Way Side -Interativa escrita por Kiseki Akira, Destiny Trancy


Capítulo 3
Olhos Prateados, Primeira Aula


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Só queríamos dizer que este capítulo será postado mais cedo, já que iremos ter que passar por uma série de provas durante a próxima semana e uma parte desta. Não pudemos dar destaque a todos os personagens de uma vez, pois, como todos sabem, isso resultaria em bagunça, e consequentemente, um capítulo ruim. Obrigada.



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–Corre, Risuka! Nós estamos atrasadas! –Berrou Coraline, penteando os cabelos com força num gesto apressado, apesar de que estava mais o bagunçando do que qualquer coisa. Atirou o pente para cima e saiu correndo para procurar suas botas.

–Como assim “corre, Risuka”? Você está mais atrasada que eu! –Risuka já estava calçando seus tênis, enquanto Caroline corria desesperada de um lado para outro a procura de sua mochila.

Enquanto isso, Myranda e Cindy estavam de braços cruzados, encostadas na porta apenas observando o desespero das duas garotas.

As quatro garotas haviam acabando por se tornar colegas de quarto na Amethyst. Não fora uma ideia agradável a todas elas, pois na maior parte do tempo, estavam contando que ficariam em quartos individuais. O quarto onde elas moravam agora era o de número 4, que ficava num dos corredores mais isolados da escola.

–Se vocês não se importam, eu já vou indo... –Disse Cindy, virando-se de costas para elas e abrindo a porta.

–Ei, Cindy, espere a gente! –Pediu Risuka.

Mas a morena já estava saindo do quarto e fechou a porta atrás de si.

(...)

Os corredores da Amethyst eram exageradamente elegantes e sombrios, com papéis de parede vermelhos, lustres macabros e quadros antigos. Assim que chegavam ao salão principal, onde os alunos se reuniam para tomar o café da manhã e outras refeições, o ambiente se tornava diferente e bastante agradável. As paredes eram pintadas de um tom claro de violeta, e as enormes janelas transmitiam a luz do dia lá fora.

Cindy estava sentada num canto isolado, em uma mesa de vidro com quatro cadeiras sobrando. Nenhum sinal das outras garotas.

De repente, alguém puxa uma cadeira a sua frente e se senta sem mais nem menos. Ela não conhecia a pessoa. Era uma garota de cabelos vermelhos e expressão presunçosa, com roupas coladas e pretas. Atrás dela, havia mais duas outras pessoas, uma garota baixinha, loura de cabelos espetados, e outra de cabelos verdes.

–Olá. –Disse ela em tom agradável. Cindy não respondeu. Ela sabia que aquela garota pretendia arrumar confusão simplesmente olhando em seus olhos. Só podia ser uma daquelas pessoas que fazem de tudo para chamar atenção.

–E a educação, onde fica? –Perguntou a loura, cobrando pela resposta e sentando na cadeira ao lado.

–Eu é quem pergunto. –Murmurou Cindy, pegando sua xícara e tomando um gole de chocolate quente. A loura fez uma careta. De repente, a ruiva bateu o punho com força na mesa, assustando até mesmo as próprias amigas.

–Você está se achando demais, hein, querida? –Disse ela, num tom perigoso. Cindy levantou o rosto e encarou-a diretamente nos olhos.

Antes que alguém voltasse a dizer algo, outra pessoa apareceu entre elas. Era um garoto, este de pele escura, alto e musculoso, com cara de poucos amigos. Estava de braços cruzados, fuzilando a ruiva com os olhos.

–Você é Daphne Thompson? –Perguntou ele.

Ela sorriu gentilmente, fazendo um olhar que faria qualquer um acreditar que era uma espécie de anjo. Cindy se sentiu enojada com aquilo, e, para sua satisfação, o garoto também não pareceu cair na do olhar dela.

–Sou. –Respondeu.

–Uma pessoa chamada Evelyn Northanger quer te ver. –Informou ele, apontando para trás com o polegar. Seguindo aquela direção, eles puderam ver uma mulher pálida de cabelos pretos e um longo vestido gótico encarando-os de volta com os braços cruzados. Daphne engoliu em seco.

