Way Side -Interativa escrita por Kiseki Akira, Destiny Trancy


Capítulo 10
Exigência


Notas iniciais do capítulo

CONSEGUI POSTAR! AH HÁ HÁ HÁ HÁ! x'D
Finalmente! Meu PC tá uma bosta :c
—Kiseki
Boa leitura!



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Após tudo o que aconteceu naquela noite, era quase impossível de se imaginar que eles iriam simplesmente voltar a seus quartos para dormir. Mas foi exatamente o que fizeram, ainda mais sabendo que não poderiam contar com a ajuda da escola.

O que não quer dizer que eles conseguiram dormir facilmente.

~*~*~

Era uma tempestade avassaladora.

Tudo saía voando: carros, telhados de casas, árvores... E pessoas.

Perigosos raios cortavam o céu escuro como luminosas cicatrizes, a chuva forte em contato com a pele se assemelhava a pedradas, e todo tipo de coisa que saía voando atingia os mais inesperados lugares, causando uma onda de destruição.

Falta de controle. Ele sentia que seu corpo não era mais seu, que era obrigado a assistir àquilo parado sem conseguir mover um músculo, pois ele não tinha absolutamente poder algum sobre aquilo que estava acontecendo. Era como se...

De repente ele sentiu uma pancada forte em sua nuca e seus olhos se abriram. O que viu diante de si era completamente diferente daquilo que via segundos antes. Estava com a cara numa almofada.

–Tsuimi, porra! –Resmungou uma conhecida voz irritada. Tsuimi tirou o rosto da almofada e olhou para sua direita, tonto.

Gilbert. Ele estava com o punho fechado e com um olhar ranzinza. A julgar pelo fato de ele não usar camisa e seus cabelos prateados estarem uma bagunça, parecia ter acabado de acordar. Na cama ao lado, Charles observava os dois curiosamente, e Kenai já estava de pé ao lado da porta, os braços cruzados e fazia uma careta.

Eles estavam no dormitório, na Amethyst, onde acordavam todos os dias. Tsuimi suspirou pesadamente, aliviado. Só então notou que suas cobertas, sua almofada e seu próprio corpo estavam cobertos de suor. Suas mãos tremiam.

–O que houve? –Perguntou ele, e sua voz estava rouca. –Por que você socou minha cabeça?

–Você acordou a todos nós! –Reclamou Gilbert. –Começou a berrar do nada, e o Kenai quase teve um troço e caiu da cama!

Kenai arregalou os olhos, indignado.

–Isso não é verdade! –Bufou ele, cruzando os braços com mais força.

Gilbert soltou um risinho sarcástico, mas Kenai não pareceu notar. Tsuimi se sentou em sua cama, e então percebeu o quanto tremia. Foi só um pesadelo, disse a si mesmo. No entanto, mesmo tentando confortar a própria mente, ainda estava incrivelmente assustado e inquieto. Tentou parecer mais tranquilo, mas suas mãos trêmulas não ajudavam muito.

–Você tá legal? –Perguntou Charles.

–Hã... Estou. –Tsuimi respondeu vagamente.

–Cadê sua faixa? –Perguntou Gilbert.

De repente, Tsuimi empalideceu e sentiu todo o seu corpo ficar gelado. Tocou o próprio rosto molhado de suor e notou que a faixa que normalmente cobria seu olho direito havia sumido. O olho estava fechado simplesmente por costume, mas a qualquer instante ele poderia tê-lo aberto por distração...

–Achei. –Disse Kenai antes que Tsuimi entrasse em pânico. Ele deu dois passos à frente e pegou a faixa no chão, jogando-a para Tsuimi em seguida. –O que há de tão errado com seu olho, afinal?

Tsuimi colocou a faixa no lugar e mordeu o lábio inferior, mas antes que pudesse dizer alguma coisa, Charles arregalou os olhos e apontou para o ombro dele.

–O que é isto no seu braço? –Perguntou.

Todos olharam ao mesmo tempo para o ombro de Tsuimi. Ele mesmo não havia notado, mas havia três marcas de garras ali, feridas fundas e escuras que já haviam parado de sangrar, mas ainda tinham um tom bastante avermelhado. Perguntou-se como raios não havia percebido aquilo.

–Ah, acho que isso aconteceu ontem. –Disse Tsuimi.

–Estúpido... –Kenai bufou. –Isto são marcas das garras de um Incubus! É por isto que está tendo pesadelos!

Tsuimi coçou o próprio queixo.

–E como me livro disto? –Perguntou ele.

–Não se livra. –Disse Charles com um sorriso tímido formado nos lábios. –Você terá de esperar até que cicatrize completamente.

