Story Of Us escrita por Mina do Jorge


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Heeey Cupcakes aqui mais um cap. pra vcs... Boa Leitura!!



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Acordei assustada, tateando a cama e não encontrando Leon. Minha mão se fechou em um pedaço de papel e com a outra, peguei meu celular. Onze e meia. Levantei e abri a janela que Leon devia ter fechado antes de sair. Desdobrei o papel que havia encontrado ao meu lado e li:

“Minha mãe me ligou de manhã, disse que precisava de mim hoje e vou passar o dia fora com ela. Você sabe o quanto eu adoro esses passeios com a mamãe, não sabe?”– sorri, quase conseguindo ouvir a voz dele dizer aquela frase sarcástica.“Quando acordar, liga praFran e passa a tarde com ela, não quero que você fique sozinha. Bom, acho que voltarei tarde, então não precisa me esperar. Te vejo amanhã, passo aí pra irmos pra escola juntos. E não se preocupe, você vai aguentar passar um dia sem mim. Provavelmente eu é que não vou aguentar um dia inteiro sem você... Qualquer coisa, me liga! –Leon.”

Sorri para a parte em que ele dizia que não aguentaria passar o dia sem mim e fiquei triste quando lembrei que as aulas começavam amanhã. Mas pelo menos eu eLeon estaríamos juntos, então seria difícil as coisas ficarem ruins.
Fui tomar um banho e me preparar para o meu último dia de férias que, infelizmente, teria que passar semLeon.

Estava com aFran no sofá da sala assistindo Grey’s Anatomy. O episódio acabou e estávamos pasmas. Depois de um minuto de silêncio, a gritaria começou.
- Não, não pode acabar assim!
- Como isso? O O’Malley morreu? Tá de sacanagem, né?
- Nãããããooo, o O’Malley não pode morrer!
- A Izzie muito menos!
- Como eles puderam fazer isso?
- Vou chorar, amiga!
Abraçamo-nos, indignadas, chorando o que parecia ser a morte de dois dos nossos personagens favoritos.Fran me soltou e olhou pra mim. Quando nos demos conta do que estávamos fazendo, caímos na risada.
- Cara, como nós somos patéticas! – ela disse, no meio de uma crise de riso.
- Demais! – concordei, gargalhando, tentando respirar – Mas ainda acho sacanagem o O’Malley morrer assim – disse, chorosa e começamos a rir ainda mais.
Depois de um tempo,Fran se remexeu inquieta no sofá e eu olhei pra ela.
-Vilu – ela começou, me fitando, e eu sabia que ela queria me perguntar algo – Ele já sabe? Dos... Dos cortes?
Pensei por um momento, antes de responder.
- Sim, ele sabe – disse, por fim, sabendo queFran não ia sossegar até eu dizer – Eu contei a ele, alguns dias antes de começarmos a... Ficar ou sei lá o que... – eu terminei, confusa por não saber o que eu eLeon tínhamos.
- E o que ele disse?
- Ele me fez prometer que não faria mais isso. Disse que eu não precisava disso, porque agora o tenho ao meu lado... E ele disse também que é ao meu lado que ele vai ficar. – acrescentei, corando e olhando pra baixo.
- AAAAAWN! –Fran disse, com uma carinha fofa e eu joguei uma almofada nela.

