Perdition escrita por camzlerni


Capítulo 7
Capítulo 7 – Farm Sweet Farm


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores!
Viram meu grande avanço em postar dois capítulos em apenas dois dias ?
Posso arriscar a dizer que sinto orgulho de mim mesma.
Bom, não tenho muito o que acrescentar neste capítulo.
Teremos um pouco de Carson... E quem diria, Kim e Claire em?
Nem eu mesma imaginava. Talvez já tenh gente shippando e como minha criatividade em criar nome de casais está baixa, deixo aqui nome e sobrenome para que vocês possam criar e depois faremos uma votação. Deixem nos comentários suas sugestões.
O nome das meninas são : Claire Amy Adams e Kim Isabel Juaréz (a garota tem descendência latina).
Espero que gostem.


Aproveitem!



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Sentei-me ao lado de Hanna no banco do carona e pude ver um sorriso vitorioso. Olhei pelo retrovisor e vi Zoe encarando a janela, provavelmente infeliz com a minha presença. Kim e Claire igualmente grudadas e olhando uma para cada canto. Voltei minha atenção para Hanna.

“Não pense que apenas você cuida de mim.”

“Não penso.”

E aceleramos pela estrada, para o que poderíamos talvez chamar de um lar temporário.

Estávamos há um pouco mais do que 40 minutos na estrada, em completo silêncio. Não ousei olhar mais para Hanna, desde nossa última troca de palavras, ela seguia firme, com o olhar centrado apenas na extensão de asfalto a nossa frente.

Olhei novamente pelo retrovisor central e pude ver Claire completamente desmaiada no banco de trás, ela tinha se afastado um pouco de Kim, mas ainda mantinha sua mão igualmente junta a da morena. Fiz uma nota mental para perguntar a Claire, mais tarde, sobre aquela interação um tanto quanto estranha e rápida entre as duas. A latinha mantinha seu olhar perdido na paisagem, mas sempre voltava sua atenção à menor, enquanto seu polegar desenhava pequenos círculos na mão da garota. Abri um pequeno sorriso.

Desviei meus olhos daquela cena e mirei a garota ruiva no outro canto do carro. Pra quem sempre implicava comigo na escola, em um passado não tão distante, ela estava calada até demais.

Eu não sabia nada sobre ela, além de que era capitã das líderes de torcida do Kennedy Preparatory School e a garota mais absurdamente chata daquele colégio. Sei que ela transava com todos os garotos possíveis, o que fazia dela uma vadia de marca maior. Mas fora isso, não sabia sobre seus hábitos ou família.

Família, aquilo me fez lembrar algo que com aquela loucura tinha esquecido completamente. Vire-me para Hanna e perguntei:

“Hanna, com toda essa confusão...” – Ela fez um sinal de que estava ouvindo. – “Não sabemos o paradeiro da família de vocês. De TODOS vocês.”

Hanna suspirou e abriu a boca para responder, mas em vez de escutar sua voz, ouvi a da ruiva que estava no banco de trás.

“Estão mortos, claro.” – Ela disse sem algum remorso. – “Seria um milagre a esta altura ter alguém vivo, além do mais, já saímos de lá. Não tem chance nenhuma de voltarmos para resgatar alguém.”

“Mas e sua família Zoe? Você não sente nada com isso? Saber que estão mortos?” – Eu disse incrédula, sem entender a reação da garota.

Ela me jogou um sorrisinho irônico, revirando os olhos.

“Se quer saber, bonitinha, eu não tenho família.” – Ela parou um instante, analisando o que tinha acabo de dizer. – “Na verdade eu até tenho, mas estou pouco me fodendo para eles, nunca me fizeram bem e não seria na porra de um apocalipse que iriam ajudar.”

Olhei pasma, estava pronta para dizer poucas e boas para ela. O pensamento de jogá-la para fora daquele carro não parecia tão ruim. Como poderia dizer aquilo? Era a família dela afinal, eram pessoas. Felizmente, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Hanna interferiu.

