Eu acordei sufocando,precisava de ar,mas não conseguia respirar.Uma dor maligna acertou meu peito,estava queimando.
–Dói.-Sussurrei,tentando respirar.
–Melissa!-Virei a cabeça,era Sebastian.-Mel...tudo bem?
–Não.Consigo.Respirar.
–Droga.Espera,não se mova.-E saiu correndo.Me mover? Como? Alguns segundos depois, meu pai apareceu,desesperado.
–Melissa!-E me abraçou.
–Ai,ai!-Gritei,empurrando-o.-Estou machucada,hello!
–Desculpa.Como está?
–Dolorida.
–Entendo.-Ele se sentou na beirada da cama e abaixou a cabeça,chorando.-Achei que te perderia,querida.Você parou de respirar e...eu não tive forças para traze-la de volta.A culpa foi minha.Mas quando vi que estava...você sabe,com Sebastian...Raziel,eu ia matar aquele garoto.Porque a minha menininha...
–Tudo bem,pai.-Segurei a mão dele.-Estou bem.-A dor não tinha sumido por completo, mas estava ali.Meu peito estava todo enfaixado.Ainda bem,eu não queria ver o quão queimada eu fiquei.-Não aconteceu nada,ok?
–Achei que sim.-Me estiquei um pouco e limpei as lágrimas dele.
–Shh,está tudo bem agora,já passou.-Ele sorriu fracamente.
–Me pergunto quem é realmente o adulto aqui.-Eu comecei a rir,mas a dor me fez parar.
–Papai,eu...posso falar com Sebastian?
–O que?
–Vai,pai,por favor.-Ele suspirou,se levantando.
–Tudo bem.-Quando papai saiu,Sebastian entrou e se sentou no mesmo lugar.
–Você é como a Bela Adormecida,ou a Branca de Neve.-Deu de ombros.-Tanto faz.
–Do que está falando?-Perguntei.
–Eu...-Ele parecia bem hesitante.-...eu...
–Você me beijou.-Para a surpresa de geral,ele corou.
–S-sim.
–Awn,Seb.-Sorri.-Eu não sou uma princesa.
–Então você não está brava?
–Não.Mas se fizer de novo,eu vou costurar a sua boca.-Disse,delicadamente.
–É por isso que gosto de você,consegue ser gentil enquanto ameaça.Ah,olha só,já ficou vermelha.
–Culpa sua e de seus elogios bobos.
Não sei como,mas ainda naquela noite,ele conseguiu arrastar uma Tv até a enfermaria (sem surpresa,eu era a única ali).Nós passamos horas e horas vendo séries mundanas e alguns filmes.
–Acha que somos assim?-Perguntei,deitando virada para ele.Sim,maliciosos,estávamos na mesma cama,mas só para ver o filme (não quero risadinhas ou ¨hummm¨,ou vou pôr fogo no cabelo de vocês!!!).
–Assim como?-Ri e peguei a capa do DVD:Amizade Colorida.Sebastian riu.-Ah,isso explica tudo.
–E aí,somos ou não?
–Não propositalmente.
–Mas você roubou alguns beijos meus.
–Alguns.-Sorri involuntariamente.-E foi para deixar Raphael com ciúmes.
–Vi vocês brigando.-Abaixei o tom de voz.
–Como?
–Longa história.Mas eu vi.
–Ele é um idiota.Não vê que você é incrível.Fica correndo atrás dessas garotas ridículas e não vê que você é perfeita.-OH.MEU.DEUS! Não faz isso comigo,Raziel.
–Sebastian...
–Mas é verdade.Eu sei que nunca vai gostar de mim como gosta dele.Mas eu não me importo.Cada segundo é bem vindo,mesmo que seja apenas para ver você brigar comigo.
–Você está me fazendo ficar culpada.Culpada por não te corresponder.
–Não importa.Você pelo menos é minha amiga...
–Não é o suficiente pra você.-Eu me ergui como pude e o beijei.Yeah...eu era uma vadia.
–Você está machucada.
–Não importa.-Sussurrei,insistindo.
Não sei a que santo agradeço,porque a porta abriu bem na hora que Seb colocou a mão por dentro da minha blusa.Nos afastamos e a luz acendeu.
–Hey.-Limpei a garganta.-Oi,Alec.
–Oi.-Ele murmurou,olhando de mim para Sebastian,e vice versa.-Tudo certo aqui?
–Totalmente.Aconteceu alguma coisa?
–Não.É que Magnus queria vir te ver,mas acabou dormindo.
–Ah,obrigada pela preocupação.-Ele sorriu.
–Claro.
–Meu querido padrasto.Ou eu deveria te chamar de mamãe?-Alec cruzou os braços.-Brincadeira.-Ele olhou para Sebastian,desconfiado.
–Tudo bem mesmo,Mel?
–Sim,Alec,está tudo bem.Obrigada mesmo,mas está tudo bem.
–Se precisar,pode me chamar.
–Claro.-Ele apagou a luz e saiu.
–Onde estávamos?-Sebastian perguntou,eu comecei a rir.
–Não,definitivamente não,Seb.Chega.
–Então é assim? Simplesmente escapa?
–Sim.Você sabe que...Raphael...
–Eu sei,você ama Raphael e blá blá blá.Mas o que te impede de brincar comigo?
