Finalmente era chegada a época mais esperada para alguns moradores de Storybrooke, o Halloween. Claro que nem todos gostavam, mas a maioria dos vilões queria comemorar a data. Depois de passado a loucura de Neverland, todos estavam de volta as suas vidas e suas rotinas, inclusive Hook, que após muita insistência de todos, acabou arranjando um canto para viver na cidade, sempre de olho em seu barco. Naquele ano, após muitos pedidos de Henry, a prefeita resolveu instalar os primeiros Jogos de Halloween de Storybrooke – JHB. O evento consistia em um dia inteiro de competições e uma grande festa ao final, com um prêmio especial para o vencedor. As pessoas se inscreveram durante uma semana, colocando seus nomes em alguns formulários que ficavam na prefeitura. Claro que Regina delegou essa tarefa pra um dos assistentes, não tendo que lidar com os moradores da cidade.

Chegado o grande dia, todos se encontraram em frente do Granny’s para o começo dos jogos. A cidade estava toda enfeitada para a ocasião. Abóboras juntas nos canteiros, cada uma com um rosto diferente; morcegos pendurados nos postes de luzes; caveiras recortadas em papéis que iam de um poste a outro; teias de aranha; entre outros. No restaurante, Ruby servia algumas bebidas especiais enquanto o evento não começava. Havia sido combinado que todos os concorrentes se reuniriam ali, para então juntos andarem até a torre do relógio e de lá começarem a competição. O primeiro a chegar foi David, juntamente com Mary Margaret. O príncipe usava sua armadura e espada na bainha da calça, enquanto ela conversava com ele, acertando os últimos detalhes. Se fosse em outra época, Snow com certeza teria participado, principalmente se pudesse usar seu arco e flecha, mas a vida de Mary Margaret afrouxara um pouco a guerreira dentro dela.

Logo depois, chegou Leroy junto com os outros anões. Era questão de honra para ele participar desses tipos de jogos. Só de ter a satisfação de poder acabar com espíritos do mal já o deixava mais animado. O próximo foi Neal, que mesmo não querendo participar muito, viu a oportunidade de praticar um pouco, já que desde que morava em Boston viva fugindo de tudo, além de poder contar vantagem para Emma. Claro que ele ainda estava um pouco ansioso, já que teria que jogar contra seu pai. Mr. Gold estava preparado para mostrar pra Belle que ele podia vencer aquela competição em um piscar de olhos, claro que a sua maneira. O próximo a chegar foi Hook. O pirata estava extasiado com a oportunidade de competir naqueles jogos. Vivera muito tempo velejando por aí, e adoraria poder se mostrar um pouco para seus companheiros. Olhando seus concorrentes alinhados ao seu lado, tinha certeza que seria o vencedor. Além do mais, procurava os cabelos loiros na multidão; não via a hora de ver Emma, e poder mostrar pra ela como ele era corajoso. Infelizmente, ela parecia estar atrasada, típico da loira.

Enquanto todos conversavam animadamente, Regina esperava impaciente pelo último competidor que faltava chegar. Na comissão julgadora estaria ela, a prefeita, Ruby, por não ter nenhuma relação com os competidores, a Vovó e a Fada Azul. Eles estavam sentados em uma mesa comprida que ficava em uma plataforma. Já era a terceira vez que Regina olhava para o relógio, se o competidor demorasse mais cinco minutos, iriam começar sem ele. Após três minutos de longa esperava, finalmente o último competidor apareceu, correndo até a multidão, quase sem fôlego.

— Finalmente cheguei!!

— Emma? – praticamente falaram em coro.

— Filha, o que faz aqui? Você não deveria competir...

— E por que não? – ela a olhou indignada. — Você mesma iria competir, já me contaram cada história da Snow... – ela deu de ombros.

— Bem, isso é passado... – a professora resolveu ficar calada, sabia que nada do que falaria iria fazer com que a filha mudasse de ideia.

— Emma! – dessa vez foi uma voz masculina que a chamou, saindo do meio da multidão e se aproximando da xerife.

— Que foi Hook? – ela o olhou sorrindo, cruzando os braços em frente ao peito. Estava com o costumeiro top branco, jeans e botas.