“Zoe, por favor, use menos essas palavras.” – Zoe resmungou alguma coisa e se encostou novamente no banco, voltando a olhar para o lado de fora da janela. – “Se quer saber Rachel, somos um bando de desajustados, sem família ou amigos. A única que teve alguma sorte, se podemos nomear assim, foi a Claire. Os pais dela nunca paravam em casa, mas ela foi criada pelos avós, duas pessoas magníficas as quais eu tive prazer de conhecer. Passávamos muito tempo por lá sabe? A casa deles era bem espaçosa, éramos como netos para eles.” – Ela dizia com um olhar perdido na estrada e um sorriso travesso. Aquilo estava bagunçado em meu cérebro.

“Mas espera, você conhecia Claire além da escola? Digo vocês eram... amigas?” – Eu disse, agora encarando Hanna em completa confusão.

“Uuh... não contou a ela ainda Hanna?” – Zoe disse se inclinando para frente e abrindo um sorriso maléfico.

Hanna tencionou o corpo, apertando mais o volante do carro, até que os nós de seus dedos ficassem completamente brancos. Respirou fundo e checou o retrovisor, felizmente Kim também tinha sido vencida pelo sono e agora devaneava em seus sonhos. Respirou fundo e inclinou sua cabeça em minha direção, sem tirar os olhos da estrada.

“Sim, éramos e sempre fomos amigas. TODOS nós. Zoe, eu, Claire e Matt.” – Ela falava devagar, como se quisesse evitar tal momento. Por um segundo cheguei a acreditar que ela iria descer do carro e sair correndo ali mesmo, no meio do nada. – “Rick se juntou ao nosso grupo recentemente. Nos conhecemos desde os seis anos de idade, morávamos perto uns dos outros e sempre íamos brincar juntos.”

Olhei-a, encorajando a continuar. Ela novamente respirou em busca de fôlego. Zoe não desviava a atenção, como se perdesse alguma parte, fosse lhe custar à alma.

“Nossos pais sempre foram... rigorosos com nossa educação.” – Ela olhou para Zoe, como se buscasse algum apoio. A ruiva apenas deu de ombros. – “Meus pais e os de Zoe sempre foram muito próximos. Eles tinham assuntos sobre negócios, de modo que todas as noites nossas famílias jantavam juntas.

Todos nós tínhamos algo em comum, bem e mal. Éramos filhos de pessoas importantes, mas odiávamos isso, odiávamos nossos status e muito mais o orgulho de nossos pais com tal. Fizemos nossa própria família, os garotos rebeldes, filhos dos respeitados e conhecidos senhores da cidade.

Matthew Prestor, filho do Senador Prestor. A mãe dele era uma viciada, deixou o garoto com o pai quando ele tinha apenas quatro meses de vida, como a esposa atual do senador não poderia ter filhos, eles o criaram. Criaram-no para ser um político, mas Matt sempre foi ligado ao esporte. Dessa forma, vivia em constante briga com o pai.”

Ela olhou pra mim, por breves segundos, antes de novamente abrir a boca e sendo interrompida por Zoe.

“Zoe Devore...” – Ela parecia ter dificuldade para completar o que iria dizer. Parou um instante tomando ar, para em seguida continuar. – “Maves.”

Aquilo me fez abrir a boca em total descrença. Eu estava literalmente em choque, o que fez com que minha voz saísse em um gritinho esganiçado e totalmente surpreso.

“Você é filha do prefeito Maves? Do prefeito Nicholas Maves?” – Estava agora virada no banco do carona, encarando a garota ruiva, que tinha um sorrisinho nos rosto.

Era. Aquilo não poderia ser chamado de pai.” – Ela agora olhava para mim intensamente, como se quisesse passar o seu ódio para mim. – “Ele sempre me criou rigidamente. Mas a atenção dele e mamãe eram completamente voltadas para Narissa, a minha queridinha e perfeita irmã mais velha.”

“Mas as histórias que sempre ouvíamos era de que a filha mais nova do prefeito estava estudando fora, em outro país e não iria voltar.” – Eu disse.

“Engano seu garota. Acontece que todos sabiam da minha existência, até o dia em que eu fodi com tudo.” – Ela soltou uma risadinha e ganhou um olhar reprovador de Hanna. Apenas deu de ombros e continuou. – “Meus pais sempre foram muito religiosos, seguiam a bíblia a risca. Um dia resolvi contar a eles que aquilo não era minha praia. Contei aos meus pais que eu namorava uma garota e que a amava. Nada do que dissessem iria me fazer mudar de ideia.” - Hanna se remexeu em seu banco, um pouco desconfortável, mas eu ignorei.