–Brincar?-Eu entendi e corei.-Idiota.-Fechei os olhos e apoiei a cabeça no ombro dele.Na mesma hora,ele começou a mexer no meu cabelo.
–Mel.
–Hum?
–Obrigado,por tudo.
***
No dia seguinte,papai foi me ver,eu tinha tomado uma decisão,bastava alguém me ouvir. Só que papai também tinha algo para dizer.
–Posso saber o que Sebastian fazia aqui ontem a noite?-Ele perguntou,se sentando e cruzando os braços.
–Putz,como sabe?
–Alec me contou.-Alec fofoqueiro.-E eu posso saber o que faziam trancados aqui,no escuro?
–Estávamos vendo alguns filmes.
–Isso foi estúpido,ele podia ter feito alguma coisa.
–Que coisa?-Aí a ficha caiu.-Pai! Que maldade! Ele é meu amigo.E...eu tomei uma decisão ontem.
–Qual?
–Eu vou desamar Raphael e amar Sebastian.-Desamar? Essa palavra existe?
–O que disse?
–Que eu quero deixar de amar Raphael,e amar Sebastian.Ele merece.
–Mel,primeiro:não é tão simples deixar de amar alguém.Segundo:a única coisa que deve para Sebastian é um pedido de desculpas.
–Pelo que?
–Você não reparou que está magoando ele?
–Eu?-OMG,do que ele estava falando?
–Quando está com Sebastian,e Raphael está por perto,você não tira os olhos dele.O Caçador de Sombras já percebeu,Mel,mas aposto que nunca fala nada.
–Eu...eu não sabia...
–Agora sabe.
Quando papai saiu (muitas horas depois),eu levantei e fui para o corredor.Tinha que falar com Sebastian.Não sabia que o magoava.Tadinho.
Cambaleando,eu cheguei no quarto dele,bati algumas vezes.Ele devia estar dormindo, afinal,já passava das dez.Alguns minutos depois,Sebastian abriu a porta,esfregando os olhos e bocejando.
–Mel?-Ele olhou em volta.-O que aconteceu?
–Nada.Eu só preciso falar com você.-Silêncio.-Posso entrar?
–Ah,é,claro.-Eu entrei e ele fechou a porta.Como não aguentei mais ficar em pé,me sentei na ponta da cama dele.-Então,o que quer me dizer?
–Quero pedir desculpas.
–Por que?
–Eu...papai me disse que quando estou com você,e Raphael está por perto,eu fico olhando pra ele.Nem me toquei que fazia isso.Me desculpe.
–Mel,não precisa se desculpar.Eu entendo.
–Entende? Então você não me odeia?
–Claro que não.Você é minha única amiga...
–Não quero que suporte tudo o que faço de errado por ser sua amiga,pode brigar comigo quando eu merecer.
–Você não merece,acredite.-Alguém bateu na porta.-É meu pai,eu preciso falar com ele. Espere aqui.-E saiu.
Alguns minutos depois...eu peguei no sono.
***
–Sebastian.-Chamei,me sentando e bocejando.
–Que é?
–Eu dormi aqui.
–Eu sei.-Ele se sentou também.Graças aos céus,nós estávamos vestidos.-Você dormiu,aí eu fiquei com pena de te acordar.-Só eu percebi que ele está bem meloso e fofo?
–Awn,Seb,por favor.Sem essa.Ah,droga.Eu preciso ir! Se meu pai ver que eu não estou na enfermaria,vai vir me procurar aqui.
–Tudo bem.-Ele se levantou e me pegou no colo.
–O que acha que está fazendo?
–Te devolvendo.-Então,seguimos para a enfermaria.
–Seb,me coloca no chão!
–Shh,quieta.Vai acordar o hotel todo.
–Sebastian!
–Melissa!
–Aff.-Nós entramos na enfermaria rindo,isso,até eu ver meu pai sentado aos pés da minha cama.Yeah,agora ferrou.-Seb,me coloca no chão.-Sussurrei.Assim que ele me soltou,eu me sentei na minha cama.-Oi,pai.
–Onde estava?-Ele perguntou,cruzando os braços.
–Eu...estava...por aí.
–Por aí aonde?-Suspirei.
–Ontem eu fui falar com Seb,e aí eu peguei no sono e fiquei por lá mesmo.
–No quarto dele?
–Ah...senhor,-Sebastian começou,meu pai me virou para ele.-eu juro pelo Anjo que não fiz nada para a Mel,eu mal toquei nela.
–Certo.-Estranhei,mas não disse nada.-Agora nos dê licença.
–Claro.Melissa,Magnus.-E saiu.
–Ué.-Murmurei.-Você geralmente não acreditaria nele tão rápido.
–Ele jurou pelo Anjo.-Papai explicou.-E para um Caçador de Sombras,é um grande juramento.
–Ah,entendi.Mas,para confirmar,Sebastian disse a verdade.
–Bom para ele,ou teríamos certos probleminhas,dona Mel.
–Aff,vai sobrar pra mim.
–Vou falar com Alec,volto logo.
–Tá.-Ele saiu.Eu me deitei e fechei os olhos.
Eu acho que tenho que ficar mais esperta,enganar papai estava se tornando impossível. Bem impossível.
–Melissa.-Abri os olhos e sentei.
–Raphael...