–Certo... –Disse ela, levantando-se. Foi embora na direção da pessoa que provavelmente era Evelyn, seguida pelas duas outras garotas estranhas.

Cindy olhou para sua xícara, irritada.

–Esse tipo de gente me irrita... –Murmurou para si mesma, apertando a xícara com força, até que notou pequenas sombras negras saindo de suas próprias mãos, e então a soltou, nervosa.

O garoto ainda estava parado ali de braços cruzados.

–Melhor você sair logo, ela vai voltar. –Disse ele.

–O quê?

–Essa tal de Evelyn não a estava chamando. Eu só falei aquilo porque sabia que era uma professora. E eu também escutei uns idiotas falando o nome “Daphne”.

Cindy quase deixou a xícara cair.

–Por que você fez isso? –Perguntou ela, encarando-o com desconfiança.

–Por que esse tipo de gente também me irrita. –E então, ele foi embora ao ver a ruiva encarando-o à distância com um olhar assassino.

(...)

Acabando o tempo do café da manhã, os alunos se dirigiram às suas respectivas salas de aula. O primeiro horário seria dado por ninguém mais, ninguém menos, que Evelyn Northanger, a moça que pálida que estava sempre de preto. Ela estava sentada em sua cadeira de frente para os alunos, em silêncio e esperando que batesse o sinal.

Coraline entrou na sala de aula correndo, descabelada e mancando. Todos os olhares foram dirigidos a ela, inclusive o da professora, que sorriu com gentileza.

–Você ainda não está atrasada, não precisa entrar dessa forma. –Disse ela.

–Atrasada? Quem disse que eu estou correndo por causa disso? –A morena olhou de um lado para outro, procurando por algo. Foi então que ela bateu os olhos na pequena Risuka, que a fuzilava com o canto dos olhos. Tratou de sentar bem longe da garota, num dos lugares lá de trás.

–Estava fugindo dela? –Perguntou uma garota asiática, apontando para Risuka e rindo.

–Ria agora, querida, mas eu quero só ver quando você cometer o erro de chamá-la de anã. –Disse Coraline, jogando os cabelos para trás e puxando seu caderno de couro preto de dentro da bolsa.

E então, mais três pessoas entraram na sala de aula. Eram três garotos, todos altos. Os dois primeiros tinham pele escura e eram fortes. Um deles era o garoto que mandara Daphne para falar com Evelyn, e o outro tinha cabelos brancos, uma cicatriz diagonal esquerda na boca, e um de seus olhos estava enfaixado.

Atrás deles dois, veio um garoto de olhos com íris avermelhada, cabelos curtos e prateados com uma franja assimétrica, vestindo uma jaqueta de uniforme azul da Prússia, com calças combinando. Em seu pescoço havia um colar com uma cruz de ferro. Ele observou a classe em volta com um olhar arrogante.

–Esses bruxos até que são bonitinhos... Gostei dessa escola. –Comentou a asiática, enquanto Caroline pensava a mesma coisa.

No canto da sala, estava sentada Cindy, observando com o canto dos olhos o garoto que, assim como ela, não gostava de pessoas como Daphne. A ruiva, por sua vez, o fuzilava com raiva na mesa ao lado.

–Boa tarde, meninos. –Disse a professora. No mesmo instante, o sinal tocou e ela estalou os dedos, fechando a porta da sala sem ter que se levantar para isso. A maioria dos alunos rui baixinho ou ficou assustado. –Procurem lugares vagos.

Ela mesma rodeou a sala com os olhos e franziu a testa.

–Parece que temos alguns alunos faltando... –Comentou, ao observar as cadeiras vagas. –Será possível que já temos alunos matando aula?

Coraline riu baixinho e sussurrou “só espere” de forma que apenas ela escutasse.