Aquilo me pegou de surpresa, engasguei em minha própria saliva. Zoe Devore a filha do prefeito, lésbica? Aquilo era demais, até para o fim do mundo em que nos encontrávamos.

“E como seus pais reagiram?” – Eu queria saber mais, claro.

“Mamãe enlouqueceu e desmaiou, Narissa teve que acudi-lá. Papai me chamou de criação do demônio e várias coisas horrorosas.” – Eu levei minha mão à boca. - “Disse que preferia morrer a ter uma filha assim. Queria me mandar para um convento e tudo o mais. Eu disse que não aceitaria então ele disse que naquela casa eu não moraria mais.”

“Então você saiu?” – Ela acenou com a cabeça em sinal positivo.

“Sim. Claro que papai pagou muito bem a todos os curiosos, para que eu sumisse do mapa. Passei a usar apenas o meu nome do meio.” – Ela agora tinha um olhar vago.

“Mas... para onde você foi.” – Eu comecei a sentir certo tipo de compaixão, para com ela.

“Atrás da minha namorada, claro.” – Ela respirou fundo. – “Mas ela me negou ajuda. Então eu liguei para Claire e ela me acolheu, na casa dos avós, que me apoiaram muito. Eu fui criada por eles, mas tive de arranjar um trabalho para ajudar nas despesas.”

Eu iria perguntar mais, queria ir afundo naquela história, mas o rádio comunicador de Kim começou a soltar um chiado. Hanna que estivera completamente quieta ao meu lado soltou o ar que até então não tinha percebido estar preso. Uma voz ressonou por todo o automóvel.

Kim?” – Era Luke. A latina acordou de um sobressalto, fazendo Claire também acordar. Apertou seu rádio comunicador.

“Pronto Luke, pode falar.” – Ela disse, esfregando os olhos e abrindo a boca em um bocejo.

Bom, estamos quase chegando. Temos ainda que percorrer uns 7 km de estrada de terra. Estávamos contando nossos mantimentos aqui e temos algo para umas duas semanas, três no máximo.” – Ele parou e continuou. – “E com vocês?

Kim olhou para Hanna, que moveu os lábios, formando as palavras: Temos comida suficiente para uma semana.

“A loirinha aqui disse que uma semana.” – Ela suspirou, passando as mãos pela nuca.

Bom, de qualquer forma temos que nos garantir.” – Ele disse. – “Matt deu a brilhante ideia de checarmos as fazendas. São casas grandes e tem dispensas ainda maiores, com sorte podemos encontrar bastante comida. Algo que possa nos manter por alguns meses. O que acham?”

Todas nós nos entreolhamos e fizemos gestos de concordância com a cabeça.

“Tudo bem, nos encontramos mais para frente então.” – A latina não esperou uma resposta e desligou o rádio.

Olhei novamente para Hanna, ela ainda mantinha-se tensa, mas um pouco menos que alguns segundos atrás. Novamente estranhei seu silêncio.

“Você está bem?” – Eu perguntei com certo remorso de receber uma resposta grossa.

Ela suspirou.

“Sim, estou. Obrigada por perguntar.” – E continuou centrada na sua tarefa de chegar ao local.

Não fiz questão de continuar algum assunto, da forma que me concentrei na paisagem que começava a surgir, à medida que íamos seguindo pela estrada de terra.

A primeira coisa que pude ver foi um enorme terreno, pertencente à primeira fazenda, onde há alguns dias podiam estar pastando todo tipo de animal, de vacas a cavalos. Era uma forma triste de se pensar que não voltaríamos ver tal coisa por um longo tempo. Todas as casas eram parecidas de alguma forma: uma mansão enorme, celeiros e uma extensa área gramada, cercada por pequenas limitações de cercas.

Ao final daquela estrada puder ver o que seria em minha opinião, a maior e mais bela mansão que eu já havia visto em toda a minha vida. A sua fachada parecia com um palácio grego, onde colunas se erguiam do chão ao teto, com detalhes magníficos. Havia tantas eiras e beiras, que concluí ser uma casa antiga, provavelmente do século XIX. Era muita parecida com a que víamos em nossos livros de história, na aula do Sr.Jerry.