— Hey, não acha que seu lugar seria na plateia?

— E o seu não seria no barco?

— Ui! Essa eu mereci... – ele sorriu de canto. — Bem, já que a princesa quer tanto participar, vamos dar uma colher de chá pra ela, talvez ela consiga chegar até o final sem se machucar... – ele passou o gancho pelos cabelos loiros dela.

— Hey! Acha que eu não consigo me defender sozinha? – ela se afastou dele. — Acho bom tomar cuidado, Hook, ou você que vai sair chorando daqui... – ela piscou para ele, afastando-se um pouco mais.

— Se os dois pombinhos já pararam de se bicar, podemos começar? – a voz rouca e irônica da prefeita fez-se ouvir.

— Ás suas ordens, Regina. – Emma fez uma pequena reverência em frente à mesa, a qual a morena desdenhou.

— Competidores, um passo a frente.

Todos os seis competidores se aproximaram, em linha. David, Leroy, Neal, Rumple, Hook e Emma. Um olhava para o outro com sorrisos no rosto, querendo contar vantagem, dizer que eram melhores que os outros.

— A competição é simples: a partir daqui, serão contados cinco desafios, que vão aumentando de dificuldade gradualmente. Os perigos estão espalhados pela cidade, por isso vocês podem se espalharem para vencê-los. Caso alguém se fira, vocês receberão esses sinalizadores, para que os acendam, e um dos anões irá auxiliá-los. Ao final da última tarefa, haverá uma maçã escondida em algum lugar. O primeiro que a encontrá-la, somente após acabarem todas as tarefas, e der uma mordida, será o vencedor do jogo. Não tentem pegá-la antes de finalizarem as tarefas, pois na hora que a morderem, sentirão um gosto amargo e serão punidos. – um sorriso se delineou no rosto da prefeita. — Regras: não será permitido que se ataquem. Lembrem-se: é apenas um jogo, e caso algum de vocês desrespeite as regras, serão punidos e desclassificados. O prêmio é a taça JHS e mais uma surpresa. Todos prontos? Que os jogos comecem!

Alguém tocou uma corneta, e todo mundo começou a aplaudir e a gritar. Os competidores se entreolharam, sem saber exatamente por onde começar. Começou a escurecer repentinamente, e fantasmas começaram a aparecer pelo local. Cada um começou a correr para um lado, tentando se defender como podia. David usava sua espada, Leroy o machado, Hook também contava com a espada, enquanto Gold se virava com sua magia. Os fantasmas não só avançavam como pregavam peças, levando os competidores para longe do seu objetivo. O primeiro a ser desclassificado foi Leroy, que ao correr atrás de um fantasma, na gama por acertá-lo, viu-se preso em uma das celas da delegacia. Um dos anões estava ali, de guarda, e começou a rir quando percebeu o ocorrido. Zangado, ele sentou-se no chão da cela, os braços cruzados, esperando que o evento acabasse. Enquanto isso, Neal, Emma e Hook batalhavam lado a lado. Hook e Neal não conseguiam acertar os fantasmas com as espadas, e tentavam se mostrar pra Emma, que somente ria.

— Vocês dois não sabem mesmo como lutar, não é?

— Olha quem fala, até parece que você está fazendo muito! – Hook disse, desviando-se de um que vinha a sua frente.

— Claro que estou... – ela sorriu sapeca, pulando por dentro de um fantasma e saindo rolando na frente. Este desapareceu.

— O que...? – Neal formulou a pergunta, confuso.

— Como eu disse... Vocês não sabem como lutar. – Emma gargalhou, pulando dentro de outro fantasma, que logo desapareceu.

Depois disso, os outros dois começaram a fazer o mesmo. Depois de passarem dentro de uns quatro ou cinco, já não havia mais fantasmas por perto. Cansados, pararam um pouco para retomar o fôlego. A primeira etapa havia acabado. De repente, um uivo por perto arrepiou os três. Ao se virarem, viram um lobo em cima do telhado de uma das casas, olhando-os faminto. Quando fez menção de pular, Emma foi a primeira a sair correndo. Enquanto corriam, Hook foi o primeiro a falar:

— E agora, gênia, vamos pular dentro da boca deles também?

