Eu estou em casa deitada quando ouço passos fortes e barulhos vindo lá de baixo, eu me desperto e chamo por Peeta, mas ele não responde, eu chamo mais uma vez e como resposta eu ouço o grito dele, de um jeito que eu nunca tinha ouvido antes, é um grito de dor, todo meu corpo se alerta e eu salto da cama, antes que eu pudesse pensar em algo, três homens altos e fortes com os uniformes típicos dos pacificadores entram pelo quarto eu estou parada no meio do quarto mas é como se eles não me vissem, eles passam direto até o canto do quarto onde tem um berço, um deles pega o bebê de lá de dentro e então eles voltam seu caminho pra sair do quarto.
– Não! É meu filho! Vocês não podem fazer isso! – eu grito enquanto pulo em cima de um deles mas eu recebo um soco tão forte que caio no canto do quarto eu bato minha cabeça na parede e meu corpo se estremece de dor, enquanto eu me recupero do impacto eles saem do quarto levando meu filho, eu me levanto e desço as escadas correndo, quando chego na sala eu vejo Peeta caído no chão seu corpo sujo de sangue, eu me ajoelho ao lado dele chamando por ele mas é em vão, eu coloco meu ouvido na direção do seu coração e assim como aquela vez na arena ele está em silêncio, meu desespero aumenta e eu escuto o bebê chorando me levanto e vou tentar pegá-lo mas outras mãos aparecem e me seguram me afastando do meu filho e do Peeta, eu tento gritar e me soltar mas cada vez mais mãos aparecem pra me impedir, até que eu vejo Peeta sendo arrastado e pelo caminho um rastro de sangue e junto com ele está indo meu filho também, então eu faço a única coisa que posso. Eu grito.
E é nesse momento que eu acordo, minha respiração totalmente descontrolada e Peeta na minha frente tentando me acalmar.
– Calma Katss! Não é real! – ele fala me abraçando, eu saio do abraço dele e o olho, meus dedos passando pelo rosto dele.
– Peeta! Eles te pegaram, eu vi! Você estava morto Peeta, morto! – eu falo entre soluços completamente desesperada.
–Era um pesadelo! Eu estou aqui com você, está tudo bem! – ele confirma e eu o abraço, ele corresponde ao meu abraço, me envolvendo fortemente nele e eu também o abraço cada vez mais forte, eu ainda estou tentando me acalmar mas foi real demais, ainda em soluços eu continuo colada nele, ele se senta na cama encostando as costas em alguns travesseiros me mantendo no abraço dele até que depois de muitos minutos eu pego no sono de novo.
Eu acordo com o movimento na cama, Peeta está se endireitando, ele está praticamente na mesma posição durante todo esse tempo, eu me levanto dele dando espaço pra ele.
– Bom dia! – eu falo observando ele.
– Bom dia! – ele se endireita na cama retirando alguns travesseiros das suas costas.
– Você podia ter me acordado, deve estar todo dolorido! – eu falo enquanto ele se espreguiça, ele me dá um pequeno sorriso – Você está acordado há muito tempo? – eu pergunto pra ele desconfiando que sim.
– Um pouco! – ele confirma mas na verdade acho que ele nem deve ter dormido depois daquilo. Ele coloca a mão na minha barriga e seu sorriso se aumenta ainda mais – Eu vou ser pai! – ele fala sorrindo – E você vai ser mãe! – ele fala aproximando o rosto do meu e me beijando rapidamente, então ele se levanta da cama com um pulo.
– Já volto! – ele fala e sai do quarto antes que eu pudesse falar alguma coisa.
Eu me levanto também e vou até o banheiro, quando saio Peeta ainda não voltou, eu penso em ir procurá-lo mas a verdade é que eu também não dormi muito bem e ainda estou com muita preguiça então eu volto pra cama, alguns minutos depois ele volta trazendo uma bandeja.
– Você tem que parar de fazer essas coisas sabia? – eu falo enquanto ele se aproxima e senta na cama.
– Eu estou alimentando a mãe do meu filho! – ele fala dando de ombros, enquanto coloca a bandeja no meio da cama, tem pães de queijo para uma multidão na verdade, fora sanduíches, frutas e sucos.