Suas janelas eram enormes, como as de um castelo. As do andar de cima tinham varandas extensas, decoradas com algumas espécies de plantas. Do lado direito tinha área para piscina, que parecia mais uma cachoeira natural. A propriedade era protegida por uma espécie de muro, que seguia por toda a sua área, cercando todo o terreno, realmente seria um ótimo lugar para nos colocarmos a par de tudo.

“Eu poderia viver aqui pra sempre, parece um castelo.” – Claire agora estava animada com a visão que tinha da propriedade.

Hanna parou o carro e percebi que a van também havia parado. Luke agora estava de pé, vindo em nossa direção. Ele pediu para que abaixássemos os vidros.

“Aqui parece ser um bom lugar. Vamos pular o muro e entrar para chegar se tem algum perigo. Não vimos nenhuma daquelas coisas por aqui, provavelmente devem estar escondidos. Temos de checar toda a segurança que nos fornecem.” – Ele olhou para mim e depois para Kim. – “Kim, precisamos de você.”

A garota acenou com a cabeça e se desvencilhou dos braços de Claire, lançando-lhe um último olhar, no qual continham tantas palavras que só as duas poderiam entender.

“Eu vou também.” – Hanna se ofereceu, por instinto agarrei sua mão. – “Tudo bem Rachel, vamos só checar algumas coisas.”

Segurei alguns instantes sua mão, enquanto recebíamos um olhar indiferente de Luke.

A loira afastou-se de mim. Meu olhar a seguiu, até que ela sumisse na frente da van. Não mais do que dois segundos, um Matt irritado veio andando em nossa direção. Parou ao lado do carro resmungando.

“Eu queria ir, mas Hanna disse: Cuide das garotas, elas estão sozinhas. E Rick está na van, completamente desmaiado.” – Ele chutou um pouco de terra. – “Eu que tive a brilhante ideia, eu deveria ter ido!”

Esperamos ali por cerca de uns 20 minutos, já estava achando que alguma coisa tinha dado errado quando uma Hanna, com a camisa manchada de sangue, surgiu do lado esquerdo da van. Pulei para fora do carro e corri em sua direção.

“O que aconteceu? Por que tem sangue na sua camisa?” – A garota riu para mim e abriu os braços.

“Hey garota, calma aí. Só matei umas daquelas coisas e o sangue espirrou em mim.” – Ela disse completamente orgulhosa.

“A sua namorada está bem, baixinha.” – Agora foi à vez de Luke surgir atrás de Hanna e passar os braços por meus ombros. Hanna olhou-o mortalmente.

“Ela não é minha namorada. Eu nunca namoraria uma garota tão irritante e idiota como ela.” – Hanna disse completamente furiosa e saiu batendo o pé em direção ao carro.

“Wow, o que deu nela?” – Jimmy perguntou.

“Deixe-a para lá.” – Luke voltou a falar. – “Vamos entrar, está tudo seguro agora.”

Todos nós entramos, os carros foram colocados pra dentro. Quando chegamos ao hall, não pude conter meu gritinho de surpresa, realmente a casa era bonita. Os móveis eram impecavelmente desenhados e posicionados, o que dava a casa um ar luxuoso e organizado. Andei pelos cômodos e passei pela cozinha que era realmente grande. Passei por uma sala de jogos onde havia uma enorme televisão, que ocupava toda a parede.

“Cara, eu queria uma televisão dessas.” – Matt passou por mim carregando uma caixa de suprimentos e depositando-as na cozinha.

Voltei ao hall, onde todos estavam reunidos, pude perceber que já tinham descarregado tudo o que tínhamos, não era muita coisa. Juntei-me ao grupo que começava uma pequena discussão sobre o que iriam fazer.

“Nós checamos lá em cima, temos um total de seis quartos.” – Luke disse. – “Teríamos de nos dividir.”

“Isso não será problema.” – Kim disse. – “Alguém tem que ficar com o Rick e eu sugiro que seja um dos garotos.”

“Eu fico já olhei um quarto para ele ficar. Temos um banheiro se precisar.” – Matt se voluntariou.

“A Kim pode ficar comigo?” – Foi à vez de Claire se pronunciar. Todos nós nos entreolhamos confusos e ela apenas nos olhava esperando uma resposta. – “Preciso de alguém para me proteger.”

