POV Violetta

Estou pensando sobre Marco e o efeito que ele tem sobre mim. Ontem eu não pensava em nada, apenas em ver aquele sorriso lindo estampado no rosto dele... Ah, aquele sorriso! Tão radiante que me fez esquecer a dor em um estalar.

Mas agora voltei a pensar. Em como eu queria que Leon estivesse aqui comigo. Como eu queria Francesca aqui, cantaríamos juntas, e ela me faria rir... Não é possível! Não é possível que as duas pessoas que mais me deram apoio estão milhares de quilômetros daqui. Justo eles?

Estou prestes a desabar em prantos novamente quando Marco adentra a sala de música, que é onde estou.

– Ei. – diz ele, baixa e cautelosamente. – O que foi?

– O mesmo de ontem.

Ele envolve seus braços ao redor de mim, e pouco a pouco sinto meu coração acelerar. Um frio lastimável percorre minha barriga, e depois o resto do meu corpo, tornando-se um arrepio.

– O que foi? Está nervosa? – diz ele, me soltando e sentando-se em um banquinho de frente para mim.

– N-nervosa? Ahm... Não! É claro que não!

– Por quê está gritando? Somos só nós dois aqui.

Sinto outra onda de arrepios e a última frase dele ecoa em minha mente. "Somos só nós aqui." O que está acontecendo comigo?!

– Eu... Eu não estou gritando. Não foi a minha intenção gritar, é só que... Eu...

– Shhh... – diz ele, colocando o indicador sobre meus lábios. – Não precisa explicar nada. Bem, mas eu queria te dizer que... Não quero que você fique pra baixo por causa do que aconteceu. É claro que... Todos sabemos que tem altos e baixos na vida, e... Tudo o mais, e temos que seguir em frente. Lembre-se dos motivos que você tem para sorrir, e não dos que tem para chorar, okay?

Sorrio. Ele é o meu motivo de sorrir. Espera... Por quê estou pensando isso mesmo?

– Obrigada. Me faz muito bem isso que você está me dizendo.

– Você me faz bem.

Arregalo meus olhos. Ele disse mesmo isso?! Ele disse isso bem rápido, e logo depois ficou corado. Então ele diz:

– Ahm... Eu tenho aula de dança daqui a pouco, é melhor eu ir me arrumar. Te encontro depois?

– Claro.

Então ele sai da sala tão rápido como entrou, e eu dou uma risada. "Você me faz bem." Como é possível alguém ser tão fofo?

– Hmmm... É impressão minha ou tava rolando um climinha entre você e o Marco?

Camila entra na sala, e se encosta na parede perto da janela.

– Camila, não viaja. Eu e o Marco somos amigos, nada mais.

Por quê será que me dá um aperto no peito dizer isso?

– Ah, Violetta, não minta pra mim! Eu vi a forma que você ficou nervosa perto dele, e também vi o jeito que ele olhava pra você. E aquele "você me faz bem" não me pareceu coisa de amigo não, viu?

– Você acha mesmo?! Acha que ele sente algo por mim?!

– Viu como você ficou animada? Apenas me responda uma coisa: Você sente algo pelo Marco?

– Eu... Não sei... Eu gosto de quando ele está perto. Gosto do sorriso dele, e sinto arrepios quando ele me abraça... Eu gosto dos olhos dele... Do cabelo, da voz, de tudo... E eu gostei de quando ele disse que eu faço bem para ele, e eu gosto...

Eu paro de falar quando vejo Camila levantar uma sobrancelha, e me encarar com o sorrisinho de lado.

– Sim, Violetta, do que mais você gosta?

Sinto meu rosto ficar vermelho.

– Eu gosto dele.

Cami solta um gritinho e me abraça. Mas ainda não acredito nas minhas próprias palavras, muito menos nos meus sentimentos. Mas não posso fugir. Eu gosto dele.

E isso explica tudo.

* * *

Estamos todos no zoom esperando que Pablo chegue. Ele disse que tem um comunicado importante a fazer. Estou do lado da Camila, secretamente trocando olhares com Marco, que não falou comigo desde aquela hora na sala de música, apenas me observa de um jeito diferente, um olhar sonhador.

Pablo entra na sala, e começa a falar.

– Muito bem, pessoal. Chamei todos aqui, porque vou passar um para todos do Studio. Devido ao intercâmbio de Leon e Francesca, houveram muitos desentendimentos aqui. Para as coisas se normalizarem um pouco, eu decidi passar um exercício bem simples. Eu vou sortear dois nomes, e vocês vão ter que descobrir algo que você tem em comum com seu parceiro. Apesar de termos tantas diferenças, todos temos algo em comum, e eu quero que vocês usem esse algo para compor uma música e apresentá-la em duas semanas.

Então ele começa a sortear os nomes. Presto atenção em poucos, mas consigo pegar algo como "Diego e Camila" ou como "Maxi e Ludmila". Mas travo quando escuto meu nome.

– Violetta e... Marco.

Em um sobreassalto, Marco e eu nos encaramos. Ele é mesmo meu parceiro?! Algo em comum que temos... Essa é fácil. Então já estamos um passo á frente.