Já eram dez horas eFran se levantou, dizendo que precisava ir.
-Vilu – ela me chamou e eu olhei pra ela – Eu... Eu preciso conversar com você. Vai ser rápido, prometo. – acrescentou, sem jeito.
- O que é,Fran? – perguntei, receosa.
- É... É sobre seus cortes. – ela disse, num sussurro.
-Fran... – revirei os olhos, irritada – Você sabe que eu não faço mais, eu tô sendo forte, não precisa mais me falar pra não fazer, porque eu não vou...
- Mas,Vilu – ela me interrompeu e me olhou firme, pra que eu não a interrompesse – Eu sei que você está tentando. Mas eu também sei que, se algo que possa te deixar triste acontecer, vocêvaifazer de novo - comecei a protestar, mas novamente ela me calou com seu olhar – Euseidisso,Violetta, porque isso já aconteceu antes! Eu sei que oLeon te faz feliz, que você está feliz com ele, mas a sua felicidade não depende exclusivamente dele. Mesmo que ele não te faça nada, pode acontecer algo que te faça ficar mal de novo. E,Vilu... Ser forte enquanto está sendo feliz,não é ser forte. Porque você nãoprecisaser forte quando está feliz! O que eu estou querendo dizer... – ela estava um pouco hesitante, mas continuou me olhando de um jeito mais brando – é que você precisa estar preparada. Porque a vida é assim,Violetta. Ela te derruba, vezes e vezes seguidas. E o fato de você não ter se cortado mais, não quer dizer que você não vai voltar a fazer isso quando a vida te derrubar e, acredite,ela vai. Porque é isso o que ela faz,Vilu. Ninguém é feliz o tempo todo. Todo mundo tem seus momentos de tristeza... E você precisa estar preparada para os seus.
- E como você quer que eu me prepare,Fran? – perguntei, tentando considerar tudo o que ela dissera.
- Você sabe como,Vilu. Você só não quer – ela disse, de um jeito contido, como se esperasse que eu explodisse ou xingasse ela.
-Issonão – falei baixo, olhando pra qualquer lado, menos pra ela – De jeito nenhum – ela ia protestar, mas foi a minha vez de calá-la com um olhar – Eu não preciso disso. Eu posso parar sozinha. Na verdade,eu já parei. Não preciso que um psicólogo tente fazer algo que eu já consegui!
A verdade é queFran vinha tentando me persuadir a visitar um psicólogo desde que descobriu dos meus cortes. Disse que seria bom pra aprender a lidar com isso. Mostrou-me pesquisas sobre o suposto tratamento e casos que havia descoberto sobre pessoas como eu que deixaram de fazer o que faziam quando receberam ajuda.
- Ok – ela disse, contrariada, depois de me olhar nos olhos por quase um minuto – Você é quem sabe. Mas eu quero que você pense nisso,Vilu. Pense em tudo o que eu te falei e que não deixe o seu orgulho te impedir de se ajudar. Se cortar é como uma droga,Vilu:vicia. Você pensa que se fizer isso, vai se sentir melhor. E você se sente mesmo, por alguns minutos, horas ou dias. Mas logo esse efeito passa e você sente necessidade de fazer isso mais vezes.Automutilação é uma droga. - ela afirmou, veemente, sem tirar os olhos de mim - Você pensa que pode controlar, que pode parar quando quiser, mas a verdade é que são esses cortes que estão te dominando e não o contrário – eu não conseguia dizer nada, vendo a minha amiga sempre tão calma explodir daquele jeito. Ela não estava brava, muito menos brigando comigo. O que era pior, porque aquilo que ela dizia não era uma repreensão. Era um desabafo. – E, pode acreditar, você só vai se dar conta disso quando perceber que não pode se curar sozinha. Porque isso já é um vicio seu. Desde quando você se corta? Desde os treze? E você acha que ficar um mês sem se cortar é muito? – ela não esperou que eu respondesse pra continuar – Você acha que se curou, mas vai perceber que não quando tiver uma recaída e perceber que, como qualquer outra pessoa viciada em alguma coisa,você precisa de ajuda!
Tentei dizer algo, mas as palavras não saíram.Fran nunca havia falado daquele jeito comigo. Ela sempre me dava broncas, por ser mais velha, mas nunca daquela forma. E perceber que talvez ela pudesse estar certa me fez ficar sem chão. Ela respirou fundo e esperou que eu olhasse pra ela.
- Pensa nisso, ok? Por favor! – ela me abraçou e quando me soltou, segurou meu rosto em suas mãos e me deu um beijo na bochecha. – Não deixa esse vício destruir você,Vilu.
Joguei-me no sofá quando a ouvi fechar a porta de entrada e só percebi que estava há horas na mesma posição quando meu pai desceu as escadas, às duas horas da manhã, dizendo que eu devia dormir, pois tinha que ir à escola em poucas horas.
Levantei e caminhei até meu quarto, ainda pensando naquilo quando uma onda de gratidão me dominou.Fran estava preocupada comigo. Ela havia guardado aquilo por tanto tempo com medo que eu me magoasse. Mas, no fundo, ela só queria que eu superasse aquilo e seguisse em frente, sem mais precisar descontar minhas frustrações, tristezas e amarguras em mim mesma.
“Ela está certa”pensei comigo mesma.“Você sabe que ela está certa.”Me joguei na cama e procurei meu celular. Havia uma mensagem doLeon me desejando uma boa noite e informando a hora que passaria na minha casa pra irmos pra escola.
“É, eu sei que ela está certa”pensei, novamente, já me ajeitando na cama.“Mas tem mais alguém que também precisa saber disso.”


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Notas finais do capítulo

Então oq acharam??? Espero q tenham gostado...