– Quantas pessoas vem tomar café hoje? – eu pergunto rindo.
Ele faz uma cara de indiferença.
– Você tem que se alimentar bem! – ele fala se sentando na minha frente.
– Me alimentar bem ou acabar com a comida de casa? – eu implico com ele.
– Você pode só comer, por favor? – ele pergunta erguendo a sobrancelha e me entregando um dos pães de queijo.
– Com prazer! – eu falo sorrindo e já tirando um pedaço do pão.
Embora ele tenha realmente exagerado, eu confesso que estou morrendo de fome e talvez eu termine com tudo que está na bandeja, ele continua com um sorriso no rosto enquanto me observa comendo.
– Ei! Para de ficar me olhando! – eu reclamo com ele.
– Você também tem que tomar café, já não dormiu direito, pelo menos come! – eu falo empurrando a bandeja pra mais perto dele, ele sorri e pega um pedaço do outro pão, quando eu olho é o mesmo pão trançado de nozes que fez meu estomago revirar e quando ele pega um pedaço e o cheiro do pão chega a até a mim a mesma coisa acontece, eu devolvo o pão que tinha pego e dou um pulo da cama, correndo em direção ao banheiro, como sempre eu chego bem na hora, Peeta vem logo atrás de mim e fica ao meu lado, segurando meu cabelo em cima da cabeça, enquanto eu tento me recuperar, quando eu finalmente consigo me levanto e lavo meu rosto, ainda me sinto um pouco enjoada.
– Eu odeio isso! – eu resmungo enquanto me encaro no espelho.
Peeta fica parado logo atrás de mim, meio preocupado mas com um pequeno sorriso no rosto.
– Você está sorrindo? – eu pergunto me virando pra ele.
Ele tenta se manter sério mas desde ontem esse sorriso não sumiu do rosto dele.
– Isso não é legal! – eu falo passando por ele e saindo do banheiro.
– Eu sei! Não é isso! Desculpa! – ele fala se desculpando e vindo atrás de mim, eu me sento novamente na cama e ele senta de frente pra mim – É que agora eu sei por que você está assim! Eu sei que deve ser ruim, mas é mais forte que eu! – ele fala ainda sorrindo.
– Tá bom! Esquece! – eu falo irritada e eu nem sei o por que exatamente, quando eu olho pro pão de novo meu estomago revira – Será que você pode tirar isso daqui? – eu peço afastando o pão como se ele fosse explodir, ele me olha confuso – E eu acho melhor você não fazer mais desses pelo menos não aqui em casa! – eu falo enquanto ele retira o pão da bandeja.
– Por quê? – ele pergunta já se levantando.
– Por quê toda vez que eu sinto esse cheiro me dá vontade de vomitar! – eu falo sem paciência.
Ele faz uma cara de ofendido que mesmo irritada eu sorrio.
– Não é nada pessoal! – eu falo sorrindo – Mas eu acho que são as nozes, sei lá! – eu falo dando de ombros.
– Sem pão de nozes então! – ele fala se sentando de novo e me observando, nossos olhares se encontram e permanecem assim por alguns segundos.
– Eu estou com medo! – eu falo colocando pra fora o que eu estou sentindo desde quando soube – Na verdade eu estou apavorada! – eu continuo e desvio o olhar dele, ele retira a bandeja do nosso meio e se aproxima de mim, ele coloca as pernas ao meu redor enquanto coloca os fios do meu cabelo atrás da orelha, ele não fala nada apenas me olha sério – Peeta, eu não sei o que fazer! Eu vou estragar tudo – eu explico com a voz baixa – Eu sempre estrago mesmo! – eu desvio meu olhar do dele novamente, então ele levanta meu rosto com os dedos no meu queixo, me forçando a olhar pra ele.
