"Rony está vivo, Harry está bem, Giny está com ele. Voldemort está morto." Hermione pensava como um mantra. Não acreditava que haviam ganharam uma guerra que parecia impossível ser ganha. Ela olhou para frente e automaticamente se arrependeu. A contagem dos mortos só parecia aumentar, os gritos de agonia vindo de familiares ao descobrirem que seus entes queridos estavam na contagem faziam com que Hermione gemesse repetidamente. A Sra. Weasley chorava compulsivamente ao lado de George a morte de Fred.

Rony abraçou Hermione de lado e apoiou sua cabeça em seu ombro.

– Vai ficar tudo bem, Mione. O pior já passou.

De alguma forma, ela podia sentir que Rony estava tentando convencer a si mesmo mais do que convencer a ela. Hermione não acreditava que tudo ia ficar simplesmente bem. Ela queria fazer algo, detestava se sentir assim... tão impotente.

– Srta. Granger? - Uma voz a chamou de longe e automaticamente ela e Rony se viraram para olhar. Era a Professora McGonnagal. - Pode me acompanhar por um momento?

Hermione se levantou e rapidamente caminhou em direção da professora. De longe pode ouvir mais um lamento cheio de dor vindo do grande salão.

– Vai ser um dia difícil na história de Hogwarts, sem dúvida alguma - A professora suspirou e quando estavam afastadas o suficiente, encarou Hermione através dos óculos.

– Professora, tem alguma coisa que eu possa ajudar? - Hermione perguntou ansiosa.

– Srta. Granger, o Professor Dumbledore quer falar com a senhorita. Na sala do diretor.

Uma confusão óbvia veio até a mente de Hermione, afinal, Dumbledore estava morto. Um segundo depois ela se lembrou do quadro do diretor, no qual ela podia falar e ouvir as palavras como se fosse do próprio Dumbledore.

Sem precisar dar outra palavra, a Prof. Minerva conduziu Hermione para a gárgula, informando a senha. Hermione ainda ficava maravilhada com a magia do castelo. Mesmo após anos estudando lá, vendo as mais incríveis coisas, Hogwarts arrumava uma forma de impressioná-la.

Quando ela entrou na sala sozinha, sentiu-se diminuída e passou seus olhos pelos quadros procurando a imagem do grande Albus Dumbledore.

– Srta. Granger? - A voz rouca de Dumbledore chamou-a de um canto da sala e ela não hesitou em olhar para a sua origem - Fico satisfeito por saber que a senhorita veio. - A imagem no quadro sorriu - Não vou me prolongar demais. O tempo é precioso.

– Como precioso, senhor?

– O tempo, Srta. Granger é algo tão fluido e poderoso, é o único que pode mudar todas as coisas, e pode enlouquecer completamente alguém se mal manipulado. Coisas terríveis aconteceram a pessoas que o conduziram mal. É necessário responsabilidade, algo que sei que a senhorita possui, sendo o equilíbrio entre Harry e o Sr. Weasley, o que andei ouvindo ser o "Trio de Ouro" de Hogwarts.

Hermione ouvia o Professor sem saber se devia agradecer ou desculpar-se. Harry sempre havia tido maior contato com Dumbledore e em sua cabeça não fazia o menor sentido ela estar ali, e não Harry.

– Srta. Granger, quero lhe pedir um favor.

– O que precisar, senhor - Ela disse prontamente.

– Quero que ouça primeiro. Pense a respeito e então me responda. Muito bem. Como a senhorita deve saber, antes de Voldemort ter este nome, ele se chamava Tom Riddle. Imagino que Harry tenha lhe contado, mas o Sr. Riddle foi concebido sob uma poção poderosa do amor, executada por sua própria mãe Mérope Gaunt. Por isso, talvez, o Sr. Riddle não tenha a capacidade de ter uma amizade saudável ou sequer amar alguma criatura a sua volta.

– Me desculpe, Professor, mas eu preciso saber. Onde o senhor quer chegar?

– Srta. Granger, Hermione, eu gostaria que voltasse no tempo e o impedisse de provocar tanto mal.

"Mas como? Matando-o?" Hermione não pode evitar de pensar e deu um passo para trás.

– Imagine, senhorita, a dor que seria poupada de seus amigos. As mortes que nunca teriam acontecido. As famílias que teriam tido um futuro mais bonito.

– Mas... Por que eu? - Ela murmurou levemente trêmula.

– Porque como mencionei agora pouco, a senhorita tem a responsabilidade que os outros que eu também podia confiar para tal tarefa não possuem. A senhorita é, por falta de palavras mais gentis, a mais apta. Contudo, se não quiser aceitar, é completamente compreensível. Não é porque está lidando com um Lord Voldemort mais jovem que ele seria menos letal. Lembre-se, ele já tinha planos de fazer sete horcruxes.

Hermione permaneceu em silêncio, realmente ponderando o que seria mais sábio de sua parte. Pensou então nos soluços da Sra. Weasley, as lágrimas de Fred, o olhar triste de Rony. Pensou na família que Harry podia ter tido. Pensou nos pais de Neville que foram torturados até a completa loucura por Bellatrix Lestrange. Pensou em Colin Creevey que no seu segundo ano havia importunado tanto Harry e que agora estava morto. Pensou em Sirius, em Lupin e em Tonks. Seu coração se alegrava com o pensamento de que podia evitar que todas essas coisas ruins acontecessem. Então, com uma confiança que tomava conta completamente de seu corpo, ela disse:

– Eu voltarei no tempo e impedirei Voldemort de machucar os meus amigos.