Troubled Love escrita por Mah Nunes


Capítulo 1
Noite conturbada


Notas iniciais do capítulo

Ponto de vista da Alice



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Como você se sentiria ao estar em meio à um conflito entre sua consciência, seu bom senso prestes a dizer adeus e seu coração te encorajando a fazer algo realmente estúpido?

Eu já nem sei mais como classificar meu estado emocional ultimamente. Já estive entre depressão, suprema alegria e extrema indecisão. Entretanto nenhum desses adjetivos chega perto do caos emotivo que tenho sentido borbulhar dentro do meu peito.

Por que você? Entre tantas pessoas naquela universidade, por que logo você?

Há pouco tempo sai da sala da coordenação do meu curso determinada a acabar com tudo o que estava sentindo. Mudar a minha vida. Determinada a te expulsar definitivamente de meus pensamentos, de meus sonhos, de meus devaneios, de meu coração.

Eu adoraria poder voltar ao momento em que você começou a mudar a minha opinião, o dia em que você bagunçou minha mente e, de alguma forma, entrou em meu coração.

Senti minhas bochechas úmidas e meus olhos estavam começando a arder com a maquiagem borrando. Era só o que me faltava terminar de cruzar o pátio estilo Taylor Momsen ou, pior, Alice Cooper.

Tentando me lembrar para que lado ficava o banheiro mais próximo para corrigir qualquer defeito, antes que alguém me reconhecesse, e assim que avistei uma plaquinha de banheiro feminino entrei apressada.

Por sorte não havia muito borrado ainda, mas o mal estava feito alguém já havia me visto limpando as pequenas úmidas manchas negras do rímel.

–- Algum problema, Alice? – a dona da voz tocou meu ombro com um tom preocupado.

–- Não, esta tudo bem – esperava que minha voz tivesse soado mais forte do que me sentia no momento. Tentei me recompor e virei para a moça ao meu lado – Esta tudo bem, mesmo.

–- Hm, sei. – pude notar o tom incrédulo de sua voz enquanto ela se virava para seguir para uma das cabines do banheiro.

Ela parou na porta da cabine vazia e voltou o rosto para mim.

–- Se precisar conversar pode me procurar ok?

–- Claro. Obrigada. – Mila tinha esse estilo de boa ouvinte e fingia ser uma boa confidente, mas o que ela era boa mesmo é em contar as angústias de suas “vítimas” para quem quisesse ouvir, ou não.

Assim que ela fechou a porta da cabine tratei de sair de lá e retomar meu rumo para casa. Afinal havia uma pilha de trabalhos incompletos que eu precisava terminar para entregar, mas hoje mais que nunca eu precisava de novos ares. Novamente meus trabalhos teriam de esperar.

Tomei o caminho mais rápido para o estacionamento, ainda era intervalo e eu esperava realmente não encontra-lo por lá.

A passos rápidos alcancei meu carro e ao abrir a porta lancei minhas coisas para o banco de trás, me acomodei no banco do motorista e dei partida no carro.

Sai do estacionamento e acabei indo direto para meu refúgio preferido. Geralmente o lugar ficava mais bonito à noite, mas hoje havia algo naquela vista que me fazia sentir acolhida e muito solitária. Era assim que seria a minha vida sem ele? Eu não poderia deixar-me afundar na depressão novamente.

Estacionei próximo à entrada do jardim e andei até a colina. Não era o lugar mais alto da cidade, mas era tão afastada dos barulhos e luzes do centro que podia ver as estrelas brilharem mais forte que a vista da janela do meu apartamento. Dali de cima eu conseguia ver toda a extensão do lago que há no parque, as flores e folhagens que cercam a beira do lago pareciam estar se movimentando ao som de uma melodia muda que o vento lhes cantava.

Procurei por um pedaço de papel e uma caneta em minha bolsa pra anotar alguns pensamentos quando vi a luz de notificação do celular piscando. Havia três chamadas perdidas e algumas mensagens. Não tive coragem de ver as chamadas perdidas primeiro, então chequei as mensagens. Das quatro pessoas falando comigo, o nome de uma fez gelar, senti um arrepio na nuca, acho que devia ter checado as ligações primeiro. Lancei o celular de volta na bolsa e peguei minha câmera.

Hoje tirarei apenas uma foto do meu lago favorito, pensei. Tirei a foto e voltei para o carro com a curiosidade me incomodando todo o caminho de casa. O que ele havia dito? Será que ele estava pensando em mim? Perguntas até piores passaram pela minha mente, mas antes que me desse por vencida em minha tarefa de esquecê-lo percebi que fiz todo o trajeto do parque até a porta do meu apartamento no automático.

Parei de brincar com as chaves e entrei logo. Ao sentir o cheiro de casa perdi toda a vontade de sair e acabei abrindo um vinho na esperança acordar no dia seguinte sem nem lembrar qual o perfume que ele mais usa ou como era seu rosto.

Estava tão dispersa na leitura e no vinho que mal ouvi a campainha tocar pela 3ª vez, se não fosse pela música do celular ter parado para anunciar a ligação eu provavelmente também não teria percebido que alguém ligava.

Sem nem olhar para o visor atendi enquanto tropeçava até a porta.

–- Alice? Onde você esta? Esta em casa?

Aquela voz ecoou no meu interior e me fez congelar, segurando a maçaneta da porta.

–- Só um instante – tentei soar sóbria e voltei para abrir a porta.

A luz do corredor ainda estava com defeito, só pude ver sua silhueta pela pouca luz que entrava pela janela do corredor. Não sabia o que era pior, ter que enfrentar a voz dele me chamando no telefone ou ter de enfrentar ele pessoalmente.

Ele sorriu daquele jeito charmoso e bobo dele ao me ver e desligou o telefone.

–- Oi – ele avançou um passo e segurando meu rosto entre suas mãos me beijou.


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