Londres Chuvosa escrita por Lady Naru


Capítulo 1
Capítulo 1 - Chuvas Incomodas


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura gente!



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Dizem que as gotas de chuva são as lágrimas do céu representando a nossa tristeza. Hoje, pela primeira vez, o céu estava de acordo com o meu humor. Eu não estava só triste, estava deprimido. Finalmente meu pai descobriu que eu gosto de homens, e surtou por causa disso. Então ele expulsou a mim e a minha linda gatinha Jeena. Agora aqui estou eu, embaixo da chuva em uma cidade que eu nunca conheci além de vídeos e fotos.

Eu morava na Itália, onde exatamente não importa mais. Meu pai me expulsou de casa mesmo. Eu tinha 13 anos quando descobri que gostava de meninos. O meu primeiro beijo eu dei com um valentão da escola que queria muito me bater. Eu falei para ele que se não parasse de me perseguir eu iria contar para todo mundo que ele era um boiola e que havia me beijado. Lógico que ele não passou. E um belo dia eu pedi ao meu pai para me mudar de escola, pois havia um garoto que estava me assediando nas aulas. Meu pai ficou furioso. Ele é homofóbico, mas eu acho que isso só aflorou quando minha mãe o trocou por outra mulher.

Depois d alguns anos, ele se mudou para Londres. Eu odeio morar aqui. Meu pai descobriu que eu era gay já tem uma semana, á exata uma semana eu estou morando na rua, á exata uma semana que estou sem comer direito, e á exatamente uma semana estou sem tomar um banho descente. Estou dormindo e locais imundos. Isso, com certeza, é o pior de tudo.

Me aproximei de uma cabine telefônica, talvez lá tivesse o telefone de algum albergue em que eu pudesse tomar um banho e descansar, mas tinham que aceitar bichos, ou nada feito. Não me livro da Jeena, de jeito nenhum. O estranho é que do lado de fora da cabine telefônica estava um cachorro, mais especificamente, labrador de pelo amarelo, de tamanho médio. Ele também tinha uma guia presa ao pescoço, mas a outra ponta, ele mesmo segurava. Me aproximei de vagar, Jeena pulou do meu colo, pensei que ela fosse fugir, mas correu na direção do labrador e subiu nas costas do mesmo, e mesmo em baixo de chuva se aninhou ali para dormir.

- Jeena, não faça isso. – fui correndo na direção dela para tirá-la de cima do cachorro.

Foi quando a porta da cabine telefônica se abriu revelando um homem mais alto que eu – quase todo mundo é mais alto que eu – ele estava elegantemente vestido para um dia de chuva. Não como se fosse para alguma festa, mas como eu me vestiria se tivesse algum tipo de roupa mais elegante que um casaco verde simples, uma calça jeans e botas. Ele usava um sapato social, juntamente com uma calça social preta, uma camisa azul clara, e um casaco cinza por cima, o casaco era grosso. Na hora em que saiu da cabine ele olhou para e depois para a gata e depois para o cachorro. Repetiu este ato umas três vezes antes de dizer alguma coisa.

- Esse gato, por acaso é seu? – perguntou com um tom indiferente. Típico dos ingleses.

- Sim, por quê? – qual é? Eu sou italiano, tenho sangue quente.

- Se importa de tira-lo de cima do meu cão?! – ele disse pegando a guia da boca do cachorro.

- Com todo o prazer. – disse me virando para a gata e pegando-a no colo. – Vamos Jeena, se não você fica cheirando a cachorro molhado. – eu disse alto o suficiente para ele ouvir.

Ia prosseguir com o meu caminho quando Jeena de um espirro. Isso não era um bom sinal. Entrei na cabine telefônica rapidamente, nem me atentando se o homem ainda estava lá ou não. Procurei por algum veterinário e encontrei o endereço de um ali perto. Nem vi quanto dinheiro eu ainda tinha e encaminhei-me para a clínica. Ao chegar lá a recepcionista me atendeu amigavelmente. E me encaminhou ao consultório do médico que havia acabado de chegar.

Assim que entrei no consultório me arrependi e decidi que iria voltar, mas antes de sair ele me viu.

- Olha só quem nós encontramos aqui Mashita. – disse o homem que eu havia visto mais cedo e que agora descobrira ser o veterinário.

- Mas que... – eu estava pronto para falar muitas palavras que aqui seriam muito feias se escritas, mas Jeena me distraiu dessa função com um espirro. – Será que você pode ajuda-la?