– Katss! Você não estragou e nem vai estragar nada! – ele fala sério e firme – É claro que você está assustada, com medo, é normal mas eu estou aqui com você e eu vou estar sempre! Eu também não sei o que vai acontecer daqui pra frente mas eu sei que nós estaremos juntos e agora não é só eu e você agora nós temos mais uma pessoa pra gente cuidar e amar – ele fala passando a mão na minha barriga – E o que eu posso te garantir é que eu sempre estarei aqui e não haverá ninguém nesse mundo que ame a você ou a esse bebê mais do que eu amo! – ele fala com a voz firme e eu sinto as lágrimas escorrendo pelo meu rosto, ele passa os dedos enxugando-as – Agora nós realmente estamos formando nossa família e isso é mais do que eu pudesse ter imaginado ou sonhado um dia! Eu sei que você está confusa e assustada por tudo que nós passamos, mas passou, essa é nossa realidade agora! Eu, você e nosso filho! – ele fala sorrindo e me olhando nos olhos.
Meus dedos passam pelo contorno do rosto dele e mais uma vez eu me pergunto o que eu fiz pra merecer ele, mais lagrimas escorrem pelo meu rosto e ele me puxa pra mais perto dele enquanto me abraça e mexe no meu cabelo.
– Mas você tem que me prometer uma coisa – ele fala com a voz séria.
Eu levanto meu rosto do peito dele e o olho já sabendo o que deve ser.
– Tudo bem! Eu aviso se eu sentir alguma coisa! – eu falo sorrindo, mas ele continua sério me olhando.
– Isso seria bom também! Mas não era isso que eu ia pedir – ele pausa se endireitando e ficando de frente pra mim de novo, ele pega minhas mãos e mantém os olhos no meu – Eu quero ou melhor eu preciso que você me prometa que quando eu tiver um flash de novo, você não vai ficar perto de mim! – ele fala sem desviar o olhar do meu.
– Peeta, eu ... eu não posso prometer isso! – eu falo sem saber ao certo o que dizer – Eu prometi que ia estar do seu lado e eu vou estar! – antes que eu pudesse continuar ele me para e volta a falar.
– Katniss, eu sei que você prometeu e eu sei que você sempre vai estar comigo do mesmo jeito que eu sempre estarei com você, mas o que eu estou te pedindo não é por mim, nem por você, é pelo bebê – ele fala colocando a mão na minha barriga – Não somos mais só eu e você, agora nós temos que cuidar dele ou dela! – ele fala e eu não sei o que falar.
– Peeta, eu... – eu gaguejo.
– Por favor, me promete! Eu sei que você me ama e se afastar de mim é a melhor opção pra me proteger, por que se eu fizer alguma coisa e machucar vocês eu nunca vou me perdoar! – ele pede com o olhar preocupado. Eu tento pensar em algo que abale tudo que ele disse, mas a verdade é que eu não posso garantir nada e por mais doloroso que seja talvez ele tenha razão, eu apenas o olho e o abraço forte por que ele é o único abraço que realmente consegue me tranquilizar e me passar segurança, nós ficamos assim abraçados em silêncio por um tempo, até que eu levanto o rosto olhando pra ele.
– Eu prometo! – eu falo olhando pra ele e ele me dá um pequeno sorriso e um beijo na testa.
– Você vai pra escola hoje? – ele pergunta me observando.
– Eu tenho que ir! – eu confirmo.
– Tudo bem! – ele aceita numa boa – Mas a tarde a gente vai voltar no médico! – ele fala sem dúvida na voz.
– Você não vai pra padaria?
– Vou passar por lá agora de manhã! – ele fala decidido – Ah, eu queria fazer um jantar de novo aqui em casa! – ele fala sorrindo.
– Hoje? – eu pergunto rapidamente.
Ele concorda com a cabeça – Eu falo com Haymitch e a Effie! Eu quero contar logo! – ele fala visivelmente animado e eu não tenho coragem de tirar isso dele.
– Ok, jantar hoje! – eu concordo enquanto me levanto da cama e vou até a gaveta pegar uma roupa, entro no banheiro e vou tomar banho, quando já estou no chuveiro Peeta entra no banheiro já sem camisa e sorrindo enquanto se livra do restante das roupas.
– Nem pensa nisso! – eu falo impedindo ele, ele sorri mais uma vez e vem na direção do Box – Eu disse não Peeta! – eu falo mas estou sorrindo enquanto tento fechar a porta do Box, mas é tarde demais e ele entra com um sorriso no rosto.