–Bom... Vamos começar. Eu me chamo Evelyn Northanger, bruxa das Sombras. Eu lhes ensinarei como preparar poções úteis, e também como se defender e criar antídotos para poções de natureza maligna. É claro que, o preparo de poções dessa natureza é completamente proibido. –Ela lançou um olhar severo para todos os alunos.

Um deles levantou a mão, e ela assentiu.

–No dia que nós chegamos aqui... Ontem... A diretora disse algo sobre alguns de nós sermos bons ou maus. Por que ela disse isso? Não é normal que algumas pessoas sejam boas e outras sejam más? –Perguntou o aluno, e ficou claro que esta pessoa estava com a pergunta na cabeça há horas.

Evelyn sorriu. Ela parecia querer ouvir exatamente esta pergunta.

–É normal, sim. Para pessoas normais. –Disse. –Para os bruxos, as coisas são bem diferentes.

A maioria dos alunos franziu a testa.

–Eu irei explicar, mas preciso de um voluntário. –Ela observou os alunos por alguns instantes. Cindy abaixou a cabeça, evitando ser vista, enquanto Risuka sorriu para a professora quando seus olhos bateram nela. Mas então ela olhou para a cadeira ao lado. –Você. Como se chama?

A garota levantou os olhos negros, puxados para um tom extremamente discreto de vermelho escuro.

–Myranda Willoy... –Respondeu em voz baixa.

–Venha até aqui, Willoy. –Disse a professora, ignorando completamente o acanhamento da aluna. Myranda se levantou lentamente. –Mais rápido, querida, por favor.

A garota andou até lá um pouco sem jeito, e ficou de frente para a classe de quase quarenta alunos. Coraline e Risuka sorriram para ela com as sobrancelhas erguidas.

–Não preciso que me conte qual é seu tipo de magia. Apenas me diga se é perigosa ou não. –Sussurrou a professora para Myranda. A garota ficou olhando para as próprias mãos, pensando naquilo. Curtos flashes de pessoas mortas passaram por sua cabeça, e ela se sentiu nervosa, como se fosse desmaiar ali mesmo.

–Eu não sei... –Sussurrou de volta.

–Tudo bem, querida. Apenas tenha em mente que você não quer machucar ninguém e tudo vai ficar bem. Entendeu? –Sussurrou ela, a classe ia ficando impaciente enquanto observava.

–Sim...

–Ótimo. –A professora voltou a falar em voz alta, olhando para a classe com uma pose determinada. –Myranda, eu preciso que estenda suas mãos na frente de seu próprio rosto.

A garota obedeceu lentamente.

–Muito bem. Agora preciso que feche os olhos e imagine algo se formando em suas mãos. Qualquer coisa. Um pássaro, uma flor... Tudo, menos algo grande a ponto de deixar essa sala em pedaços.

E Myranda imaginou um pequeno pássaro se formando em suas mãos, saindo delas como uma espécie de pó branco e brilhante, com os olhos fechados. Mas o que ela imaginava era bem diferente do que realmente se formava ali. Sombras negras escapavam de seus dedos, como tentáculos de fumaça.

–Abra os olhos. –Disse a professora.

A garota obedeceu, nervosa pelo silêncio em que a classe se encontrava. Mas estava tudo bem, e estavam todos bem. Ela não queria machucar ninguém. Sem entender, ela viu os olhares assustados dos outros alunos dirigidos a ela.

–Estão vendo? –Perguntou a professora, como quem anuncia algo que deu completamente certo a seu favor.

–O que eles estão vendo? –Perguntou ela, olhando para as próprias mãos vazias. As sombras haviam sumido. Foi então que a professora veio andando até ela com um espelho antigo e bonito, e o levantou para o rosto de Myranda.

A garota pegou um susto. Seus olhos estavam num tom puro de prata, com finas linhas brancas. A professora sorriu.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Explicações ficam para o próximo capítulo!
Mais uma coisinha... Reviews são legais, e sem eles, poderei acabar cortando meus pulsos -sqn.
Obrigada por ler!
—Kiseki (e Destiny, que não entra no Nyah mas ajuda a escrever mesmo assim)