–Ah, que ótimo. –Bufou Gilbert. –Agora teremos de escutar berros e ver o Kenai caindo da cama todos os dias até que esse ferimento se cure. Maravilha. –E ele se jogou pesadamente em sua cama.

~*~*~

Cindy abriu seus olhos, que ardiam.

Ela notou que a janela do dormitório havia sido deixada aberta durante a noite, afinal, todas estavam exaustas e não haviam prestado muita atenção naquilo. O que provavelmente fora um erro, pensou Cindy, já que a escola provavelmente estava cheia de monstros furiosos, esperando uma chance de se libertar completamente.

Ainda se sentia incomodada com a sensação que tivera à noite: de ter seu corpo se movendo sozinho, indo na direção de um demônio, e sabe-se lá o que ele teria feito com ela caso seus amigos não tivessem aparecido. Esfregou os olhos, irritada, e inclinou-se para fechar a janela.

No mesmo instante, Myranda acordou. As duas ficaram se olhando por alguns instantes silenciosos. Ninguém, exceto Myranda, sabia que Cindy era uma bruxa das Trevas até a noite anterior. Agora todos já haviam percebido. Mesmo assim, Cindy não podia deixar de se sentir grata pelo fato de a outra nunca ter dito nada aos outros, mesmo que já tivesse descoberto há dias, pelo simples fato de que suas magias eram as mesmas e eram muito poderosas.

E então, de repente, Coraline deu um salto para fora de sua cama. Seus cabelos negros estavam emaranhados, o pijama de renda, amassado. Ela estava sorrindo de orelha a orelha quando olhou para as colegas de quarto.

–Bom dia! –Gritou.

Myranda coçou o próprio queixo.

–Você acha que ela está bem? –Perguntou ela a Cindy.

–Tenho minhas dúvidas. –Respondeu Cindy.

Coraline deu língua para elas e jogou-se na cama de Risuka, assustando a pequena garota que dormia tranquilamente. Ela começou a empurrar Coraline com seu punho contra a bochecha da maior.

–Por que tem uma doida pulando em cima de mim? –Gritou Risuka.

–Vocês sabem que dia é hoje? –Coraline abriu mais um sorriso luminoso.

Cindy franziu a testa e então disse:

–Hã, sexta-feira?

–Não! Quero dizer... Sim. Sim, mas não. –Coraline disse, atrapalhando-se.

–Ah. Muito esclarecedor.

–Hoje é feriado! –Exclamou Coraline animadamente. –Podemos ir à cidade durante os feriados. Lembro-me que li isso em algum lugar...

–No folheto da escola? –Perguntou Risuka, erguendo uma das sobrancelhas.

–Sei lá. Provavelmente.

Antes que alguém pudesse dizer mais alguma coisa, alguém bate na porta do quarto. As garotas se entreolham com as testas franzidas, pois ainda era meio cedo para receber algum tipo de “visita”.

Risuka levanta-se da cama com um pulo, os cabelos azuis-turquesa bastante bagunçados em volta do rosto. Ela abriu a porta sem rodeios e encarou o visitante. Para a surpresa de todas, era a professora Evelyn. Ela trajava algo parecido com uma roupa de luto: um enorme vestido vitoriano preto e um chapéu com um véu da mesma cor, e usava também luvas de renda. No entanto, ela abriu um sorriso ao ver a aluna.

–Olá, Risuka. –Disse. –Já estão todas acordadas?

Risuka a encarou, confusa.

–Sim, mas...

–Ótimo. –A professora a interrompeu, e um fio de preocupação transpareceu em seu rosto. –Preciso pedir que se vocês dirijam à sala da diretora dentro de vinte minutos. Depois, serão dispensadas normalmente para fazerem suas refeições e, mais tarde, se quiserem, poderão ir até a cidade.

–O que está acontecendo? -Perguntou Risuka.

–Nada, – Disse Evelyn, mas todas sabiam que era mentira. –mas suponho que devam se apressar. A diretora parece particularmente irritada hoje, e não será bom deixá-la esperando.

Risuka assentiu relutante. A professora Evelyn acenou gentilmente e então se retirou, andando pesadamente com seu vestido enorme. Risuka se perguntou mentalmente como alguém conseguia andar com aquilo o tempo todo, e então fechou a porta.

–Hã, – Ela olhou para as colegas de quarto. –Fomos convocadas à diretoria.

–Péssimo sinal? –Perguntou Coraline.

–Provavelmente. –Disse Myranda, jogando suas cobertas para cima e saindo da cama.

~*~*~

O dia estava frio e chuvoso, mas a sala da diretora tinha um calor confortável e um cheiro doce difícil de identificar. Tinha piso de mármore negro, papel de parede vermelho-vinho, dois sofás de couro preto num canto próximo à entrada, de frente para uma televisão de tamanho considerável, que estava desligada.