– Eu só vou tomar banho! – ele fala indiferente e sorrindo, eu o olho e ele vai para debaixo do chuveiro, conforme a água escorre pelo rosto e pelo corpo dele, eu me controlo mas a visão é tentadora demais, ele que estava de olhos fechados debaixo da água, abre os olhos e me vê olhando pra ele, o sorriso vitorioso que ele dá consegue deixa-lo ainda mais irresistível, antes que eu pudesse falar algo ele me puxa pra debaixo da água com ele, eu não tento resistir apenas me deixo levar, enquanto a água escorre entre nós ele junta nossos lábios e eu esqueço de qualquer outra coisa fora daqui.
– Droga Peeta – eu falo quando chego no quarto e olho as horas, ele me olha confuso e eu mostro o relógio pra ele – Eu falei que eu ia me atrasar só que você nunca me escuta! – eu reclamo e já estou me vestindo rapidamente.
– A culpa não foi só minha! – ele se diverte enquanto eu termino de me vestir – E eu também vou chegar atrasado de novo por culpa sua! – ele fala sentando ao meu lado e calçando os sapatos dele.
– Culpa minha? – eu pergunto sem acreditar – Eu que te avisei da hora! – eu debato e ele ri.
– Relaxa, você nunca chegou atrasada antes! – ele fala enquanto eu já estou de pé.
– E preferia continuar assim! – eu falo saindo do quarto.
Eu desço as escadas e o barulho que vem da cozinha me lembra que Greasy está aí.
– Bom dia! – eu falo enquanto chego na cozinha.
– Bom dia Katniss! – ela fala com um sorriso sem graça, ela parece pensar em algo e então fala – Eu queria me desculpar com você pelo que eu disse outro dia, eu não deveria me meter! – ela se desculpa desviando o olhar do meu.
– Não tem problema, eu que devia pedir desculpa pelo modo que eu sai! – eu falo sinceramente e então os passos fortes do Peeta param bem ao meu lado.
– Bom dia Greasy! – ele fala animado demais e qualquer um perceberia isso.
– Bom dia Peeta! – ela responde com um sorriso confuso.
– E então? Katniss já te contou? – ele fala entrando na cozinha com o sorriso maior ainda, eu olho pra ele, sem acreditar que ele já vai falando assim, ele ignora meu olhar e volta sua atenção a dar a notícia.
– Nós teremos um jantar hoje! – ele fala enquanto se vira para o meu lado me olhando com ironia.
– E o que vocês estão pensando em servir? – ela pergunta.
– Cozido de carneiro? – eu sugiro rapidamente e minha boca enche de água.
– Cozido de carneiro? – Peeta repete surpreso – Como a gente faz isso até o jantar? – ele pergunta rindo.
– Eu acho que eu posso cuidar disso! – Greasy fala sorrindo e me dá uma piscada.
– Viu, ela pode cuidar disso! – eu falo sorrindo pra ele.
– Ok! – ele levanta as mãos como quem perdeu.
– Eu tenho que ir! Eu estou atrasada! – eu falo já nervosa por isso.
– Eu vou com você! – Peeta fala já do meu lado.
– Ah Greasy, você está convidada e não aceitamos um não! – eu falo antes de sair.
De mãos dadas nós tomamos nosso caminho que dessa vez tem que ser um pouco mais rápido que o normal, chegamos em frente a padaria e ele me força a parar.
– Eu estou atrasada! – eu falo pausadamente.
– Eu sei! – ele fala pausando também – Eu te espero em casa pra gente ir ao médico! – ele fala confirmando o que já tinha dito.
– Tudo bem! – eu concordo e dou um beijo rápido nele e sigo meu caminho.
– Eu te amo! – eu ouço ele gritar enquanto me afasto, eu olho pra trás e ele está sorrindo, eu reviro os olhos mas um sorriso escapa do meu rosto, eu aperto meu passo e chego até a escola, como eu previa estou atrasada, vou direto para sala de aula e a diretora está com a minha turma.
– Desculpa! Eu tive um imprevisto! – eu me desculpo quando ela se aproxima de mim.