— Talvez você devesse! – Neal gritou.

— As damas primeiro! – Hook fez um gesto para o colega, abrindo espaço.

Enquanto discutiam, não perceberam que estavam para cair em uma armadilha. Ficaram encurralados em um beco, enquanto dois grandes lobos assustadores se aproximavam. Quando estavam para ser devorados, David apareceu pulando na frente deles.

— Corram! – ele apontou a espada para os lobos.

— O papai veio salvar a princesinha, que lindo! – Hook comentou, rindo.

— Pode falar o quanto quiser, não é a princesinha aqui que está para ser devorada... – ele olhou para cima, percebendo que Emma estava agachada em cima do telhado da casa que ela havia escalado. Ela lhe deu um tchauzinho, pulando do outro lado.

Hook e Neal se entreolharam, e logo trataram de escalar a casa também, fugindo dos lobos. David acabou ficando entre os lobos, e quando sua espada tocou neles, os animais viraram doces, e havia um papel no meio deles. Quando o príncipe o pegou, estava escrito “desclassificado”. Chateado, ele resolveu voltar para perto do Granny’s. Pelo menos Emma ainda estava na disputa. Mais a frente, risadas estrondosas de bruxas foram ouvidas logo a cima deles. Ao olharem para cima, viram algumas voando em vassouras e jogando feitiços lá de cima, e ao tocarem as pessoas, elas viraram pedras. Hook e Neal se protegiam com as espadas, desviando dos feitiços, mas Emma não tinha espada. Ela pegou uma pedra que tinha no chão para tentar se proteger, ajudando-a a desviar. Mr. Gold apareceu novamente, jogando feitiços e paralisando as bruxas. Ao chegarem em uma encruzilhada, cada um deles foi para um lado. Infelizmente, Neal entrou no beco errado, e logo ficou paralisado. Estava fora.

Após alguns correndo, Emma percebeu que não havia mais bruxas ao redor. Continuou andando, cautelosa, até sentir que a escuridão tomava conta, e um frio estava chegando. Não, não podia ser... Logo avistou um wraith. E agora, como conseguir se livrar daquilo? Continuo correndo, tentando se esconder, quando deu de cara com Mr. Gold, que tentava controlar um dos wraiths. Pegando um isqueiro do bolso e um galho de árvore caído no chão, ateou fogo, afastando aquelas coisas. Como não eram exatamente de verdade, foi fácil para ela se livrar deles, pois queimavam e viraram confete. Animada com o resultado, saiu atrás de mais alguns. Já o Mr. Gold, ao tentar controlar o wraith para atacar os outros competidores, acabou marcado no braço com a palavra “desclassificado”. Após xingar e esbravejar, voltou cabisbaixo para sua loja, esperando que a competição acabasse.

Emma continuou, e logo os wraiths sumiram. Ela estava sozinha, e não sabia mais quem ainda estava competindo com ela. Chegando perto do lago, ouviu uma voz doce e bonita que cantava. Foi se aproximando, e a visão de uma linda sereia apareceu. Ela sorriu, enquanto a sereia a encantava. Prestes a pular no lago, Hook apareceu, segurando-a pela cintura e a puxando para o chão novamente. Emma se debatia, tentando seguir a sereia, mas ele a segurou forte contra o chão.

— Swan! Acorda, ela é uma sereia!

— Me larga Hook! – ela levantou, tentando ir atrás da sereia.

— Eita menina teimosa! – mais que de pressa ele a agarrou pela cintura novamente, levantando-a e colocando-a sobre seus ombros.

— Me solta, me põe no chão! – ela gritava, tentando se soltar.

— Fica quieta, é pro seu bem! – ele a levou para longe, colocando-a no chão quando achou que a distância já era o suficiente.

— O que você tem na cabeça? – ela disse brava, tentando partir para cima dele, que se defendia como podia.

— Calma! Eita moça brava! – ele ria. — Eu te salvei, isso sim, senão já tinha caído no lago e sido desclassificada. Ela parou por um minuto, pensando, e então ficou emburrada, sabendo que ele estava certo.

