diga respeito ao meu trabalho.... Não – respondi franca

– Muito bem, Ren, você e o Yachiru-san podem se retirar.

– Mas e a....

– Tem algo que eu preciso falar em particular com ela.

Os dois se levantaram, fizeram uma pequena reverência e se retiraram da sala. Eu comecei a ficar nervosa e apenas depois de alguns minutos ele perguntou

– Mogami-san, o que você acha do amor?

– Como assim?

– O que você acha? Não é uma pergunta difícil

Demorei um pouco para responder. Será que ele estava realmente me perguntando aquilo?

– O amor é o sentimento mais belo do mundo! – respondi sorrindo – É algo que faz parte de todo contos de fadas. Aquele momento em que você está com a pessoa que ama, e entrega seu coração para ela, aquele é sem dúvida o momento em que você se sente mais feliz.

Ele deu um pequeno sorriso, mas não durou muito.

– E o que você acha que aconteceria se a pessoa para quem você entregou seu coração, o destruísse?

Eu fiquei em choque. Aquelas palavras fizeram imagens muito borradas aparecerem na minha cabeça, o mesmo estilo de imagem que apareceu quando estava fazendo minha gravação com o Sho.

– Isso jamais poderia acontecer! O amor é sempre recíproco e eterno!

– Tem certeza?

– SIM! – afirmei decidida

Desta vez ele deu um sorriso grande

– Fico feliz que pense assim. Já pode ir, e não precisa vir trabalhar amanhã, tire o dia para descansar.