– Tudo bem! – ela não parece irritada – Eles que já estavam preocupados – ela fala sorrindo – Eles são todos seus! – ela fala e sai da sala, quando eu entro as crianças vem todas em cima de mim, ansiosas, fazendo perguntas, o que me leva um tempo para acalmá-las mas finalmente eu consigo e nós começamos a aula. Não sei se foi o meu atraso ou se o tempo realmente passou rápido mais antes que eu percebesse o sinal que a aula havia terminado me surpreende, as crianças reclamam um pouco mas se conformam, eu saio da sala. Vou até a sala dos professores e Simone está lá, quando a vejo me lembro do que o Tom me pediu e decido ajudá-lo até por que se isso der certo Peeta não tem mais o que inventar sobre ele.
– Oi! – eu falo quando entro na sala, ela estava anotando algo e para pra me olhar.
– Oi Katniss! – ela fala com sua simpatia.
Eu me sento ao lado dela.
– Eu preciso te perguntar uma coisa! – eu falo observando ela.
– Pode perguntar! – ela fala esperando que eu continue.
– Eu vou ser direta, por que eu odeio enrolação! – eu falo indo direto ao ponto.
Ela me olha curiosa e espera que eu fale.
– Eu sei de uma pessoa que está muito interessada em você e gostaria de te convidar para um almoço! – eu falo observando a reação dela, ela parece surpresa mas me dá um sorriso.
– Quem? – ela pergunta curiosa.
– O Tom! Professor de luta! – eu falo sorrindo – Ele realmente está muito interessado em você e ele me parece um cara legal!
Ela sorri um pouco tímida.
– E então? Sim ou não? – eu pergunto e pelo modo que ela ri eu acho que é sim.
– Ai, eu não sei! – ela fala ainda surpresa.
– Bom, eu acho que seria legal! – eu insisto por que acho que ela realmente quer – Se no fim das contas ele for um chato você ainda vai ter ganhado um almoço! – eu falo sorrindo e ela também sorri.
– É, você tem razão! – ela concorda.
– Então eu posso falar pra ele? – ela concorda com a cabeça.
Nós falamos mas um pouco sobre as aulas e então eu saio pra mais uma turma, o tempo também passa rápido e eu logo já termino minhas aulas do dia, mas antes de sair eu vou até o Ginásio, Tom está dando aula mas quando ele me vê parada na entrada ele para e vem até a mim, eu sorrio quando ele se aproxima.
– Você está me devendo uma! – eu falo sorrindo e ele também sorri.
– O que você quiser! – ele fala animado.
– É só você marcar com ela! – eu falo já me virando pra sair.
– Você deveria investir na carreira de cupido! – ele fala sorrindo enquanto eu me afasto.
– Vou pensar nisso! – eu falo e continuo andando. Eu saio da escola e começo meu caminho pra casa, quando chego lá Peeta já está me esperando, ele insiste que eu tenho que almoçar antes de ir e então nós almoçamos e depois saímos, deixando Greasy empenhada em preparar o jantar, nós vamos direto para o Posto, assim que chegamos a recepcionista nos recebe simpaticamente.
– Boa tarde! – ela fala sorrindo quando nós alcançamos a mesa em que ela está.
– Eu queria marcar uma consulta com o médico? – eu falo ainda sem jeito.
– Não será necessário! – ela fala sorrindo e eu fico confusa – Ontem mesmo ele já deixou um horário reservado assim que você chegasse! – ela fala se levantando – Me acompanhem! – ela fala e segue caminho pelo corredor.
– Um dia no Posto e você já tem atendimento preferencial! – Peeta implica comigo enquanto anda ao meu lado.
– Alguma vantagem eu tinha que ter! – eu falo dando de ombros.
A mulher para e bate na porta.
– Katniss Everdeen! – ela fala quando a porta se abre, ouço algo em resposta mas não entendo direito, então ela mantem a porta aberta indicando que podemos entrar, quando eu entro vejo que não é o mesmo médico que me atendeu ontem, é uma mulher, ela também está de branco assim como todos aqui, parece ser bem mais nova que o médico anterior mas igualmente segura e simpática.
– É um prazer conhecê-los! – ela fala estendendo a mão para mim e em seguida a Peeta.
– Eu achei que seria o mesmo médico de ontem! – eu falo ainda confusa.
– Oh não! Sinto muito decepcioná-la mas a partir de hoje eu serei sua médica e nós vamos nos encontrar bastante – ela fala sorrindo – Antes de mais nada, Parabéns aos papais!
