A Feiticeira escrita por rkaoril


Capítulo 27
O reencontro


Notas iniciais do capítulo

Agradecendo a Caroline (Catherine) e a Samantha (Sabrina) que recomendaram a fic pra mim



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XXVII

SABRINA

SABRINA ACHOU QUE SERIA UMA BOA ideia descansar no porão de uma casa abandonada. Ela estava errada.

Assim que entrou no porão com Suzana, viu que estava em um lugar que não era um porão. As paredes eram de tijolos cinza. O chão era de parques, um imenso corredor escuro avançava à sua frente. Ela olhou para Suzana, que olhou para ela. Ambas estavam muitíssimo cansadas mas tinham vivido o bastante como semideusas para saber que deveriam seguir em frente e ver oque havia ali.

Sabrina puxou sua adaga, Suzana também se armou. Elas caminharam pelo corredor guiadas pela luz do bronze celestial, prontas para empalar qualquer monstro que aparecesse na sua frente. Sabrina ouvir uma voz, o crepitar de chamas. Se escondeu atrás de uma esquina de parede com Suzana e observou o lugar.

A sua frente, uma espécie de grande salão se estendia. O centro era uma represa, água corria abaixo delas. O salão era redondo, e havia um corredor grosso de concreto ligado às paredes. As paredes eram altíssimas, e o teto era em abóboda de vidro onde neve se acumulava. As paredes também consistiam em enormes celas com barras de ferro para impedir os prisioneiros. Sabrina não viu qualquer ameaça, então junto com Suzana adentrou o lugar.

Passaram por várias celas, mas elas eram tão fundas e escuras que ela não podia ver o fim. Felizmente o corredor era iluminado com tochas, então ela podia ver muito bem o que estava acontecendo.

Caminhou um pouco até ouvir uma voz familiar.
– Sabrina?

A voz era rouca, familiar e muito cansada. Sabrina parou instantaneamente e forçou a visão para dentro da cela.
– Olá? – gritou para dentro. Ela ouviu o que pareceu um gemido, então a voz falou novamente.
– Sabrina.

Sabrina largou a adaga, que caiu no chão sem fazer muito barulho. Ela encarou a escuridão até seus olhos se acostumarem com ela, mas não fez muito progresso – só viu uma silhueta.
– Sabrina – disse Suzana ao seu lado – você sabe que está falando com você?
– Não sei – disse ela, largando a mochila no chão e se agachando para procurar algo lá dentro – mas vou descobrir.

Pegou de dentro da mochila um sinalizador de obras – um tubinho transparente que quando ela dobrasse iria irradiar uma luz vermelha que Sabrina tinha comprado nas lojas romanas. Ela dobrou ao meio, fazendo o sinalizador brilhar e estalar com crack e então jogou para dentro da cela entre as barras de ferro.

O sinalizador rolou pelo chão até bater contra o fundo da cela e revelar dois homens acorrentados às paredes. Um era um afrodescendente com roupas sociais muito sujas, como se tivesse sido arrastado para todo o lado de terno e gravata. Ao lado dele, um homem jazia inconsciente com um hematoma na testa, ele usava um jaleco de médico com jeans e camiseta polo por baixo, e era muito bem aparentado. Suzana arfou ao lado dela, e então se apoiou nas grades.
– Pai – chorou Suzana. Sabrina queria fazer a mesma coisa: o outro homem era seu pai.

Não estando exatamente desposta a chorar como uma criança, Sabrina se arrependeu de nunca ter ligado – se não tivesse sido tão teimosa, teria acabado descobrindo que o pai estava desaparecido então ele não estaria aqui. Parou de se lamentar e vasculhou pela mochila, devia ter alguma coisa que pudesse destruir as barras de metal.

Xingou-se mentalmente – o que estava pensando? Explodir as barras? Queria matar todo mundo? Ela então puxou a adaga e foi até o que parecia a porta da cela – ela era enorme, como se a altura mínima dos presos ali fosse cinco metros. Felizmente a fechadura estava em uma altura que seus braços pudessem alcançar. Ela os levantou e com a adaga quebrou a fechadura. Abriu a porta e disparou para dentro, na direção das correntes.
– Pai... – ela resmungou enquanto tentava quebrar os cadeados que o prendiam, viu Suzana fazer a mesma coisa com o pai dela.
– Olá querida – disse ele, com uma voz fraca – me desculpe.
– Shhh – ela silenciou – vou tirar você daqui.

Quebrou os cadeados e o apoiou ele em seus ombros – o braço dele ao redor de seus ombros, o dela o segurando pelo quadril.
– Você está ferido? – ela perguntou.
– Não – disse – mas o carinha ali está muito mal. – Sabrina olhou para Suzana.
– Ele está... vivo?
– Está respirando – disse Suzana, quase que soluçando – mas... eu não sei o que fazer.
– Ele é medico não é? – perguntou Sabrina, Suzana assentiu – Você se lembra de alguma coisa que ele te ensinou, sobre medicina?

Suzana então pareceu entrar em transe. Ela despejou o conteúdo de sua mochila no chão e começou a fazer o que parecia uma operação médica – limpou a ferida na testa com água e álcool, tirou cacos de vidro de seus braços e parou sangramentos, fez um torniquete na perna (Sabrina nem tinha visto que ele estava sangrando) com um trapo de pano, enrolou a cabeça com trapos também. Ela então apertou suas narinas, parando a respiração do homem que então arregalou os olhos e voltou a respirar pela boca apena para sorrir para Suzana.
– Olá filha. – Sabrina e seu pai estavam impressionados.
– Você é medica? – perguntou Sabrina, enquanto o homem de jaleco se sentava. Suzana a ignorou e abraçou seu pai.
– Eu senti tanto a sua falta! – ela chorou – Pensei que você estava morto! – ele sorriu e a abraçou de volta.
– Shh, eu estou bem agora. Você fez sua pesquisa em? Seus curativos estão ótimos, e eu não sinto a minha perna. – Suzana riu.
– Vamos te tirar daqui. – disse ela, e o ajudou a levantar.
– Esperem – disse o pai de Sabrina – ela vai voltar, logo. Vocês tem que sair daqui.
– Ela? – perguntou Sabrina – Quem é ela?
– A mulher dragão – disse o pai de Suzana, como se você algo óbvio – ela é a nossa carcereira. Vocês tem que sair daqui.
– Não não não – disse Sabrina – vamos levar vocês conosco.
– Nos arrastando vocês não podem lutar! – disse o pai de Suzana.
– Eu posso caminhar – disse o pai de Sabrina, se levantando sozinho e fazendo uma dancinha ridícula. Sabrina sorriu, embora estivesse morta de preocupação.
– Eu atraso ela, se for preciso – disse Suzana – carregue o meu pai.
– Não – disse o pai dela, tentando se levantar mas então fazendo uma cara de dor – você não vai se arriscar. Ela é horrível.
– Pai – disse Suzana, mostrando Contracorrente – estou armada. – ele pareceu ligeiramente impressionado.
– Mesmo assim...
– Hisssss... – um sibilo foi emitido alto por todo o salão, os homens arregalaram os olhos.
– Fujam, agora! Ela está aqui. – disse o pai de Sabrina.
– Não! – disse ela.
– Sabrina – disse Suzana – qual o plano?

Sabrina só conseguia pensar em um bom o suficiente, mas ainda era muito perigoso.
– Certo, isso vai ser difícil. – ela disse – Você se lembra de quando pulou três metros em São Francisco?


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