“Tudo bem.” – Luke disse. – “Eu ficarei com Dave e Geist. Tem um quarto bem espaçoso lá em cima, que cabemos nós três.”

“Nós ficaremos com o quarto no final do corredor.” – Os gêmeos disseram em uníssono. – “Tem uma boa visão de todo o terreno, podemos vigiar.”

“Ficaremos no mesmo quarto.” – Hanna disse. – “Zoe, eu e Rachel.”

Eu a olhei sem entender muito bem. Zoe parecia querer matá-la, mas não discordou em nada. Talvez seja uma forma de fortificar as relações.

“Bom, agora precisamos ir em pequeno número para vermos o que iremos conseguir de comida, alimento e medicamentos.” – Luke quebrou o gelo existente. – “Sugiro que Matt, Geist, Kim e Hanna me acompanhem. Os gêmeos podem tomar conta do Rick e levá-lo para cima. Dave pode ligar o gerador no porão. Isso vai nos dar energia, já que a que nos fornecem foi cortada. Tentaremos voltar antes do anoitecer.”

Olhei para Hanna, mas ela parecia um pouco distante de mim, odiava essa nossa relação dramática. Voltei meu olhar para Luke.

“E nós? Claire, eu e Zoe?” – Também queria fazer alguma coisa.

“Chequem as dispensas, distribuam nossos pertences nos quartos. Vejam o que temos de útil pela casa. Achem alguma coisa que possamos engolir.” – Ele disse essa última parte rindo.

“Tudo bem.” – Concordei com a cabeça.

Os cinco saíram pela porta da frente, dirigindo-se ao portão, que foi aberto pelo mini-computador de Dave. Aquele garoto era genial.

Percebi que Claire estava retirando uma pequena pulseira e amarrando-a no braço de Kim, não pude deixar de ouvir a conversa das duas.

“Para te proteger.” – Ela relutou, mordendo os lábios e encarando o chão. Kim levantou sua cabeça segurando-a pelo queixo.– “Vai voltar, não vai? Para me proteger também?”

“Sim.” – Kim acenou com a cabeça. – “Eu vou sim.”

E quando menos se esperava, Claire se jogou nos braços de Kim. Ficaram algum tempo assim até a menor se soltar e depositar um beijo casto nas bochechas da morena, deixando-a um pouco enrubescida.

“Eu não imaginava essas duas. Sempre achei que Claire iria ficar com Zoe.” – Eu não a havia visto parada do meu lado. Estava com os braços cruzados e um sorriso verdadeiro nos lábios.

“Você vai voltar, não é?” – Para me proteger, era o que eu queria dizer, mas nada saiu.

“Eu vou, afinal, alguém tem que implicar com você espertinha.” – Lançou-me uma piscadela e saiu atrás dos garotos.

Fiquei encarando o portão, até ele fechar completamente. Não sei por quanto tempo fiquei ali, mas fui tirada do meu transe por uma Zoe irritada, gritando.

“Hey, garota, as tarefas não vão se concluir sozinhas.” – Ela estava com os braços cruzados no peito e batia o pé impaciente.

Virei-me e segui em direção a casa, passando por ela a tempo de ouvir: Não sei como a Hanna aguenta essa garota.

Fizemos tudo o que Luke pediu. A casa era grande, mas possuía apenas dois andares, sótão, porão e uma dispensa que era um cômodo inteiro, que estavam com um estoque pela metade de enlatados e macarrão instantâneo, a única coisa que poderíamos comer sem passar mal. Achamos algumas roupas de cama e arrumamos os quartos. Havia uma sala depois da de jogos onde se encontrava um enorme piano, teria de mostrar aquilo a Hanna.

Claire nos ajudou no jantar que consistia em alguns enlatados de legumes e feijão, com macarrão. Pelo menos seguraria nossa fome.

Arriscamos a tomar banho e pra nossa surpresa, o gerador aquecia a água da casa e aquilo foi algo revigorante para todos nós. Os gêmeos deram banho em Rick e trocaram suas ataduras, dando em seguida alguma comida e mais analgésicos. O garoto ainda não tinha reparado em seu braço.