Ele se levantou da cadeira, agora já não tinha mais o casaco cinza e sim um jaleco branco. Pegou Jeena e a colocou sobre a mesa para examina-la.

- Á quanto tempo ela está tomando chuva? – ele perguntou me olhando sério.

- Há uma semana. – respondi.

- O que? – o tom dele agora era de desacreditado. – Por quê infernos, você deixou uma gata filhote tomar chuva por uma semana? – perguntou enquanto enrolava a pequena no seu jaleco.

- Olha, eu também tenho tomado chuva á uma semana. Não tenho culpa. Simplesmente não temos para onde ir. – fiz um quase desabafo enquanto me sentava, pois sentia certa tontura.

Ele olhou para mim e depois para a gata ainda enrolada no jaleco.

- Você ao menos tem dinheiro para pagar a consulta? – perguntou om um olhar indiferente.

- Acho que não. – eu disse tirando a minha mochila das costas e procurando a minha carteira. Eu ainda tinha 500 libras e todos os meus cartões de crédito, mas não sabia se ainda estavam disponíveis para uso.

- E como você pretende pagar pela consulta? – ele perguntou.

Eu me levantei para responder, mas foi rápido demais. Tudo girou e eu só escutei o barulho de algo caindo no chão, então percebi que era eu. Acabei apagando ali, naquele consultório.

~//~

Mas que infernos, aconteceu com o meu dia? Eu, por algum acaso acordei do lado esquerdo da cama? Primeiro foi que quando acordei não encontrei minha noiva em casa, apenas um bilhete onde dizia que estava terminando comigo, pois havia se apaixonado por outro homem. Essa parte, pouco liguei, eu não á amava mesmo. Depois a caminho do consultório meu carro quebrou, tive que chamar um guincho, meu celular, estava descarregado. Tive que usar um telefone público. Ai quando saio da cabine telefônica encontro um garoto baixinho e irritado, e um gato montado no meu cão. Eu acordei com alguma zica hoje, só pode. E agora o mesmo garoto baixinho tinha desmaiado no meu consultório. De fome, pois a criatura não comia á dias. Acho que dava boa parte da comida pra gata, já que a mesma nem estava com fome. Depois de socorrer o garoto, mediquei a gata e decidi que a levaria para a minha casa. A questão agora era o garoto inconsciente no meu consultório.

Acabei decidindo por leva-lo ao meu apartamento. Eu sei, nunca leve um estranho para dentro de casa, mas eu não podia deixar a gata sozinha e nem deixar esse cara sozinho, então acabei chamando um táxi e os levei até minha casa. Os deixei no quarto de hospedes e fui tomar um bom banho. Não costumo tomar banhos demorados, mas acho que acabei dormindo na banheira, pois acordei com um grito.

-Aaaaaaaaaaaaaahhhhh. – tomei um susto tão grande que afundei na banheira.

Levantei e sai com tudo do banheiro e nem ao menos peguei uma toalha. Abri a porta do quarto de hospedes com tudo, dando de cara com aquele ser baixinho e irritado.

- Ah, é só você. – eu disse passando a mão pelo meu rosto e encarando o menino.

Ele tinha um olhar estranho no rosto, estava corado e encarava muito alguma coisa em mim, segui o olhar dele e percebi que estava sem toalha. Totalmente nu na frente de um estranho. Aproveitei que ainda segurava na maçaneta da porta e a fechei novamente. Fui em direção ao banheiro, peguei uma toalha e um roupão. Depois de devidamente coberto voltei ao quarto onde o garoto estava encontrando a porta aberta e a gatinha dormindo em cima da cama. Escutei um barulho que vinha da cozinha e fui em direção á mesma. Encontrando o garoto tirando um imenso bolo de chocolate lá de dentro e o devorando.

- O que você acha que está fazendo? – perguntei fechando a porta da geladeira.

- Comendo. – ele respondeu enquanto enfiava a cara no bolo novamente.

Ele comeu por um bom tempo. Cara, para um baixinho até que ele tinha fome.

- Obrigado pela refeição. – ele disse e então se levantou.

- Onde você pensa que vai? – perguntei olhando para ele.

- Vou embora.

-Só depois que conversarmos.

Eu disse sério. Me pergunto o que ele responderia quando eu perguntasse o porque dele ter passado uma semana tomando chuva.

Continua...


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Notas finais do capítulo

E ai gostaram? Prometo que o próximo capítulo vai ser o ultimo. Posto amanhã!!!
Bye!!!

Kissus,
Lady Naru.