– Obrigado! – Peeta fala orgulhoso com um sorriso que quase não cabe no rosto.
– Bom, vamos começar? – ela pergunta enquanto pega uns papéis e anota algo.
Então ela se levanta.
– Em primeiro lugar nós vamos fazer uma ultrassonografia pra podermos ver como anda esse pequeno ou pequena! – ela fala nos olhando – Eu vou precisar que vocês me acompanhem – ela fala e abre uma porta na lateral da sala que eu nem tinha percebido antes, nós entramos e tem uma maca parecida com uma cama e me indica para que eu me deite, ao lado um aparelho que eu nunca tinha visto.
– Agora vamos ver! – ela fala enquanto coloca luvas e se posiciona ao meu lado ligando o aparelho, Peeta está do lado oposto ao que ela está seus olhos parecem brilhar com tudo.
Ela espalha alguma coisa gelada na minha barriga e eu me mexo.
– O que foi? – Peeta pergunta preocupado.
– Nada, só tá gelado! – eu falo sorrindo da reação dele.
– Parece que nós teremos um grande pai coruja aqui! – ela fala sorrindo.
– Você nem imagina o quanto! – ele fala orgulhoso disso.
– Tudo pronto! Vamos ver como está esse bebê! – então ela passa o aparelho na minha barriga acompanhando em uma tela logo a nossa frente, depois de alguns segundos ela para de mover.
– Estão vendo esse pequeno ponto bem aqui! – ela fala apontando para o meio da tela, nós concordamos – Bom, esse é o filho ou filha de vocês! – ela fala e Peeta parece hipnotizado com isso.
– É tão pequeno! - eu falo impressionada.
– É, mas daqui a pouco ele vai estar bem maior! – ela fala sorrindo – E o tempo passa rápido! – ela fala e continua o exame – Bom, você está com 5 semanas e meia, ou seja quase dois meses! – ela fala enquanto termina o exame, ela limpa a minha barriga e nós voltamos para a outra parte do consultório.
– E o que nós temos que fazer daqui pra frente? – Peeta pergunta ansioso.
– Bom, todo mês nós teremos um encontro marcado! – ela fala e segue as ‘’instruções’’ .
Depois de algumas explicações e de conselhos sobre alimentação e evitar pesos a consulta se encerra com ela lembrando mais uma vez que eu tenho que voltar no próximo mês.
Nós saímos do Posto e Peeta continua com o sorriso que parece nunca desaparecer do rosto dele.
– Vamos passar lá na Effie! – ele fala já me puxando para o caminho de lá.
– Tudo bem! – eu falo ironicamente já que não tenho opção.
Nós chegamos lá e ela está atendendo uma senhora, mas logo vem nos receber.
– Ah meus queridos! O que vieram fazer aqui? Já sei, veio ver mais um vestido não é? Ah que bom por que tem cada coisa fabulosa! – ela fala tudo rápido demais mal dando tempo para nós falarmos.
– Calma! – eu falo rindo dela – A gente só veio te fazer um convite! – eu continuo antes que ela me interrompa.
– Um convite? – ela parece ansiosa.
– É – Peeta concorda – Um jantar. Hoje. Lá em casa! Sem desculpas! – ele fala deixando ela mais animada.
– Ah isso vai ser ótimo! Um jantar! – ela fala batendo as mãos – Oh, tenho que fechar mais cedo então, preciso me arrumar. E arrumar o Haymitch também, por que ele tem um péssimo gosto pra roupas – ela fala já preocupada, Peeta me olha e ri da reação dela.
– Então nós esperamos vocês! Ás oito! – Peeta fala e nós saímos enquanto ela continua pensando no que usar.
Nós começamos nosso caminho saindo da praça, quando a voz me faz parar, por que essa é uma voz que eu conheço muito bem pra ignorar, foram tantas horas apenas ao som dela que mesmo com apenas uma palavra eu reconheceria.
– Katniss Everdeen, saindo de uma loja de maquiagens, as coisas mudaram mesmo por aqui! – eu paro no momento que reconheço a voz e me viro pra encontrar Gale parado a alguns passos atrás de nós, o sorriso no rosto dele se abre no mesmo instante que o meu.