Todas as janelas estavam cobertas por longas cortinas pesadas e brancas. A única que estava aberta era uma janela de vitrais coloridos, que ficava bem atrás da mesa da diretora e projetava luzes coloridas sobre a mesma. A mesa era de madeira marrom polida, e a diretora Elizabeth Collins estava de pé e apoiada nela. Sua expressão era séria, os cabelos estavam firmemente presos num coque, e seus olhos azuis pareciam gelo.

Era estranho pensar que aquela mulher (que aparentava ter cerca de vinte anos) era avó de Leere.

Assim que o grupo de garotas entrou, ficaram surpresas pelo fato de que os garotos já estavam lá, assim como Leere e Alícia. Todos os dez alunos que estiveram lutando contra o Incubus na noite anterior.

Só agora notavam que Evelyn estava num canto da sala, e Bianca estava parada ao lado de um quadro que retratava um enorme carvalho numa paisagem escura. Alguns alunos prestaram atenção no quadro, outros não, mas os que prestaram puderam ver uma pequena figura próxima à árvore. Seus pés não tocavam o chão.

Tratava-se de uma mulher enforcada.

Com o coração batendo forte, os alunos voltaram sua atenção à diretora.

–Olá. –Disse a diretora Elizabeth. –Agora que estamos todos aqui, podemos começar nossa conversa.

Ninguém disse uma palavra, e ela deu de ombros.

–Sei de tudo o que houve ontem à noite. Embora eu só tenha vindo a saber depois que a “ batalha” de vocês terminou. –Ela pareceu irritada. –Sinto muito.

Alícia franziu a testa.

–Sente muito... pelo quê? –Perguntou ela hesitantemente.

A diretora suspirou.

–Não é óbvio? –Ela perguntou. –Foi uma completa falta de responsabilidade nossa! Como pudemos deixar que uma aluna saísse vagando pela a escola durante a noite, controlada por um demônio, e sem que ninguém percebesse?!

“Ela não pode achar que acabou de dizer algo normal” pensou Risuka.

–É nosso dever proteger os alunos. E, ainda por cima, todos vocês escaparam de seus dormitórios para procurar pela Srta. Cole. Ninguém notou. –Continuou a diretora. –Eu não culparia se ela, ou qualquer um de vocês, decidisse abandonar a Amethyst. Afinal, que tipo de escola é esta? –Ela suspirou pesadamente. –Farei qualquer coisa para recompensá-la, Srta. Cole. Mas antes, preciso dizer...

Ela olhou rapidamente para cada um dos alunos.

–O ato de pular naquele riacho, que era oculto pelas árvores e bem distante do pátio com o intuito de manter todos longe dele, foi muito perigoso. –Disse a diretora. –Cerca de vinte outros demônios estão aprisionados nele. Pular nele daquela forma poderia tê-los feito perceber... –Ela se interrompeu de repente, o rosto empalidecendo, e então completou: – Poderia tê-los libertado.

Todos perceberam que ela pretendia terminar a frase de outra forma.

–No entanto, a magia das Trevas da Srta. Cole foi o que os salvou, pois ao entrar em uso, nenhum dos demônios sentiu nada de diferente...

A professora Bianca pigarreou.

–Ah. –A diretora Collins pareceu entender. –Perdão, eu não quis dizer que a magia das Trevas se assemelha à magia dos demônios. Longe disso. São magias completamente diferentes, mas ao mesmo tempo... têm algo em comum, que é a escuridão que predomina seu uso.

Tanto Myranda quanto Cindy pareceram aliviadas.

–E mais: o Incubus não foi morto. Ele se desintegrou e voltou à sua prisão. Ele estava enfraquecido por tanto tempo aprisionado... Mas caso ele tivesse se alimentado da Srta. Cole... Vocês teriam caminhado em direção à morte inevitável.

Ninguém disse nada, novamente. Cindy cerrou os punhos.

–Sinto muito. –A diretora se desculpou novamente. –Todos vocês. Para concluir nossa conversa, digo novamente que a Srta. Cole tem todo o direito de sair da escola, ou então nos pedir algo como recompensa.

Antes que a professora Bianca se pronunciasse, Cindy levantou a cabeça e olhou nos olhos da diretora Elizabeth. Todos praticamente sentiram a tensão. Eram os olhos castanhos de Cindy contra os azuis da diretora. “Você é uma hipócrita” pensou Cindy, com raiva.

–Eu vou dizer o que quero. –Disse ela, sua voz carregada de raiva. Ela deu um passo para frente. –Quero que diga a verdade. Conte aos alunos o motivo do perigo. Diga a todos que a Esfera sumiu! Pare de enrolar!

Continua...


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Notas finais do capítulo

Reviews?
Nos perdoem pela demora... ;-;