Voltei para a sala e encarei a bolsa que tinha trago o notebook de papai, tinha me esquecido dele. Peguei-o e sentei-me à mesa. Apertei o botão de ligar, ele carregou por alguns instantes e uma tela azul apareceu em minha frente, mas esta era diferente de tudo que eu já havia visto.

Fileiras na horizontal e vertical se estendiam por toda a imensidão azul, compostas por letras e números, separados de três em três. A primeira sequência tinha um conjunto de letras e números que eu não conseguia entender.

Cliquei em cima e na tela apareceu uma barra para que eu digitasse: Senha.

Até ai tudo bem, mas... Eu não sabia a senha.

Joel Carter.

Tentei.

Erro de login. Ao final de três tentativas, todos os arquivos desse computador serão perdidos. Restam duas tentativas.

Droga, eu não fazia ideia de qual senha era. Fechei o computador em total frustração, esfregando minha têmpora. Escutei o barulho do portão se abrindo e corri para fora da casa. Lá estavam eles de volta, com o carro completamente cheio. Hanna foi a primeira a descer, novamente com aquele sorriso vitorioso. Percebi que agora ela carregava dois coldres, um em cada lado do corpo e acoplados a eles, duas pequenas pistolas.

Sem pensar duas vezes ou até mesmo medir meus atos, corri em sua direção, me jogando em seus braços e afundando o rosto naquele mar loiro que eram seus cabelos.

“Wow, o que aconteceu espertinha? Fiquei fora por 3 horas e você já tem uma crise de abstinência? Deveria eu mudar meu nome para cocaína?” – Ela dizia enquanto soltava uma pequena risadinha e passando seus braços por mim.

“Cala a boca idiota.” – Eu disse, fechando os olhos e sentindo seu cheiro. Realmente eu não sei o que estava acontecendo comigo.

“Certo, também senti sua falta.” – Ela disse, me apertando mais. – “Vem, vamos entrar.

Os garotos nos contaram que naquela área não tinha muitos draggers. Tinham conseguido uma quantidade muito boa de alimentos, que nos manteria por uns dois a três meses. Por sorte tinham conseguido bastante medicamento, ao que parece, um médico vivia naquelas redondezas e tinha uma espécie de hospital em casa. Luke conhecia muita coisa.

Todos eles comeram e ao se sentirem satisfeitos, foram se limpar e trocar de roupa. Estávamos agora usando as roupas que tínhamos pegado em nossa viagem. Aos poucos, todos foram se deitar.

Claire e Kim foram as primeiras, totalmente fechadas em seu próprio mundo. Seguidas por Matt, Dave, Zoe e Geist. Logo os gêmeos se retiraram, depois de checar toda segurança da casa. Por fim, sobraram apenas Hanna, eu e Luke.

Luke pigarreou e com certa relutância se levantou.

“É, vou dormir. Boa Noite para vocês.” – Ele olhou misteriosamente para Hanna, em seguida me lançou um sorriso.

“Boa Noite.” – Respondi. Cutuquei Hanna e ela também desejou uma Boa Noite, de má vontade.

“Acho que deveríamos ir também.” – Concordei com a cabeça.

Chegamos ao quarto e percebemos que Zoe estava na cama de solteiro, dormindo profundamente, o que nos restou apenas à cama de casal.

“Eu posso dormir em outro quarto se quiser.” – Hanna disse.

“Não, por favor. Fique comigo.” – Eu disse, soando desesperada.

Ela sorriu e concordou.

Deitamos-nos e cada uma virou para um lado. Procurei sua mão por debaixo da coberta. Segurei-a firme, puxando seu corpo rente ao meu. Ficamos em uma posição em que ela estava me abraçando por trás e nada fez para se afastar. Pude sentir sua respiração em meu pescoço e aquilo me deixou tranquila.

Antes de adormecer pude ouvi-la dizer.

“Eu voltei pra te proteger espertinha.”


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado pessoal. Desculpem-me pelos erros.
Perante aquele assunto que comentei na nota final do último capítulo, ainda não entrei em contato com os meus "fornecedores", então... nada foi confirmado.
Provavelmente no meu próximo capítulo estarei dando a notícia concreta.
Não me joguem pedra, por favor, estou sendo um pouquinho má...confesso. Mas tudo pela fic.

Abraços e até o próximo.



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