– Catnip! – ele fala andando na minha direção.
– Gale! – eu também vou até ele e o abraço, fazia muito tempo que eu não o via, na verdade alguns anos, desde a Capital, e é bom sentir o abraço dele de novo, nós nos falávamos apenas por intermédio da Hazelle que comentava sobre ele, mas é bom vê-lo aqui de novo, mesmo com essa distância que nos separou ele ainda é o Gale e eu ainda sou a Katniss.
– Bom te ver de novo! – ele fala enquanto nos abraçamos.
– Bom ver você também! – eu falo quando terminamos o abraço, olho pra ele e ele não mudou muito, bom, ele parece mais forte do que antes mas os olhos cinzentos continuam como o do mesmo garoto que eu esbarrei na floresta.
– Peeta! Bom te ver também! – ele fala estendendo a mão para o Peeta sem nenhuma ironia ou implicância na voz como costumava ter.
– Quanto tempo! – Peeta fala sorrindo.
– O que você está fazendo aqui? – eu pergunto curiosa, ele nunca mais tinha vindo aqui.
– Eu tenho uma surpresa! – ele fala sorrindo misteriosamente.
– Surpresa? – eu pergunto curiosa.
– É, e eu acho que é das grandes! – ele fala sorrindo e eu ainda conheço esse sorriso, é o que ele sempre usa quando está escondendo alguma coisa, eu olho pra ele confusa.
– Eu estou voltando pra cá! – ele revela.
– Sério? – Peeta parece surpreso – E seu emprego?
– Bom, eu resolvi parar por aqui pelo doze mesmo, muitas viagens e ... é, preferi voltar pra casa – ele fala mas eu sinto que tem mais alguma coisa.
– Eu soube que você não estava mais no treze! – eu falo tentando entender melhor.
– É, eu andei por alguns Distritos! No Dois, Quatro, Seis e no Sete! – ele explica.
– Então você só resolveu voltar e pronto! – eu pergunto ainda confusa.
– É, eu já pensava nisso, mas precisava convencer alguém! – ele fala sorrindo de novo.
– Alguém? – Peeta pergunta tão curioso quanto eu.
Ele concorda com a cabeça sorrindo – Ela deve estar chegando.
– Você está namorando! – eu concluo sorrindo.
– É, eu acho que sim! – ele fala balançando a cabeça.
– Como assim acha? – Peeta pergunta sorrindo.
– É que ela é diferente! Digamos que ela não é muito tradicional! – ele fala rindo de algo que só ele sabe o que é.
Eu fico olhando pra ele tentando entender por que tanto mistério.
– Eu posso apresentar ela hoje pra vocês! Vão jantar lá em casa! – ele sugere e Peeta me olha.
– Por que você não vai jantar com a gente hoje? – eu sugiro e Peeta concorda.
– Pode ser! Mas eu vou ter que levar a turma toda! – ele fala sorrindo.
– Todos estão convidados! Nós também temos uma surpresa! – Peeta fala me olhando e sorrindo.
– Convite aceito! – ele fala apertando a mão do Peeta
– Então hoje a noite será de muitas surpresas! – eu falo enquanto abraço ele.
– Até mais tarde então – ele fala já se afastando.
Peeta pega a minha mão e nós voltamos nosso caminho.
– Quem será? – eu pergunto ainda curiosa.
Ele dá de ombros.
– Vai me dizer que você não ficou curioso? – eu pergunto encarando ele.
Ele me dá um pequeno sorriso.
– Eu fiquei mais aliviado do que curioso! – ele fala sorrindo.
Eu empurro ele com meu ombro.
– Nada a ver! - eu falo enquanto continuamos nosso caminho.
Chegamos em casa e avisamos Greasy que terá mais gente que o esperado mas ela não se surpreende, pelo visto ela já estava preparando comida suficiente pra uma multidão.
Eu subo e me jogo na cama cansada, Peeta vem logo atrás de mim e também se joga ao meu lado, as mãos dele vão pra minha barriga e a outra mãos no meu rosto.
– Eu te amo! - ele fala sorrindo, como resposta eu junto nossos lábios em beijo que não pede pra parar.