— Obrigada... – ela soltou, de costas para ele.

— De nada, princesa. – ele sorriu.

— Não me chama assim! – ela gritou, brava.

— Ok, ok, desculpa! Sabia que é ótimo te irritar? – ele se aproximou.

— Parece que é só o que todo mundo gosta de fazer. – ela suspirou.

— Emma, eu... – seus olhos se encontraram, mas antes que ele pudesse falar qualquer outra coisa, eles ouviram um barulho alto por perto.

— O que foi isso? – Emma perguntou assustada.

Começaram a olhar a sua volta, e de repente Emma viu, em cima de uma árvore, a maçã mais vermelha que já vira em toda a sua vida. Ela saiu correndo, tentando subir na árvore, mas Hook, ao perceber o que ela estava tentando fazer, afastou-a dali, tentando ele mesmo pular pra pegar a maçã. Começaram a lutar, brigando, enquanto a maçã foi ficando esquecida.

— Emma, posso até gostar de você, mas não vou deixar que ganhe de mim em um jogo tão fácil! – Hook admitiu, segurando-a pelos ombros, enquanto tentava derrubá-la.

— Sério? – ela sorriu maliciosa, parando de lutar. — Você gosta de mim?

— Eu... Eu... Não, é que... – ele parou, tentando achar as palavras pra desfazer o mal entendido, sem jeito.

Ela sorriu, aproximando-se dele, segurando-o pelos colarinhos, beijando-o. Um beijo intenso, apaixonado... Durou alguns segundos apenas, mas foi o suficiente para deixá-lo tonto de surpresa e desejo. Antes que ele pudesse tomar alguma atitude, Emma subiu na árvore, sentando no galho mais grosso, pegando a maçã na mão. Enquanto o Hook tentava correr até a árvore, ela o olhou intensamente nos olhos, e mordeu a maçã. Nunca tinha experimentado uma maçã tão gostosa. Fogos de artifício começaram a ser lançados no céu, enquanto todo mundo vinha até a árvore correndo, gritando, celebrando. O pirata balançou a cabeça negativamente, chateado por ter perdido justo para quem ele queria impressionar. Regina se aproximou, dando os parabéns para Emma, premiando-a com o troféu e um mês de bebidas grátis no Granny’s.

Todos se encaminharam para o restaurante, indo para a grande festa que estava começando. Emma percebeu o pirata cabisbaixo encostado na árvore. Ela se aproximou dele, ficando mais para trás, enquanto todos iam na frente.

— Não vai participar da festa?

— Você me enganou, sabia? Tecnicamente foi jogo baixo... – ele disse, os braços cruzados.

— A culpa é sua, de querer sempre achar que é o melhor. – ela sorriu. — E não foi enganação... – ela passou a mão pelo queixo dele, mordendo o lábio inferior.

— Como assim? O beijo foi... Foi...

— O que acha? – ela segurou no queixo dele, aproximando-se, com os lábios bem próximos dos dele. Ele passou as mãos pela cintura dela, aproximando-a, e quando tentou beijá-la, Emma virou o rosto.

— Quem sabe uma outra hora... – ela piscou para ele, afastando-se.

— Mas que saco! – ele se irritou. — Se não queria, por que veio?

— Quem disse que eu não queria? Disse que quem sabe em outra hora... Estou morrendo de fome. – ela piscou novamente para ele. E como ele não saia do lugar, ela perguntou:

— Você não vem?

Sorrindo, Hook desencostou-se da árvore, seguindo-a até o Granny’s, com a certeza de que poderia ser correspondido. Nunca imaginara que poderia se apaixonar por uma menina problema como Emma Swan. Sempre tão galanteador, gostava das princesas, mas o jeito moleca e desafiador da loira chamou sua atenção. Tentara se desapegar dela, principalmente com Neal no páreo, mas não conseguia parar de pensar na salvadora. E agora, depois da competição, só se apaixonara ainda mais. Ainda que demorasse, Hook jurara conquistar o coração de Emma por completo. Ele não era um príncipe, assim como ela não era princesa. Mas de uma coisa ele sabia: lhe daria o seu final feliz.

“ I swear you’re giving me a heart attack
Troublemaker.”